Quatorze
- Certo. Eu vou embora, não estou afim de ficar assistindo isso. Certifiquem-se de que Sophie está na casa do avô antes de voltarem para o castelo. Fica a uns trinta quilômetros ao noroeste daqui. – disse ele.
Passou pelo homem, chegou a orla da estrada. Caminhou além da escuridão e num estalo fraco ele sumiu.
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Hermione gargalhou escondendo seu rosto no peito nu do homem procurando, por mais o quarto estivesse protegido por um feitiço silencioso, não fazer barulho.
- Droga, eu odeio lembrar essa época! – resmungou ela em meio aos seus risos reprimidos.
- “Francamente! Eu não acredito que vocês ainda não estudaram” – Harry fez uma imitação barata da voz da amiga a anos atrás.
Ela ergueu a cabeça rindo.
- Para! – exclamou. – Céus! Que dom é esse que você tem de implicar!
Ele riu. Tomou o rosto da mulher entre as mãos e selou seus lábios nos dela. Suspirou feliz e observou seu rosto em meio a escuridão do quarto. Sua pele era tão macia que ele chegava a sentir medo de tocá-la certas vezes. Era estranho observá-la daquela forma, mas simplesmente adorava.
- Você é linda. – disse nem tom distante e um tanto bobo. Ela soltou um suspiro sonhador apoiando seu queixo no tórax do homem. – Eu te vi crescer e só agora, depois de tanto tempo, fui notar o quanto ficou linda.
Ela riu bobamente.
- Creio que conhecer esse seu lado está sendo a melhor coisa que cheguei a fazer. – cochichou ela. Harry sorriu para ela e deslizou sua mão pela cintura da mulher assim que ela inclinou-se para frente para lhe dar um beijo calmo. Sorriu contra os lábios dele e afastou-se passando seus finos dedos gelados pelos cabelos negros, macios e bagunçados do amigo. – Sabe o que me dá vontade de comer quando te beijo?
Ele ergueu uma das sobrancelhas abrindo um fino sorriso.
- O que? – indagou numa expressão curiosa.
Ela desviou o olhar, mordeu os lábios e suspirou em seu sonho distante.
- Sonho com recheio de creme de leite. – disse contornando os lábios com a língua logo depois.
Ele gargalhou.
- Hum... – murmurou. – Acho que vou receber isso como um elogio.
- Não sei se você poderia considerar isso como um elogio. – disse ela num ar pensativo.
- Ah... Não? – indagou ele divertidamente.
- Claro que não. – ela riu consigo. – Imagine se sentisse vontade de comer um sonho todas as vezes que te beijasse. Não é interessante ficar passando vontade.
- Não é interessante me beijar? – indagou ele.
- Se eu não sentisse vontade de fazer isso toda hora. – disse ela dando de ombros.
Ela viu o esboço de um sorriso maroto aparecer discretamente no rosto do homem misturando-se com seu olhar falsamente acusador.
Prendeu o riso e gargalhou quando ele rolou repentinamente passando a ficar sobre ela. Não sabia ao certo, embora fosse estranho pelo fato dele ser Harry Potter, mas, era bom poder sentir a pele quente dele contra a sua daquela forma intima e ao mesmo tempo natural.
Ele lhe distribuiu beijos pelo rosto enquanto ela ria e tentava se esquivar.
- Você já imaginou... – por um segundo ela foi incapaz de falar devido a pressão que os lábios dele fizeram sobre os seus. - ...se Sophie aparecesse aqui.
Harry parou e lhe olhou intrigado.
- A porta está trancada e o quarto está com isolante de som. Acredita mesmo que ela vai nos pegar no flagra? – perguntou ele divertido
Hermione revirou os olhos.
- É só uma hipótese. E se de repente ela nos pegar no flagra. Um hora, creio eu, que isso vá acontecer. – disse ela.
Harry suspirou desviando o olhar. Saiu de cima da mulher e sentou-se na cama passando as mãos sobre o rosto. Ela puxou o lençol e sentou-se sobre as pernas observando-o enquanto apertava o punho fechado segurando o lençol contra a garganta.
Um minuto de silêncio se seguiu até que Harry a olhasse e indagasse acabando com todo o clima de alegria do momento:
- Quer conversar sobre isso agora?
