Vinte e um



Harry o focava do chão. Ofegante e com os olhos faiscantes de ódio. Algo lhe apertava o coração, algo que o fazia somente lembrar-se de Hermione.

- Desde que me leve até o castelo passo pelo que for preciso. – simplesmente disse antes de ver o sorriso de Lucio se abrir e a varinha dele se erguer em sua direção.

Ele não teve medo.



_****_

- Que nome devo dar a ele? – indagou Sophie andando de um lado para o outro na cozinha da casa de Hermione carregando nos braços um pequeno gato preto tremulo.

- Eu não tenho criatividade alguma para isso. – apressou-se Harry a dizer pondo seu prato de sopa já vazio sobre a pia e estalando um beijo rápido na têmpora de Hermione que lavava a louça calmamente e distraidamente.

- Eu gosto de Alis. – falou a menina alto, ponderou, repetiu baixo o nome consigo mesma e fez uma careta. – Muito fêmea, não é?

Harry fez a mesma careta da menina e concordou com ela enquanto recostava-se de costas na bancada ao lado de Hermione.

- Talvez o nome de alguém importante... Não sei, o nome da primeira bicicleta que meu primo ganhou tinha o nome do goleiro do Arsenal, um time de futebol que ele venerava na época. – comentou Harry.

Sophie parou de andar e ergueu o gato a altura dos olhos. Ponderou enquanto observava os verdes do filhote tremulo até que finalmente sorriu e disse:

- Willyam Phillips! – exclamou a menina. – Posso o chamar de Will. Minha mamãe antiga disse que Willyam Phillips foi o cara que inventou a inteligência e que todas as pessoas que são inteligente hoje vem da família dele.

Harry riu e apenas limitou-se a dizer.

- Will é um bom nome.

Sophie abriu um vasto sorriso e tornou a acomodar o gato nos braços.

- O que você acha de Will, mamãe? – perguntou a menina.

Não houve resposta. Harry encarou Hermione e Sophie se aproximou. Ela tinha os olhos perdidos na janela a sua frente que começava a exibir um céu escuro e estrelado. Estava estática, segurava o prato de Harry enquanto a água escorria por ele.

- Hermione? – chamou Harry.

- Mamãe? – foi a vez de Sophie.

Continuaram sem resposta.

Harry suspirou, chamou novamente Hermione e tocou de leve seu ombro. Tal feito a fez sobressaltar-se de um tanto que o prato que segurava escapou de suas mãos e juntou-se num estrondo aos outros que estavam dentro da pia.

- Mas que diabos! – ela exclamou quase inaudível consigo mesma. Virou-se tensa e encarou os dois que lhe lançavam olhares intrigados. – O que foi? – indagou um tanto raivosa um tanto assustada e um tanto intrigada.

- O nome do meu gato... – Sophie disse baixinho com medo de que a mulher pudesse lhe lançar alguma palavra agressiva.

Hermione respirou ofegante desviando o olhar e pensando em qualquer nome que lhe viesse a cabeça, pelo que se lembrava eles estavam falando de pessoas sobre nomes de pessoas importantes ou que tivessem algum sentido importante. Começou a gesticular freneticamente com as mãos enquanto abria e fechava a boca esperando que algo lhe viesse a cabeça até que soltou:

- Eugene! – exclamou satisfeita por algo ter lhe vindo a cabeça. – Pintor Romântico francês.

Seus olhos pularam de Sophie para Harry que apenas piscavam os olhos para ela. Sentiu-se uma idiota. Soltou o ar de uma vez, murchou os ombros e deixou os braços caírem. Enfiou o rosto entre as mãos e balançou a cabeça negativamente enquanto respirava fundo.

- Harry, pode cuidar da louça para mim? – soltou baixo virando-se, puxando o avental da cintura jogando-o sobre o balcão e deixando a cozinha mais do que apressada.

Jogou os cabelos para trás com os dedos enquanto caminhava por entre a casa em direção ao quarto. Enquanto dava seus passos cada vez mais apressados um calor lhe subia e ela sabia exatamente aonde aquilo a levaria.

