Capítulo 9



A casa dos McDeal se localizava em um belíssimo conjunto de colinas com vista para o mar. Tudo ali era sóbrio e marcante, principalmente a imponente construção de pedra. Tudo na aparência do lugar, desde suas torres semelhantes às dos castelos, até a bandeira tremulando com o símbolo do clã, parecia bradar a palavra "orgulho" aos quatro ventos.

O velho Gregory havia mandado construir a casa em seu lugar preferido: o cume de uma das colinas mais altas e com uma das mais belas vistas do mar que se poderia ter dali. E era mais do que evidente que a construção havia sido feita para durar. Como um sólido legado dos McDeal aos descendentes do clã.


Os inúmeros canteiros de rosas, que floresceriam com todo vigor na primavera seguinte, não amenizavam o efeito de imponência do lugar. De fato, serviam apenas para enfatizar aquela aura mágica e quase mística.

- Pare - pediu Draco, pousando a mão sobre o braço de Hermione. - Pare o carro.

Um sorriso se insinuou nos lábios dela. Sabia muito bem o que era ter aquela reação ao ver a casa dos McDeal ao longe. Feliz em notar que a visão o afetara tanto quanto sempre a afetava, Hermione parou o carro com movimentos cuidadosos.

- Parece um castelo de conto de fadas, não? - disse, apoiando-se sobre o volante, enquanto ambos observavam a mansão através da leve garoa. - Não aqueles das versões mais românticas, mas um castelo com personalidade própria.

- Eu já o tinha visto em fotografias, mas elas nunca são como a imagem real.

- Não se trata apenas de uma mansão, mas de um lugar que transmite uma aura de generosidade. Sempre que a visitamos, encontramos alguma novidade aqui e acolá. E geralmente algo que nos surpreende.

E dessa vez, não seria diferente, pensou Hermione. Só que seria ela quem levaria a surpresa até a mansão.

- Essa garoa combina com a paisagem, não? - disse a ele.

- Acho que essa paisagem fica bem em qualquer clima.

- Tem razão - anuiu Hermione, com um sorriso. - Precisa ver esse lugar no inverno. Sempre viajamos para cá na época do Natal. É lindo como o efeito da neve e do vento deixam-na com a aparência de um castelo de gelo. No ano passado, quando as rosas começaram a desabrochar e o céu estava tão azul que chegava a ofuscar a vista, meu primo, Duncan, casou-se aqui. Mas assim, em meio à garoa... - Ela sorriu com ar sonhador. - O lugar lembra uma paisagem escocesa.

- Já esteve na Escócia?

- Hum-hum. Duas vezes. E você?

- Não. Nunca estive lá.

- Pois deveria viajar até lá. Por uma questão de raízes - acrescentou ela. - Ficará surpreso com a força que você passa a sentir ao respirar o ar das Terras Altas e ao ver as lindas paisagens das Terras Baixas.

- Talvez eu viaje para lá em breve. Vou querer algumas semanas de descanso quando esse meu último roteiro estiver terminado. - Draco olhou para ela e arqueou as sobrancelhas. - E então? Está gostando do carro?


- Bem, levando-se em conta que você só me deixou dirigi-lo por aproximadamente quarenta e cinco segundos, acho meio difícil lhe dar um parecer. Mas se me deixar dar uma volta mais demorada com ele amanhã...

- Nem mesmo seu maior poder de persuasão vai me convencer a deixá-la dirigi-lo por mais tempo do que daqui até a mansão.

Hermione deu de ombros, como que não dando importância ao fato. Porém, no íntimo, pensou: "É o que veremos", e partiu novamente pela estrada.

Quando chegaram, ela estacionou o carro diante da suntuosa mansão.

- Muito obrigada - agradeceu e deu um leve beijo nos lábios de Draco, antes de lhe entregar as chaves do carro.

- Não há de quê.

- Não vamos nos preocupar com a bagagem agora, está bem? Vamos esperar primeiro essa garoa passar, depois viremos pegá-la ou mandaremos um dos empregados fazê-lo.

Dizendo isso, ela abriu a porta do carro e saiu correndo em direção à varanda coberta, onde parou para sacudir os cabelos e secá-los com as mãos.

Durante algum tempo, Draco ficou parado no carro, apenas admirando o jeito encantadoramente infantil de Hermione. Não se cansava de olhar aquele belo sorriso de menina misturado ao ar sensual que se manifestava nela com naturalidade, e do qual Hermione nem parecia ter consciência. De certa maneira, esse último detalhe parecia torná-la ainda mais sedutora.

Queria acreditar que o que estava sentindo era apenas desejo, mas, por outro lado, sabia que desejo puro e simples não despertava o receio de ficar longe ou de perder a outra pessoa. O mero desejo era algo mais simples de se lidar, e menos perigoso. No entanto, já que não tinha como ignorar aquilo que estava sentindo, pelo menos tentaria continuar negando o fato para seu próprio bem, e para o de Hermione.

Respirando fundo, saiu correndo em direção à varanda, deixando que a garoa e o vento, a essa altura mais intensos, atingissem seu rosto e seus cabelos. Quando alcançou Hermione, não resistiu ao riso divertido que ela soltou e puxou-a para si, tomando-lhe os lábios com uma paixão quase violenta.

Por um momento, Hermione apenas agitou as mãos no ar, aturdida com a pressão do corpo másculo de Draco junto ao seu e com urgência daqueles lábios quentes colados aos seus. Porém, não demorou muito para se render mais uma vez àquela sedutora aura de desejo, retribuindo o beijo com a mesma intensidade.

- Draco...

Ele ouviu o murmúrio em meio à tormenta que varria seu corpo e sua mente, feito ondas batendo contra rochas sólidas. De fato, foi somente o som da voz de Hermione que o fez despertar para a realidade e se lembrar de onde eles se encontravam.

- Com sua família por perto, não poderei fazer isso por algum tempo - explicou ele, prendendo uma mecha dos cabelos dela atrás de sua orelha delicada.

Hermione sentiu um carinho todo especial naquele gesto e o sorriso que curvou seus lábios foi de puro encantamento. Já não se importava que Draco percebesse que ela estava apaixonada por ele. Aquele sentimento era bonito e intenso demais para continuar sendo mantido apenas em seu coração.

- Bem, pelo menos isso exigirá que eu também me comporte. Mas sei que não vai ser fácil... - acrescentou dando um último beijo nele.

Com um sorriso, segurou-o pela mão e o puxou para dentro.

O interior da mansão, apesar de grandioso, era inusitadamente aconchegante. Pelas paredes, via-se espadas e escudos antigos polidos ao ponto de brilhar. Afinal, tratava-se da casa de um guerreiro. Um aroma de flores e de madeira recendia pelo ar, tornando o ambiente ainda mais agradável.