Ela engoliu a seco receosa e hesitou.
- Harry, sabe que tenho medo de entrar nesse assunto. – cochichou ela.
Ele soltou um suspiro inquieto.
- Hermione, nós estamos... dormindo... juntos. – ele pausou percebendo que as palavras certas lhe faltavam a boca. – Já é a segunda vez e... sei que não vai demorar para haver uma terceira.
- Eu quero dormir. – ela lutou impaciente.
- Não é possível que me beija e só sente vontade de comer sonho recheado com creme de leite. – ele disse sem ao menos pensar no que estava fazendo.
Ela riu fracamente desviando o olhar para os próprios joelhos coberto pelo lençol branco.
- Para... – sussurrou ela.
Harry aproximou-se e segurou o rosto da mulher fazendo com que ela erguesse novamente o olhar.
- Hei... – ele disse num tom baixo. – Isso não aconteceu por que você sentia falta ou porque eu sentia falta.
- Você me fez experimentar isso. – ela disse.
- E você não negou. – retrucou ele. Ela abriu a boca para responder, mas parou assim que viu que, de fato, não havia palavras a serem soltas. – Ainda não nega.
- Tenho medo de perder tudo que construímos até hoje. – ela falou calmamente segurando a mão dele que continuava em seu rosto. Fechou os olhos e mordeu os lábios. – Nossa amizade. Sempre foi tão pura. Sempre cuidamos dela acima de qualquer outra coisa. Tenho medo de arruinar todo o jardim que cultivamos com um relacionamento desse nível, Harry. De um dia acabar entre nós e não voltar a ser como antes. Eu receio tanto isso. Mas você é tão... – ela abriu os olhos, tornou a suspirar focando os verde dele e sorriu. – bom. – concluiu num sussurro.
Ele franziu a testa.
- Bom? – indagou divertido.
Hermione riu.
- Bom! Ótimo! Maravilhoso! Céus! – exclamou ela. – Você tem uma forma de me olhar, um jeito de me tocar, sua pele é quente, sua voz é tão... Profunda.
Ele segurou a mão da mulher que estava sobre a sua. Pressionou seus dedos gelados contra seus lábios fechando os olhos e quando os abiu olhos nos castanhos sonhadores e brilhosos dela.
- Olhe nos meus olhos. – ele disse. Ela mordeu os lábios e focou os vedes dele. Ele apertou as mãos dela e disse calmamente em pausas. – Prometo que, não vou fazer você se arrepender de nós.
Ela abriu um sorriso fechando os olhos.
- Eu confio em você. – ela sussurrou. Abriu os olhos e o focou – Eu amo você.
Um largo sorriso fez-se na face do homem.
- Eu também amo você.
Do lado de fora a neve caia em rodopios acumulando-se no jardim da frente da cada.
A quilômetros de distância uma certa coruja alva descia vôo em meio ao céu escuro e a imensidão de um mar negro da noite em direção a um navio parado em meio ao nada.
Seu destino era claro e foi cumprido assim que os dedos finos, gélidos e extremamente brancos arrancaram de sua pata um maço de papel amassado com uma letra garranchosa.
Voldemort o leu. Ergueu os olhos para o céu escuro e riu.
- Bom trabalho, Potter. – disse consigo. Tornou a rir. Despachou a coruja, deu as costas e jogou ao mar o pedaço de pergaminho.
De volta a casa, o alento do sono reinava.
_****_
As infinitas estantes se erguiam naquela enorme sala retangular. A vista de qualquer um seria impossível de se acreditar que uma sala como aquela estivesse dentro de um navio em alto-mar.
Voldemort passeava acompanhado de Snape entre as estante que exibiam objetos. Embora a quem visse fosse somente objetos banais, para Voldemort e qualquer pessoa de seu ciclo eram objetos de suma importância.
- Draco chegou esta manhã. – informou Snape com sua voz naturalmente severa. – O que pretende com ele aqui?
- Ele vai ajudar na vigia do navio enquanto não refazem os cálculos do feitiço ilusório que falhou. Espero que não deixem por muito tempo o navio aos olhos de qualquer um. Isso pode nos prejudicar muito, Snape, eu estou confiando em você, em sua postura como superior aqui, para que isso se resolva o mais rápido possível. – falou Voldemort.
