Prisioneira...
NA UCRÂNIA (trechos do diário de Hermione Granger)
Dez anos se passaram desde que Voldemort foi derrotado. Dez anos e finalmente a guerra teve fim... Uma guerra em que não houve vencedores mesmo com a derrota do mal... Não se pode dizer que alguém venceu quando tantas pessoas foram mortas...
Sirius... Dumbledore... Cedrico... Ainda na época da escola. Depois que Harry, Rony e eu saímos atrás de Voldemort, as mortes intensificaram-se. Foi como se ele estivesse prevendo o seu fim e por isso decidido vingar-se daqueles que o combatiam.
No dia da grande batalha, foi como se soubessem que o fim estava próximo... Ao mesmo tempo em que Voldemort era derrotado, os comensais atacaram em vários locais. Praticamente todos os membros da ordem perderam alguém... Foram tantos... Percy Weasley... Simas Finnigan... Padma Patil... Neville Longbotton... Os Dursleys... Meus pais.
Dez anos que a guerra acabou... Dez anos que eu vivo meu inferno pessoal. Eu, Hermione Granger... Conhecida como uma das mentes mais promissoras e brilhantes da história de Hogwarts, a mentora intelectual do plano que derrotou Voldemort reduzida a isso... Praticamente uma prisioneira na minha própria casa... Prisioneira de uma pessoa que não usou algemas ou magia... Prisioneira do pai do meu filho.
Tudo começou depois da guerra, depois que retornamos. Não consegui sequer comemorar a vitória, pois a notícia da morte de meus pais me esperava. Eu entrei em profunda depressão, a culpa me dominou e nem meus melhores amigos conseguiram me animar. No início eu queria apenas morrer... Depois eu vi que isso não aconteceria e então eu quis apenas fugir... E eu fugi... Fugi para encontrar o meu destino cruel... O meu algoz.
Se eu soubesse... Mas eu não sabia... Nunca poderia adivinhar... Ou talvez tudo estivesse lá e eu não tenha visto. Não posso me culpar, eu estava cega pela dor quando decidi vir para esse país. O convite veio em hora oportuna, uma temporada como pesquisadora da universidade bruxa de Kiev era o que eu precisava para manter a minha mente ocupada. E eu parti sob os protestos de Harry, Rony e Gina. Hoje eu percebo que deveria ter ouvido, mas eu precisava estar longe pra colocar meus pensamentos em ordem. Doia muito saber que meus pais haviam perecido por causa de uma guerra que não era deles. A culpa me dominou
Eu estava sozinha... Eu queria estar sozinha... Eu queria viver a minha dor em paz... Até que ele surgiu. Kirk... Ele também havia acabado de perder a família... Estava tão perdido e sozinho como eu, pelo menos era o que aparentava... Ou o que eu queria acreditar. Tornamos-nos companheiros na dor... Depois bons amigos... O resultado foi me casar com um completo desconhecido em menos de seis meses. Eu pensava que havia me apaixonado. Hoje eu sei que não era amor. Era carência... Solidão... Ou qualquer outro nome. E hoje se chama apenas medo
No início eu não percebia. Ou não queria perceber... Como nos conhecíamos há pouco tempo eu achava que era apenas uma questão de eu me acostumar com a rotina diária do casamento.
O jeito frio... O modo rude que ele fazia amor comigo... Amor! Como eu pude chamar aquilo de fazer amor? Era cobiça, obsessão, vingança, ou qualquer outro nome. Mas não era amor...
E eu, a perspicaz Hermione Granger não percebi os indícios... O olhar amedrontado dos elfos... O mau humor constante... Pensava que era apenas um resquício amargo da perda da sua família. Perdida na minha dor, não percebi que estava afundando ainda mais.
Quando eu percebi já era tarde demais. Eu já estava com um bebê dentro de mim... E eu sabia que não poderia mais escapar... Que Kirk me seguiria, não para me matar, mas a meu filho... Ele me aprisionou através do meu medo de mãe.
À medida que meu ventre crescia, as coisas se esclareciam. Kirk não perdeu a família, ele a matou! Da mesma forma que os comensais atacaram na Inglaterra ele atacou a própria família e destruiu a todos... Pais... Esposa... Filhos... Na sua loucura ele se vingou em sua família pela destruição de Voldemort... Ironicamente ele não chegou a fazer a marca. Pura falta de tempo, mas isso não diminui em nada a sua crueldade.
