Capítulo I

CAPÍTULO UM

Um ano depois

A casa em tijolos marrom claro possuía dois andares gêmeos, cada qual ocupado por dois donos que nada de semelhante poderiam ter. Primeiramente porque a diferença explicitava-se no fato de um ser bem viril e o outro bem delicado, ou seja, dois seres de sexos completamente diferentes. Na verdade, sexos opostos. Homem e Mulher, duas criaturas muito distintas, mas que se atraem como dois imãs. E, em segundo, estamos falando de duas pessoas que não se suportam nem pintadas de ouro, teoricamente.
Hermione Jane Granger ficara com a melhor fatia do bolo: a parte de cima da casa. Já Harry James Potter perdera sua fatia favorita. No entanto, ele estava disposto a tirar qualquer proveito do que lhe restava: a parte de baixo. Isso correra aparentemente bem, até passarem três semanas e o proveito virar um “mais vale prevenir que remediar”.
Tolerante, nos primeiros dias, ele agüentou a falta de jeito de sua vizinha para tarefas domésticas (ao limpar o que era dela, sujava o que era dele); fez-se mouco quando a música de cima chegava até cá baixo, e o mesmo se dizia quanto ao “sapateado” praticado em quase todas as madrugadas… Enfim, ele tolerara uma porção de coisas inacreditáveis, mas ao fim de três semanas, simplesmente se saturara, e Hermione conseguira dar com ele em louco. Então, ele chegara a uma conclusão: que ela também era louca.

----------------------------------------------------------------------------------------------------------