- Peço-lhe perdão pelo atraso, mestre, mas sabe que é realmente difícil encontrar bruxos competentes nessa área que estejam dispostos a trabalhar para nós. Quando a segurança do navio, mandei que ampliasse nosso horizonte quando ao Atlântico. Tivemos que matar uma frota de trouxas que passaram por aqui semana passada mas estou certo de que não acontecera de sequer passaram por perto com Draco a frente do exercito de vigilância. – afirmou Snape.
- Ótimo. – proferiu Voldemort parando definitivamente suas passadas lentas. Snape parou logo após ele e observou o outro que Segurou uma pedra grafada com alguns dizeres em runas estranhas.
A poeira já se acumulava sobre ela e foi preciso que Voldemort desse um assopro enquanto o tirava do andar do meio da estante.
- Ainda não descobri as origens das runas, mestre, mas creio que isso não demorará. Sei que essa é uma horcruxe importante para o Senhor. – falou Snape estufando o peito.
- Não importante, de fato, somente interessante. Não costumo ter horcruxes com descrições estranhas. – explicou ele. – Não me importa as traduções disso para agora. Há coisas mais importantes a se preocupar. Quero que conte quantas horcruxes há nessa sala. Preciso saber exatamente quantas são, creio que está na hora de parar de fabricá-las. – disse Voldemort enquanto devolvia a peça a estante e tornava a caminhar lentamente observando os objetos.
- Certamente que farei, Senhor. – disse Snape.
- Quero também que passe o caso de Potter para um pergaminho.
Snape surpreendeu-se.
- Quer que eu passe o caso de Potter para um pergaminho? O que quer exatamente dizer com isso.
- Sabe que depois que matei aquele amiguinho ruivo dele, ele me apareceu com a história de que finalmente queria ser fiel a mim. Que estaria pronto para se tornar um comensal e que não estava mais afim de fazer as coisas a base da pressão. – começou Voldemort já num ar cansado de ter que explicar. – Obviamente não deixaria que ele entrasse definitivamente para o ciclo depois de passar anos enchendo a minha paciência com aquele joguinho melodramático de estar fazendo tudo por pura pressão. Ainda mais depois que ele e o Weasley tentaram contra a minha pessoa. De fato, não deixa de ser óbvio que, como prova de que ele realmente estava disposto a ser fiel a mim...
- Sim. – cortou Snape. – Eu sei. Pediu a sangue-ruim, mas como sempre ele lutou. – revirou os olhos. – Veio com a desculpa de que já havia se sacrificado por ela uma vez e que não queria que, protegê-la todos esses anos tenha sido algo em vão para simplesmente entregá-la agora. Então pediu para que ele lhe entregasse um filho. Um filho da sangue-ruim com ele. – ele pausou e parou de andar. – Mestre, por que quer exatamente que o filho seja de Hermione Granger e dele.
Voldemort parou e voltou-se para trás focando o outro.
- Ora! – exclamou e riu fracamente pelo nariz. – Por que assim tudo será mais difícil para ele.
Snape recuou com um olhar intrigado e acusador.
- Não é uma resposta plausível. – falou ele.
Voldemort fechou sua expressão para uma séria ao mesmo tempo em que Snape passava seu olhar para um severo.
- É a resposta que quero dar. – retrucou grosseiramente.
Snape cruzou os braços indignado.
- Sou guardião das horcruxes. O meu cargo é o maior, mereço ter acesso aos seus pensamentos, suas pretensões! – disse ele incrédulo. – Sou competente para isso.
- Se Potter cumprir seu dever, será de dever meu dar um alto cargo a ele, não acha? – falou Voldemort.
- Mas não teria a confiança dele como tem a minha. – insistiu Snape.
- Não tinha sua confiança quando te nomeei a este cargo, Snape. Tinha sua competência e a certeza de sua lealdade. Isso era tudo que eu precisava. Potter é tão competente quanto você e em questão da lealdade, basta somente ter o filho dele com a imunda aqui e está tudo resolvido. – falou Voldemort e deu as costas passando a andar apressadamente para o fim da estante. – Quero o caso de Potter num pergaminho, e depressa. Não esqueça de citar o fato de que ele está se apaixonando por ela. – e virou a estante.
