Doze



Seus olhinhos azuis tornaram a passar por cada um do cômodo antes de tornar a recostar a cabeça no ombro do homem e fechar os olhos. Harry ergueu as sobrancelhas para Hermione que mordeu os lábios focando a Sra. Weasley.

A velha deu de ombros e suspirou.

- Tudo bem. – cochichou. – Tudo bem. – e bufou.

_****_

Harry caminhou pelo corredor com Sophie nos braços. Empurrou a porta de seu quarto com um dos pés e a deixou cuidadosamente na cama. Certamente não demoraria para que ela acordasse e fosse direta ao quarto onde estaria com Hermione aquela noite.

A cobriu até os ombros enquanto ela resmungava algo e encolhia-se na confortável cama. Deixou as pantufas sobre o tapete ao pé da cama a observou por um segundo.

Seu jeito curioso lembrava Rony e sua expressão de constante felicidade lembrava Luna. Como Harry sentia falta de ambos. Merlin sabia o quanto era revoltado por saber exatamente quem era o culpado de tudo e simplesmente não poder fazer nada.

Tentou afastar a imagem do amigo de sua mente porém era extremamente inevitável. Limpou as mãos no jeans escuro da calça e saiu do quarto deixando a porta entreaberta.

Na sala, Hermione estava de pé com os olhos fixos na pagina do jornal aberto que antes ele encontrara quieto sobre a mesa de centro do cômodo arrumado da casa.

A observou de longe. Seus cabelos, sua pele. Chegou a sentir vontade de poder explorar seu corpo novamente, mas pelo olhar dela todo parecia tão claro a ela e tão confuso no sentido real. Tinha receio de assustá-la. Isso era o motivo pelo qual ele já não assumia aquilo como uma missão, afinal, desde quando ele queria que as coisas saíssem claro para ela?

Difícil acreditar que estava a olhando daquela forma. Conhecendo seus defeitos, suas qualidades, seus receios, seus anseios e ainda sim, apesar de a conhecer tão bem, querê-la.

Afundou as mãos no bolso e aproximou-se dela que logo ergueu o olhar. Sua expressão iluminou-se assim que o viu e estendeu-lhe o jornal.

Ele o pegou e assim que viu a foto riu. Estampado e em movimento continuo na folha do jornal estava ele com seus braços em torno da cintura da amiga num abraço forte assim que ela descido do palco com o premio na mão.

- Nenhuma do jardim? – ele perguntou divertidamente com os olhos fixos no jornal.

- Nenhuma do jardim. – respondeu ela.

- Eu pensei que eles fossem mais eficientes. – brincou Harry.

Hermione riu.

- Não sabe o quanto agradeço por meu setor ser outro. – ironizou ele.

Ele riu e a olhou. Seus olhos se encontraram radiantes. Se focaram por um longo intervalo de tempo até que ele se aproximasse tocasse seu rosto com uma das mãos e lhe desse um leve beijo rápido e terno nos lábios.

Ela sorriu sonhadoramente assim que ele se distanciou.

- Vai se deitar agora? – perguntou.

- Talvez não agora.

- Vou tomar um banho então. – disse ele e ela assentiu. – Tenho quase certeza de que Sophie vai aparecer essa noite no quarto, não feche a porta do quarto dela quando passar pelo corredor.

Ela abriu um sorriso maroto.

- Ela vai aparecer, é? – indagou.

Ele riu e surpreendeu-se pelo comentário da mulher.

- Céus! Vou fazer a questão de fingir que esse comentário não chegou aos meus ouvidos. – brincou ele num cochicho.

Ela segurou o riso baixo e somente parou quando Harry lhe deu mais um de seus beijos rápidos que a faziam ter desejo de ganhar mais.

Harry a soltou e tornou entrar no corredor seguido para a porta logo ao fim.

O quarto estava escuro. Ele acendeu a lareira sabendo que, ainda em seu rosto, havia o sorriso bobo que adquirira na sala.

O quarto recebeu uma iluminação alaranjada assim que a lareira foi acesa por ele. Olhou para a janela disperso e somente depois de muito tempo ele foi perceber que o estranho ponto branco no teto do vizinho era sua coruja.