- Hermione!

Angela McDeal desceu a ampla escada, sorrindo com satisfação. Os cabelos quase brancos estavam penteados para trás, em um coque elegante, e os olhos castanho-escuros transmitiam um brilho de sabedoria impossível de passar despercebido. Ao se aproximar, ela abriu os braços para envolver a neta em um abraço.

- Oh, vovó... - Hermione fechou os olhos com carinho, adorando sentir o familiar perfume de lavanda da avó. - Como consegue ficar cada vez mais bonita? - disse ao se afastar.

Angela afagou o braço dela com carinho e sorriu.

- Uma mulher tem de saber manter um pouco de vaidade, menina. Mesmo se tratando de uma com a minha idade.

- Não consigo vê-la como uma mulher velha. Está sempre tão linda. Não é mesmo, Draco?

- Sem dúvida - anuiu ele, com um sorriso.

- Ora, um elogio vindo de um lindo jovem é sempre bem-vindo, mesmo que seja por pura gentileza - gracejou Angela. Mantendo o braço em torno da cintura de Hermione, ela estendeu a mão para cumprimentar Draco.

- Olá, Draco, não deve se lembrar muito bem de mim. Acho que você não tinha mais do que dezesseis anos da última vez em que o vi.

- Isso mesmo - confirmou ele, apertando a mão dela. - Mas lembro-me muito bem da senhora. Estávamos em um baile de primavera em Newport, e a senhora foi muito compreensiva comigo, quando eu a cumprimentei e disse que preferiria ter ido a outro lugar.

- Ah, então você se lembra. - Angela sorriu. - Agora fiquei mesmo lisonjeada. Venham se aquecer, meninos. Devem estar com frio depois de haverem tomado essa garoa.

- Onde estão vovô e Matthew? - Hermione quis saber.

- Ah. - Angela riu baixinho enquanto os conduzia ao aposento que a família costumava chamar de "Sala do Trono". - Gregory levou o coitado para nadar com ele na piscina. Disse que Matthew estava precisando se exercitar um pouco, e você sabe como seu avô leva a sério esse negócio de nadar diariamente. Vive dizendo que é isso que o mantém jovem.

- Tudo o mantém jovem. - Hermione riu.

A melhor palavra para definir aquele aposento era "apropriado", pensou Draco. Uma cadeira de espaldar alto, com certeza pertencente ao velho Gregory, dominava a sala forrada por um felpudo tapete vermelho-escuro. Os móveis eram antigos, feitos de madeira maciça e trabalhada. As luzes do lustre antigo se encontravam acesas, assim como a lareira de pedra, cujo calor deixara a sala com uma temperatura extremamente agradável.

- Vamos tomar o chá da tarde. Imagino que Gregory vá insistir para acrescentarmos uísque ao chá e que usará o fato de termos visitas como desculpa para isso. Sentem-se e fiquem à vontade - acrescentou Angela, indicando as poltronas. - Se eu não o avisar que vocês estão aqui, ouvirei reclamações por semanas - explicou, com um gesto de mão.

- Sente-se a senhora, vovó - falou Hermione. - Pode deixar que eu avisarei vovô e servirei o chá.

- Oh, continua prestativa como sempre, não é, minha querida? - Angela afagou a mão da neta, enquanto se sentava. - Sempre foi. - Indicando a poltrona ao lado da dela, continuou: - Sente-se aqui, Draco. Gregory e eu assistimos à sua peça, em Boston, há alguns meses. Achei o roteiro poderoso, contestador. Sua família deve se sentir muito orgulhosa de seu talento.

- Na verdade, acho que eles ficaram mais surpresos do que orgulhosos.

- Às vezes, essas reações levam ao mesmo resultado - disse ela, com sabedoria. - Na verdade, nunca esperamos que nossos parentes, por mais que os admiremos, demonstrem genialidade. Isso sempre nos espanta e nos leva a pensar: "Como não notei isso durante todo esse tempo?".

- A senhora conhece minha família - falou Draco. - Então deve ter notado que abordei vários comportamentos deles na minha peça.

- Sim, eu notei. Mas, às vezes, é bom desabafar por meio da arte. Além de facilitar o processo de catarse, permite a alguém de talento, como você, criar uma bela obra artística. Sua irmã está bem?

- Sim, apesar dos filhos. - Ele riu. - Eles são o centro da vida dela.

- E quanto a você, Draco. O trabalho é o centro" de sua vida?

- Creio que sim.

- Oh, desculpe-me. - Aborrecida consigo mesma, Angela tocou o braço dele. - Estou sendo bisbilhoteira, e geralmente deixo isso a encargo do meu marido. Estou interessada em saber mais detalhes porque me lembro muito bem da maneira como você olhava para sua irmã naquela festa, em Newport. Lembrou-me a maneira como Alan e Caine sempre olharam para Serena, e de como isso sempre pareceu aborrecê-la, como pareceu aborrecer... Jenna, é isso?

- Sim - confirmou Draco, com um sorriso. - Ela ficava mesmo muito brava. - O sorriso logo desapareceu. - Se eu tivesse agido com mais cautela nos anos que se seguiram, ela não teria ficado magoada.

- Draco, você não a magoou. E, na verdade, eu não pretendia fazê-lo recordar esses fatos do passado. Agora me conte no que está trabalhando, ou será que isso é segredo por enquanto? - acrescentou ela, com um sorriso gentil.

- Não, não é segredo. - Ele sorriu com charme. - É uma história de amor que se passa em Nova York. Pelo menos, é nisso que está se transformando.

- Ainda não serviu um uísque para o rapaz, Angela?

Gregory entrou na sala com passos firmes e, como sempre, sua presença logo dominou o ambiente. Os responsáveis por isso eram sua postura, seu porte elegante e aquela voz firme que se negava a enfraquecer com a idade. Os olhos muito azuis continuavam com um brilho sagaz e os cabelos completamente grisalhos lhe atribuíam um charmoso ar de sabedoria.

- Isso é maneira de receber um homem que andou nessa garoa fria e que conseguiu trazer nossa neta preferida até aqui?

- Oh, que ótimo - resmungou Matthew, vindo atrás dele. - Quando quis ter sua piscina consertada, eu era seu neto preferido.

- Bem, ela está consertada agora, não está? - falou Gregory, com uma piscadela para todos e um sorriso afetuoso para o neto.

- É muito bom revê-lo, sr. McDeal.