Snape ficou estático e segundo depois riu consigo mesmo percebendo a verdadeira questão pelo qual Voldemort havia escolhido Hermione Granger para a mãe do filho de Harry Potter. Céus, ele realmente pensou em tudo.
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Ela estava tentando, realmente estava tentando, com todas as suas forças estava tentando, mas sequer um sorriso decente escapava de seus lábios. Sentia-se majestosa ali, em cima de uma pequena plataforma, de frente para um espelho gigantesco, com seu glorioso vestido branco, repleta de mulheres alegres, brincalhonas e divertidas ao seu redor, mas a única coisa em que pensava no momento era em como poderia sair correndo dali sem que ninguém a notasse.
- Deus do céu! – exclamou sua tia entrando com um sorriso de ponta a ponta estampado no rosto. – Você está um máximo! – cochichou ela animadamente aproximando-se de Hermione na plataforma. O riso das outras mulheres a sua volta aumentaram.
Hermione abriu um sorriso fraco, amarelo que ela puniu a si mesmo por ter ao menos tentado.
- Por Deus! – exclamou a Sra. Granger em seu longo e belo vestido pérola. – Todas descendo para o salão neste exato momento! Eu não quero mais ninguém aqui! NINGUÉM!
As mulheres riram e juntaram-se num grupo, despediram-se de Hermione, a elogiaram e murmuraram sobre o mal humor da mãe. Ela conseguiu soltar um riso fraco pelos comentários.
- Eu não consigo entender qual a curiosidade de todas elas por te ver antes do casamento. – resmungou a mãe assim que fechou a porta e trouxe a quietude ao lugar. - Elas por um acaso acreditam que aqui é um ciclozinho de fofoca? – indagou enquanto ajeitava a saia do vestido de noiva. Ela parou, se levantou, pôs as mãos na cintura e abriu um sorriso enquanto observava atentamente a filha. – Você está tão linda... – comentou, porém Hermione percebeu que aquilo fora mais para ela do que para a noiva. Ela suspirou e esfregou as mãos. – Você está tão calada. O que houve?
Hermione sentiu-se incomodada por uns segundos. Tentou sorrir e hesitou em dizer.
- Estou somente... nervosa. – concluiu.
A mãe repentinamente passou a lançar um olhar terno a filha. Pegou suas mãos e olhou nos olhos da castanha.
- Victor Krum é o homem certo para você. – afirmou a mãe com convicção. – De um sorriso grande e não se sinta nervosa. Vai dar tudo certo. Seu futuro, é um feliz.
Hermione tentou sorrir, mas dessa vez ela não conseguira sequer mudar sua expressão. Queria que a mãe fosse embora. Queria tanto ficar sozinha.
- Bem! – exclamou a Sra. Granger repentinamente passando o indicador delicadamente por baixo dos olhos para evitar que uma lágrima borrasse sua maquiagem. – Eu vou te deixar sozinha. As damas já estão no salão e boa parte dos convidados já chegaram. – ela aproximou-se da filha num com um ar divertido. – Victor já chegou! – cochichou e pôs-se a rir fininho. – Sabe a hora que deve descer. – caminhou até a porta. – Não esqueça de colocar o véu! Não espere que eu torne a voltar aqui para ajeitar você. Há problemas enormes que eu tenho que resolver lá embaixo. – e saiu.
Hermione fechou os olhos e aproveitou o silêncio.Abriu os olhos e fitou-se no espelho. Sua expressão era triste. Queria poder não estar ali. Queria ir embora, era o que mais queria.
Não era assim que havia sonhado. Certamente, em seus sonhos, essa hora ela estaria mordendo os lábios nervosamente tentando conter o riso. Mas ao contrario de seus sonhos, aquele não era o vestido que queria, não era o salão que queria, não era as damas que queria, não era o buquê que queria, não era o marido que queria.
Seu queixo tremeu por um instante quando seus olhos desviaram do espelho para o véu sobre uma mesinha logo ao lado do espelho. Suas vistas embaçaram e quando percebeu seus soluços vieram seguidos das lágrimas que escorriam livremente pelo seu rosto. Passou os braços em torno de sua barriga, a apertou e chorou silenciosamente.