O sorriso em seu rosto se foi como quem apaga uma vela. Ele desviou o olhar num suspiro cansado e abriu a janela. Não demorou para que a coruja voasse discretamente até a janela, deixasse um rolo de pergaminho no para-peito e fosse embora sumindo pela penumbra da noite.

Ele certificou-se de que não havia ninguém no quarto e que Hermione estava na sala. O abriu e leu.

”Castelo”

Era a única coisa que havia escrito.

Harry esfregou os dedos na testa. Bufou e jogou o pergaminho na lareira. Puxou sua toalha e bateu a porta do banheiro.

_****_

Harry apenas escutava silencioso os dois comensais a sua frente discutirem aos berros. Midge folheava freneticamente as folhas em sua prancheta enquanto uma mulher e um homem estavam de pé sobre os joelhos com as mãos atadas e as bocas lacradas.

Os berros dos comensais aumentavam a cada segundo e Midge passava a ficar mais desesperada com suas folhas. Os ouvidos de Harry doíam e sua paciência estava começando a se esgotar. Tentar entender a discussão era algo que ele já considerava tempo jogado fora.

- BASTA! – gritou Harry num tom mais alto que o usado pelos comensais. O silêncio seguiu-se de seu berro estrondoso. O homem e a mulher amarados arregalaram mais os olhos. Harry respirou fundo. – Midge? – indagou voltando seus olhos para ela.

Ela acalmou-se com suas folhes, organizou-se rapidamente e pôs-se a ler uma das folhas que acabara de por em cima das outras da prancheta.

- Ela é Megan Stoker, solteira, trinta anos, é trouxa e está no termino de sua faculdade em Oxford. Pai morreu, mãe viva, porém em coma. Dois irmãos mais velhos, um é casado e tem dois filhos, o outro é somente casado. Vive sozinha. – Midge pigarreou e puxou outra folha de papel pondo por cima da que lia. – O outro é Allan Poe, trinta e quatro, casou-se no fim do verão, tem um filho fora do casamento que mora com a mãe em Paris, França. Allan é órfão e é bruxo. Filho de mãe bruxa e pai trouxa, sangue-ruim. Está inativo no mundo bruxo a cerca de cinco anos. Allan cursou Hogwarts e não conseguiu se tornar auror devido as suas notas de N.I.E.Ns e N.O.Ms. Hoje ele atua em sistema de informações no mundo trouxa e mora em um prédio no centro de Londres.

Harry ergueu as sobrancelhas.

- Varinha? – indagou.

Midge dirigiu seu olhar para os comensais.

- Revistamos o apartamento e não encontramos nada relacionado ao mundo bruxo. – apressou-se a dizer um deles.

Harry tornou a respirar fundo. Acalmou-se.

- Que diabos eles estão fazendo nesse castelo? – tornou a indagar Harry.

- Eles nos viram. – disse uma dos comensais.

- O mestre disse que não podíamos matar ninguém no período em que ele estivesse no navio. – explicou o outro. – Eu falei para Edgar não seguir pelo caminho dos trouxas, mas ele disse que agir em meio aos trouxas era como estar debaixo de uma capa da invisibilidade. Nós tivemos que trazê-los.

- Quem escalou vocês para essa missão? – perguntou Harry.

- Lucius nos mostrou a escala. – disse o comensal.

Harry bufou.

- Midge, anote a incompetência dos dois. – olhou para eles. – Os levem de volta para as masmorras do castelo até que o obliviador desse lugar tenha tempo para dar uma mexida na memória deles. – deu as costas e Midge seguiu seus passos enquanto arranhava a pena no pergaminho de sua prancheta.

- Mas Potter... – foi a última coisa que Harry ouviu dos dois antes de bater com força a porta.

- Não torne a me chamar para vir aqui num domingo pela manha para resolver algo como esse. Eu estou no meio da minha missão e isso pode me gerar problemas. – disse Harry enquanto caminhava pelo corredores seguido de Midge.

- Eram novos prisioneiros. – disse Midge.

- Voldemort tem dos montes na masmorra. – falou ele. – Onde está Lucius?

- Ele não costuma estar por aqui aos domingos, mas acredito que, como o Lorde não está no castelo é provável que ele esteja aqui todos os dias até que o mestre retorne. Acredito que esteja no salão com Narcisa. Draco partiu essa manhã em sua vassoura, parece que o Lorde o quer no navio essa tarde. – disse a mulher rapidamente sem engasgar em suas palavras.

