gininha_potter



Finalmente mais um dia de trabalho havia chegado ao fim. Josh gostava de seu cargo na loja de bonecas, gostava de trabalhar com crianças, mas ficava frustrado quando via o movimento da loja de jogos eletrônicos aumentando e sua loja de bonecas de pano ficando cada vez mais vazia. Aquele dia em especial, principalmente depois da visita de Lily, havia passado absurdamente devagar.
Ele havia ficado preocupado com a garota e não conseguira parar de pensar no que ela havia dito. Não se lembrava de já ter conhecido alguém que tivesse amado tanto uma pessoa, e também não se lembrava de já ter sentido algo parecido. Mesmo agora, com Stephane... Ele gostava dela, de sua companhia, mas não a amava.
Josh chegou em casa mais tarde que de costume, pois preferira caminhar ao invés de pegar uma condução. Queria poder ajudar Lily a resolver o problema de sua mãe, mas não via como. Quando chegou em casa ouviu os habituais barulhos de louça se chocando sempre que sua noiva resolvia lhe fazer uma surpresa e lhe preparar o jantar.
_Josh? – Stephane veio da cozinha com o avental amarrado na cintura e as mãos molhadas. – Meu Deus! Como você demorou! Deixou-me preocupada!
_Me desculpe. – ele sorriu ao vê-la daquele jeito. - Resolvi caminhar. – a abraçou e beijou-lhe os lábios. – Lutando com a cozinha novamente? – sorriu.
_Engraçadinho! – ela riu também. – Vá tomar um banho e vestir algo mais confortável. O jantar está quase pronto.
_Era o que eu temia...
_O quê?
_Brincadeira! – ele subiu as escadas correndo, para fugir do pano de prato que Stephane lhe lançara na cara.
Josh desceu, minutos depois, já de pijama, se jogou no sofá e ligou a TV. Stephane ainda estava na cozinha, mas ele nem pensava em comida.
_ “Casamento é coisa séria. É para vida toda. Não se pode casar assim, apenas para preencher algo que esteja faltando...” – pensava. – “Principalmente quando se tem filhos!” – ele sorriu. – “Lily é encantadora. Não entendo por que o tal noivo não gostaria dela! Tão esperta.”
[...] “Você ama mesmo essa Stephane?
_Lily... Não se trata disso... – ele tentou.
_Ama ou não ama? Por que se não ama, melhor não se casar também!
_Lily! Isso é comigo!” [...]

_Josh, querido... – a voz de Stephane interrompeu suas lembranças.
_Hum? O quê? – ele se assustou e levantou-se rapidamente.
_Estava pensando em quê? – ela colocou a mão na cintura e o olhou, desconfiado.
_Em nada especial. O que foi que houve? – ele perguntou.
_O jantar está pronto. – ela informou.
_Hum...
Josh foi jantar e, embora Stephane não parasse de falar, ele não a estava ouvindo. Estava pensando, refletindo, lembrando-se das circunstâncias que o fizeram noivar e em tudo o que sentia por Stephane.
A mulher só foi embora horas mais tarde, depois de muita insistência de Josh, dizendo que havia tido um dia cheio e que estava morto de sono. Nem ele sabia explicar por que a estava dispensando, mas sentia-se melhor assim.
Já passava da meia noite quando ele realmente decidiu se deitar. Pegou as roupas que havia jogado sobre a cama quando chegou e as jogou na cadeira da mesa do computador. Estranhou o papel que caíra delas. Pegou-o no chão e leu: [email protected].
_Hum... O MSN da Lily... – sorriu. – Sei! Aposto como é o endereço da mãe dela! – ele colocou o papel sobre a mesa e se deitou. – “Mas e se for o dela mesmo? Ela vai ficar chateada se eu não entrar... Ah! Não é o dela! Ela pensa que me engana!” – sorriu e virou-se de lado, decidido a ignorar o bilhete. – “Mas que mal haveria em conversar com a mãe dela? Pode ser que ela nem esteja na Internet!” – inseguro, levantou-se da cama e ligou o computador, jogando as roupas em qualquer lugar.
Os segundos que o computador levou para ligar pareceram mais uma eternidade. Ele olhou o rádio-relógio, já eram 00:54, ela já podia estar dormindo. Mais alguns segundos para que o programa se conectasse, 00:55, mais um pouco para encontrar o endereço e fazer o convite, agora era esperar.
_ “Isso é loucura!” – ele dizia para si mesmo. – “Se eu tenho certeza que o endereço não é de Lily por que estou aqui, sentado na frente do computador, esperando que a mãe dela me aceite?” – ele tamborilou os dedos sobre o mouse. – Patético, Josh! Patético! – então decidiu fechar a janela do programa e navegar um pouco.
