Noite na mansão Gasparov



De volta aos dias atuais

Hermione treme incontrolavelmente ao final de sua narrativa. As lágrimas descem em abundância. Ela ainda não percebeu que Draco, quebrando todo e qualquer protocolo, está a seu lado e a abraça afagando seus cabelos.

Mais alguma pergunta? – Ela enxuga as lágrimas e fala para os aurores tentando controlar o tremor em seus lábios

Draco olha para os aurores, seu olhar diz claramente que ele amaldiçoará qualquer pessoa que toque no assunto novamente. Ele conjura um copo com água e tira um frasco do bolso – Tome (ele entrega para Hermione e fala) vai fazer com que você se sinta melhor

Hermione bebe com dificuldade – Desculpem... (ela fala olhando para todos)

Svarovisky – Imagine... Deve ter sido difícil pra você. Você foi muito corajosa (ele olha para ela e Hermione sente que ele quer falar alguma coisa)

Hermione olha para Draco e em seguida para o auror – O que aconteceu? Há mais alguma coisa, não há?

Ele olha meio constrangido para a morena e fala – Na verdade há. Nós não conseguimos mais entrar na casa de Gasparov

Como não? (ela pergunta sem entender) vocês entraram lá pra me resgatar!

Eu sei (Svarovisky fala), mas Gasparov deve ter feito um feitiço de proteção que foi ativado com sua morte. Apenas você, como única herdeira, pode entrar na casa e desativa-lo.

Hermione olha para ele, Svarovisky continua – Alguns comparsas escaparam e ainda não conseguimos captura-los. Nós precisamos desesperadamente das informações que Gasparov deve ter guardado em casa

Hermione – Como eu relatei a vocês, infelizmente ele não me contava nada. O pouco que descobri é o que vocês já sabem. Eu raramente via as pessoas que se reuniam com ele

Svarovisky – Imagino que ele realmente não contasse, mas há uma forma de você ajudar.

Hermione – Claro... Se eu puder

Gasparov fez um antigo feitiço de proteção na mansão. O feitiço foi ativado no instante que ele morreu. Eu pesquisei e descobri que apenas seu herdeiro poderá entrar na propriedade, no caso a senhora... – Svarovisky explica

Hermione – Neste caso, eu tenho que entrar lá para desfazer o feitiço. E aí vocês podem vasculhar a casa...

Svarovisky – Não é tão simples assim (ele olha desconcertado para a mulher na sua frente) esse feitiço não é como os outros, ele só se quebra se você passar uma noite inteira na mansão... Esta noite especificamente... Sozinha

Vocês enlouqueceram! (Draco grita e Hermione pode ver que ele está furioso) depois de tudo que ela passou, ainda querem que ela fique sozinha naquela mansão?

Svarovisky ignora o loiro solenemente. Definitivamente esse não é o comportamento de um medi-bruxo com sua paciente, ele pensa. O auror olha para Hermione e fala – Eu sei que vai ser difícil, mas é a única forma de conseguirmos saber se os planos de Gasparov foram realmente frustrados. É importante que o ministério e os aurores tenha acesso à casa. Nós precisamos vasculhar cada cômodo da casa onde Gasparov vivia e encontrar a fórmula que deu origem ao vírus. Se a gente não descobrir, pode ser que um dos comparsas leve a diante, pode ser que milhões morram. Tudo que fizemos terá sido em vão

Draco ajoelha-se e segura as mãos de Hermione – Você não precisa fazer isso se você não quiser...

Não... Ela não quer. Mas ela sabe que é preciso, Hermione não pode fechar os olhos e deixar que os terríveis planos de Kirk Gasparov sejam levados adiante. Se isso acontecer seu filho terá morrido em vão e isso ela não pode suportar – Eu vou (ela fala quase num sussurro)

Svarovisky olha para Hermione com uma expressão de triunfo, ao passo que Draco olha para ela sem acreditar – Você não pode! (ele se levanta exasperado) você não está curada o suficiente!

Doutor Malfoy! (Svarovisky fala) eu sei que o senhor se preocupa com a sua ... Paciente (ele dá entonação especial a esta última palavra), mas o senhor mesmo colocou nos relatórios do ministério que ela está perfeitamente curada... Ou será que o senhor mentiu?

Draco se levanta e segura a varinha. Ele está a um passo de estuporar o bruxo, mas a mão de Hermione em seu braço faz com que ele se sente novamente.

Svarovisky – Senhora... Eu sei que vai ser difícil e acredite, nós já tentamos de tudo para entrar na mansão, mas nada deu resultado. Não podemos arriscar que tudo não esteja acabado. Eu agradeço a sua colaboração e saiba que não pediríamos se não fosse absolutamente necessário.

Draco ainda pensa em falar mais alguma coisa, mas Hermione lhe dá um olhar intimidador. A morena se dirige ao auror - Eu vou fazer o que tem que ser feito. Pode contar comigo

XXXXX

De volta ao hotel

Draco observa Hermione, eles não trocaram uma palavra desde que saíram do ministério ucraniano. Ela está se fazendo de forte, mas é evidente que está apavorada. Eu não tiro a sua razão... Ele pensa ao se lembrar do relato que a morena fez no ministério ucraniano. E mesmo assim ela vai voltar naquela casa...