Quando avistou a porta do quarto passou a correr, já podia sentir que seu tempo era curto. Abriu a porta com brutalidade, cruzou o quarto as pressas já sentindo-se ofegante, correu em direção ao banheiro, abriu a porta com igual brutalidade e a fechou com imensa força. Segurou seus cabelos para traz com a agilidade que já havia ganhado naquilo. Desabou ao lado do vaso e vomitou.

Certo que ela não esperava vomitar quando saíra da cozinha, mas já estava se acostumando com náuseas que vinham do nada e sumiam do nada. Odiava ter que passar por aquilo toda vez que passava e odiava pensar que passaria enquanto não passava. Lembrar-se do porque estava vomitando e de onde vinha a náusea a levou a vomitar mais ainda.

Droga de jantar, pensou.

Sua respiração estava ofegante quando ela terminou o serviço. Tentou respirar fundo uma ou duas vezes, mas seus pulmões clamavam para que ela continuasse sua respiração rápida. Fechou os olhos e logo depois os abriu. Limpou a boca com as costas de uma das mãos e recostou-se na parede, abraçou as pernas e escondeu boa parte de seu rosto entre os joelhos.

As lágrimas começavam a embaçar seus olhos enquanto seu corpo parecia esfriar e ela começava a tremer. Nunca soubera ao certo como estava reagindo aquilo. Não sabia se sentia medo, felicidade, arrependimento, somente sabia que o que mais lhe atormentava agora era que teria que contar a Harry, e, agora, estava sentindo-se com medo, porque, pela primeira vez, não sabia como ele reagiria diante a um comentário seu.

Um lágrima escapou de seus olhos e ela os fechou buscando parar de chorar. Por que chorava? Chorava porque não era para ter sido assim. Não era isso que ela queria para si agora. Era nova. Talvez tivesse seus vinte e seis anos agora, mas simplesmente para ela, ali e agora, naquela situação, era apenas uma garota de quinze anos. Nova demais.

- Hermione... – a voz terna e profunda de Harry soou abafada do outro lado da porta.

Hermione não deu atenção. Queria que aquele chamado estivesse saindo de dentro de sua própria cabeça. Encolheu-se mais apertando suas pernas dobradas contra o peito.

- Hermione... – Harry tornou a chamar.

Ela sabia que se não respondesse ele iria entrar, e ela não queria companhia, mas ainda lutava para acreditar que aquele chamado não era real.

- Hermione, por favor...

- Eu estou bem! – ela respondeu alto, porém com a voz um tanto barganhada.

- Não parece be...

- Eu estou realmente bem! – ela exclamou esforçando-se para que sua voz saísse firme. – Vou tomar banho. – mentiu.

Ela quase pode ouvir o suspiro que Harry soltou, longo e calmo, do outro lado.

- Tem certeza de que esta tudo bem? – indagou ele e Hermione notou o tom que ele usava. Sim, era o tom que ela vinha escutando toda vez que ele concordava com uma mentira insistente sua.

Não acreditava em si mesmo que pudesse estar insistindo em tantas mentiras para Harry ultimamente. Ela sabia que ele tinha plena certeza de que era mentira e era esse tom que ele usava quando deixava passar batido mais uma de suas mentiras, o tom de quem sabia da verdade, mas que preferia não insistir para que ela viesse a tona.

- Tenho. – ela afirmou tentando passar convicção sem motivo. Ele sabia que ela não estava bem, mas, mais uma vez ele deixara passar batido.

Hermione notou que ele não havia saído de lá. Suspirou frente a isso e moveu-se lentamente pelo banheiro ainda negando-se a se por de pé. Abriu a torneira da banheira e deixou a água escorrer para dentro e enchê-la. Talvez aquilo espantasse o homem. Ela ficou apreensiva olhando para a porta até que viu a sombra dos pés de Harry moverem-se e saírem do alcance da porta.

Ele se fora. Hermione soltou um grande suspiro de alivio e pendeu preguiçosamente na banheira apoiando-se nela. Recostou sua cabeça na quina e tornou a fechar os olhos.