Surpreendeu-se quando tornou a olhar-se no espelho viu que atrás de si estava Harry a observando pelo espelho. Ela engoliu o choro junto com os soluços e ajeitou sua postura.
Ele lhe lançou um sorriso forçado em meio a sua expressão triste. Algo que ela não negava era o fato de saber que na garganta do homem havia um nó. Sempre soube que estar triste era fazer o dia dele ir ao ralo.
- Você está linda. – disse ele num tom baixo.
- Você não está arrumado. – comentou ela reparando o jeans e a camisa simples que ele usava.
- Disse que não veria você se casar. – retrucou ele e aproximou-se.
Ela secou as lágrimas e fungou.
- Não sei o que veio fazer aqui então. – disse ela com sua voz fraca.
Ele a observou por um tempo e suspirou.
- Você deveria parar. – disse ele finalmente.
- Você não apoiou a minha decisão. – disse ela num ar de aborrecida.
- Porque essa não foi a sua decisão! – retrucou ele.
- Foi a minha decisão. – insistiu ela.
- Para! – quase gritou ele.
- DROGA! – ela gritou virando-se para ele. – Eu não implorei para que estivesse aqui! Então que diabos faz aqui? – suas vistas embaçaram. – Veio me fazer desistir? – disse com sua voz barganhada e soltou um soluço. – Pois eu não vou desistir! – ela tentou gritar, mas sua voz estava fraca demais.
Ela desceu da pequena plataforma. Sentou-se nela cobrindo o rosto com as mãos, encolheu-se e chorou.
Harry a observou. Um nó subiu a sua garganta enquanto a via daquela forma. Respirou fundo e aproximou-se. Agachou a sua frente e hesitante tirou as mãos dela do rosto. Limpou suas lágrimas enquanto outras lutavam em descer tornando o trabalho de Harry inútil.
- Minha amiga... – ele cochichou tristemente segurando seu rosto.
Ela soluçou enquanto fitava os verdes olhos do amigo a sua frente. Não havia mais saída para ela afinal.
- Eu só queria você eu meu lado agora. – choramingou ela.
Ele suspirou cansadamente e negou com a cabeça.
- Para de mentir para mim. Por favor. – pediu ele.
Ela chorou e encolheu-se. Soluçou e desviou o olhar para a saia de seu vestido branco.
- São meus pais, Harry... – ela sussurrou devido a sua voz fraca. – A culpa é minha, talvez, se eu não tivesse ido para Hogwarts, se eu tivesse ficado em casa junto com eles eu poderia ter impedido que o relacionamento deles esfriasse dessa forma.
- Hermione, não há como mudar isso. Já aconteceu. Se o relacionamento deles esfriou não é exatamente estragando a sua vida que vai poder concertar. – disse ele calmamente.
Ela soluçou e segurou uma das mãos dele que estavam sobre seu rosto. Fechou os olhos e soluçou.
- Por que me deixou chegar até aqui? – perguntou ela.
- Porque não mando em sua vida. Ela é somente sua. – respondeu ele. – Mas não quero que faça isso. Não quero que se case com Krum, Hermione. Não com ele, por favor.
- É tarde demais. – ela o olhou tristonha. – Todos já estão lá embaixo. Eu tenho que descer daqui a pouco.
- Não. Não é tarde, Hermione. – ele disse e viu uma ar de esperança perpassar pelos olhos dela. – Vá tirar esse vestido. Pode ficar em meu apartamento por quanto quiser.
Ela o olhou incrédula.
- Quer que eu fuja? – indagou.
Ele deu de ombros.
- Se você quiser realmente fugir, tudo bem. Mas queria que falasse com ele, na frente de todos. – falou ele.
Ela arregalou os olhos e o viu pegar suas mãos e apertá-las.
- Harry...
- Hermione, Krum é um jogador de quadribol famoso.- ele a cortou. - Não pode simplesmente não aparecer no seu próprio casamento com um jogador famoso de quadribol. Diga a verdade a ele a todos, e principalmente a seus pais.
