Cap.1



Final de janeiro

Era de manhã e os raios de sol já entravam pela janela tornando tudo claro. Esfreguei meus olhos a fim de poder enxergar melhor. Sentei-me na cama e respirei fundo, as férias haviam terminado e ainda hoje teríamos aula. Olhei para o lado, Neville ainda dormia profundamente, todo espalhafatoso com o edredom caído no chão. Rony também dormia, apesar de parecer um pouco mais comportado. Olhei então para a cama de Draco e pude ver que ele já tinha levantado, meus olhos passaram pelo quarto todo em busca dele. Encontrei o em pé na frente da janela, olhando o que havia lá em baixo.

Harry: O que está vendo?_ perguntei ainda bem sonolento
Draco: As pessoas. _ me respondeu concentrado e sem tirar os olhos lá de baixo
Harry: E o que têm elas?_ joguei as cobertas de lado e me levantei.
Draco: Estão mais agitadas do que o normal.
Harry: É que hoje é o primeiro dia de aula. _ me apoiei no parapeito e olhei a movimentação lá em baixo que por sinal era bem grande
Draco: Não é isso.
Poncho: O que é então?

O Draco era meu melhor amigo, o conhecia desde sempre, crescemos juntos. Ele é muito companheiro, mas ás vezes se entrega aos próprios pensamentos e começa a dizer coisas sem lógica nenhuma para mim.

Draco: Estão agitadas, mas ao mesmo tempo calmas e serenas.
Harry: Isso é meio contraditório, não acha?

Draco, e suas viagens, por que será que não me surpreende? Sai dali da janela e fui até o armário pegar meu uniforme.
Draco: Tem algo diferente hoje. Não sei direito o que é... Mas sinto que algo vai acontecer.

Ele sempre fora meio medium, se estava dizendo isso com certeza era por que algo iria acontecer mesmo.

Harry: O que você acha que vai acontecer?_ perguntei enquanto tirava a camisa do pijama.
Draco: Algo novo, mas que não é tão novo.
Harry: Se contradizendo outra vez?
Draco: Não, mas é que eu não estou conseguindo ti explicar. Só posso ti dizer que a partir de hoje nossas vidas vão mudar... Por culpa de uma pessoa.
Harry: Como?Que pessoa?_ não estava entendendo nada, como de costume, mas tentava dar atenção, pois não seria de bom gosto o deixar falando sozinho
Draco: Esquece. Não vai acontecer nada. To delirando. _disse adivinhando meus pensamentos

Finalmente ele tinha acordado. Mas apesar de tudo adoro as viagens do Draco, às vezes elas me fazem pensar profundamente na vida. Ele se aproximou do armário também e tirou o pijama.

Rony: Hei, que horas são?_ disse ele acabando de acordar e se levantando da cama apressado.
Draco: Devem ser umas 7 horas, mas fica tranqüilo cara, a aula só começa às 9 hoje.
Rony: Não é isso, é que eu tenho que ir ao studio revelar umas fotos que tenho que entregar a professora de arte ainda hoje.

Naquele momento Ronyjá havia tirado o pijama e colocado o uniforme com uma velocidade incrível que deixou eu e Draco boquiabertos

Rony: Tenho que ir...depois a gente se vê lá em baixo._ e saiu correndo do quarto
Rony era um cara legal, muito na dele. Um dos meus melhores amigos sabia que poderia contar com ele pra tudo a qualquer hora. Era apaixonado por fotografia desde os 8 anos, conseguia fazer a foto de uma cadeira parecer à coisa mais impressionante do mundo. É tão bom uma pessoa fazer o que tanto ama... Draco havia dito algo, porem não tinha entendido, pois estava concentrado em meus pensamentos sobre o Rony, pedi que ele repetisse

Draco: Acordamos ou não o Neville?
Harry: Acho que sim né?

