Beijos perdidos...
Como era de se esperar, assim que as três alunas saíram da enfermaria todos as cercaram querendo saber o que havia acontecido, mas a explicação foi a mesma em todos os casos: “Erramos ao tentar fazer um feitiço.”. Mais tarde, Harry ficou sabendo por um jovem que conversava com outro nos corredores da escola, que no penúltimo dia de internação delas, Dumbledore esteve na enfermaria e ficou lá por uma hora mais ou menos, proibindo a entrada e a saída de qualquer um no local.
Hermione estava mais esquisita do que nunca. Desatenta nas aulas, calada o tempo todo, abatida. Rony até tentou arrancar alguma coisa dela, mas foi em vão. A jovem recusava-se a falar sobre o assunto.
_Hoje, preparemos uma poção chamada Nuance. As garotas costumam utilizá-la para mudar a cor dos cabelos, o que é totalmente imbecil porque não é para isso que ela serve. Bom, vou separá-los em duplas.
Todos se entreolharam desconfiados. Snape adorava escolher as duplas, parecia que sentia prazer ao torturar seus alunos, colocando-os ao lado de seus inimigos. Para sua sorte, Harry não foi obrigado a se sentar com Malfoy, mas sim com Parvarti Patil, enquanto Hermione sentava-se com um jovem novato, chamado Yan Maxuel. Rony, por sua vez, esta sorrindo a toa: seu par era Emilly Taylor.
_Muito bem, _ disse Snape, certificando-se de que todos estavam em seus devidos lugares e com seus devidos pares. _ Os ingredientes necessários estão no armário e, só para ajudá-los um pouco, a poção deve ficar azul, completamente azul. Espero que tenham entendido, porque não aceitarei nenhuma cor parecida. Apenas azul. Comecem.
O barulho voltou a tomar conta da sala. Pessoas se levantavam e caminhavam até o armário, pegando os ingredientes. Harry ficou na mesa, preparando o caldeirão. Olhou para a mesa onde Hermione estava e ficou surpreso ao vê-la sorrindo alegremente ao lado de Yan.
_Psiu! Harry!
Harry parecia ter voltado ao planeta Terra ao ouvir Rony chamando-o. Olhou para a mesa ao lado gesticulando um “o que foi?” impaciente. Mas, Rony não pode responder. Naquele momento, Emilly voltava à mesa com os ingredientes.
_Podemos começar Potter? _ perguntou Parvarti.
Harry sorriu sem graça e depositou sua atenção ao que estavam fazendo. Infelizmente, no fim da aula, a poção dos dois não havia chegado nem perto de um tom azulado. Hermione também parecia frustrada:
_ Não imagino o que pode ter faltado!
_Olá vocês...
Rony chegou de mansinho atrás deles, tinha um sorriso enorme no rosto.
_Então Rony, como ficou sua poção? _ Hermione perguntou.
_Minha poção? Bom... PERFEITA!! Harry, sua amiguinha é perfeita! Ela praticamente fez tudo sozinha e, antes de acabar a aula nossa poção já estava pronta! Snape disse que fomos os únicos a conseguir o tom exato da poção!
_Não... Acredito... _ murmurou Hermione.
_Acredite!! Cara... To impressionado...
Harry e Hermione trocaram olhares desconfiados. Além de linda era inteligente? Que mulher era aquela?
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Emilly foi direto para as masmorras assim que a aula acabou. Sentia-se cansada e precisava de um banho. Mas, quando se preparava para entrar no dormitório, alguém segurou seu braço.
_Olá.
Ela reconheceu aquela voz de imediato. Virou-se séria para Draco, que a encarava sério também.
_Olá Malfoy. Está no lugar errado não? Aqui é o dormitório feminino.
_Então estou no lugar mais que correto. Como está se sentindo?
_Ótima... Se me der licença eu...
_Espere!
Ele a segurou mais uma vez, fazendo Emilly sentir um irresistível arrepio percorrê-la. Seu olhar encontrou o dele, e por um momento seus lábios pareciam ter vontade própria, se aproximando sem que seus donos lhes dessem permissão. O contato com a fina e úmida pele de seus lábios com os de Malfoy, fez Emilly sentir-se perdida por um momento. Draco, por sua vez, não pensou duas vezes e a enlaçou pela cintura, sentindo, com prazer, um suspiro escapar daqueles lábios incríveis. Quando estavam prestes a iniciar o que seria um beijo incrível, Emilly retomou seus sentidos e o empurrou para longe. Draco a observou assustado, parecia que apenas naquele momento percebeu o que esteve prestes a fazer. Emilly abriu a boca para desferir palavras acusadoras e xingamento, mas de sua boca só saiu um sussurro em uma língua que Draco desconhecia. Sem mais, ela foi para seu quarto, batendo a porta com força. Draco, por sua vez, recostou-se na parede, recuperando os sentidos.
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Hermione evitava se encontrar com os amigos, por isso passava a maior parte do tempo na biblioteca. Seu mais novo amigo, Yan Maxuel, parecia alheio a tudo o que havia acontecido, por isso estava se tornando uma ótima companhia.