- Não posso fazer isso. – ela desviou o olhar. – Não tenho coragem.
- É a única forma agora, Hermione.
Ela o olhou assustada e incrédula. Balançou a cabeça freneticamente em sinal de não.
- Não sei se sou capaz. – sussurrou.
- Você foi capaz de chegar até aqui, e será capaz de desistir. É s sua vida. Se quiser joga-la no lixo ela é toda sua, mas quando estiver se sentindo infeliz, entediada, machucada morando junto com Krum, quero que saiba que eu não te apoiei nisso. – ele falou, mas ela não retrucou nada, somente abaixou os olhos. Ele suspirou derrotado. Deu um demorado beijo em sua testa e levantou-se. – Eu vou estar no carro do lado de fora, certo? Vou estar lá por que vou estar te esperando. Não precisa aparecer se quiser realmente se casar com ele.
Ele deu as costas, catou sua capa da invisibilidade e sumiu por debaixo dela.
Hermione viu a porta se abrir e se fechar. Suspirou, olhou-se no espelho e fechou os olhos. Pensou no seu futuro seu futuro, pela primeira vez sem medo.
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No carro, por seus diversos seguidos minutos, acreditava que ela talvez não apareceria. Sabia que seria coragem demais para ela, mas ele tinha esperança. Sabia o quanto seria punido por aquilo se ela aparecesse, mas jamais deixaria ela destruísse sua vida aos vinte e dois anos.
O casamento de Krum com Hermione era simplesmente uma armação de Voldemort. Krum jamais quisera realmente estar com ela. Voldemort queria trazê-la para o ciclo dos comensais. Harry não queria que ela se envolvesse com o que ele era agora. Mas talvez essa fosse uma simples desculpa para o medo que ele sentia dela descobrir quem ele realmente era.
Não deixou de se surpreender ao ver a própria Hermione saindo com sua calça jeans e sua simples blusa da entrada do salão. Ela andava apressada e mentinha o olhar baixo.
Ele não disse nada quando ela entrou no carro. O escuro da noite não era capaz de ocultar o brilho das lágrimas que escorriam pelo seu rosto.
- Vamos logo. – ela disse com a voz barganhada.
Harry apressou-se a ligar o carro e quando apertou o acelerador Viu a Sra. Granger descer apressada as escadas do salão em direção ao carro. Ele notou a expressão de desespero da mãe e hesitou em sair rápido.
- Anda! – exclamou Hermione quase num grito.
Ele pisou fundo e saiu catando pneu.
O caminho até seu apartamento seguiu-se silenciosamente. Ela chorava e ele não dizia simplesmente nada, sabia o quanto ela queria estar somente em seu mundo agora.
Ela esteve com ele, em seu apartamento até a separação definitiva dos pais. Ele somente cuidou dela. Nada mais que isso.
Sua punição? Saber que restava somente mais uma vaga de tolerância em sua lista com Voldemort. Era só preenche-la que a morte ou de Hermione, ou de Rony era certa.
_****_
Hermione empurrou com o pé a porta da cozinha que dava a garagem agradecendo pelo carro estar com Harry e por ter um bom espaço disponível.
Erguendo a cabeça por cima da caixa que carregava direcionou seu caminho e sem problemas chegou ao meio do local. Pôs a caixa no chão e bateu as mãos focando-a. [i]Um longo trabalho pela frente...[/i], pensou.
- Por que nós simplesmente não usamos magia? – indagou Sophie entrando na garagem carregando uma pequena caixa entre as mãos.
Hermione a focou e riu.
- Por que nós não estamos com pressa. – respondeu ela pondo as mãos na cintura. – Em Hogwarts, aprendemos que a magia só pode ser usada em casos de extrema necessidade. Sabe, a vida perde a graça quando tudo se torna mais fácil. Desafios são bons.
A menina deixou a caixa no chão ao lado da grande que Hermione trouxera e sentou-se sobre as pernas focando Hermione apoiar cuidadosamente os joelhos no chão.
Ela inclinou-se sobre a caixa e a abriu sem muitas dificuldades.
- É de plástico. – disse a menina.
Hermione riu.
- Sim, é de plástico, não é legal ficar comprando pinheiros todo ano, não acha? – indagou divertida.
