Para certas perguntas não há r










-- Porque? – perguntou Harry pela vigésima vez naquela noite.

Draco não respondeu. Harry voltou a insistir:

--- Porque?

Draco já começava a ficar aborrecido com isso. Eles faziam isso a 4 noites: na Sala Precisa, silêncio era a única coisa que precisava para admirar o rosto de seu amado. Ele já admitira que o amava! O que mais ele queria?

-- Draco, me respon.....

Responder o quê? – bufou Draco já irritado com aquela chuva de porquês. Irritado, não: mal-humorado. Não conseguia ficar irritado com Harry.

--- Porque você me ama – sussurrou Harry, se encolhendo na parede, com um pouco de medo do que aquele belo sonserino pudesse dizer.

Draco passou as mãos pelos cabelos finos e sedosos e chegou um pouco mais perto de Harry, examinando cuidadosamente aquele lindo perfil. Por Merlin, como queria beijá-lo! Mas não podia....não conseguia....beijá-lo parecia para Draco o equivalente a corromper aquela alma pura.

-- Não sei – respondeu, finalmente.

-- Sabe então quando você começou a me amar?

-- Amar, não. Mas gostar eu sei – Draco deu um fraco sorriso pela primeira vez naquela noite.- No dia que eu te vi na loja de roupas da Madame Malkin.

-- Disfarçou bem todos esses anos – disse Harry. Draco via claramente que ele estava nervoso. Todos esses anos, como não o podia ter , o observava. Sabia o que cada um de seus pequenos gestos significava. O ato de apertar as mãos, que Harry fazia agora, significava que ele não sabia o que fazer. Que estava nervoso. Que estava MUITO nervoso.

-- Disfarcei a base de te encher o saco todos esses anos – comentou Draco – Mas amar....

-- É difícil disfarçar, eu sei – disse Harry, como se lesse os pensamentos do outro – Se fosse fácil nós não estaríamos aqui agora.

E calou-se. Durante vários minutos, eles se calaram, um observando o outro. Apenas isso. Um sabia o que o outro estava pensando; não precisavam conversar para isso.

De repente, Harry abriu a boca, como se para dizer alguma coisa, mas fechou-a logo em seguida, como se acabasse de ter outra idéia melhor. Diminuiu a distância entre ele e Draco até que seus narizes se encostassem e pegou ambas as mãos do garoto loiro, que por sua vez gelou. Será que ele ia beijá-lo?

Mas Harry não o beijou. Com as mãos, começou a acariciar o rosto do outro menino. Os olhos. O nariz . A boca. Os cabelos. As orelhas. Era tudo muito estranho para os dois, mas ao mesmo tempo era maravilhoso. Draco começou a acarinhar o garoto de cabelos espetados, roçando o nariz com o do outro menino. Era simplesmente perfeito. O mesmo pensamento pareceu ocorreu a Harry, que finalmente falou:

-- Porque você não me beija?

Tudo pareceu acabar por encanto a menção dessas palavras. Draco se soltou do outro garoto e encolheu-se num canto.

-- Mas porque.... – começou Harry, espantado com a mudança de clima em questão de segundos.

--- Você é puro. Se eu te beijar, vou te contaminar com a minha impureza. Não posso. Você não mer....

Foi calado pelo dedo indicador de Harry em seus lábios. Os olhos verdes-vivos do Não-mais-tão-garoto-que-sobreviveu estavam brilhantes. Aqueles olhos pareciam a própria força. A própria luz. A própria esperança.

-- E quem foi que disse que você não é puro? – perguntou Harry carinhosamente, acariciando o rosto dele e chegando perto novamente, abraçando –o , como se fosse nina-lo – Quem foi que te disse essa besteira? – seu tom de voz era tão carinhoso que Draco começou a se emocionar.

-- Ninguém – respondeu ele com voz embargada – Eu sou, apenas. Não mereço você – acrescentou, olhando para os olhos incisivos do outro. Olhos azuis nos verdes.

Harry continuava a acariciar o rosto dele, agora sorrindo. Aproximou-se de Draco; novamente os narizes se tocaram.

-- Não sei quem foi que colocou isso na sua cabeça, mas com certeza é uma idiotice – Ele sorriu. A expressão em seu rosto era de pura paz – Você me merece Draco Malfoy, e eu te mereço.- Acrescentou num tom de quem encerra assunto – E agora, se você não vai me beijar, eu beijo.- disse, brincalhão. Draco deu uma gargalhada.

E eles se beijaram. E se beijariam muito naquela noite, entre risos por finalmente estarem juntos, respirações alteradas pela descoberta do novo e suspiros de satisfação. E ali amanheceram juntos. Agora nada nem ninguém podia separá-los. Nem a pior das maldades. Poderiam tentar, mas jamais conseguiriam.

Afinal, o mundo é feito disso.

De coisas belas e sujas.


N/A4: ( suspiro de satisfação) Acho que finalmente encontrei o gênero que mais gosto de escrever! O que vocês acharam? Modéstia a parte, eu acho que o final ficou fofinho. Coloco a polêmica no ar....eles transaram ou não? Só vocês podem decidir isso, leitores.....










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