Nasce uma amizade
A semana passa voando e a recuperação de Hermione, ao menos quanto a parte física, está acontecendo a olhos vistos. A morena já passa a maior parte do dia sem tomar as poções que fazem com que ela durma. Sim, fisicamente ela está ficando bem, mas Draco nota a tristeza evidente em seu olhar. A impressão que ele tem é que ao mesmo tempo que as forças de Hermione retornam e a sua lucidez vai se estabilizando ela vai tomando maior consciência do que lhe aconteceu e, é claro, a dor da perda vai ficando maior. O lado racional da morena lhe diz que com o tempo seu coração vai se acalmar e vai restar apenas uma grande saudade. Mas seu lado emocional, grita que seu coração vai sangrar até que ela não tenha mais forças
Quanto ao pequeno loiro, todo o dia Ryan pergunta para o pai se já é a semana que vem e se ele já pode ir ao hospital visitar a moça triste. Draco fica sem saber direito o que dizer, pois ele teme que a presença de uma criança vá deprimir ainda mais a sua paciente que com certeza se lembrará do filho morto.
Mas como sempre, ele sucumbe aos apelos do filho e acaba decidindo leva-lo ao hospital no dia seguinte.
Oba! (O pequeno loiro fala saltitante arrancando um sorriso do pai) e eu posso ver ela?
Draco – Só se ela quiser, tudo bem? Primeiro eu tenho que ver se ela está bem e se ela quer receber visitas.
Ryan afirma com a cabeça. Ele sabe que a moça triste vai querer vê-lo, ele tem certeza disso.
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No outro dia
Draco sente alguém o sacudindo incessantemente o que será que aconteceu? Pensa enquanto luta para abrir os olhos. Ele vê um pequeno vulto loiro. Draco esfrega os olhos tentando acordar definitivamente, então ele ouve.
Pai! Anda logo! Levanta! (Ryan diz enfático sem parar de sacudi-lo) Esqueceu que eu vou com você hoje?
Como se você me deixasse esquecer ele pensa lembrando que o menino falou nisso durante horas no dia anterior
Vamos pai! Sai da cama (Ryan continua sacudindo Draco)
Ainda tonto pelo sono, o loiro dá um suspiro e vai para o banho.
XXXXX
NO ST MUNGUS
Os dois loiros vão direto ao laboratório de Draco. Ele, com muito custo, conseguiu convencer o filho que precisava primeiro visitar seus pacientes antes de levá-lo para ver Hermione.
Draco – Eu preciso fazer a ronda primeiro ok. (Ele dá alguns tubos para o filho) Enquanto isso você me ajuda, você tem que misturar trinta gotas de cada tubo aqui neste recipiente quando a poção começar a soltar fumaça estará pronta (ele fala com um sorriso).
Na verdade, o conteúdo dos tubos é apenas água colorida enfeitiçada para soltar fumaça quando misturada. Isso manterá Ryan quieto enquanto eu faço minha ronda, aí eu aproveito para ver se a Herm... A Granger está bem para receber a visita dele. O loiro fala para si mesmo
Ryan coloca os tubos na bancada e olha para o pai– Que horas a gente vai ver a moça triste?
Draco – Daqui a pouco, ta bom?
O menino assente com a cabeça, não era bem o que ele queria mas fazer o quê...
Daqui a pouco eu volto (Draco faz um carinho na cabeça do filho e sai esperando sinceramente que o brinquedo distraia Ryan por algum tempo).
Doce ilusão! O menino fica algum tempo brincando com a poção, ele conta as gotas concentradamente até ver a fumaça saindo. Pronto pensa ele com um sorriso de triunfo. Agora é só esperar o papai, ele falou que volta daqui a pouco .
Dez minutos se passam, mas para o garotinho é como se fossem horas, ele olha a fumaça por algum tempo até que se cansa da brincadeira.
Ele se levanta...
Anda pelo laboratório...
Mexe nos tubos dados pelo pai...
Senta-se...
Levanta-se novamente...
Então ele tem um estalo...
O papai falou que daqui a pouco eu iria ver a moça triste... Bem, eu acho que já é daqui a pouco! Ele fala para si mesmo enquanto sai do laboratório.
XXXXX
Ryan percorre os corredores rapidamente até chegar à porta do quarto, o garotinho respira fundo e abre a porta.
Hermione está sentada ao lado da janela. Ela já se sente um pouco mais forte e se arrisca a dar alguns passos pelo quarto, aos poucos ela começa a se inteirar da realidade lá fora. Gina trouxe alguns livros para distraí-la, mas sua mente ainda está focada na sua tragédia pessoal e dificilmente ela consegue se concentrar na leitura.
A morena ouve a porta se abrindo, vira-se e vê um garotinho loiro entrar timidamente. Hermione olha para ele e, com um certo esforço de memória se lembra que já o viu antes, mais precisamente no dia em que acordou...