Draco foi até ele e o sacudiu, Neville acordou reclamando um tanto, mas como não tinha remédio se levantou e trocou de roupa também.
Nós três descemos para o café. O refeitório estava lotado, e eu estava vendo rostos que a um certo tempo não via. Cumprimentei alguns, nós sentamos em uma mesa distante, pois Draco ainda não estava se sentindo bem. Comemos sem trocar muitas palavras significativas e logo em seguida saímos para a primeira aula do ano. Aula de Física. Odeio física, matéria mais chata, eu nunca entendo nada que aquela bruxa diz. Sorte minha é que Drcao é fera em física, nunca conheci alguém que entendesse tanto de uma matéria como ele. E sempre que eu precisava ele me ajudava e isso garantia a minha média no ano.

Nos sentamos nas ultimas cadeiras, eu na frente, Neville atrás de mim e Draco do meu lado. A sala ainda não estava tão cheia, o povo ainda estava entrando. E nós 3 olhávamos atentos para ver se tinha algum rosto novo. Na verdade já tínhamos até desanimado, quando de repente tive a visão de um anjo. Tão serena e bela ela passou pela porta, séria e de cabeça erguida. Logo se via que era uma pessoa com personalidade. Acho que tanto eu, quanto Draco e Neville ficamos admirados com aquele ser. Ela se sentou a algumas cadeiras a nossa frente, e jogou os longos cabelos castanhos para trás, um gesto tão simples, mas que fez com que meu coração batesse ainda mais forte. Olhei para o lado esperando algum comentário de Draco, mas ele simplesmente permaneceu calado, sem tirar os olhos daquela menina.
Nem sei quanto tempo durou, mas assim que pisquei os olhos à sala já estava cheia de alunos e a bruxa já gritava pedindo silêncio.
Professora: Hoje vamos aprender Dinâmica impulsiva...

Dinâmica Impulsiva? Eu não fazia idéia do que era aquilo, e nem tive curiosidade de saber. Ela começou a explicar algumas coisas que entravam por um ouvido e saiam por outro do mesmo jeito que entraram. Eu não conseguia tirar os olhos daquela menina que estava ali na frente. Só fui despertar de verdade quando ouvi dizerem o nome de Draco.

Professora: Draco, por favor, poderia me dizer qual o resultado desse exercício?
Draco: 5 m/s._ disse quase que instantaneamente e muito confiante em si mesmo

Draco não gostava muito de estudar, na verdade quando ele não estava matando aula, passava o tempo todo conversando. Isso com exceção de física, que era sua matéria preferida. Ele tinha o poder de tornar o exercício mais difícil parecer uma soma de 2+2. Foi ai que ouvi a voz mais doce do mundo Menina de cabelos castanhos: O meu deu diferente, deu 7,2 m/s._ ela disse antes que a professora dissesse algo
Professora: Isso mesmo Senhorita,o Draco errou, o resultado é 7,2. Posso saber o seu nome?
Menina de cabelos castanhos: Hermione.
Professora: Você deve ter errado em alguma conta Draco.
Draco: Aham, eu vou corrigir aqui._ disse envergonhado
Professora: Crianças, prestem atenção agora pois vou ensinar como resolver esse problema no quadro.

A coisa que mais deixava Draco irritado era que o corrigissem...
Sempre admirei Draco, ele conseguia tudo o que queria. Todas as meninas do colégio babavam por ele, era o melhor no futebol, e mesmo faltando nas aulas e sem estudar nada ele sempre conseguia notas altas. Desde pequeno já se via que Draco era excepcional. Aos 4 anos tinha um Q.I. de 148 e já fazia cálculos matemáticos de segundo grau. Na verdade nem era para ele estar estudando aqui. Mas ele não quis desenvolver seu potencial, preferia viver como uma pessoa normal estudando em um colégio normal. Seus pais, que o mimavam ao máximo não insistiram no caso e fizeram à vontade do filho. A beleza, a inteligência, a espontaneidade... Tudo isso o tornava um tanto arrogante. Mas como já convivia com ele a mais de séculos, já me acostumara.
E aquela menina acertou o exercício e ele não.