Como ele a ensinara a amá-lo tanto assim? Jamais imaginou que pudesse sentir algo de tamanha intensidade por alguém, era como se um algo adormecido estivesse despertasse dentro de si. Parecia ser infinito, ela sentia que jamais acabaria e tinha medo de perdê-lo. Céus, como ela o amava. Como adorava os olhares invejosos que suas colegas de trabalho lhe lançavam, como adorava ver estampado nos jornais e nas revistas alguma foto deles passeando pelo centro de Londres, de mãos dadas, ou trocando caricias discretas. Como adorava dormir ao seu lado, recostada com a cabeça em seu peito, sentindo seu cheiro. Como adorava a sensação de sentir suas pernas bambas toda vez que ele lhe lançava aquele sorriso terno e exclusivo dela. Quando as mãos firmes dele passeavam por seu corpo no escuro da madrugada. Como ele sabia deixá-la louca. Ele era único. Era Harry. Harry Potter.

Seu beijo... Como adorava seus beijos, seus lábios macios... Lembrava-se das noites em que era acordada por ele a puxando para mais próximo e sussurrando que a amava meio dormindo e meio acordado. Ele a fazia feliz demais, mais feliz do que ela pudera imaginar que um dia pudesse estar. Harry era tudo para ela. Sempre fora, mas agora é como se ela pudesse dizer isso sem culpa alguma. Tornou a soltar outro suspiro e abriu os olhos tentando recompor-se. Ficou de pé sobre os joelhos e apoiou-se na banheira para finalmente pôr-se de pé.

Seus olhos recaíram sobre a ducha logo que se virou. Não reprimiu um sorriso que apareceu em seus lábios. Quantas vezes eles estiveram ali, soltando gargalhadas... se amando. Deus, ele a deixara cega! Já não pensava em nada mais além dele. Deixara tão de lado suas redações, já não trabalhava mais em casa e sim somente em seu trabalho e a cada dia que se passava ela se sentia com menos vontade de acordar cedo e estar da sede do profeta para aprovar redações e editar o jornal do dia antes de ser distribuído. Suas notas editorias haviam diminuído no mínimo uns três parágrafos. Mas o que lhe fazia preocupar-se menos era o fato de que recebia sempre elogios constantes, isso, de certa forma, lhe fazia sentir-se menos culpada pelo seu baixo rendimento.

Ela começou a despir-se, devagar, sem preocupações a mais, como se para ela o tempo estivesse parado. Quando seu vestido escorregou pelo seu corpo e foi parar no chão ela sorriu com a imagem que lhe veio a cabeça de Harry recostado no vão da porta, olhando tal cena com os olhos cerrados, cheios de desejo, um sorriso maroto e os braços cruzados. Riu consigo mesma e retirou o restante de pano que ainda havia em seu corpo.

Desligou a torneira da banheira quando ela já estava cheia. Ergueu o pé e tocou a ponta de seus dedos na água. Recuou rapidamente. Estava gelada. Ela ao menos dera-se ao trabalho de regular a torneira para a morna.

Sem muito se preocupar, tornou a ergueu a perna e com todos os pelos de sua nuca arrepiados ela imergiu todo o seu corpo, exceto a cabeça. Sentia frio! Seu corpo clamou por uma água quente, mas ela não queria dar-se ao trabalho de pegar a varinha. Ela queria a água fria! Agora ela queria.

Nunca havia passado tanto tempo naquela banheira sozinha. Meia hora? Talvez mais. Seus dedos já estavam enrugados. Seu corpo já havia se acostumado com a água. Seus pensamentos estavam longes, mas o que a trouxe de volta foi uma onda de náusea que lhe tomou conta por uns segundos e logo foi embora.

Náuseas... Náuseas... Quando isso ia parar afinal? Em que mês ela poderia sentir-se livres das malditas náuseas?! De volta a realidade, ela preguiçosamente saiu de seu banho. Limpa, e com frio. Enrolou-se na toalha e pôs a banheira para esvaziar.

Desejou que Harry estivesse no quarto quando ela saísse, mas ele não estava lá. A porta do quarto estava fechada e ela não conseguia ouvir nada do que acontecia no corredor ou na sala. Rumou para o guarda-roupa, o abriu e pegou peças novas de roupa limpa. Vestiu sua peça intima, e quando sua mão estava a meio caminho de sua camisola seus olhos pararam sobre seu reflexo no espelho.

Ela endireitou-se e sem ao menos saber que estava andando ela se aproximou mirando seu corpo. Ela admitia, era bonito, mas, o que havia de estranho agora? Seu coração deu um pulo ou bateu mais forte do que o costumeiro. Ela ergueu a mão, mas hesitou em tocar. Virou-se de perfil e seu coração de outro salto. Seria imaginação sua? Claro que não! Mas já era visível.

