Sangue prateado
25 de Junho
O tempo se passou, os exames estão chegando, mas o nosso sofrimento em relação ao flagra que levamos não mudou nada, apenas Rony, Fred e Jorge ficaram do nosso lado.Alguns sonserinos também ficaram, mas isso era porque nós garantimos o primeiro lugar deles na taça de quadribol.Percy agora diz que nunca me viu na vida, e eu já estou observando os verdadeiros amigos que eu tenho.
A única aula em que eu posso levantar a mão continua sendo a de Flitwick que não permite que falem mal de mim, ao contrário dos outros professores que fingem que não vêm as pessoas me criticando, tirando Quirrel e o Binns, pois os dois são tão ligados aos alunos quando as unhas dos pés deles.Flitwick diz que vê um futuro brilhante para mim, e que me ver desolada não é certamente o caminho certo.
Mas, certamente o mais martirizado é o Harry, que continua chamando a atenção de uma forma negativa, o coitado não vê mais graça nem no quadribol.
-Eles vão esquecer dentro de umas semanas.Fred e Jorge já perderam montes de pontos desde que chegaram aqui e as pessoas continuam a gostar deles.- disse Rony ao sair da enfermaria.
-Eles não perderam cento e cinqüenta pontos de uma tacada, ou perderam?- retrucou Harry infeliz.
-Bom...não.- Rony admitiu.
Mas as revisões fizeram com que a nossa cabeça não acabasse explodindo com tanta desanimação, pois nos dava tempo para não pensar no assunto.Nós prometemos não nos meter aonde não somos chamados, como Hagrid falava a tanto tempo atrás.
Semana passada a nossa promessa foi meio que quebrada, quando Harry me interrompeu ao tomar os pontos de astronomia de Rony e nos contado uma história.
-Snape conseguiu o que queria de Quirrel!
-Ah, nem vem, Harry, já temos muito que fazer e isso não é da nossa conta, lembre-se.- disse eu.
-Ouça a história toda e me diga se não mudou de opinião:
”Quando eu saí da biblioteca, ouvi alguém choramingando nessa sala que fica a direita da biblioteca.Então, me aproximei e ouvi a voz do Quirrel:
-Não...não...outra vez não, por favor...
Alguém estava ameaçando ele e ele acabou por cedendo:
-Está bem...está bem...- disse ele aos soluços.
Aí ele saiu da sala desolado, ajeitando o turbante e quase chorando.Eu me lembrei da promessa, mas não consegui evitar espiar a sala, estava vazia, mas havia uma porta entreaberta do outro lado da sala.Pois eu aposto doze Pedras Filosofais que quem passara por aquela porta era Snape.Hermione, Rony, o Quirrel acabou de ceder!”
-Snape então conseguiu!Se Quirrel contou a ele como quebrar o feitiço antimagia negra...- disse Rony.
-Mas ainda tem o Fofo.- lembrei-os.
-Talvez Snape tenha descoberto como passar pelo cachorro sem perguntar ao Rúbeo.- disse Rony olhando os vários livros da biblioteca- Aposto como tem um livro por aqui que ensina como passar por um cachorro de três cabeças.Então, o que vamos fazer, Harry?
-Vamos procurar Dumbledore.Isto é o que deveríamos ter feito há séculos.Se tentarmos alguma coisa por conta próprio, com certeza vamos ser expulsos.- disse eu.
-Mas não temos provas- disse Harry.- Quirrel está apavorado demais para nos apoiar.Snape só precisa dizer que não sabe como foi que o trasgo entrou no Dia das Bruxas e que nem chegou perto do terceiro andar.Em quem vocês acham que eles vão acreditar, nele ou em nós?Não é bem segredo que nós o detestamos, Dumbledore vai pensar que inventamos tudo isso para ele ser despedido.Filch não nos ajudaria nem que a vida dele dependesse disso, é muito amigo de Snape, e quanto mais alunos forem expulsos, tanto melhor, é o que ele pensa.E não se esqueçam, nós nem deveríamos saber da Pedra nem de Fofo.O que vai exigir muita explicação.
Eu me convenci, mas Rony continuou persistente:
Se déssemos só uma espiadinha...
Não, já demos muitas espiadinhas...- disse Harry decidido, e começou a decorar as luas de Júpiter.
No dia seguinte, eu, Harry e Neville recebemos um bilhete com as mesmas palavras:
Sua detenção começará às vinte e três horas.
Aguardem o Sr.Filch no saguão de entrada.
Prof.ªMinerva
Não reclamei de nada, achava mesmo é que eu tinha merecido a detenção.Onze Horas da noite nos despedimos de Rony e descemos com Neville para o Saguão de Entrada, onde Filch já nos esperava - com Malfoy, que também pegara a detenção pelo mesmo motivo.