Draco ficou de pé e cruzou a sala com a mão estendida, para ir cumprimentá-lo. Mas para Gregory isso não era suficiente quando havia algum tipo de interesse de sua parte em um "pretendente em potencial". Por isso, enlaçou Draco em um abraço que pareceu deixar o rapaz sem fôlego por um instante.

- Está com uma aparência ótima, Malfoy. Só está faltando mesmo uma boa dose de uísque escocês para pôr um pouco de cor em seu rosto.

- Terá uma gota de uísque em seu chá, Gregory, se é isso que está querendo - Angela interveio, indo buscar a bebida.

- Uma gota? - Para um homem daquela idade, Gregory ainda sabia choramingar como um bebê. - Angela...

- Duas gotas - corrigiu ela, com um sorriso que parecia querer dizer: "Estou sendo mais do que generosa, portanto, não me provoque".

- Diga-me uma coisa, Draco, você fuma charutos?

- Não por hábito - respondeu ele.

Angela virou-se e olhou para Gregory com ar de aviso.

- Então, se eu chegar em algum lugar e o vir com um charuto entre os dedos, saberei quem o passou para você.

- Essa mulher é mesmo uma carrasca - resmungou Gregory. – Bem, mas sente-se, rapaz, e digame como estão indo as coisas entre você e Hermione.

Alarmes soaram na mente de Draco.

- Como estão indo as coisas?

- Ora, vocês são vizinhos, não são?

- Sim. - Draco sentou-se, sentindo-se um pouco mais aliviado, mas não muito. - Nossos apartamentos ficam um em frente ao outro.

- Ela é linda como uma flor, não é mesmo?

- Vovô - ralhou Hermione, colocando a bandeja com chá sobre a mesa. - Não comece. Não faz nem dez minutos que Draco está aqui.

- Começar o quê? - indagou Gregory, com ar inocente. Estreitando o olhar, acrescentou:

- Você é bonita ou não é?

- Ah, sou adorável. - Ela riu e beijou-o no nariz. Aproveitando que estava perto dele, sussurrou-lhe ao ouvido: - Comporte-se e eu colocarei um pouco do meu uísque no seu chá quando ela não estiver olhando.

Os lábios de Gregory se curvaram em um amplo sorriso.

- Esta é minha garota.

- Não vai acreditar no sabor desses bolinhos, Draco - emendou Hermione, satisfeita por haver conseguido subornar o avô. - Nem eu mesma consigo imitar essa receita. Os daqui sempre ficam mais gostosos.

- Hermione é uma ótima cozinheira - falou Gregory, fazendo uma careta de desgosto ao ver Angela colocar exatamente duas gotas de uísque em uma das xícaras, antes de entregá-la a ele. – Tem levado pratinhos com petiscos para ele uma vez ou outra, não é, querida? Como uma vizinha prestativa deve fazer.

- Ela preparou rocambole de frango para nós, ontem à noite - falou Matthew, enquanto passava geléia de morango em um bolinho. Lembrando-se de que havia prometido a Hermione que a "salvaria" nos momentos críticos, acrescentou:

- Draco, você quer uísque puro ou prefere chá?

- Vou querer o uísque, obrigado. Puro.

- E de que outro modo um homem deve tomá-lo? - resmungou Gregory, olhando com desprezo para sua xícara de chá.

- Então já experimentou alguns dos dotes de nossa Hermione - perguntou ele, contendo o riso ao ver Draco quase se engasgar com o bolinho.

- O que disse?

- Os dotes culinários de Hermione - esclareceu Gregory, com ar inocente. - Mulheres que cozinham tão bem como minha neta precisam ter uma família para alimentar, sabia?

- Vovô... - avisou ela, apontando o próprio uísque com discrição.

Quando um homem se encontrava dividido entre uma dose de uísque escocês e o futuro de sua neta, o que ele deveria escolher?, Gregory se perguntou. Às vezes, era preciso fazer sacrifícios.

- Qual é o homem que não aprecia uma refeição quente e bem-feita? Estou errado, rapaz?

Draco notou uma espécie de aura de perigo no ar.

- Não.

- Aí está! - Gregory bateu o punho fechado sobre a mesinha, fazendo a louça estremecer sobre a bandeja. - Malfoy é um sobrenome muito respeitado hoje em dia, não? E graças a você.

- Obrigado - Draco agradeceu com cautela.

- Mas um homem de sua idade já deveria estar pensando em transmiti-lo a seus descendentes. Deve estar com trinta anos, não?

- Isso mesmo. - "E como diabos ele sabe disso?", Draco se perguntou.

- Quando um homem chega aos trinta anos, deve começar a pensar em suas obrigações para com a continuação do sobrenome da família.

- Felizmente, ainda tenho alguns anos pela frente, antes de ser "sentenciado" - Matthew cochichou ao ouvido de Hermione.

Ela lhe respondeu com uma discreta cotovelada.

- Faça alguma coisa! - pediu, por entre os dentes.

- Se ele começar com essa história para cima de mim, você é quem vai agüentar minhas reclamações depois - avisou Matthew.

- Diga seu preço.

- Pensarei nisso depois. - Dizendo isso, ele não perdeu tempo em ocupar a poltrona próxima aos outros dois homens. - Vovô, por acaso, já lhe falei sobre a garota que conheci há pouco tempo?

- Garota? – Gregory pestanejou, distraindo-se da conversa com Draco. Voltando-se para o neto, continuou: - Que garota é essa? Pensei que estivesse ocupado demais, montando seus brinquedos de metal, para ter tempo de pensar em garotas.

- Penso nelas com mais freqüência do que imagina. - Matthew riu, levantando o uísque em um brinde. - Essa que conheci é muito especial.

- É mesmo? - Gregory se recostou na poltrona e cruzou as pernas. - Bem, deve ser mesmo para ganhar mais do que um ou dois olhares de sua parte.

- Oh, já faz algum tempo que estou de olho nela. O nome dela é... Lulu - Matthew inventou no último instante. - Lulu LaRue, embora eu desconfie que esse seja seu nome artístico. Ela é dançarina de mesa.

- Dançarina de mesa?! - bradou Gregory, enquanto Angela escondia o riso com a mão, antes de continuar tomando o chá. - Ela dança nua em cima de mesas?

- Claro que dança nua! Que graça teria se fosse de outra maneira? Oh, vovô, e ela tem uma tatuagem tão interessante no...

- Nua! Uma dançarina nua e tatuada! Nem por cima do meu cadáver, Matthew Granger! Quer deixar sua mãe arrasada? Está ouvindo isso, Angela?

- Claro que estou, querido. Matthew, pare de brincar com seu avô.