Outra onda de náusea tomou conta de si, mas ela respirou fundo, fechou os olhos e abriu calmamente. Passou. Murchou os ombros e avaliou novamente seu reflexo no espelho.

Suas pernas tremeram quando ela finalmente cedeu a hesitação e tocou seu próprio ventre. Aquilo já era um sinal de que o positivo não era um alarme-falso além dos seus dois meses de atraso.

Quem olhasse não seria capaz de notar, realmente era quase imperceptível, mas para ela, que conhecia tão bem seu corpo era notável, muito notável. Seu coração deu outro salto. Céus! Ficaria enorme!

Respirou fundo e desviou o olhar do espelho. Ela não poderia viver com aquilo para sempre. Não poderia esconder para sempre. Estava na hora de parar de agir como uma boba. Sua visão caiu sobre a pilha de camisetas limpas de Harry que ela havia cuidadosamente colocado em seu lado da cama.

Sem hesitar ela pegou a de cima, desdobrou, abriu os botões da frente e a vestiu. Incrível como mesmo lavadas elas ainda mantinham o perfume dele. Apertou o tecido contra sua pele abraçando sua barriga e mordeu os lábios. Sorriu. Era filho dele. Era seu filho. Era seu e dele. Por que não o amar?

Virou-se decidida e saiu do quarto ainda com um sorriso nos lábios. Ela o manteria. Custe o que custasse, ela manteria aquele sorriso.

Seus pés afundavam no carpete macio enquanto ela avançava pelo corredor. A voz de Harry vinha calma, baixa do quarto de Sophie próximo a porta de sua pequena e ajeitada biblioteca. Ela diminuiu a força do passo assim que estava se aproximando. Parou frente a porta e focou a cena.

Harry estava sentado numa poltrona ao lado da cama de Sophie com os cotovelos apoiados nos joelhos entretido com o livro que lia numa voz cansada e baixa a menina envolta ao cobertor já de olhos fechados e com a respiração ritmada. A poltrona estava na diagonal, de modo que ele ficasse, de certa forma, de costas a ela.

Abrindo um sorriso, agora, não forçado, Hermione apenas limitou-se a admirar enquanto ele lia a história sobre princesas medievais em seus castelos sem nenhum animo.

Harry podia ser um bom pai, ela pensou. Talvez não no começo, ao que ela sabia ele odiava bebês, mas amava crianças. Seu sorriso se desmanchou e se coração deu um salto quando novamente aquelas perguntas tornaram a atormentá-la “O que ele diria?”, “Como agiria?”, “Será que ele aceitaria?”. Ela sabia que Harry não tinha dessas de mulheres da sua vida, sabia que Harry tinha receios em formar famílias já que nunca tivera um real conceito sobre uma, sabia que ele não esperava ter filhos tão cedo.

Ela respirou fundo em silêncio e tentou espantar tais pensamentos de sua cabeça. Era seu filho com o homem que amava. O criaria, estando Harry perto ou não. Concentrou-se e tornou a admirar a cena. Um fino sorriso não demorou a vir.

Uma bola de pelo escura, pequena e trêmula dormia encolhida próximo aos pés da menina. A luz do abajur estava no máximo e iluminava boa parte do quarto bem arrumado. A janela estava aberta e a brisa fria e leve entrava por ela fazendo a cortina ir para lá e para cá suavemente.

Ela voltou a olhar para próximo da cama quando repentinamente a voz baixa de Harry parou e eles imergiram num silêncio longo em que o tic-tac do relógio na cabeceira parecia estrondoso.

Harry olhou a menina na cama, passou um tempo a observando como se estivesse esperando que ela abrisse os olhos e pedisse para que ele continuasse, mas tal fato não chegou a acontecer. Ele se levantou silenciosamente enquanto fechava o livro e o punha cuidadosamente na cabeceira da cama. Hermione riu consigo enquanto via-se brigando novamente com ele “Não ponha o livra na cabeceira Harry, tem uma estante bem ao lado!”.

Ele arrumou a coberta da menina, afagou seus cabelos loiros e ergueu o olhar para a janela. Caminhou sobre o fofo tapete que abafava seus passos e com cuidado para não fazer barulho a fechou. Quando se virou o coração de Hermione deu outro salto inevitável. Os olhos verdes dele finalmente caíram sobre ela.