- Obrigado. – Harry virou a esquina de um corredor e Midge seguiu por outro.

Ele desceu apressados as escadas em espiral passando pelos andares até chegar ao térreo. Atravessou todo o saguão, passou por um hall, entrou numa segunda sala e logo deu-se para o salão. Estava um tanto vazio aquela manhã. Harry raramente estivera aos domingos no castelo e sempre que esteve era visitas rápidas e geralmente era os aposentos e Voldemort, logo após, rua.

Ao fim do salão, próximo a porta que dava ao jardim extremamente mal cuidado onde agora era coberto pela neve que caia do lado de fora ele avistou Lucius Malfoy em companhia de sua mulher. Um homem de baixa estatura que Harry conhecia como o espião do ministério parecia trocar um idéia numa roda em que o trio formava.

- Malfoy. – Harry o chamou a certa distância.

O homem de longos cabelos loiros voltou seu olhar em direção ao lugar de onde ouvira o chamar. A conversa na roda silenciou-se assim que avistaram o homem de cicatriz na testa.

Malfoy pediu um tempo para a mulher e o amigo. Deixou a roda e ajeitou sua postura desdém enquanto caminhava em direção a Harry.

- Potter, Potter... – desdenhou ele. – Se fosse você estaria desfrutando do prazer de poder deitar na confortável cama do mestre. Ou ele não cedeu o quarto a você também? – implicou.

- Por que escalou Bram Escott e Tim Fareman para a vigia do estoque do bar de Jimmy Vicary? – perguntou Harry seriamente ignorando o comentário anterior.

Malfoy riu apoiando-se em seu cajado.

- Potter, você não tem nada a ver com a missão. - Disse o Loiro. – Tomar conta de um castelo não te da o direito de assumir o maior posto de uma missão. Não é o Lorde das Trevas.

- Devo registrar sobre sua incompetência ao escalar dois comensais estúpidos para uma missão de extrema importância. Talvez Voldemort fique um tanto chateado ao saber que você foi o responsável pela vinda de um trouxa e de um sangue-ruim em seu castelo. – disse Harry.

O sorriso desdém de Lucius tornou-se um amarelo e ele mexeu-se incomodado. Fez uma careta que, ao ver de Harry, lembrava Draco.

- Não é bom acordar domingo de manhã de mal humor, Potter. E ainda nem são dez horas. Você podia curtir mais a neve. Sabia, é o nosso primeiro dia de neve nesse inverno. – disse o Malfoy.

Harry abrira a boca, preparou-se para responder grossamente, porém a voz que se seguiu não foi exatamente a dele.

Um grito estridente de horror ecoou pelo salão e o nome de Lucius foi pronunciado num berro por sua mulher. A escuridão veio ao local e logo uma luz cegante apoderou-se de todo o meio seguido de vultos que movimentavam-se acima do chão.

Tudo aconteceu somente até aí.

_****_

Não era a primeira vez que Harry abria os olhos desde as sete da manhã e voltava a dormir, entretanto, dessa vez ele não sentia a presença de Hermione ao seu lado.

Sua cara estava enfiada no travesseiro e ele estava com dificuldades para respirar. Virou-se e focou a cabeceira de sua cama onde o relógio marcava exatamente dez horas da manhã. Mexeu-se preguiçosamente e riu com seu próprio sonho. Já havia sonhado de tudo, menos que podia respirar tranquilamente de baixo d’água.

O barulho do chuveiro ligado vinha do banheiro com a porta entreaberta. Ele podia ver o vapor que saia de lá. Ao seu lado notou que um pequeno ser começava a despertar mexendo-se lentamente enrolada no edredom.

Ele olhou a menina assim que ela abriu seus olhos azuis e focou o teto confusa. Levantou-se enquanto ela se situava e abriu as cortinas.do quarto. Não foi exatamente de grande diferença. Lá fora o céu estava escuro.

- Hei! Neve. Hoje é o nosso primeiro dia de neve nesse inverno. Você não acha que ela chegou cedo? – indagou Harry a menina que sentava-se lentamente na cama.

- Não sei. Sempre neva depois do natal. – disse Sophie em sua voz rouca.

- Seu avô nos disse que dormiu boa parte do tempo em que esteve lá. De onde tirou tanto sono? – indagou ele abrindo seu armário.