- Seu desejo é uma ordem, vovó - gracejou ele, dando de ombros e rindo ao ver o avô estreitar o olhar. - Mas não vejo por que não posso namorar uma garota que dança nua e que tem uma linda tatuagem no...

- Chega, Matthew! - ralhou Gregory, indignado, fazendo os outros disfarçarem o riso.

Muito tempo depois de a garoa haver cessado, de a noite haver caído e de Draco haver aparecido sorrateiramente em seu quarto para matar a saudade e testar a enorme cama de casal, Hermione suspirou alto.

O dia havia sido quase perfeito. Quase tão perfeito que ela se aninhou mais junto de Draco, deitado ali, a seu lado. Então se permitiu imaginar que ele era um príncipe que havia escalado as paredes da torre do castelo para ir ao encontro dela. Para amá-la. Para ficar com ela para sempre.

- Diga-me uma coisa - sussurrou Draco, relaxado e desfrutando o calor do corpo de Hermione junto ao dele.

- Hum-hum - murmurou ela, em resposta. - Qualquer coisa.

- O que diabos significou toda aquela conversa com seu avô?

Hermione levantou a cabeça e afastou os cabelos do rosto. Então revirou os olhos.

- Oh, aquilo. Eu não o avisei antes porque tive a ingênua esperança de que não seria necessário. Reconheço que a culpa foi toda minha. - Passando a perna sobre as dele, ela o fitou por um momento. - Sabia que tem olhos lindos, Draco? Eles são de um tom de azul diferente, como a cor da água do mar ao cair da tarde.

- Esse foi um comentário sincero ou apenas um artifício para fugir do assunto principal?

- Ambas as coisas. - Ela riu.

Porém, vendo que não teria como escapar das perguntas dele, Hermione se sentou, beijou-o e vestiu o robe que havia deixado ao pé da cama.

- Por que sempre se veste para conversar comigo? - Draco perguntou.

Hermione olhou-o por cima do ombro, parecendo surpresa e acanhada ao mesmo tempo.

- Um impulso puritano latente?

- Incrivelmente latente - anuiu ele, sorrindo ao vê-la amarrar o robe com firmeza na cintura. - Agora, a respeito de seu avô e do súbito interesse dele pelo sobrenome da minha família... Ou, como ele disse durante o jantar, o "sangue forte" dos meus ancestrais...

- Bem, Draco, você é escocês.

- Da terceira geração de minha família.

- Isso pouco importa no vasto e histórico esquema das coisas. - Hermione serviu um copo de água. - Primeiro, quero me desculpar - disse, sem olhar para ele. - Espero que compreenda que meu avô não fez aquilo por mal. Ele age assim porque se preocupa conosco e não teria feito aquilo se não houvesse gostado de você.

Draco sentiu um aperto no estômago.

- Feito o quê, exatamente?

- Não me dei conta... Pelo menos, não até chegarmos aqui. Mas deveria ter prestado mais atenção - murmurou ela, sentando-se na cama e entregando o copo a ele, antes de tomar um pouco da água. - Na outra noite, quando você mencionou que já o conhecia e que ele havia sugerido que você ficasse no apartamento em frente ao meu, eu deveria ter prestado mais atenção aos detalhes. Bem... - Ela deu de ombros. - De qualquer maneira, não teria importado muito.

- Sobre o que está falando, Hermione? - Draco franziu o cenho, confuso.

Ela exalou um suspiro e fitou-o diretamente nos olhos.

- Meu avô o escolheu para mim, Draco. Isso porque ele me ama muito - ela se apressou em acrescentar. - Ele quer apenas aquilo que acha que é melhor para mim, e isso significa um casamento, uma família e um lar. E, pelo visto, ele está achando que você me dará tudo isso.

Draco passou a mão nos cabelos, aturdido.

- E como diabos ele chegou a essa conclusão? - indagou, colocando o copo sobre a mesinha-de-cabeceira com um ruído seco.

- Não se trata de um insulto, Draco - falou ela, quase indignada. - É um elogio. Como eu disse, vovô me ama muito, portanto, deve ter uma grande estima por você, por achá-lo suficientemente adequado para se tornar meu marido e o pai dos meus filhos, que serão os bisnetos que ele tanto deseja ter.

- Pensei que você não quisesse se casar.

- Eu não disse que queria. Eu disse que ele queria isso para mim. - Levantando-se, ela foi até a penteadeira e pegou uma escova. Em seguida, começou a escovar os cabelos. - E fique sabendo que o fato de você estar tão abalado é muito insultante.

- E aposto que você considera tudo isso divertido.

- Acho encantador.

- Acha encantador que seu avô de noventa e tantos anos escolha um marido para você?

- Ele não colocou um anúncio no jornal e nem um luminoso diante da casa. - Sentindo-se magoada, ela deixou a escova sobre a penteadeira. - Mas não precisa entrar em pânico, Draco. Não vou me deixar levar pelos planos de meu avô. Serei perfeitamente capaz de arranjar um marido sozinha, quando e se eu achar que devo arranjar um. Por enquanto, continuo não querendo nada disso.

Ela inclinou a cabeça, olhando em torno de si. Na falta de algo melhor para fazer, abriu um pote de creme e começou a passá-lo nas mãos.

- Agora, estou cansada e quero dormir. E já que não se importa mesmo em dormir comigo depois do sexo, então é melhor ir embora.

Aquilo era apenas indignação, pensou Draco, ou haveria algo mais por trás da reação de Hermione?

- Por que está brava?

- Por que estou brava? - repetiu ela, sem saber se começava a chorar ou a gritar. - Como é possível que uma pessoa que escreve sobre os sentimentos dos outros com tanta precisão, com tanta sensibilidade, faça uma pergunta dessa? Por que estou brava, Draco? - Respirou fundo e continuou: - Porque você está sentado aí, na cama que acabamos de dividir, completamente chocado com o fato de que alguém que me ama possa querer que exista algo mais do que apenas sexo entre nós.

- Claro que há mais do que sexo entre nós - declarou ele, começando a vestir o jeans.

- Há mesmo? Há mesmo, Draco?

O tom frio de Hermione o levou a olhá-la fixamente. Sentiu uma onda de culpa ao ver a sombra de tristeza nos olhos dela.

- Eu gosto de você, Hermione. Você sabe disso.

- Você me acha divertida. Não é a mesma coisa.

Sim, era mais do que indignação, concluiu Draco. Hermione estava magoada. De alguma maneira, ele a havia magoado novamente sem querer. Segurando o braço dela, virou-a de frente para ele, com delicadeza.

- Eu gosto de você.

A expressão de Hermione se amenizou.

- Tudo bem. - Pousou a mão sobre a dele, forçando um sorriso. - Vamos esquecer tudo isso, sim?