Seu sorriso se desfez rapidamente quando ela notou que aqueles olhos verdes exibiam um de dor, agonia ou algo relacionado que ela cansou de ver nos anos em que estavam em Hogwarts. Por que aquele semblante havia voltado? O que estava acontecendo afinal? Mas como num estalar de dedos, como quem se fecha em seu mundo, simplesmente sumiu. Seus olhos verdes se apagaram para um escuro e seus lábios se esticaram em um sorriso, um sorriso que a convenceu de que havia visto coisas sem importância.

Harry estava bem! O que o atormentaria? Viu-se abrindo um sorriso para ele e isso pareceu de alguma forma, confortá-lo. Ela se sentiu á vontade novamente com ele.

Ele fez um gesto com a mão enquanto caminhava em direção a ela e a luz do abajur abaixou deixando o quarto imergir em um escuro parcial. Ela deu alguns passos para trás para que ele pudesse passar e acabou recostando na parede as suas costas.

- Ela demorou dormir. – comentou ele baixo enquanto deixava a porta entreaberta. – Tinha na cabeça que não conseguiria dormir sem o seu boa noite. Faz uma semana que ela não aparece no quarto no meio da noite e acredito que essa noite, se ela acordar, não vai dormir novamente se não for na nossa cama.

Hermione pendeu a cabeça intrigada.

- Esta me dando uma bronca? – indagou.

- Estou apenas informando a você de que finalmente fez algo de errado ao deixar a cozinha daquela forma. – disse ele calmamente.

Ela suspirou reconhecendo seu erro e abaixou a cabeça. Ela tinha todo o direito de estar confusa, mas ninguém sabia o porque ela estava confusa então, ela não tinha realmente o direito de ter saído da cozinha daquela forma. Sophie pode ter achado que a culpa era sua, afinal, conhecia bem a garotinha.

- Me desculpe. – disse baixo, calmo e suave.

Harry quebrou a enorme distancia que havia entre eles dando um passo a frente. Desenhou a linha de seu queixo com os dedos e ergueu seu rosto de modo que ele pudesse ver seus olhos castanhos brilhosos. A olhou cheio de carinho e preocupação.

- O que há com você? Somente me diga. – implorou ele.

Ela mordeu os lábios inferiores nervosamente. Era agora. Não podia mais esconder, queria só saber de onde tiraria coragem para conseguir pronunciar as palavras necessárias. Foi então que ergueu as mãos segurou o rosto do homem, pôs-se a ficar na ponta dos pés e colou seus lábios aos dele. Não demorou para que ele levasse suas mãos a cintura dela.

Não foi rápido, não foi demorado, não foi profundo. Foi somente um toque de lábios suave, como Hermione exatamente queria. Quando ela se afastou e desceu da ponta dos pés Harry não deixou que suas bocas se distanciassem muito fazendo com que um sentisse a respiração do outro bem próximo.

- Harry... – ela viu-se dizendo com a voz vacilante. Abriu os olhos e encontrou os dele a observando de forma curiosa. Respirou fundo. Seu coração batia forte, de alguma forma ela sabia que aquilo mudaria sua vida para sempre, mas por que não se sentia feliz por essa mudança? Sim, ela seria mãe, de fato sua vida mudaria, mas por que não era sobre essa mudança que ela ressentia e sim por outra que ela desconhecia completamente? – Eu... – hesitou apreensiva. Ela queria não olhar para ele, mas isso parecia inevitável. – Estou esperando um filho. – disse num fôlego só. – Seu. – completou. – Estou grávida. – concluiu ofegante. Pronunciar aquelas palavras sempre faziam com que seu coração pulasse e com que seu corpo esquentasse.

Pronto. Estava dito. Estava pronta para receber qualquer tipo de rejeição dele. Sim, ela estava. Se não estivesse não teria lhe contado. Mas ao contrario de decepção ela somente ficou confusa quando ele abriu um sorriso travesso. [i]Não pense que eu estou brincando com isso, Harry Potter.[/i] Pensou ela irritando-se.

- Eu sei. – ele disse calmamente e claramente.