- Não tinha nada pra fazer. – respondeu a menina. Ela se pôs de pé na cama e focou a janela. – Eu posso ir lá fora? – perguntou esperançosa.

- O que? – indagou Harry surpreso enquanto puxava sua toalha e a pendurava num dos ombros.

- Lá fora. – tornou a dizer a menina.

Ele riu.

- Claro que não! – exclamou. – Não acha que lá fora está frio demais?

- Mas eu gosto de neve. – insistiu ela.

- Pergunte a Hermione se pode. – disse ele. – Ela é mais responsável do que eu.

- Responsável por mim?

- Responsável em questão de maturidade, não por você. – explicou Harry.

- Maturidade? – indagou a menina tornando a se sentar na cama.

- É... – disse Harry um tanto confuso em como explicar a garotinha. – É como alguém que faz as coisas... Mais certas.

- Você faz as coisas erradas? – indagou ela. O barulho do chuveiro cessou.

- Não. Bem, - ele hesitou. – só não sou responsável o suficiente para deixar você sair sem saber se Hermione vai deixar ou não.

- Ela precisa deixar?

- Precisa.

Ambos voltaram seus olhares para Hermione quando ela saiu do banheiro enrolada em sua toalha branca com os cabelos molhados lhe caindo os ombros.

- Posso ir lá fora ver a neve? – apressou-se a perguntar Sophie esperançosa.

Hermione parou e olhou para a janela. Deu de ombros.

- Quem sabe quando parar de nevar a gente não dá uma volta? – disse ela.

Sophie abriu um sorriso largo. Olhou para Harry e ele deu de ombros sorrindo.

- Obrigada, mamãe. – disse a menina a Hermione que abriu sua expressão de susto e de surpresa.

- Como disse? – indagou ela.

- Obrigada, mamãe. – disse ela. – Mamãe... – repetiu. – Algum problema?

Hermione sorriu e olhou Harry que sorriu de volta. Negou com a cabeça.

- Não há problema, querida.

- Céus... Como o ciúmes me corrói. – disse Harry casualmente enquanto caminhava em direção ao banheiro.

Sophie soltou um gargalhada.

- Eu te chamo de papai também! – ela disse rindo.

- Chama? – indagou ele com um olhar falsamente duro encostando no vão da porta.

- Papai. – ela disse. Ele riu juntamente com ela. – Sabe, - ela falou de repente animada ajeitando sua postura na cama. – eu pensei que... Será que eles deixariam eu ficar pra sempre com vocês se eu disser que quero, lá no ministério?

Hermione desmanchou seu sorriso e percebeu que o clima pesou levemente no local repentinamente.

- Ahm... – gaguejou ela. – Talvez... Eu... – ela mordeu os lábios. Suspirou e murchou os ombros. Caminhou até a cama e sentou-se a beira. Passou as mãos pelos lisos cabelos loiros da menina e disse: - Não posso prometer ou afirmar uma coisa que eu não faço idéia se vão aceitar, Sophie.

- Mas eu quero ficar aqui pra sempre. A tia da creche disse que são meus novos pais. – choramingou a menina.

- Hei. As coisas vão demorar acontecer. – falou Harry.

- Esqueça isso! – disse Hermione e sorriu para a menina. – Vá pegar suas coisas no quarto que eu vou te ajudar num banho, ok?

A menina assentiu e pulou da cama saindo ligeira do quarto. Hermione levantou-se e suspirou num ar cansada. Focou Harry e mordeu os lábios.

Ele riu e aproximou-se dela.

- Mamãe. – cochichou num tom zombador.

Ela riu.

- Para, papai. – retrucou ela. – Não sabia que se corroia de ciúmes. – comentou ela.

Ele abriu um sorrisinho maroto.

- Morro de ciúmes de você. – e a puxou selando seus lábios.

Ela sorriu contra os dele e desvencilhou-se de seus braços.

- Espere Sophie entrar no quarto e te ver fazendo isso novamente! – disse refugiando-se perto de seu armário.

Ele deu de ombros e seguiu para o banheiro.

- Eu não vejo mal algum. - e fechou a porta.

_****_







POSTEI bastante pra vcsss!!!

Os suspenses vaum começar a partir do post que vem......
AGUARDEM PRA LER!!
=**

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