Olhou seu e-mail, viu algumas ofertas em sites de compras, jogou um pouco, e levou um verdadeiro susto quando uma campainha soou e uma caixinha na barra de ferramentas começou a piscar. Leu o nome e mal acreditou. Clicou nela, nervoso e, a primeira coisa que reparou, foi a foto de Gina abraçada a Lily. A garota tinha razão, as duas eram muito parecidas. Na caixa de diálogo aparecia:
Gininha “Minha vida é um caldeirão de lembranças...” escreve: Quem é vc?
_Caramba! – ele ficou nervoso, sem saber o que escrever. – Não é a Lily! Eu sabia! – mesmo na certeza resolveu perguntar:
Josh “Estou sempre confuso...” escreve: Lily?
Gininha “Minha vida é um caldeirão de lembranças...” escreve: Ñ. É a mãe dela! Quem é vc?
Josh “Estou sempre confuso...” escreve: Oi! Sou Josh, da loja de bonecas... – ele respondeu, inseguro.
Gininha “Minha vida é um caldeirão de lembranças...” escreve: Como conseguiu meu end?
_Droga! – ele murmurou. – O que eu digo agora?
Gininha “Minha vida é um caldeirão de lembranças...” escreve: Foi a Lily, ñ foi? Ela disse que o e-mail era dela?
Josh “Estou sempre confuso...” escreve: Na verdade disse... Como vc sabe?
Gininha “Minha vida é um caldeirão de lembranças...” escreve: É minha filha! A conheço como a palma da minha mão.
Josh “Estou sempre confuso...” escreve: Desculpe-me. Ñ queria incomodar.
Gininha “Minha vida é um caldeirão de lembranças...” escreve: Sem problemas, desde q vc ñ leve a sério o q minha filha diz...
Josh “Estou sempre confuso...” escreve: Pq ñ?
Gina demorou para responder, ele ficou aflito. Estava indo rápido demais.
Josh “Estou sempre confuso...” escreve: Desculpe-me novamente. Ñ é da minha cta.
Gininha “Minha vida é um caldeirão de lembranças...” escreve: Ela está chateada pq vou me casar, mas isso é normal, ñ é?
Josh “Estou sempre confuso...” escreve: Com certeza. Nenhuma criança aceita bem a presença de outro q ñ o próprio pai em casa.
Gininha “Minha vida é um caldeirão de lembranças...” escreve: Ela te ctou td sobre o Harry?
Josh “Estou sempre confuso...” escreve: Muita coisa, eu diria... Sobre ele e sobre vc.
Gininha “Minha vida é um caldeirão de lembranças...” escreve: O q ela falou sobre mim?
Josh “Estou sempre confuso...” escreve: Acho q vcs duas precisavam conversar mais antes desse casamento acontecer. Lily está preocupada com vc.
Gininha “Minha vida é um caldeirão de lembranças...” escreve: Preocupada com o q?
Os dedos de Josh coçavam para digitar exatamente o que estava pensando, mas não sabia se deveria. Estava se metendo demais na vida das duas.
_Que se dane! É minha chance de abrir os olhos dela para o que a Lily está sentindo! – falou para si mesmo.
Josh “Estou sempre confuso...” escreve: Lily acha q vc
_Não! – ele apagou a frase e decidiu pensar mais um pouco antes de escrever.
Gininha “Minha vida é um caldeirão de lembranças...” escreve: Josh?
Josh “Estou sempre confuso...” escreve: Ainda estou aki. – ele escreveu. – Mas estou com medo de falar demais e criar um problema para Lily.
Gininha “Minha vida é um caldeirão de lembranças...” escreve: Assim vc me assusta! O q minha filha anda dizendo de mim para desconhecidos?
_Ok! Você quem pediu! – decidiu.
Josh “Estou sempre confuso...” escreve: Ela acha q vc não ama esse homem, q vai se casar com ele apenas para esquecer o pai dela.
A mensagem de Gina demorou a aparecer, mas ele já esperava por isso. Ou ela estava pensando no que responder, ou estava digitando uma mensagem muito grande para lhe dar uma bronca.
_ “É Josh...” – ele pensou. – “Acho que você falou demais!” – ele apoiou o cotovelo ao lado do teclado e ficou, pacientemente, esperando uma resposta dela. – “É linda mesmo...” – pensou, olhando a foto dela. Maximizou a tela, apertou a tecla ‘Print Screen’ e guardou a foto.
Gininha “Minha vida é um caldeirão de lembranças...” escreve: Nunca vou esquecer o Harry, ñ importa com quem me case. Ele foi especial para mim.