Sophie riu.
- Concordo. – respondeu ela.
- E então? – indagou Hermione tirando a árvore de natal desmontável da caixa. – O que você tem ai?
Sophie abriu sua pequena caixa e a analisou atentamente com as mãos sobre os joelhos e a cabeça inclinada para caixa.
- Encontrei essa caixa com bolas lá no escritório. – disse erguendo uma vermelha e observando seu reflexo contorcido nela.
Hermione deixou a árvore e a observou.
- Deixe as bolas de lado. – disse pensativa. – No armário de baixo da maior prateleira do escritório, bem ao fundo, tem uma caixa com pisca-piscas. Traga-a até aqui. Vamos precisar do espaço da garagem pra desembaraçar todos os fios.
- Pisca-Piscas? – indagou Sophie confusa enquanto devolvia a bola a caixa e a fechava.
- Vou mostrar pra você quando trazer até aqui. Vai gostar. – respondeu Hermione voltando a focar trabalhar na caixa.
Sophie se foi e quando voltou com a caixa em mãos Hermione já estava de pé ajeitado o pinheiro falso que montara. Pôs a caixa no chão e observou a bela árvore a sua frente.
- Parece de verdade. – comentou Sophie sorrindo.
Hermione afastou-se e pôs as mãos na cintura passando a observá-la.
- Temos a vantagem de que ela vai estar sempre verde e cheia de folhas. – brincou Hermione. Sophie riu. – Trouxas são interessante. Tão práticos. Eu ainda não acredito que o mundo bruxo vive a moda rústica.
- Cortar pinheiros não está tão fora de moda. – disse Sophie.
Hermione deu de ombros e voltou-se para a menina.
- Certo. Então, encontrou? – indagou.
Sophie apanhou a caixa no chão e estendeu para a mulher.
- Serve esses? – indagou enquanto Hermione os apanhava e analisava com um grade sorriso.
- Exatamente esses! – exclamou. – Vou mostrar para você que Rony não precisava amarrar fadas para que Luna tivesse que soltá-las escondida depois.
Sophie riu enquanto Hermione ajoelhava-se novamente no chão e tirava um bolo de fios de dentro da caixa. Ela esparramou pelo chão e cuidadosamente foi ajeitando os fios em fileiras. Com paciência Hermione ia desfazendo os nós e Sophie ficava intrigada ao ver aquilo. Ela certamente nunca havia visto algo parecido.
- O que são isso? - perguntou a menina curiosa levando a mão os diversos vidrinhos que havia espalhado pelo gigantesco fio.
- São lâmpadas pequenas. – explicou Hermione. – Elas acendem como essa que está no teto da garagem. Ficam piscando. Esta vendo a cor do plástico? É a cor que ela fica quando acende.
A menina ergueu as sobrancelhas surpresa e observou as diversas cores das pequenas lâmpadas.
- Deve virar uma festa! – comentou a Sophie.
Hermione riu.
- De fato. – e se levantou.
Por um instante ela pensou ter mexido a cabeça rápido demais, mas repentinamente tudo virou um borrão escuro e tornou a ser nítido. Sua cabeça latejou e ela cambaleou para trás segurando-se no pinheiro artificial. O mundo a sua volta girou, mas não foi por um tempo continuo. Logo ela se via bem, apoiada no pinheiro, de pé.
Focou Sophie e ela tinha os olhos arregalados, assustados e com medo para ela.
- Está... – engoliu seco. – Está tudo bem, mamãe? – perguntou a menina.
Hermione levou uma das mãos a sua têmpora e focou o chão confusa. Fechou os olhos e respirou fundo. Ser chamada de mãe já estava sendo um tanto que natural da parte de Sophie. As semanas se passavam e ela ficava cada vez mais certa de que quando Sophie por engano tornasse a chama-la de tia acharia um tanto estranho.
Sorriu, abriu os olhos e focou a menina.
- Está tudo bem. Só levantei rápido demais. – falou Hermione decidida de que estava bem. E, agora, realmente estava.
Abaixou-se e continuou a desembaraçar os fios com a ajuda de Sophie. Desejou que Harry estivesse ali, mas ainda demoraria uma tarde para que ele estivesse em casa.
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