_ Poderíamos estudar melhor essa matéria... _ dizia ele em uma das várias vezes que foram à biblioteca.
_Vou procurar um livro que se aprofunde mais.
Dizendo isso, Hermione levantou-se e foi buscar entre as prateleiras o livro necessário, mas, em uma dessas procuras, uma conversa em sussurro chamou sua atenção. Sem chamar atenção para si, ela encostou-se na estante e ouviu a conversa entre dois jovens, um deles era o que havia visitado Emilly na enfermaria.
_Você acha que foi ela? _ ele dizia.
_Claro! Ela não tem escrúpulos, você sabe disso.
_E que atitude você vai tomar?
_Ainda não sei... Tenho medo de que ela repita e dessa vez machuque alguém.
_Ela não tem escrúpulos. Mas e Potter?
_Até agora está tudo dentro do previsto.
_E você já disse isso a “ele”?
_Ele sabe, não precisa ser avisado de nada.
Hermione não quis ouvir mais. Saiu dali imediatamente, com o coração disparado.
_Hermione, o que fo... _ Yan começou a falar, mas Hermione não lhe deu atenção. Precisa contar o que havia ouvido à Harry.
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E para sua sorte, não foi difícil encontrá-lo. Estava no campo de quadribol orientando o time do qual agora era capitão. Ela achou melhor esperar ele terminar o treino, sentando-se na arquibancada ao lado de uma torcida nada discreta, composta por duas novatas da Corvinal e liderada por Lilá Brown.
_Junte-se a nós Hermione! _ ela disse, ao ver a jovem.
_Ah... Não obrigada.
_Ai, ele é muito lindo!! HARRYYYY!!!!! _ gritou uma garota muito ruiva (lembrava Gina).
Harry fingia não ouvir a torcida organizada, mas ficava vermelho ao ouvir certos elogios (“GOSTOSOOOO!!”). No fim do treino ele acenou para Hermione e pediu que ela descesse.
_Ai que inveja! _ disse uma das torcedoras.
Hermione ( sentindo-se muito importante naquele momento) foi até o amigo.
_Não sabia que você gostava de treinos de quadribol. _ ele disse sorrindo.
_Nem eu. _ disse Rony, descendo de sua vassoura.
_E não gosto, mas eu preciso contar uma coisa que eu ouvi na biblioteca.
Sem mais demora, ela contou o que havia escutado e, quando terminou um silêncio incômodo caiu sobre os três. Harry trocou olhares com Rony e se aproximou de Hermione com extrema cautela.
_Mi... Você sabe do que eles estavam falando. Precisa nos contar o que aconteceu na aula do Hagrid.
_Harry...
_Se você nos contar, poderemos ir até Dumbledore e pedir ajuda. Por favor, conte o que aconteceu!
_Não... Não posso... Sinto muito...
Sem dizer mais nada, Hermione saiu correndo sem dar chances aos amigos. Harry olhou para Rony, preocupado.
_Eu ou você? _ disse Rony.
Harry sorriu e correu atrás da amiga. A encontrou no corujal, olhando a janela um pouco perdida em seus próprios pensamentos, com lágrimas nos olhos.
_Hermione o que está acontecendo?
_Nada. Se não se importa, eu quero ficar sozinha.
_Eu me importo sim. Desde que você saiu da enfermaria não é mais a mesma.
_As pessoas mudam Harry.
_Sim, mas para melhor.
Hermione virou-se para olhá-lo. Ali estava o amor da sua vida, implorando para que ela contasse o que tinha acontecido e ela era obrigada a mentir para ele.
_Não se preocupe comigo Harry.
_È claro que eu me preocupe, Hermione! Por favor!
Ele se aproximou dela e tocou seu rosto, limpando uma lágrima que escorria em seu rosto. Hermione não resistiu e o abraçou forte, pedindo perdão silenciosamente. Harry ficou sem reação por um momento, mas logo retribuiu o abraço.
_Eu prometo, que assim que puder eu te conto tudo o aconteceu naquele dia, mas não me pressione agora por favor! _ ela disse, com a voz abafada.
_Tudo bem, quando estiver pronta você me conta.
Hermione se afastou um pouco, mas eles continuaram abraçados. A proximidade entre eles era muita, e o beijo foi inevitável. Iniciou-se com muita timidez de ambas as partes, mas logo se aprofundou, fazendo Hermione encostar-se a uma parede próxima. Harry a tocava como se ela fosse a mais frágil das criaturas, ao contrário de Hermione, que acariciava sua nuca sem medo, e atrapalhava mais ainda seu cabelo. Mas o encanto se quebrou, quando um barulho de porta batendo invadiu o lugar. Hermione empurrou Harry para longe e correu até a porta para ver o que havia acontecido, mas não tinha ninguém lá. Ela trocou olhares apreensivos com Harry e disse, num sussurro triste:
_ Isso foi... Um erro.
Agora, quem bateu a porta foi a jovem.
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