Draco queria concordar com ela e resolver aquilo de maneira simples. Mas o sorriso de Hermione não foi espontâneo. A sombra de tristeza continuava presente nos olhos dela.

- Hermione, não posso lhe oferecer mais do que isso.

- Não estou lhe pedindo mais. - Aproximando-se da janela, ela mudou de assunto: - A lua apareceu e não há nenhuma nuvem no céu. Poderemos caminhar pelas colinas amanhã. A paisagem fica linda nessa época do ano. - Contendo um arrepio, massageou os braços. - Puxa, está ficando frio aqui. Talvez seja melhor eu pôr mais um pouco de lenha na lareira.

- Pode deixar que eu ponho - Draco se ofereceu.

As chamas da lareira ainda estavam bem ativas, mas, mesmo assim, Draco acrescentou mais um pedaço de lenha a elas. Então ficou parado por um momento, vendo as chamas crepitarem, começando a consumir o novo pedaço de lenha.

Durante algum tempo, o único som que se ouviu no quarto foi o da madeira crepitando em meio às chamas da lareira. Por fim, Draco foi o primeiro a falar:

- Poderia se sentar um instante?

- Prefiro ficar aqui, olhando as estrelas - respondeu Hermione, diante da janela. - Não conseguimos ver muitas estrelas em Nova York, com todas aquelas luzes. Acabamos nos esquecendo de olhar para cima e nem nos lembramos de que existem estrelas. Em Maine, onde fui criada, o céu vivia repleto delas. Nunca me dei conta de quanto sentia falta daquela visão até ir morar na cidade. É possível passarmos longos períodos sem uma porção de coisas e nem mesmo nos darmos conta de quanto elas nos fazem falta.

Hermione se tornou tensa ao sentir as mãos de Draco sobre seus ombros. De fato, teve de se esforçar para voltar a relaxar e não demonstrar quanto a proximidade dele a afetava. Ao virar-se para ele, conseguiu até sorrir.

- O que acha de sairmos para vê-las melhor?

- Hermione, quero que se sente e que me ouça.

- Está bem. - Esforçando-se para parecer casual, ela caminhou até uma das duas cadeiras ao lado da lareira. - Sou toda ouvidos.

Draco sentou-se ao lado dela e inclinou-se um pouco para frente, fitando-a nos olhos.

- Eu sempre quis ser escritor, e não me lembro de haver pensado em me tornar outra coisa - começou ele. - Mas eu não queria escrever romances, como meu pai desejava. Eu queria escrever roteiros de teatro. Tudo estava muito claro na minha mente. O palco, cada cenário, o movimento dos atores, o ângulo e a intensidade das luzes... Com freqüência, talvez freqüência demais, aquele era o mundo em que eu vivia. Você vem de uma família proeminente, Hermione. Uma família com obrigações e exigências sociais.

- Acho que é verdade.

- Eu também vim de uma família assim. Tolerei aquilo durante algum tempo, chegava até a me divertir de vez em quando, mas, durante a maior parte do tempo, sentia como se não pertencesse àquele mundo cheio de eventos sociais.

- Eu sei, você valoriza sua privacidade - anuiu ela. - Compreendo isso. Meu pai e Matthew também são assim.


- Eu gostava de ficar sozinho. Precisava disso. - Inquieto demais para continuar sentado, Draco começou a dar alguns passos pelo quarto. - Adoro meus pais e minha irmã, por mais que nos desentendamos de vez em quando. Sei que os magoei muitas vezes com atitudes inconseqüentes, mas eu os amo, Hermione.

- Claro que sim... - Ela começou a falar, mas voltou a se calar quando Draco balançou a cabeça.

- Minha irmã, Jenna, sempre foi muito sociável. Ela é uma pessoa adorável. Mal havia completado vinte e um anos quando se casou com meu melhor amigo da época da faculdade. Na verdade, fui eu quem os apresentou

Draco ainda lamentava se lembrar daquilo. Lamentava que o primeiro passo de todo o infortúnio que passaria depois houvesse sido uma iniciativa sua. Olhou para o jarro de água sobre a mesinha-de-cabeceira, desejando que ele fosse uma garrafa de uísque.

- Os dois se davam muito bem - continuou. - Estavam muito apaixonados, cheios de planos para o futuro. Jacob nasceu um ano depois. E menos de um ano depois, Jenna ficou radiante quando engravidou novamente.

Draco enfiou as mãos nos bolsos e foi até a janela. Mas não viu as estrelas.

- Naquela época, minha primeira peça estava sendo produzida. Era um pequeno grupo local, mas haviam conseguido fechar um contrato com um importante teatro. Meu pai é um escritor importante, por isso o trabalho do filho dele despertou um certo interesse nas pessoas.

- Um interesse que acabou se transformando em admiração, diante de seu talento - salientou Hermione.

Draco olhou para ela, agradecido pelo elogio.

- Sim, talvez tenha razão. Mas no início não foi assim. Para mim, era uma questão de honra ter meu talento reconhecido pelo que ele era, e não por eu ter o sobrenome de meu pai. Reconheço que parte disso era orgulho - acrescentou, pensativo. - Mas parte também era o desejo de ser respeitado. Aquela primeira peça era muito importante para mim.

O fato de Draco ficar algum tempo em silêncio levou Hermione a querer se manifestar de alguma maneira, demonstrando sua solidariedade.

- Não consegui dormir nem um pouco na noite anterior à estréia dos meus quadrinhos no jornal - disse a ele. - Por mais que eu adorasse meu trabalho, não teria suportado se as pessoas começassem a insinuar que eu estava usando o sobrenome de meu pai para obter prestígio.

- Algumas pessoas sempre dirão isso - salientou Draco. - Mas você não pode se deixar influenciar por esse tipo de opinião. O trabalho tem de ser o mais importante e aquela primeira peça era o mais importante para mim. Eu me envolvi em absolutamente todos os aspectos: os cenários, a montagem do palco, o elenco, os ensaios, a iluminação... Tudo.

Hermione sorriu.

- Imagino que deva ter deixado todo mundo maluco, inclusive você mesmo.

Draco também sorriu.

- Pode acreditar que sim. Os atores eram muito talentosos. A atriz que desempenhou o papel principal era, com certeza, a mulher mais linda que eu já tinha visto. Ela me deixou fascinado. - Olhando diretamente para Hermione, ele prosseguiu: - Eu havia acabado de completar vinte e cinco anos e fiquei completamente apaixonado por ela. Cada minuto que eu passava ao lado dela era um presente para mim. Vê-la no palco, encenando o texto que eu havia escrito, deixava-me encantado a cada apresentação. Durante os ensaios, após uma determinada seqüência, ela costumava sorrir para mim e perguntar se era mesmo daquela maneira que eu havia imaginado a cena. Quanto mais eu me envolvia com ela, menos a peça foi tendo importância para mim.