Debruçada na ampla janela aberta, Hermione mordeu o lábio inferior para não se permitir sorrir. Sorrir perversamente.
Lá em baixo, no caminho privado, um sofisticado Jaguar preto acabara de estacionar. O dono saiu do carro com graciosidade, trazendo um saquinho branco na mão direita. Hermione sabia que lá dentro jazia uma pequena caixa de croissants e alguns pãezinhos, para o café da manhã. Descobrira isso quando uma manhã se cruzara com ele na mesma padaria.
Harry nem necessitou levantar o olhar para perceber que estava a ser observado. Ele sentia os olhos dela pesando sobre seu corpo, convidando-o a uma rápida troca de olhares. Maldita! Sempre sabia como fisgar um homem: atiçando a curiosidade masculina. Isto para não falar em outros termos mais carnais como a atração sexual. Sim, ele odiaria admitir-se atraído por aquela boneca de luxo, embora ele também gostasse de um pouco de superfluidade. Quem não gostaria?
Somente quando chegou ao portão de baixa altura é que ele se permitiu elevar o olhar de modo provocante. Linda, desejável e apetitosa, Hermione trajava um robe de cetim, de cor lavanda, que lhe cobria pouco menos abaixo das coxas; uma bela perna flexionava-se para a frente, a pele clara brilhando sob os raios de sol. E o cabelo… como ele adorava enfiar as mãos no meio daquelas mechas rebeldes, afastá-las para trás do lindo pescoço e mordê-lo…
Furioso com o rumo de seus pensamentos, ele baixou o olhar bruscamente e apressou o passo, caminhando duro até desaparecer das vistas de Hermione, na porta de entrada para o hall. A porta de sua casa fechou-se com um estrondo.
Muito mais que satisfeita, Hermione se espreguiçou erguendo os braços em movimentos preguiçosos. Em nenhum momento seus olhares se haviam cruzado, nem em uma fração de segundo, e Hermione tinha perfeita ciência da causa. Se castanho e verde se encontrassem, seria o fim do mundo em uma promessa velada. O único problema, entretanto, era que a promessa já fora prometida, instantaneamente, um ano atrás, quando caíra nos braços dele… E que braços! Quentes e aconchegantes…
Seus devaneios foram interrompidos quando o telefone no quarto começou a tocar. Suspirando, girou nos calcanhares e entrou no espaçoso cômodo, ocupado por uma grande cama de casal rasa e mobília moderna de cor mogno. As leves cortinas combinavam com a colcha e o pequeno sofá de cor de pêssego.
- Alô? – Hermione falou assim que pegou o fone, depois de se sentar em cima da cama.
- Hermione Granger! – uma voz feminina ralhou do outro lado da ligação. – Como você se atreve a ficar em casa num lindo sábado sem me convidar para os nossos rituais?
Hermione revirou os olhos com irritação, embora um sorriso divertido se formasse em seus lábios rosados ao ouvir a voz da melhor amiga. Gina… A saudade de ouvir a espontaneidade da sua voz não podia ser mais verdadeira, quando ambas não se viam há mais de quatro semanas.
- Bem… – ela principiou com a costumeira simplicidade de seu tom suave, enquanto desviava o olhar para os roteiros pousados em cima do criado-mudo – É qu’eu tenho andado um pouco ocupada com as últimas filmagens - informou – E as poucas horas livres que me sobram são para eu descansar.
Gina soltou uma lamúria propositalmente audível, mas Hermione percebeu a dissimulação do gesto. Nada passava despercebido entre duas amigas que se conheciam desde a infância.
- Eu não sabia – Gina afirmou - Desculpe. – Fez uma pausa, acrescentando, hesitante: - Neste momento, você está descansando?
Sem conseguir evitar o inevitável por muito mais tempo, Hermione desmanchou-se em gargalhadas.
- Gina…V-você não existe, nem resiste… – censurou, entre risos e abafos.
- E então? – a outra persistiu.
Hermione respirou fundo, controlando-se.
- Estou em casa desde ontem - disse, deitando-se de costas sobre a cama meio desfeita. - Só recomeço a filmar na segunda feira, e acho que posso me divertir um pouco enquanto isso… Pode passar por aqui e trazer comida italiana para o jantar?
A ruiva sequer hesitou em responder, enfática:
- Ótimo!!
Depois, por algum motivo desconhecido, nenhuma das duas tornou a falar. E Gina foi quem pareceu mais incomodada com o silêncio, interrompendo:
- Como as coisas vão por aí?
A morena suspirou, virando-se de barriga para baixo.
- Dentro do possível. Na verdade – corrigiu-se – preciso de um namorado…
Novamente se fez um silêncio muito longo. Tão longo que, quando Gina voltou a falar, a voz lhe pareceu estupidamente estranha:
- Aquele moreno ainda existe?
A reação de Hermione foi ainda mais estranha. Sobressaltada, ela ergueu-se num pulo, quase derrubando o telefone do criado-mudo, e teve vontade de dar dois berros a Gina porque ficara enciumada. Inesperadamente enciumada. Respirou fundo, tentando controlar as emoções à flor da pele. Entretanto, o único jeito de amansar suas emoções caóticas seria pondo um fim àquela dúvida cruel.
- Gina… - principiou em voz baixa – você está interessada em meu vizinho, Harry?
Não houve qualquer resposta, e Hermione ficou apavorada com a idéia de ver Harry e Gina de mãos dadas, aos beijos e abraços, sempre juntos.
- Gina? – arregalou os olhos, apreensiva, sentindo-se como se estivesse a olhar para um teste de gravidez, prestes a saber se estaria ou não grávida.
- Eu não… tenho certeza…
Frustrada e desanimada, Hermione caiu sentada na cama.
- Então conversamos melhor quando você chegar – disse – Às sete?
- Sim. Pode ser.
Desligaram após se despedirem sem grandes cerimônias. E Hermione permaneceu com o fone na mão, agora apoiada na coxa seminua, sem saber o que pensar.
“É fácil, muito mais fácil do que parece. Apenas não pense em nada.”

----------------------------------------------------------------------------------------------------------

N/A: Oi gente. Muito obrigada pelos comentários e pela força. Valeu. Desculpem só postar agora o capítulo. (Sei que prometi postá-lo quando tivesse 12 comentários, mas não pensei que os fosse ter tão rapidamente. Kkkk)
Antes de pensarem o errado, quero dizer que a Gina é BOA amiga para com a Mione. Penso que vocês, a lendo e vendo pela primeira vez “assim”, fossem deduzir o contrário, como ela “sendo fingida e interesseira”. Bem, não posso dizer que ela não se tornará em algo desse gênero, mas esperemos que não, ou seria um golpe muito fundo na Hermione.
Quanto a dúvidas do tipo: que idade o Harry tem? O que ele faz? Ele tem namorada? E a Mione? Digo já que todas essas perguntas serão respondidas nos próximos capítulos, bem como a descrição de algumas partes da casa... Apesar de já terem percebido, ou devessem ter percebido, que a Mione é atriz, não tem namorado, e os “apartamentos” da casa são “gêmeos”.
E não se preocupem que a comédia logo chegará. Só preciso formar a base da história, antes…
Então, não sei se era isso que estavam à espera, mas espero que continuem a acompanhar, afinal, a fic está apenas começando.
Ah, e comentem bastante, ok? Acho que não peço muito, ou será que peço?
Ahh, qualquer erro, me perdoem, foi porque eu não vi!
Beijo com sabor a Harry. *impossível, mas bom* ^-^

Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.