Hermione observa Draco ela sabe que o loiro está furioso. Ele não entende que eu preciso fazer isso. Não apenas para ajudar os aurores. Eu preciso encerrar esta fase da minha vida. Só assim eu poderei voltar a viver.

Sim, a despeito de tudo que aconteceu, ela viu que quer viver...

XXXXX

Mais tarde em outro lugar

Ele observa as chamas crepitarem na lareira enquanto relembra os acontecimentos recentes. Até que não foi tão mal... Pensa. Apesar de tudo eu a vi. Ele sorri, mas seu semblante se fecha ao se lembrar que ela estava acompanhada. Draco Malfoy... Ele pensa. medi-bruxo... Não vai ser empecilho ,isso eu posso garantir...

XXXXX

Novamente no hotel

Falta pouco tempo para anoitecer. Draco e Hermione ainda não conversaram ambos temem começar e provocar uma discussão. Hermione passa os olhos em um livro enquanto Draco escreve, até que Hermione resolve quebrar o silêncio.

Escrevendo? – Ela olha pra ele e fala

Não... Escovando os dentes. (Ele responde de modo irônico, mas logo se arrepende ao ver o semblante de Hermione. Um semblante que mistura raiva pela resposta mal criada e decepção pela tentativa frustrada de aproximação) desculpe, eu fui estúpido.

Foi mesmo (ela fala) não que eu já não tenha me acostumado, afinal o Draco Malfoy da escola sempre foi assim

Nenhum de nós é mais um estudante (o loiro fala) Droga Hermione! Você não deveria ter que fazer isso!

Eu sei (Hermione fala) e não pense que eu não tenho medo, por que eu tenho. Mas é preciso e eu vou fazer!

Ela se prepara para ir para a lareira que a levará ao ministério de onde será conduzida a sua antiga casa. Hermione percebe que Draco se levanta também

Aonde você vai? – Hermione pergunta

Vou com você, é obvio! – O loiro fala como se isso fosse evidente

Draco... (Hermione fala) você não pode entrar comigo, ninguém pode entrar!

Mas não há nada que impeça de te esperar do lado de fora! – É só o que o loiro fala

Eles entram na lareira e logo estão de volta ao ministério

XXXXX

Um auror desconhecido a aguarda. Ele diz que irá acompanhá-la até a porta da mansão e que Svarovisky estará lá esperando no dia seguinte. Ele olha para Draco, que o encara.

Não há nada que impeça que eu espere do lado de fora, há? – O loiro pergunta ironicamente antes mesmo que o pobre homem fale alguma coisa

O auror olha para ele como se o loiro tivesse enlouquecido – O senhor vai ficar a noite inteira do lado de fora? Não há necessidade...

Draco interrompe exasperado – Mas não há nada que impeça certo? E não é proibido!

Não é proibido, mas... – O auror tenta argumentar

Draco interrompe novamente – Vamos logo com isso! Ela deve estar na casa antes que escureça.

XXXXX

Eles chegam na entrada da mansão, o auror tenta chegar até a porta e é repelido com uma grande explosão – Vê? (ele fala para Hermione) ninguém consegue passar de onde estamos, mas Svarovisky crê que depois que você passar a noite. Você vai conseguir reverter o feitiço

Hermione respira fundo e entra na casa...

Ela abre a porta devagar, tudo está escuro. Hermione pega a sua varinha e murmura – Lumus...

A sala está exatamente igual à última vez que esteve lá. Exatamente igual ao dia do seu maior pesadelo. A morena engole em seco ao ver marcas de sangue no chão, o seu sangue. Ela caminha pela sala, no chão um exemplar de Hogwarts uma história, o livro que ela estava lendo para Simon quando tudo aconteceu.

“Você me conta a história de sua escola mamãe... “

Hermione quase pode ouvir a voz do filho a lhe pedir. As lágrimas agora descem copiosamente, ela continua perambulando pela imponente mansão. Hermione sabe que nada fará com que ela consiga dormir nesta noite

Tudo na casa lhe lembra seus dias como prisioneira, tudo na casa lhe lembra seu filho. Hermione vai até o quarto que ocupava, o quarto onde Simon nasceu. As lágrimas descem ainda mais.

Ela praticamente pode ouvir o choro de um recém nascido ecoando pela casa...

“É um menino senhora...”

Se ela fechar os olhos, pode ver o elfo falando feliz, mas quando ele vai entregar a criança para a mãe. Kirk não deixa. Ele pega o bebê e some...

Sim ela se lembra... Ela pode sentir ainda hoje o desespero que lhe tomou e ela soube naquele instante ela soube que faria absolutamente tudo para garantir a segurança de seu filho. Ela se lembra da sensação de plenitude que tomou conta de sua alma quando finalmente pôde segurar seu menino nos braços.