Oi... (ele fala) Não está doendo mais? (Ele pergunta enquanto caminha até ela)
Hermione olha para o garotinho embora ele não se pareça fisicamente com o filho ela não pode deixar de se lembrar de Simon. O brilho nos olhos do garotinho loiro é o mesmo brilho que havia nos olhos de seu filho, um brilho de quem ainda confia nas pessoas. Ela não consegue evitar uma imensa tristeza tome conta de sua alma. Uma lágrima solitária cai de seus olhos
Ryan vê que Hermione está chorando e chega mais perto dela – Não chora... Meu pai vai fazer você ficar boa, você vai ver. Eu não quero que você fique triste. Eu vou falar com meu pai... Você vai ficar boa, não vai doer mais...
A despeito da dor que sente Hermione não pode deixar de sorrir com o jeito espontâneo do menino – Oi... Senta aqui perto de mim... (ela diz num impulso)
O menininho senta-se a seu lado na cama e fala – Meu nome é Ryan, e o seu?
Hermione – A morena balbucia
Ryan – Mione... Eu gostei!
Hermione sorri – Você pode me chamar de Mione se quiser, mas é Her-mi-o-ne
Ryan – Her-mi-o-ne... Eu gosto também, mas gosto mais de Mione. O que você tem? (Ele pergunta, mas logo se arrepende, seu pai sempre lhe avisa para não ser curioso demais, mas ele simplesmente não consegue evitar) Desculpa, eu sou curioso meu pai sempre fala isso. Ele sempre diz "Ryan você não deve perguntar aquilo que não é da sua conta"
Hermione – Não tem problema... (ela para tentando procurar as palavras certas afinal é meio complicado explicar como ela chegou a esse ponto para uma criança) eu estava muito doente, mas estou melhor agora...
Ryan – Eu sabia! Eu sabia que meu pai ia curar você.
Ele fala exultante e Hermione não pode deixar de sorrir um sorriso tímido, praticamente imperceptivel mas serve para mostrar à morena que, apesar de tudo, ela não perdeu essa capacidade...
XXXXX
Draco volta ao laboratório e vê que novamente Ryan não esta lá, mas desta vez ele sabe exatamente onde o filho está. Esse menino não tem jeito ele pensa enquanto se dirige apressadamente ao quarto de Hermione
Ele bate na porta e entra. Ryan está no colo da morena tagarelando como se a conhecesse há vários anos, Draco nota que ela está sorrindo, embora seja um sorriso triste. Antes que ele fale alguma coisa o filho nota que o pai entrou no quarto
Ryan desce da cama – Oi pai. Você demorou e como eu sei o caminho eu vim sozinho!
Se Draco pensou em repreendê-lo o sorriso do pequeno logo o desarmou. Ele olha pra Hermione – Espero que ele não esteja incomodando...
Hermione – Ele é... Seu filho? (Ela fala sem conseguir acreditar).
Milagres acontecem (o loiro fala ironicamente. Ele já está acostumado à incredulidade das pessoas quanto a paternidade de Ryan; não quanto a aparência física uma vez que o menino é a cópia do pai, mas pelo jeitinho carinhoso e expontâneo do garoto totalmente oposto ao de Draco)
O loiro e a morena se encaram por alguns instantes. Nenhum dos dois fala nada. A imagem do filho praticamente no colo de Hermione pela segunda vez, mexeu novamente com Draco.
Ryan quebra o devaneio – Eu falei pra ela que você vai fazer ela ficar boa. O nome dela é Mione, quer dizer, é Hermione, mas ela falou que eu posso chamar ela de Mione...
O olhar do loiro pula do filho para Hermione repetidas vezes. A situação já está ficando constrangedora. Ele olha pra Hermione e fala – Espero que ele não tenha incomodado. Eu o deixei no laboratório por um momento...
Hermione interrompe – Não tem problema. Eu... Gosto de crianças (Hermione fala e Draco vê que ela luta contra as lágrimas).
Ele fala para o filho – Agora chega Ryan... Ela ainda está doente e precisa descansar
O garoto pensa em argumentar, mas acaba desistindo. Ele se aproxima de Hermione novamente e dá um beijo em sua face – Eu posso voltar?
Hermione agora não consegue se conter, as lágrimas caem copiosamente.
Se você for ficar triste eu não venho... (o pequeno loiro fala visivelmente decepcionado)
Não... (Hermione fala enxugando as lágrimas e afagando os cabelos do garoto). Pode vir sempre que quiser... Se seu pai permitir, é claro...
Draco – Agora você me espera lá fora, ela precisa tomar a poção.
O menino sai, Draco olha desconcertado pra Hermione – Desculpe... A gente... Eu não queria causar essa situação... Ele falou em você a semana inteira, eu ia perguntar se ele podia vir te visitar... (sorri) acho que subestimei meu filho, ele conhece o hospital melhor do que eu...
Hermione tenta segurar as lágrimas – Tudo bem... Não é culpa dele... É que...
Draco olha para ela – Você se lembrou de seu filho...