Josh “Estou sempre confuso...” escreve: Imagino q tenha sido, mas ela tem medo q vc se arrependa.
Gininha “Minha vida é um caldeirão de lembranças...” escreve: E o q vc sugere? Q eu fique, eternamente, pensando nele?
Josh “Estou sempre confuso...” escreve: Lily acha q vc vai continuar pensando nele, mm depois de casada, pq ñ ama o homem com quem vai se casar.
Gininha “Minha vida é um caldeirão de lembranças...” escreve: Lily é apenas uma criança e ñ entende como os adultos agem.
Josh “Estou sempre confuso...” escreve: Às vezes nem eu entendo... Costumamos complicar demais nossas próprias vidas, casando, ou pedindo alguém em casamento, só por impulso.
Gininha “Minha vida é um caldeirão de lembranças...” escreve: Não é o meu caso, Josh. Não se preocupe. Lily está influenciada pelo tio dela, só isso.
Josh “Estou sempre confuso...” escreve: Se vc tem certeza. Só espero q ñ se arrependa depois.
Gininha “Minha vida é um caldeirão de lembranças...” escreve: Ñ vou. Fique despreocupado.
Josh “Estou sempre confuso...” escreve: Vou tentar...
Gininha “Minha vida é um caldeirão de lembranças...” escreve: Bom... Está tarde. Preciso dormir. Boa noite.
Josh “Estou sempre confuso...” escreve: Ok. Até qq dia. Dê um bjo na Lily por mim.
Gininha “Minha vida é um caldeirão de lembranças...” escreve: Tchau.
Josh “Estou sempre confuso...” escreve: Foi um prazer...
Gininha “Minha vida é um caldeirão de lembranças...” está offline e não poderá responder sua mensagem...
_Espero que a Lily não se encrenque. – falou. Fechou o programa, ignorando a chegada de um de seus amigos, desligou o computador e se deitou. Ainda pensou um pouco em tudo que havia dito, refletindo se não havia falado demais, mas depois acabou pegando no sono.



Apesar de ter ido dormir tarde, Gina não conseguiu dormir muito no dia seguinte. Acordou e ficou rodando na cama, refletindo. Estava sentindo-se extremamente incomodada por ter ficado tão preocupada com as palavras daquele desconhecido.
_Cara folgado! – ela reclamou. – Nem me conhece e fica dando palpite na minha vida! Humpf! – ela jogou as cobertas para longe e resolveu se levantar. – Lily vai ouvir hoje, ah se vai!
Do quarto ao lado, Lily também não conseguira dormir muito. Tentou, a todo custo ficar acordada de madrugada para saber se seu plano havia dado certo, mas quando percebera já eram oito horas da manhã, então não conseguiu mais dormir. Ficou prestando bastante atenção em qualquer barulho que viesse do quarto da mãe e deu um salto da cama quando ouviu a porta dela, finalmente, se abrir.
_Legal! – ela vestiu seu roupão cor-de-rosa e desceu as escadas, tentando fazer cara de quem havia acabado de acordar.
_Nossa! – Gina falou quando avistou a filha esfregando os olhos na escada. – Caiu da cama? Ainda é domingo, sabia?
_Sabia... – ela respondeu, fingindo um bocejo. – Bom dia, mamãe.
_Bom dia. – a mesa começava a se por, sozinha.
_Dormiu bem? – Lily perguntou, displicente.
_Dormi. – Gina respondeu, desconfiada. – Por quê?
_Por nada... – Lily disfarçou e sentou-se para o café.
_Hum... – Gina sentou-se também.
_Você demorou muito para dormir ontem?
_Demorei. – Gina disse. – Fiquei na Internet até tarde, vendo uns modelos de lembrancinhas de casamento. Tem cada um lindo! Você nem imagina. – provocou.
_Hum... – Lily torceu o nariz.
_Ah! Você nem imagina quem eu encontrei no MSN ontem!
Lily quase se engasgou com o chá que havia acabado de por na boca. – Quem? A tia Mi?
_Não, espertinha! O tal cara da loja de bonecas! Quantas vezes já disse que não se dá o endereço do MSN para qualquer um, hein? As pessoas podem mandar vírus, invadir o sistema, sei lá!
_Ah, mãe! O Josh jamais faria isso! – ela arriscou.
_Como você sabe? Mal o conhece! – Gina replicou.
_Mas é como se conhecesse há muito tempo! Ele é super legal, mãe! E gosta muito de mim, sabia? Muito mais que o nojento do Malfoy! – ela fez uma careta.
_Já te pedi para não usar esse palavreado! Principalmente quando for se referir ao Draco!
_Humpf! O Josh sim daria um bom padrasto, sabia? Eu já falei que ele tem os olhos do papai? – perguntou, animada. – Mas você deve ter visto a foto dele, não é?