Sigam-me- disse Filch ao acender a lanterna e nos levou para fora do castelo.
-Aposto que vão pensar duas vezes antes de desobedecer o regulamento da escola, não é mesmo?Ah, sim, trabalho pesado e dor são os melhores mestres se querem saber...É uma pena que tenham suspendido os castigos antigos...pendurar o aluno no teto pelos pulsos durante alguns dias, ainda tenho as correntes na minha sala, conservo-as azeitadas para o caso de precisarem...Muito bem, lá vamos nós, e nem pensem em fugir agora, será pior para vocês se fizerem isso.- disse Filch, com muito mau gosto.Andamos na floresta, a noite estava bastante escura, se não contasse pela lua que ás vezes aparecia do meio das nuvens e iluminava a noite.Enquanto Filch comentava sobre as antigas detenções eu pensava com meus botões: ”Quem quer saber disso? Quem perguntou pra ele? Que mala!”, ai, que pensamentos malditos!
Foi até que chegamos perto da cabana de Hagrid, que estava iluminada e ouvimos um grito de Hagrid:
-É você, Filch?Ande logo, quero começar de uma vez...
O meu ânimo melhorou: Pelo menos o Hagrid não era um mala sem alça!
-Acho que você está pensando em se divertir com aquele panaca? Pois pode pensar outra vez, menino.É para a floresta que você vai e estarei muito enganado se voltar inteiro.- falou Filch para o Harry.
Ao ouvir isso, Neville e Malfoy ficaram bastante nervosos.
-A floresta?- perguntou Malfoy.-Não podemos entrar lá a noite...tem todo o tipo de coisa lá...lobisomens ouvi falar.
-Isso é o que pensa, não é?- disse Filch.-Devia ter pensado nos lobisomens antes de se meter em encrencas não acha?
Hagrid saiu da cabana, com Canino, um arco e flechas:
-Até que enfim.Já estou esperando há meia hora.Tudo bem, Harry, Hermione?
-Eu não seria tão simpático com eles, Hagrid, afinal, eles estão aqui para serem castigados.- disse Filch, presunçoso.
-É por isso que você está abrasado, não é?Andou passando carão neles, não é?Isso não é sua função.Você faz a sua parte, eu pego daqui para a frente.
-Volto ao amanhecer para recolher o que sobrar deles.- respondeu Filch maldoso.
Malfoy se virou para Hagrid:
-Não vou entrar nessa floresta.- disse ele em pânico.
-Vai, sim, se quiser continuar em Hogwarts.Você agiu mal e agora tem que pagar pelo que fez.- disse Hagrid feroz.
-Mas isso é coisa para empregados e não para estudantes.Achei que íamos fazer uma cópia ou coisa do gênero, se meu pai souber que eu estou fazendo isso, ele...
-...lhe dirá que em Hogwarts é assim.Fazer cópia!Para que serve? Você vai fazer alguma coisa útil ou vai sair da escola.E se pensa que seu pai vai preferir que seja expulso, então volte para o castelo e faça suas malas.Vamos.- disse Hagrid furioso.
Malfoy encarou Hagrid possesso de fúria, mas sem ação, baixou os olhos.
-Muito bem, então, agora prestem atenção, porque é perigoso o que vamos fazer hoje à noite e não quero ninguém se arriscando.Venham até aqui comigo.- disse Hagrid.
Ele nos levou para a orla e indicou uma trilha de terra que desaparecia por entre as árvores.
-Olhem ali, estão vendo aquela coisa brilhando no chão?Prateada?Aquilo é sangue de unicórnio.Tem um unicórnio ali que foi ferido gravemente por alguma coisa.É a segunda vez esta semana.Encontrei um morto na quarta-feira passada.Vamos tentar encontrar o pobrezinho.Talvez a gente precise pôr fim ao sofrimento dele.
-E se a coisa que feriu o unicórnio nos encontrar primeiro?- perguntou Malfoy, desesperado.
-Não há nenhuma criatura viva na floresta que vá machuca-lo se você estiver comigo e com Canino.E siga a trilha.Muito bem, agora, vamos nos separar em dois grupos e seguir a trilha em direções opostas.Tem sangue por toda à parte, ele deve estar cambaleando pelo menos desde a noite passada.
Eu quero Canino- disse Malfoy depressa, olhando para as presas do cachorro.