Os soluços agora estão ainda mais fortes, ela puxa o ar para os pulmões e vai ao quarto que era de seu filho

Ela abre a porta com os olhos fechados. É quase como se pudesse ouvir a voz do seu menino...

"Olha mamãe!Fiz esse desenho pra você!"

Hermione abre os olhos devagar. Como se ao abri-lo fosse encontrar Simon sorrindo e lhe entregando um desenho de um arco íris. Um dos muitos que lhe presenteava... Um dos muitos que ela guardou... Mas apenas o nada lhe espera.

Hermione sente frio, sua alma e seu coração estão gelados. Ela ouve os gritos de ódio do marido, gritos que ecoaram pela casa durante todos aqueles anos. Ela ouve seus próprios gritos de desespero gritos que, em sua cabeça, se misturam com a voz carinhosa do filho.

Hermione sente como se fosse enlouquecer. Ela segura a cabeça com as mãos, como se isso fosse calar as vozes. Hermione encosta-se na parede e escorrega até encontrar o chão. Ela sabe que está tremendo devido ao frio e às lembranças, mas não tem forças para se mover...

XXXXX

Enquanto isso do lado de fora

Draco anda de um lado para outro. Ela é louca! Pensa. Maldita coragem grifinória! Por que ela não se recusou? Teria sido muito mais fácil. Os aurores que se virassem pra descobrir um modo de entrar!

Ele treme só em imaginar tudo que ela está passando lá dentro. Essa maluca vai acabar colocando todo o meu trabalho a perder. Ele pensa, mas no fundo Draco sabe que a última coisa que o preocupa é sua reputação como medi bruxo.

Sim... Ele sabe que se preocupa com Hermione, com a pessoa e não com a paciente. Ele sabe que não é a paciente que está dentro daquela casa, mas a pessoa que fez amor com ele na noite anterior.

Se havia uma coisa que Draco Malfoy podia se orgulhar era de ser um bom profissional, competente e distante com os pacientes. Ele nunca se envolvia. Como deveria ser um medi bruxo em sua opinião.

No entanto, isso foi ao chão desde o primeiro dia em que viu Hermione Granger desacordada naquela cama de hospital. Draco não queria acreditar que a mulher tão frágil e vulnerável era a garotinha inteligente e prepotente da época da escola e neste momento ele viu que faria de tudo para salva-la. Era como se o seu subconsciente estivesse avisando que algo deste tipo iria acontecer.

Ele não sabe até agora como as coisas chegaram a esse ponto. Draco sabe que, se fosse um outro paciente qualquer, ele lhe daria uma poção extra lhe mandaria tomar cuidado com as emoções. E, no máximo, desejaria boa viagem. Mas quando ele soube que Hermione teria que voltar a Ucrânia o loiro não hesitou nem por um segundo em acompanhá-la. Mesmo que Ryan não tivesse insistido, Draco sabe que teria ido da mesma forma.

E agora ele, Draco Malfoy, se encontrava do lado de fora da casa de Kirk Gasparov, num frio de vários graus negativos esperando ansiosamente o dia amanhecer, e visivelmente preocupado com Hermione Granger.

Ele olha novamente para o horizonte. Sua respiração produz uma nevoa branca. Draco se encolhe dentro do grosso casaco de lã e espera. E só o que ele pode fazer no momento

Faltando poucos instantes para o sol começar a nascer Svarovisky chega acompanhado de Urich, o chefe dos aurores ucranianos. Ele olha incrédulo ao perceber que Draco passou a noite do lado de fora da casa

Draco e o auror se encaram por um minuto – Já podemos entrar? (o loiro pergunta)

Svarovisky – Ainda não. O feitiço só se desfaz ao nascer do sol que deve ocorrer em alguns minutos

Draco olha para Svarovisky e não fala nada

Ele senta-se em uma pedra...

Levanta-se...

Caminha até o portão...

Senta-se novamente...

Levanta-se de novo.

Raios! Esse sol não nasce nunca neste país? – Ele fala exasperado

Gasparov escolheu esta noite de propósito. Essa é a noite mais longa do ano aqui na Ucrânia (Svarovisk divaga) ele era um louco orgulhoso... Tinha mania de narrar os seus feitos em seus livros, como se fossem ficção. Apenas por isso descobrimos uma forma de desfazer o feitiço (o auror dá um sorriso muito rápido) Eu sempre fui fascinado por livros. Lia tudo que caia em minhas mãos e os de Gasparov eram os meus favoritos... Até que um dia eu notei uma coincidência em um de seus capítulos. Um ataque a trouxas em Luhansk... No início eu pensei que alguém tivesse se inspirado no livro, mas depois eu vi que seria coincidência demais. Não havia nada explícito, mas os detalhes... Detalhes que apenas um leitor inveterado poderia perceber

Svarovisky parece falar consigo mesmo. Então ele interrompe o devaneio – Veja! O sol está nascendo...

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Comentários (1)

  • Greicy Salazar

    Essa fic me lembra a letra de Crash World da Hilary Duff. É a cara da fic essa musica. A cara da relação da Hermione com o Kirk HAHAHA ' legal ;D

    2011-12-27
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