Hermione sentiu como se um vento forte tivesse levado todos os seus sentidos e emoções. Talvez estivesse exibindo uma expressão de incredulidade. Seria? Ela não sabia exatamente o que estava havendo.

- C-como assim, Eu sei? – gaguejou ela com a voz fraca.

Ele riu baixo.

- Trabalho no hospital que te levaram quando desmaiou na sede do Profeta, Hermione. Sei que mandou o médico mentir para mim. – explicou ele.

Ela somente piscou abismada. Estava pronta para explodir milhões de palavras em cima dele. Como ele fora capaz de provocar todas aquelas perguntas nela, fazer com que ela se sentisse mal por não saber como ele reagiria... Mas... Ele tinha razão, afinal, ela mandara esconder dele.
- Sabe... – ele continuou baixo. – Creio que finalmente encontrei a mulher da minha vida.

Antes que pudesse continuar a pensar sobre isso, antes mesmo que pudesse sorrir reconfortada pelas palavras do homem, seus lábios foram capturados pelos dele num piscar de olhos. Porém, dessa vez, não era nenhum beijo suave. Ele emanava paixão e ela sabia como esses beijos acabavam.

Sem que prestasse atenção no tempo, quando deu-se por si ele já a pressionava contra a parede e passeava uma de suas mãos por sua coxa nua que a camisa não era capaz de esconder. Seu corpo já fumegava e ela não queria apartá-lo.

Enlaçou suas pernas ao redor dos quadris do homem e um gemido abafado soou dele. Ela sorriu contra os lábios dele passando os braços ao redor de seu pescoço quando foi arrancada da parede e conduzida para o quarto deles. Seria fácil arrancar aquela camisa simples dela.

Teriam toda uma noite para conversarem aos sussurros sobre tudo, juntos, abraçados, na intimidade que haviam criado entre eles. Ela era a mulher de sua vida. Somente ela sabia o quanto valia ouvir essas palavras de Harry Potter. Somente ela.

_****_



O carro balançava enquanto avançava pela estrada de terra esburacada. Harry procurava manter os olhos fixos na estrada e tentar por um momento sequer, não pensar no quanto tudo aquilo era absurdo. As arvores erguiam-se densas de cada lado da estrada dando sinal da enorme floresta que se estendia ao redor de todo aquele território.

Ficou feliz ao finalmente poder ver a clareira se abrir em meio as arvores e pode relaxar e sentir uma confortável sensação de familiaridade quando avistou a casa de Rony em meio a um jardim bem cuidado por Luna.

Diminuiu a velocidade quando o carro passou da estrada de terra para a grama verde e macia da clareira. Parou frente a uma estradinha de pedras que dava a porta de entrada e desligou o carro. Saiu, bateu a porta e caminhou pela estrada observando as bonitas flores multicoloridas que Luna conseguira plantar. Parou de frente a porta da casa, bateu e enfiou as mãos no bolso e esperou.

Escutou o choro de Sophie se aproximar a medida que passos vinham ao seu encontro. Pode distinguir um berro de Rony mandando Luna fazer a menina parar de berrar por entre o choro da criança, então, a porta finalmente se abriu.

Luna sorriu para ele enquanto a pequena Sophie de três anos tinha o rosto inchado, vermelho, e banhado de lágrimas.

- Hei, Harry! – ela exclamou abrindo um largo sorriso. – Rony avisou que viria. – ela deu especo para que ele passasse e ele assim o fez.

Assim que Harry pôs os pés na sala, foi capaz de ouvi um berro distante de Rony mandando Luna fazer Sophie fechar a boca. Presumiu que ela estivesse chorando a um bom tempo.

- Rony está no escritório. – disse ela deixando Sophie no sofá e entrando por um dos corredores que dava para a cozinha. – Eu estou fazendo uns bolinhos da sorte, vão ficar prontos em um... – sua voz sumiu diante dos berros da menina que quieta no sofá, apenas chorava.

Por um instante ele sentiu-se desconcertado. Ficou somente parado focando Sophie que olhava para onde a mãe havia sumido e mais gritava do que chorava. Não demorou muito para que abrisse um sorriso e maneasse a cabeça negativamente. Certo, nenhuma atitude não esperada vinda de Luna.