Gina ia dar uma bronca em Lily, mas então se deu conta de que nem havia prestado atenção na foto de Josh.
_Estranho... – ela comentou. – Não me lembro de como era a foto dele.
_Ai, mãe! - ela bateu as mãos nas pernas. – Não acredito que você não prestou atenção na foto dele! Ele é a cara do papai, sabia?
_Sei! Antes eram só os olhos, agora ele é a cara do Harry?
_Mas é mesmo!
_Certo, já chega! Eu conversei com ele e esclareci algumas coisas. Espero que você não saia por aí falando das nossas vidas para qualquer um. E conforme-se! – completou. – Porque eu vou me casar com o Draco, e não vai demorar!
_Mas mãe!
_Mas nada!
_Hum... O Josh também tem uma noiva, sabia? – tentou.
_É mesmo? – ela perguntou, desinteressada.
_É... Mas ele não gosta dela. Ele me contou!
_Não diga... – continuou, displicente.
_Disse que não a ama e, por isso, vai terminar tudo.
_Hum... Ainda bem que esse não é o meu caso. – afirmou.
_Mãe... – ela desanimou. – Ai... Eu não falo por implicância! Eu juro! Só não quero que você sofra!
_Mas quem disse que eu vou sofrer, Lily? – Gina insistiu.
Lily não respondeu nada. Ao invés disso saiu da mesa e subiu correndo as escadas. Minutos depois as desceu com uma carta na mão.
_Isso! – ela mostrou para a mãe.
_Lily!
_Eu vi você escondendo essa carta em baixo do travesseiro, mãe. Eu nunca li, eu juro, mas já te vi chorando em cima dela! Pensando no papai! Você não ama o Draco. Não se case, mãe, por favor! – ela pediu com os olhos molhados.
_Lily...
_Quem sabe se você esperar mais...
_Lily...
_Quem sabe se você conhecer o Josh! – ela sugeriu.
_Lily! Escute-me! – ela segurou a mão da filha, pegando a carta de volta. – Não vai adiantar nada esperar mais, nem conhecer o Josh! Eu esperei por nove anos, já conheci uma dezena de caras interessantes, e nenhum me fez esquecer seu pai...
_Nem o Draco...
_Nem ele. E é por isso que não vai adiantar insistir. O Draco me ama. Eu posso ver isso nos olhos dele...
_Não entendo como! – ela cruzou os braços, emburrada. – O tio Rony sempre disse que o Malfoy odiava vocês todos, e mais ainda o meu pai!
_Mas as coisas mudaram! Nós éramos adolescentes, vivíamos nos provocando... O Draco mudou muito. Está mais maduro, é carinhoso, e eu tive a chance de conhecê-lo melhor nesses últimos anos desde que nos reencontramos!
_Ele queria que a tia Mione morresse! – ela exclamou.
_Quem disse isso?! – Gina se espantou.
_Ah, droga! – ela se afastou da mãe e sentou na outra ponta da mesa.
_Rony, não foi?
_Foi...
_Eu vou ter uma conversa séria com ele! Ele não pode ficar falando essas coisas para você! – ela se levantou, brava, a procura de um papel e pena para escrever a Rony.
_Não briga com ele, mãe!
_Não vou brigar, vou apenas conversar com ele! – ela continuou, nervosa.
_Você só quer mudar de assunto, não é?
_Não! Não é! – ela parou de procurar. Sentou-se no sofá e chamou Lily para sentar-se com ela. – Eu já tomei minha decisão, Lily. Eu agradeço sua preocupação, mas ela não vai me fazer mudar de idéia...
_Droga, mãe! – Lily levantou-se, revoltada. – Às vezes eu acho que você o escolheu só para continuar lembrando do meu pai, sabia? Já que o tio Rony é seu irmão, então você escolheu o Draco.
_Não diga besteiras, menina!
_É verdade! – ela desafiou. – Eu vou escrever uma carta para Hogwarts e perguntar se eu posso me mudar para lá ainda esse ano! – batendo o pé, Lily subiu as escadas em direção a seu quarto.
_Quanta teimosia, meu Deus! – Gina desistiu de tentar convencer a filha, pelo menos naquele momento. – Ah, Harry... – ela olhou a carta, já muito amassada, em suas mãos. – Se você tivesse aceitado nossa ajuda...

N/A: Demorou, mas finalmente saiu. Peço desculpas a todos pela demora, mas é que estou numa crise de criatividade! A história não está fluindo como nas outras fics que já escrevi. Em todo caso, peço que tenham paciência, e que continuem comentando, por favor. Até os próximos capítulos...

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