Draco suspirou. Mesmo depois de tanto tempo, lembrar-se daquilo ainda tinha um efeito esquisito sobre ele.

- Ela era gentil - continuou. - E muito envolvente. Chegava a ser até um pouco tímida quando estava no palco. Eu inventava desculpas para ficar com ela e logo comecei a perceber que ela estava fazendo o mesmo para ficar comigo. Nós nos tornamos amantes em uma tarde de domingo, na cama dela. Naquele mesmo dia, ela chorou no meu ombro e disse que me amava. Naquele momento, eu teria sido capaz de morrer por ela se fosse preciso.

Hermione uniu as mãos sobre o colo, imaginando como seria ser amada pelo menos um pouquinho por um homem maravilhoso como Draco. Não falou nada porque percebeu que ele ainda tinha coisas para contar. Pelo visto, coisas dolorosas.

- Durante semanas, meu mundo girou em torno dela. A peça estreou, recebeu ótimas críticas, mas tudo que eu conseguia pensar era que fora por causa da peça que eu a havia conhecido. Isso era tudo que importava para mim.

- O amor deveria importar mais.

- Deveria? - Draco riu, mostrando um brilho de ironia no olhar. - As palavras têm força, Hermione. Por isso é que um escritor deve tomar cuidado com elas.

O amor também tem força, pensou ela. Queria dizer isso a ele, e quase o fez, mas logo percebeu que o amor que ele sentira acabara enfraquecendo por algum motivo.

- Comprei presentes para ela - Draco prosseguiu. - Gostava de ver o brilho de felicidade nos olhos dela sempre que ganhava um presente. E também a levava para dançar porque ela adorava ir a festas e manter contato com as pessoas. Ela era tão linda que eu achava que ela merecia ser mostrada de alguma maneira. E que precisava de roupas e de jóias adequadas para isso. Então, por que não presenteá-la com elas? E quando ela precisava comprar alguma coisa, que mal havia em dar um cheque em branco a ela? Afinal, aquilo era só dinheiro, e o que eu tinha para gastar era mais do que suficiente.

Deduzindo o desfecho da história, Hermione conteve a vontade de abraçá-lo e consolá-lo. No entanto, não era tristeza aquilo que surgira nos olhos dele. Era rancor.

- Ela tinha talento e eu queria ajudá-la a se tornar uma atriz famosa. Então, pensava eu, por que não usar minha influência, ou a do sobrenome da minha família, para alavancar a carreira dela?

- Você a amava - Hermione se justificou por ele. - E isso deve ter tornado a decisão de utilizar o sobrenome da família para beneficiá-la justa aos seus olhos.

- E você acha que isso tornou as coisas mais corretas? - Draco balançou a cabeça negativamente. - Nunca é certo se aproveitar das outras pessoas ou do sobrenome delas. Mas foi o que eu fiz. Ela começou a falar de casamento, com timidez ainda. Eu hesitei a princípio. A carreira dela ainda precisava de atenção e poderíamos esperar mais algum tempo para nos unirmos em um compromisso mais sério. Certa noite, depois de uma apresentação, eu disse isso a ela. Falei também que iríamos para Nova York e que lutaríamos juntos para ter nosso próprio teatro.

Hermione continuou a ouvi-lo, sem dizer nada.

- Até que um dia ela me procurou toda trêmula, pálida e chorando muito, para contar que estava grávida. Disse que a culpa fora toda dela, por não haver tomado as devidas precauções, e implorou para que eu não a abandonasse. Para onde ela iria? O que faria? Tinha pouco dinheiro, estava com medo e achava que eu iria odiá-la pelo que havia acontecido.

- Não - Hermionel sussurrou. - Claro que você não iria odiá-la.

- Não, claro que não. Na verdade, fiquei um pouco assustado, mas não pensei em abandoná-la em nenhum momento. Enfim, pensei em me casar com ela, em começarmos uma vida a dois. Dinheiro não era problema. Eu havia herdado uma parte da minha herança aos vinte e cinco anos e herdaria outra parte ao completar trinta. Dinheiro não era problema - repetiu ele, colocando outro pedaço de lenha na lareira, em um gesto automático.

Em silêncio, Hermione acompanhava cada um de seus movimentos. Devia estar sendo muito difícil para uma pessoa reservada como Draco confessar tudo aquilo.

- Eu a consolei e disse que tudo terminaria bem. Falei que iríamos nos casar em breve, que ficaríamos em Newport até o bebê nascer, e que depois nos mudaríamos para Nova York, como havíamos planejado. Tivemos uma despedida comovente, antes de ela partir para o pequeno apartamento onde morava, dizendo que iria telefonar para a família e contar a maravilhosa novidade. Combinamos que iríamos à casa dos meus pais depois da apresentação daquela noite, para dar a notícia a eles. Comecei a fazer planos de imediato, já me vendo como marido e como pai.

- Você queria aquela criança - afirmou Hermione, lembrando-se da facilidade com que ele havia segurado Tiago no colo.

- Sim. - Draco se voltou para ela, mantendo-se de costas para a lareira. - Enquanto eu ainda estava envolto por aquela atmosfera de mudança, minha irmã bateu à minha porta. Como Pansy, ela também estava trêmula, pálida e chorando. E como Pansy, também estava grávida, só que em um estágio um pouco mais avançado. Por isso fiquei preocupado ao vê-la naquele estado. Depois de chorar muito, finalmente ela conseguiu me contar que o marido dela estava tendo um caso.

Hermione se surpreendeu com o tom frio que Draco passou a demonstrar.

- Ela me disse que, depois de deixar Jacob com minha mãe, havia voltado para casa porque esquecera alguma coisa. Havia sido acertado que ela e o bebê ficariam fora durante a maior parte do dia, por isso seu retorno não era nem um pouco esperado. Do mesmo modo, ela também não esperava chegar em casa e encontrar o marido com outra mulher em sua própria cama.

- Oh, Draco, que situação horrível. - Hermione se levantou, querendo confortá-lo de alguma maneira. - Ela deve ter... - Ela começou a falar, mas logo se interrompeu, ao se lembrar da peça mais famosa de Draco e de como a trama se desenvolvia. - Oh, não. Ah, meu Deus...

Ele se afastou, parecendo não querer receber consolo.