Suspirou e calmamente caminhou até a frente da menina. Agachou e analisou seu rostinho vermelho e cheio de lágrimas. Ela virou-se quase que instantaneamente e o focou com seus grandes olhos azuis. Por um instante ela parou de berrar. Harry segurou seu rosto e sorriu. Ela tornou a chorar, porém, num tom mais baixo. Havia dor na expressão dela.

Harry pousou as mãos sobre os joelhos da menina distraidamente e ela soltou um berro alto, fazendo ele erguer as sobrancelhas e recolher as mãos ao mesmo tempo que ela recolhia as pernas. Arqueou as sobrancelhas e logo entendeu o porque de tanto choro. Tentou trazer a perna da menina novamente, mas ela chorou mais alto. Suspirou.

- Hei. – disse calmamente. – Deixe que eu veja. – pediu.

A menina abaixou o volume dos berros e a penas focou o padrinho soluçante.

- Tudo bem. – insistiu ele e ergueu as sobrancelhas inclinando a cabeça.

Ela esticou as pernas hesitante e levantou a calça até a altura da cocha. Ele pode ver um ralado vermelho e que cuspia pouco sangue, porém aquilo parecia estar realmente doendo nela.

- Onde arrumou esse machucado? – ele perguntou.

Ela falou algo rápido, com palavras inacabadas em meio aos soluços que ele não foi capaz de entender. Somente sorriu e entendeu quando ela apontou o pequeno dedo indicador para a porta, dando-lhe sinal de que caíra no jardim.

- Isso deve estar mesmo doendo. – comentou ele. – Será que eu posso curá-lo para você? – ele encarou seu olhar hesitante e também entendeu. – Não irá doer, tudo bem.

Ela não disse nada, apenas o ficou encarando com seus grandes olhos azuis. Ele não pode compreender se era um sim ou um não, mas sabia que ela não os daria tão cedo. Erguer as mãos novamente e ela não recuou ou protestou, somente desviou seu olhar para o machucado no joelho. Ele continuou, segurou calmamente o joelho da menina por baixo e então com uma careta dela ele cobriu o hematoma com a outra. Ela prendeu a respiração e ele sorriu para ela tentando tranqüilizá-la. Não doeria.

Ele comprimiu as mãos e apertou o machucado. Ela soltou um gemido de longe retraído a perna, mas logo a relaxou. Ela não sentiria mais nada daqui pra frente. Harry se concentrou e deixou que todo o seu conhecimento lhe viesse a mente. Não demorou muito para que soltasse o joelho da menina. Sorriu satisfeito ao vê-lo sem hematoma algum.

- Eu lhe disse que não doeria. – falou Harry a menina que abriu um sorriso.

- Então quer dizer que eles te aceitaram mesmo no St. Mungos? – Harry virou-se abrindo um grande sorriso ao escutar a voz de Rony.

Levantou-se e respondeu.

- Acaso se esqueceu que quem me ajudou a estudar para a prova de seleção foi Hermione Jane Granger? – Rony riu. – Por que não me aceitariam?

- E como anda Hermione? – Rony perguntou aproximando-se do amigo.

- Se mudou há um bom tempo já. – respondeu Harry.

- Graças a Merlin! – exclamou o ruivo. – Quem sabe isso deixe Gina um pouco mais amigável. Ela anda insuportável desde que Hermione passou a viver com você depois de fugir do casamento com Krum. Ela não quer tirar da cabeça que vocês estão tendo um caso.

Harry riu.

- Gina esta obcecada. – disse o de olhos verdes. – Nem mesmo Dominic foi o suficiente para tirar da cabeça dela que eu e Hermione somos um caso completamente inimaginável.

- Soube que terminou com Dominic. – comentou Rony. – E soube que foi por causa de Hermione. – completou ele passando a guiar o amigo pelos corredores da casa.

- Dominic era uma boa mulher, acredite, mas talvez Gina tenha feito a cabeça dela. Realmente acreditava quando eu lhe falava que Hermione e eu somos apenas amigos, sabia que ela não gostava da intimidade que temos, mas mesmo assim, ela se esforçava para aceitar e buscava não sentir ciúmes, mas, Deus! De repente ela surtou e enfiou na cabeça que toda vez que eu e Hermione dividimos a cama temos relações.

Rony ergueu as sobrancelhas enquanto abria a porta de seu escritório e dava passagem para que o amigo entrasse.