Hermione confirma com a cabeça incapaz de falar qualquer coisa, ela sente seu coração dilacerado no peito, uma dor maior que qualquer maldição cruciatus
Draco – Você quer tomar uma poção...
Hermione interrompe – Não... Eu tenho que encarar a realidade, por mais que isso doa, não posso fugir novamente. Ele era um menino tão bonzinho... (ela fala sem encarar o loiro) Ele não merecia... Eu deveria ter recebido aquele avada... Ele o matou para se vingar. Kirk matou o próprio filho porque sabia que isso me mataria aos pouquinhos, que nada no mundo me faria sofrer mais...
Mesmo lutando contra todos os seus impulsos, Draco a abraça novamente. Ele não admite nem pra si mesmo, mas desejou fazer isso desde a hora que entrou no quarto e a viu com seu filho no colo.
Dez anos se passaram, nenhum dos dois é mais um adolescente. Eles já viveram várias coisas, a vida os transformou. A despeito de todas as brigas e implicâncias da escola, Draco é obrigado a admitir que a morena de olhos tristes está mexendo com ele bem mais do que ele gostaria. Ele olha pra Hermione naquela cama de hospital, tão forte em sua fragilidade, tão frágil em meio a sua força... Ela é a contradição em pessoa.
Contradição é a palavra ideal para definir os sentimentos do loiro desde que colocou os olhos na sua paciente ainda desacordada. Em um segundo ele vê a insuportável sabe tudo, a sangue ruim da escola. No outro, ele vê uma bela mulher que segura seu filho nos braços e conversa com o menino de forma carinhosa...
Devo estar ficando louco... É só o que Draco pensa quando sente que aproxima seus lábios dos dela. Ele não consegue e nem quer mais raciocinar, seu único desejo é saber se os lábios de Hermione são realmente tão doces quanto ele imagina.
Não... Não é como ele imagina... Na verdade ele nunca poderia imaginar, nem em seus sonhos mais loucos... O loiro nunca poderia imaginar essa sensação ao beijar Hermione. Ele sente que ela corresponde o beijo de forma tímida por alguns instantes, então ela se afasta e olha pra ele com ar assustado.
Por um momento ambos se encaram, os dois bastante desconcertados ninguém esperava que isso fosse acontecer. Hermione logo abaixa os olhos constrangida
Draco – Desculpe...
Hermione – Eu...
Os dois falam praticamente juntos e sorriem encabulados – Pode falar (Hermione diz)
Não... Fala você primeiro (o loiro interrompe)
Hermione – Pra falar a verdade eu nem sei o que dizer, isso...
Draco completa – Não deveria ter acontecido...
Hermione – Foi só...
Draco – Um impulso de momento, eu sou seu medi-bruxo... Você é minha paciente...
Hermione – Eu estou um pouco confusa...
Draco – Acho que isso explica tudo então
Hermione – É...
O loiro sai, mas ambos sabem que nada foi explicado...
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Draco vai para o laboratório onde Ryan está a sua espera, ele senta-se e coloca o filho no colo – Você não me esperou...
Ryan – Você estava demorando, e eu sei o caminho... ( o menino fala como se o pai dele não percebece o óbvio)
Draco suspira esse garoto tem argumento pra tudo – Mesmo assim você devia ter me esperado, ela está doente e se não estivesse bem para receber visitas?
O garotinho permanece calado por um momento, ele está pensativo. Depois ele sorri – Mas ela já está quase boa... Você curou ela
Draco esforça-se para ficar sério – Mesmo assim, não quero que você saia sem me avisar ta bom. Você promete?
Ryan suspira. Não sei por que meu pai me faz prometer essas coisas, ele sabe que eu sempre esqueço. Ele pensa com um sorriso irônico e fala – Ta bom, eu não saio mais.
É a vez do loiro suspirar, Draco já perdeu a conta de quantas vezes ele e o filho tiveram essa conversa, mas o menino sempre se esquece e se aventura pelo hospital, ele sabe que é so uma questão de tempo para acontecer novamente...
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NOTA DA AUTORA (muito chateada)
Em primeiro lugar quero agradecer a todo mundo que está lendo. Muito obrigada mesmo.
Em segundo lugar quando a gente começa a escrever sempre pinta aquela dúvida a respeito do que as pessoas estão achando. Será que está legal? Será que poderia ter ficado melhor? Quem escreve sabe muito bem como isso funciona.
Sempre que eu entro no menu da fic e não acho comentários eu fico sem saber o que vocês estão achando e isso dá um desânimo danado. Confesso que já passou pela minha cabeça várias vezes deletar as fics no potterish e manter apenas o ff. E só não fiz isso ainda em respeito aos leitores Mas a cada dia que passa eu venho ficando mais desanimada
Então eu tomei uma decisão... Como a fic está bem adiantada. Eu estava atualizando semanalmente, mas agora só vou fazer isso se tiver um número legal de comentários, se não tiver coments a atualização vai ser apenas quinzenal .
Comentários (1)
Amandooo!!! bj bj
2014-09-18