-Muito bem, mas vou lhe avisando, ele é covarde.Então eu, Harry e Hermione vamos por aqui e Draco, Neville e Canino por ali.Agora, se algum de nós encontrar o unicórnio, disparamos centelhas verdes para o alto, OK?Peguem as varinhas e comecem a praticar agora, assim.E se alguém se enrolar, dispare centelhas vermelhas e todos vamos todos procurá-lo; então, cuidado.Vamos.Tomamos o caminho da esquerda enquanto Malfoy o da direita.Andamos muito e uma vez por outra a lua iluminava a trilha.Harry, vendo que Hagrid estava preocupado, perguntou a ele:
-Épossívelum lobisomem estar matando os unicórnios?
-Não com essa rapidez, não é fácil matar um unicórnio, eles são criaturas mágicas poderosas.Nunca soube de nenhum ter sido ferido antes.
-Você está bem, Hermione?-perguntou Hagrid um tempo depois, já que eu não havia dado um pio.
-Não se preocupe, ele não pode ter ido longe se está tão ferido e então poderemos...PARA TRÁS DAQUELA ÁRVORE!
E ele nos escondeu para trás de um carvalho, aonde apuramos os ouvidos para ouvir o barulho de uma capa se arrastando pelas folhas mortas no chão, porém o escuro não possibilitava visão.
-Eu sabia.Tem alguma coisa aqui que está fora de lugar.- murmurou Hagrid.
-Um lobisomem?- perguntou Harry.
-Isso não era um lobisomem e não era um unicórnio tampouco.Muito bem, me sigam, mas tenham cuidado, agora.- disse Hagrid sério.
Continuamos a caminhar cautelosos e ouvimos o ruído de alguém se mexendo na clareira adiante.
-Quem está aí? Apareça.Estou armado.- chamou Hagrid.
Se tratava de um centauro ruivo,parte homem, parte cavalo, eu e Harry deixamos o queixo cair.
-Ah, é você, Ronan.Como vai?- perguntou Hagrid.
-Boa noite para você, Hagrid- disse Ronan, o centauro, ao apertar a mão de Hagrid, tinha a voz triste e melancólica.- Você ia atirar em mim?
-Cautela nunca é demais,Ronan.Tem alguma coisa à solta nesta floresta.Ah, sim, esses são Harry Potter e Hermione Granger.Alunos lá da escola.E este é Ronan.É um centauro.
-Eu já percebi - eu disse, com voz fraca.
Boa Noite.São alunos, é?E aprendem muito coisa na escola?- disse Ronan.
Hum...Um pouquinho.- respondi, tímida, pois o nosso conhecimento não se compara com o de um unicórnio.
-Um pouquinho.Bom, já é alguma coisa.Marte está brilhante hoje.- disse ele aos suspiros.
Imagino que provavelmente ele estava falando que Marte representa a energia que você coloca em tudo e a força que usa para abrir os seus próprios caminhos, indica o trabalho e a capacidade de enfrentar desafios, se Marte brilha é porque essas características se acentuam mais em todo mundo (eu precisarei estudar isso em Adivinhação e já comecei!).
-É.Olhe, foi bom termos nos encontrado, Ronan, porque tem um unicórnio ferido.Você viu alguma coisa?- perguntou Hagrid.
-Os inocentes são sempre as primeiras vítimas.Foi assim no passado, é assim agora.
-É, mas você viu alguma coisa, Ronan?Alguma coisa anormal?
-Marte está brilhando hoje.Um brilho anormal.
-Sim, mas eu estou me referindo a alguma coisa perto da terra.Você não notou nada estranho?
-A floresta esconde muitos segredos.
Um outro centauro apareceu, esse era negro e mais selvagem que Ronan.
-Olá, Agouro.Tudo bem?- cumprimentou Hagrid.
-Boa Noite, Hagrid, você vai bem, espero.
-Já sabemos.Bom, se algum de vocês vir alguma coisa, me avise, por favor.Vamos indo, então.
-Nunca tentem obter uma resposta direta de um centauro.Vivem contemplando as estrelas.Não estão interessados em nada que estejam mais perto que a lua.
-E tem muitos deles aqui?- perguntei.
- Ah, um bom número...Vivem isolados na maior parte do tempo, mas tem a bondade de aparecer quando preciso dar uma palavrinha.São inteligentes, veja bem, os centauros...sabem das coisas...só não falam muito.-Você acha que foi um centauro que ouvimos antes?- perguntou Harry.
-Você achou que era barulho de cascos?Não, se quer saber, aquilo é o que anda matando os unicórnios.Nunca ouvi nada parecido antes.
Andamos mais um pouquinho e vimos faíscas vermelhas.
-Rúbeo! Olhe!Centelhas vermelhas, os outros estão em apuros!
-Vocês dois esperem aqui!Fiquem na trilha, volto para apanha-los!- ele respondeu.
Diário, deixa eu te falar: já é dez e meia e eu preciso acordar cedo amanhã para ficar pronta para os primeiros exames.Tchau, continuo amanhã!
A floresta.
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