- Creio que você dê atenção demais a Hermione. Nunca vai conseguir uma mulher para você se continuar assim. Precisa deixar Hermione seguir a vida.

- Preciso protegê-la acima de qualquer coisa Rony. – retrucou Harry enquanto puxava uma cadeira e a colocava frente a mesa bagunçada do ruivo que já estava se acomodando na sua acolchoada cadeira de couro de dragão. – Viu o quanto preciso tê-la em minhas mãos, ao meu alcance de vista. Ela quase se casou com Krum! Voldemort queria isso para que eu a visse sofrer, pra que eu a visse entrar para o mesmo ciclo que eu entrei por meio do marido. Ele sabia que isso me afetaria e é o que ele mais quer no momento, já causo prejuízos demais a ele.

Rony acomodou-se inclinando o corpo para trás em sua cadeira e deu alguns meios giros para cá e para lá pensando.

- Isso vai acabar logo. – disse ele calmamente num tom baixo.

Harry não deu atenção as palavras do amigo. Seus olhos recairão sobre os pergaminhos e pastas amontoados sobre a mesa e lembrou-se de que estava curioso pela missão que o amigo acabara de cumprir com sucesso.

- Como foi sua missão? – indagou Harry.

Rony soltou um bufo seguido de uma risada.

- Cara, o Oriente é um saco! – exclamou relaxado na cadeira. – Eles tem meio que uma coisa grudenta com magia ancestral, alquimia a deuses estranhos. São puramente supersticiosos e ficam presos em coisas do passado.

- São Orientais, Rony! Esperava o que? Binns costumava dizer que a magia do Oriente era uma magia pura. – falou Harry.

- Mas há uma maldição entre os Orientais. – comentou Rony. – Uma maldição que não deixa que a magia deles avancem. Nunca. Sempre ficam na mesma, e lamentando por um dia os Orientais terem tido a maior e mais poderosa magia do planeta. Mas boa parte deles acredita que um dia a magia deles será como nas épocas medievais. Que um dia eles serão novamente os superiores.

Harry permitiu-se soltar uma risada.

- Acaso andou estudando antes de ir ao Oriente ou aprendeu por lá. – indagou o de olhos verdes divertidamente.

- Aprendi por lá. – respondeu Rony, porém, seu tom foi sério, seu olhar estava perdido em algum ponto da sala, atrás de Harry. – Em uma estranha roda de magos do Oriente. Leges...

Harry arqueou as sobrancelhas. Acaso Rony estava ficando louco? Em sua voz, havia um tom ao qual Harry jamais imaginara pensar que Rony fosse capaz de produzir.

- O que? – viu-se indagando confuso.

Rony o focou com os olhos verdes vidrados em uma estranha emoção de suspense.

- Trouxe seus estudos sobre o navio das Horcruxes? – perguntou o ruivo ignorando a anterior feita pelo amigo.

- Sim. – respondeu Harry e logo acrescentou. – Impossível entrarmos lá sem sermos notados. Nem mesmo uma capa da invisibilidade com todos os feitiços de proteção e distração possíveis nos tornaria invisíveis aos olhos deles.

Rony levantou-se abruptamente e abriu um sorriso.

- Que bom. – ele disse e fez um sinal para que Harry se levantasse. – Harry, preciso lhe apresentar alguém antes de continuar a discutir sobre esse assunto.

Ele estendeu a mão para algo atrás de Harry que virou-se e ficou surpreso ao encontrar um ser de meia-idade com finos olhos negros, cabelos um tanto escuro um tanto grisalho e vestido por uma longa capa escura o encarando.

O homem estranho aproximou-se de Harry, lhe estendeu a mão calejada, de unhas mal cortadas, porém altamente limpas e disse:

- É bom finalmente poder falar com você depois de anos de espera, Harry.

[/i]

N/A = A autora sumiu neh?? Eu sei.....=/ eh tudo culpa da escola.....ando mto atarefada....ainda mais esse fim de ano....tem q estudar pro vestiba que tah chegando e ainda preciso passar de ano no colégio q jah tah dificil!!!
=S

eh....
por isso...
Me perdoem pela demora??

Bem vindo aos novos! (Autora mto feliz!!)

E que os veteranos não desapareçam!

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bjão!

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