Até hoje eu penso, se a professora não tivesse feito aquela pergunta a Draco, se Draco tivesse respondido certo, se Hermione não tivesse acertado o exercício... Tudo tomaria outro rumo. E quem sabe muitas coisas horríveis não tivessem acontecido...
A aula tinha acabado, e eu e Draco fomos dar uma voltinha pelo jardim. Encontramos alguns amigos nossos jogando quadribol no campo. Eles nos convidaram para jogar, e claro que nós dois topamos. Eu nunca fui muito fã de quadribol, mas sempre participava de uma partida ou outra com o Draco. Esse era viciado em quadribol, não podia passar nem um dia sem jogar.

O jogo tinha começado e em menos de 5 minutos Draco já havia feito um golaço exibindo todos os seus dotes quadribolísticos. Só que um dos caras que ele havia driblado tinha se machucado e não poderia mais jogar. Os caras estavam discutindo o que fazer e eu enxerguei que de longe alguém se aproximava. Era inconfundível aquele longo cabelo castanho. Ela estava bem perto do campo e olhava fixo para nós. Olhei para o lado e pude perceber que ela e Draco trocavam olhares. A discussão ainda continuava. Não poderiam continuar a jogar tendo um time com um a menos.

Hermione: Se quiserem eu posso jogar. _ disse ela indo até os meninos e sorrindo de forma meiga.
Simas (amigo nosso): Qual o seu nome?_ interrompendo imediatamente a discussão e se dirigindo a ela.
Hermione: Hermione.
Simas: Você é novata né?
Hermione: Sou sim.

Notei que o olhar dela hipnotizava o Simas.

Tomas: Pode jogar sim. _disse sorrindo para ela

Draco ficou espantado

Draco: Acho melhor ela não jogar não. _ se meteu na conversa
Simas: Por que não?
Draco? Por que não?_ incrédulo_ Porque ela é uma garota, oras!
Simas: E...?
Draco: E.... Ela pode se machucar... Ela nem deve sabe jogar quadribol.
Hermione: Como você pode dizer isso sendo que nunca me viu jogar?
Draco: Você é uma menina, nem preciso ver nada para saber.
Simas: Deixa de ser machista Draco! Você pode jogar sim Hermione.
Hermione: Obrigada_ sorrindo triunfante
Draco: O que? Eu não acredito! Esse mundo ta perdido mesmo.
Hermione e Draco se encararam com raiva.
Simas: Vamos gente!! Vamos terminar esse jogo logo, porque daqui a pouco eles servem o almoço.
Draco: Tudo bem, mas se ela chorar eu e que não vou ficar bajulando. _ disse ele em tom de deboche
Hermione: Chorar? Você vai ver quem vai chorar depois que eu chutar o seu saco... - e ela partiu toda furiosa para cima de Draco.

Nem pensei duas vezes naquela hora e a segurei pelos braços impedindo que ela realmente fizesse meu amigo chorar.

Simas: Vamos logos, vocês três, por favor!

Draco e Hermione ainda se encararam uma ultima vez. E Draco nos deu as costas. Eu ainda a segurava, estava gostando daquilo, podia sentir seu perfume, que era o melhor possível. Ela tinha cheiro de flores.

Hermione: Hei, será que dá pra me soltar?_ disse me encarando, aquilo fez com que eu me estremecesse por dentro. A soltei no mesmo instante e continuamos nosso jogo.
Nunca na minha vida eu vi o Draco ser tão humilhado em tão pouco tempo. Primeiro na sala, uma pessoa normal não ligaria de errar uma pergunta da professora, mas com Draco era diferente. Ele nunca errava, e aquilo tinha sido o cumulo. E agora no futebol. Ninguém no colégio jogava bola melhor do que ele, fora artilheiro da copa estadual por 5 anos seguidos. E naquele dia uma simples menina tinha conseguiram fazer o que qualquer menino que conhecesse Draco julgava impossível, deixa-lo caído no chão. O time da Hermione ganhou de 12 a 1. Parecia incrível. Os outros meninos nem ligaram, assim que acabou o jogo cumprimentaram Hermione com elogios e logo foram para o vestiário tomar banho. Mas Draco tinha ficado vermelho de tanta raiva. Nunca havia visto meu amigo daquele jeito. Cheguei até a ter medo.

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