- O nome dela era Leanna em Rede de Almas, mas aquela era Pansy. Linda, inteligente e friamente calculista. Uma mulher que conseguia representar com perfeição sem nenhum ensaio. Que conseguia enganar um homem sem que ele notasse, tirando-lhe todo o dinheiro e conquistando fama no meio artístico. Ela teria se casado comigo por esses motivos e para dar um sobrenome de prestígio ao filho que o meu melhor amigo e marido da minha irmã havia feito nela.

- Mas você a amava, Draco. E ela o magoou. Aliás, magoou todos vocês.

- Sim, eu a amava, mas aprendi a lição. Não se pode confiar no coração. Minha irmã confiou no dela e isso quase a arrasou. Se não fosse Jacob e o bebê que ela estava esperando, acho que ela teria enlouquecido. Mas as crianças precisavam dela, e foi isso que a manteve de pé.

- Só que você não teve esse tipo de consolo.

- Eu tinha meu trabalho. Mas tive de enfrentar o desprazer de encarar a mulher que havia arrasado nossas vidas. Ela chorou, jurou que aquilo era mentira e que tudo não passara de um grande engano. Implorou para que eu acreditasse nela e, para ser sincero, quase cheguei a acreditar. Ela representava muito bem.

- Você estava apaixonado, Draco - salientou Hermione. - Era natural que acreditasse nela.

- De qualquer maneira, acabei vendo Pansy como ela realmente era: uma mulher ambiciosa, capaz de fazer qualquer coisa para conseguir aquilo que queria. Apesar de tudo, ela terminou a temporada de apresentações. - Draco sorriu com ironia. - Afinal, o show sempre deve continuar.

- E como você suportou tudo isso?

- Ela era competente como atriz, e foi apenas uma questão de lembrar a mim mesmo que o trabalho era mais importante do que ela ou do que qualquer outra coisa. - Ele arqueou uma sobrancelha. - Acha que foi uma atitude fria de minha parte?

- Não. - Hermione pousou as mãos sobre os ombros dele. - Acho que foi uma atitude corajosa. - Fechou os olhos por um instante, quando ele finalmente aceitou seu abraço. - Ela não merecia ter alguém como você, Draco.

- Agora ela é apenas uma personagem interessante em uma peça de teatro. - Enxugando uma lágrima que escorreu pelo rosto de Hermione, ele disse: - Não chore. Eu não lhe contei isso para vê-la chorar, mas apenas para ajudá-la a me compreender melhor.

- Eu o compreendo, Draco. Mas, mesmo assim, não posso deixar de lamentar o que lhe aconteceu.

- Hermione. - Ele a trouxe mais para perto. - Se continuar expondo seu coração desse jeito, alguém pode acabar arrasando-o.