Quando ele descobriu sobre o bebê, vi um estranho brilho em seu olhar. Um brilho de vitória... Ele escondeu minha varinha e colocou vários feitiços para que eu não saísse, sem falar nas crucius constantes, nas impérius que recebi. Ele cuidou para que todos pensassem que eu queria ficar em casa. Quem poderia me julgar? Minha saúde estava frágil. Nada mais natural que repousar...
Então meu filho nasceu... Lindo... Perfeito. Foi o dia mais feliz da minha vida, e o dia em que mais senti medo... Eu dei a luz em casa, com a ajuda apenas dos elfos... Não cheguei sequer a pegar meu filho quando ele nasceu... Kirk o tirou de mim... Eu tive que implorar para ficar com ele... Então eu soube que estava mais prisioneira do que nunca, que eu faria tudo que meu marido quisesse para ter meu filho comigo. Ele o mataria se fosse diferente... Mataria só pra me castigar
E assim os anos vão passando. A despeito de tudo, Simon,meu filho, cresce a cada dia. Com ele eu descobri que nunca havia amado antes, nem a mim mesma com tal intensidade.
Minhas aparições em público foram poucas durante esses anos. Apenas o suficiente pra não levantar suspeitas. A despeito da crueldade, devo admitir que Kirk é um homem sedutor e inteligente. Ele faz o papel de marido preocupado com perfeição. E a mim cabe cuidar para que nada aconteça a Simon e sobreviver... Simplesmente sobreviver.
Eu faço o impossível pra essa situação não afetar meu filho, pelo menos não tanto... Mas ele sabe... Ele sabe que tem alguma coisa errada. Simon é muito esperto para seus oito anos
Muitas vezes eu me pego pensando na minha vida na Inglaterra, em meus amigos... Será que eles têm idéia do inferno em que vivo? Provavelmente não... Com certeza não! Eles moveriam céus e terras se soubessem. Mas não há como eles saberem. E eu não posso arriscar, não posso arriscar meu filho. Na última vez que tentei Kirk me torturou por horas... E sumiu com Simon por uma semana.
No início eu não entendia o porquê de estar viva... Não conseguia compreender porque ele simplesmente não me matou... Agora eu sei. Acabar comigo aos pouquinhos lhe causa mais prazer.
Eu não tenho escolha... Eu tenho que me submeter a todas as suas vontades... Tenho que conter o meu asco e entregar-me a este louco... Tenho que me submeter a ser degradada... Humilhada... Tenho que me sujeitar a seu toque... Pelo meu filho
E é somente por ele que eu não me permito enlouquecer. É somente pelo meu filho que eu tento lutar... Que eu luto com as armas que tenho. Se Kirk não permite que Simon vá para a escola eu o ensino... Se Kirk destruiu a minha varinha eu me aperfeiçôo em fazer feitiços sem usá-la. É a única forma de proteger a mim e a meu filho
Os dias se arrastam... Transformam-se em semanas... As semanas em meses... Os meses em anos... E eu rezo pra não enlouquecer. Rezo pra ter forças e arranjar um jeito de libertar a mim e a Simon... E eu escrevo. Escrevo na esperança de conseguir um pouco de alento, ou quem sabe, na esperança de alguém conhecer a minha trágica história quando eu não estiver mais aqui...
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NOTA DA AUTORA
Bem, taí o primeiro capítulo. Eu sei que ta curtinho e não explica muita coisa, na verdade ele é mais um prologo. E eu vou aproveitar pra dar alguns avisos básicos...
Em primeiro lugar estou ignorando solenemente o livro sete, ou seja, sem spoiller (pelo menos por enquanto, mas se eu resolver colocar eu aviso). Segundo, a linha dela é meio diferente de "a vida é feita de escolhas" e confesso que estou meio insegura quanto a aceitação, mas espero que vocês gostem e deixem a sua opinião. (Autora com os olhinhos brilhando aguardando os comentários...)
Bjos e boa leitura
Comentários (1)
Ow, que capitulo mais tenso! Adorei! =D Vou, com certeza, ler a fic inteira!! Parabéns, voce escreve excepcionalemente bem! BeijosAngel_S
2012-01-02