Ela fechou os olhos, sem coragem de dizer a ele que isso já havia acontecido.

~~~ // ~~~

Amores cap 9 on finalmente né! *-*
Ai, quem gostou de conhecer o avô e avó da Mione? \o/ \o/ \o/ \o/
hausahsuahsuahsua
Foi mto engraçado ver o Matt (para os mais íntimos né;*) falando sobre a garota que ele conheceu para o vô.. claroo, ele tava inventando tudo ! :P maas foi hilário! :D
Olha só hein... o vovozinho bem q tentou colocar o Draco contra a parece... nossa q sufoco... haha :P
Nossa a historia do Draco é super triste... =/ snif.... coitado, eu bem q tbm tive vontade de consola-lo!!
Mas Meu Deuuuus, quando é q ele vai perceber que A M A a Mione e q por mais doloroso q seja.. ele deve deixar o passado pra trás e ser feliz com a Mi, né!!
Aiii q pena da Mione =/ o core dela ta arrasado por pensar q o Draco nunca vai corresponder completamente pelo amor q ela sente!! ¬¬’
Então vamos ter q continuar torcendo pra eles né! :P


RESPOSTAS:

Carolzitah: Aiin, por um momento vc me assustou! ‘Oo hausahsuahsuashausha aii, estou mesmo mto feliz, q bom q vc ta gostando dos caps! Concordo plenamente os livros da NR são lindoooos! *-* bom, todos nós esperamos q o Draco corresponda finalmente né.. e pare de negar oq sente.. e tbm q pare de comparar a Mione com a Pansy! ¬¬’ 100% de certeza q a Mione é melhor, e única né! :D acho q o Draco não deve ter coragem de abandona-la assim... vc viu só, ta começando a cair a ficha q ele não consegue mais ficar longe dela! \o/ aeee, vamos torcer então né! ;) bom, espero q tenha curtido o cap e pequena reunião familiar.. hehe :P bjos ;**

Gabih Potter Granger!*: Flor cap postadinho! o/ haushasuahsuahsaushsa Oh My... eu ameeei esse ‘merliindecuecaa’ hahahaa Pois é, aff.. sempre tem q ter a vaca da Pansy pra atrapalhar em alguma coisa né! :x é isso ai, então vamos fazer uma gangue e ir acertar as contas com ela! o/ hasuahsaushaushausahsua fico feliz q eu não seja a única q tenha achado o mano da Mi gostosão!! Se bem q tem mais gente né... Bom, mas se for olhar pro esse lado... assim vai ter mais competição hein! ¬¬’ parece q ele não tem namorada não * por enquanto, pensando com um sorriso maroto* só se não contar com a tal dançarina de mesa .. hahaha aee finalmente o Draco conheceu o avô e avó da Mi né! \o/ aiai, aeee ainda bem q vc concorda cmg... aff... mas q vida maaais injusta *revira os olhos* é dificilmente difícil achar um Draco desses e ainda a Mione o acha primeiro! ¬¬’ Merlin! Q injusto!! :x hahahaaha espero q tenha curtido a breve reunião de família! :D bjão ;** P.S: Por falar em autora, eu passei lá na sua fic.. e admito q achei demasiadamente interessante! *-*

Rhaissa.Black : Aeee cap postadinho! o/ bom, espero q suas unhas estejam bem! hasuahsuahsuashaushau afinal, tu viu como eu ser boazinha né?! eu nem deixei elas serem roídas *cara de santa* aiai como eu ser tão generosa! * sendo modesta* ta bom, deixa eu ir descendo do pedestal logo antes q vc me atire pedras! ¬¬’ hahaah ‘Oo nevar no nordeste?! Nossa.. iria ser um evento alienígena! hausahsuahsuasha ¬¬’ aeee parece q a reunião familiar foi bem né.. tirando o fato do vovozinho da Mione ficar intimando o Draco.. hausahsuahsua siiiiim, vamos torcer pro Draco finalmente superar oq aconteceu e conseguir admitir q A M A a Mione! \o/ well, vc quer um Matt pra vc? *Matt’ pros íntimos only! rsrs) bom, to começando a ver q tem algumas ladies interessadas nele hien *pensando* já sei *acende uma lâmpada na minha cabeça* tive uma idéia .. irei leiloa-lo!! \o/ \o/ hasuahsuahsaushaiusha bom, agora só falta eu pensar num plano de seqüestro! *risada maléfica* só por uma questão de segurança... abafe o caso! ¬¬ hahahaha espero q tenha gostado do cap flor! Bjooo ;**

• Mira O'Connel •: Cap postadinho! huhu :D éé, ver o irmão da Mione se justificando antes q o Draco batesse nele foi realmente engraçado né! :P parece q na viajem ocorreu tudo bem hein.. quer dizer, se não contar com o fato de q o vô da Mione ficou intimando o Draco.. hehe.. bom espero q tenha curtido o cap! ;*

Manu Malfoy: Omg... não acreditooooo! *emocionada* isso é mesmo estupendo! *colando o terceiro oscar na estante* hausahsuahsuashaushau ¬¬’ aii oq eu posso dizer né... o Matt ser tão atraente *sakou a intimidade né? :D rsrs) nossa, interessante *pensando na possibilidade* será q vc concorda se eu fazer uma reunião com o produtor do programa e mostra-lo os mais q óbvios motivos para substituir aquele programa para algo com mais catiguria? *esperançosa* haushasuahsuahsaushaushausa ‘Oo isso foi uma intimação né? admito q daquelas.. haha mas parece q o poder de persuasão da Mione é grande.. imagina só, ela bateu um recorde... conseguiu dirigir o carrão do Draco por maravilhosos 45 segundos! \o/ palmas pra ela gente!!! hausahsuahsuahsuas ¬¬’ e parece q o vovô na Mione já entrou em ação né.. viu só colocou o Draco contra a parede.. hahaha :P omg... ta certo, ta certo afinal eles precisçao de proteção! u.u hasauahsuahsausha bom espero q tenha curtido o cap flor! ;) bjooo ;**

Cαяσℓiиα: Aeee cap postadinho! o// Èéé... *chamando a turma* vamo bater na leitora folgada!! :x hausahsuahsuashaushausah opa será q tu falou em casamento?! *-* aaah mas isso com certeza né.. alias se o vovozinho da Mione for o responsável por isso, ou ele tem q aceitar ou anda na prancha hein.. hauahsuahsuahsuashaushausah u.u aeee, ta no fã clube do Matt tbm né? aiai to vendo q ele ta se saindo um tremendo arrasador de corações! ^^’ *suspira* enfim espero q tenha curtido o cap hein! ^^ bjooo ;** P.S: acho q seja possível q eles no futuro morem na mais do q humilde casa do Daquinho... maaas confesso q séria mais acessível pra Mione morar em Nova York mesmo (vc sabe q gangue dela ta toda lá né! rsrsrs) ooh... e quem sabe eles vão morar numa exclusiva cobertura vip hein? :D uiii quanta catiguaria né! :D hahaha ah e sobre as remotas possibilidades da Mione voltar a dirigir o carro dele... como ele mesmo disse: só quando o inferno resolver congelar! u.u bom, mas ela pelo menos pôde dirigir por incríveis 45 segundos (?) hausahsuahsuashausa ¬¬’ presumo q a cor do carro seja prata! ( se bem q eu tava apostando mais no preto! :p) *aiai olha só a autora inventando o ‘p.s’ inteiro! ‘Oo ta bom, admito q tava tentando dar asas a minha linda imaginação! :D ta abafa o caso então! ¬¬’ *

Lily Black. ♥ x)~: Como pedido, cap postadinho! huhu o/ aii finalmente a ‘mini’ reunião familiar aconteceu né! o/ e o vovozinho da Mione nem sequer perdeu tempo! hausahsuahsaushushausa é, for sure o Draco ta perdido! u.u yeaaah, eu tbm achei tão lindo a relação da Mione com o irmão dela.. cute, cute! *-* é, foi hilário ver o Draco se corroendo de ciúmes e com um olhar mortal pra cima do bro da Mi! Hahaha :P ah sim, quanto as cenas hot né... são realmente bem assim err.. hot’s demais! huhu *cora* menina vc viu só a triste historia do Draco? ‘Oo aii coitadinho... e coitada da Mione tbm neeah? Aiin... mesmo sem querer o Draco já magoou ela! Snif.. :,( aiai o Draco ser a humildade e modestia em pessoa (isso depois de mim é clarooo.. haaha) com um carrinho desses .. tipo assim super humilde, qualquer um iria ser feliz né.. *-* mas pra felicidade assim HUGE eu acho q tinha q ser o pacote completo um porsche + Draco Malfoy!!( e sem a Granger, of course!! Pq três é demais!!..haha) aiai, q tuuuudo! :D hasuhsaushausahsuahsua Bom, espero q tenha gostado do cap flor! ;) seu mini brother jogou seu celu na privada?! O.o Meu Deuuus isso foi um tipo de atentando ao seu celular né? hausahsuahsaushaushausa coitado... (do celular clarooo! Pq depois disso eu acho até normal vc quer querer mata-lo.. rsrs ¬¬’ ) Sabe, eu sempre quis ter um irmão mais novo..... e vc um irmão mais velho né! mas depois disso, eu juro q começarei a pensar duas vezes sobre o assunto! hahaha :P aiii q beleza, aeeeeeeeee foi bem no trabalho!! \o/ \o/ parabéns flor... tanto pelo trabalho quanto pelos testes né... mas se bem q o de jazz é hj né? bom então boa sorte pra ti! ;) pelo q vc disse jazz deve ser bem divertido né! :D bjooo ;**

Tata: Siim, é tri fofiix a relação da Mi com o Matt! *-* yeah, digamos q a Mione teve sorte e o Draco tbm ( se bem q a Mione teve maaais sorte! Imagina só, aquilo tudo só pra ela! Omg!! Haha) bom, parece q a Minoe já descobriu.. sobre o plano do vovozinho@raposa dela né! ahsuahsuahsaushau pois é , parece q o Draco já não se vê sem a Mi mais!! \o/ \o/ espero q tenha curtido o cap hein! ;)

Sophye Kenn: Pois é, fiquei sabendo sobre isso.... mas se eu não me engano é H/G né? acho q alguém tinha comentado sobre isso antes! :p maaas o livro ser maravilhoso né? ;)
Teresa: Oie, q bom q vc gostou da capa! Ta maravilhosa né! :D ameei ... *-* bjoo ;*

Well, até a próxima buddies! ;)

Um beijo enorme pra todos e obrigada pelos comments! ♥

xoxo - Lay ~

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