Clyddon Eidin
Lucio Malfoy não demonstrou nenhum sentimento, nenhuma... compaixão... em ver o corpo de Draco ali inconsciente sobre aquela mesa fria. Harry que estava confuso começava ligar os fios para entender o que estava havendo ali. Ele era Bellatriz, estava na mente dela, tinha conseguido invadir facilmente aquela mente, não sabia como tinha feito isso, mas estava ali, assistindo tudo aquela reunião, aqueles corpos... Draco e Escórpio... quem era o outro?
- Prosseguindo o que eu estava dizendo, nosso espião conseguiu o código para chegar a Avalon, sempre acreditamos que a única maneira de chegar naquela escola era utilizando Harry Potter – continuou Edgar olhando para todos – mandamos cartas para lá, muitas, com vários nomes diferentes, pedindo autorização para ir a Avalon, sabíamos que se Harry Potter ficasse sabendo que eu queria ir naquela escola, ele ia querer investigar.
“Era a única maneira que tínhamos pensado, antes de eu ser preso é claro, contudo mesmo depois que sai daquela prisão horrível, vi que Potter não tinha desistido de chegar lá... muita sorte a nossa, pois com a ajuda de Bartok, o armário do código e nosso espião, descobrimos que o Ministério só dava autorização, em outras palavras, só passava o código da escola para casos de emergências familiares.”
“Nosso plano foi simples, encontramos uma família que tinha filho na escola, seqüestramos elas e utilizamos seus corpos para enganar o Ministério, e deu certo já que o código foi passado ao chefe do Departamento dos Aurores, porque ele devia indicar uns inspetores para acompanhar o casal em Avalon... o chefe do departamento era nosso espião”.
“Agora pensem comigo, acha que essa inspeção seria necessária senão tivéssemos deixado Harry Potter tão curioso em saber o que queríamos lá? Incrível não... conseguimos chegar em Avalon enfim, estávamos tão perto de trazer o Lord das Trevas de volta que eu podia sentir a marca negra de meu braço arder em chamas... mas fracassamos”.Alguns comensais da morte que estavam prendendo a respiração com a historia soltaram um gemido “Aconteceu algo inesperado, Quimeras... três... adultas, muito poderosas, estávamos em um grupo pequeno para enfrentá-las quase fomos mortos lá, para piorar um membro da ordem de merlim, que provavelmente apóia Harry Potter, chegou lá para ajudar os aurores do ministério, não sei o que ela fazia lá, mas fomos quase pegos... aquela mulher, Morgan Wilson”. Agora a mesa soltou um grito de exclamação, parecia que todos a conheciam, ou tinha ouvido falar da bruxa. “Sim, ela é muito talentosa... trabalhei com ela em tempos antigos, ela tem um passado sombrio e é violenta às vezes, conseguimos fugir por sorte, mas a oportunidade de pegar o que queríamos em Avalon se perdeu, e com isso a chance de trazer o Lord das trevas”.
“Ainda assim tínhamos esperança, precisávamos pensar em como chegar lá de novo. Decidimos nos beneficiar da audiência de Potter, Glover estava com a gente sobre a maldição de uma jinki e ia nos ajudar, condenaríamos Potter, acusamos o Ministro de não tirar as Quimeras da escola de Avalon sabendo que elas existiam, estava tudo planejado, sem Potter, sem Ministro, Glover indicaria o novo Ministro da Magia, indicaríamos alguém que era nosso aliado e assim poderíamos arranjar um jeito de chegar em Avalon novamente”.
“Mas como já disse senhores, Potter se livrou da condenação, e mesmo o Ministro sendo rebaixado de seu cargo, perdemos o poder de indicar um novo já que Glover foi forçado a beber uma poção veritaserium por Morgan, e ele se entregou acabando com nossos planos” Edgar deu um soco na mesa de raiva. “Mas não tem problema, em pouco tempo conseguimos pensar em uma nova maneira de chegar na escola” ele indicou os corpos.
- Vamos então chegar em Avalon utilizando corpos? – perguntou Rabastan ironicamente.
- Deixe-o explicar – disse Harry com aquela voz feminina.
Ele sentiu a mão de Bellatriz tocar a cabeça, provavelmente ela estava percebendo que havia algo errado.
- Não vamos a Avalon buscar o que precisamos para trazer o Lord das trevas de novo – disse Edgar soltando um sorriso estranho – não vamos a lugar algum, vamos ficar aqui e esperar.
- Esperar? – repetiu Lucio Malfoy parecendo ter ficado irritado.
- Nosso inimigo vai pegar o que queremos para nós – explicou o bruxo – acho até melhor, já que existem muitas lendas naquela escola – ele olhou para o outro que chamava Bartok.
- O lago de Avalon é um lugar sagrado – começou a dizer Bartok se levantando – era um lugar onde Merlim passava horas com seus pensamentos, ele criou vários objetos incríveis que estão alem de nossa imaginação. Aquele lago é batizado de lago Excalibur, em outras palavras, o lago que guarda os artefatos raros criados por Merlim, pelo menos é o que acreditamos, outras pessoas dizem que são objetos criados por deuses antigos e entregado a trouxas, vindo parar na mão de bruxos em breve.
“Em todo caso, o lago guarda treze objetos, segundo a lenda os treze objetos reunidos têm poder de trazer deuses de volta a vida, nesse caso... o Lord das Trevas. Desses treze objetos temos um em especial, o mais valioso e poderoso de todos, sem ele não poderíamos fazer nada com os outros doze... o Caldeirão de Clyddon Eidin. A lenda diz que Merlim tinha os treze objetos, só que antes de utilizá-lo, foi morto por Viviane”.
“De acordo com a lenda ela era uma das sacerdotisas de Avalon e traiu Merlim para se apoderar dos objetos, contudo ela tinha ouvido falar apenas da grandeza do Caldeirão de Clyddon Eidin e se apoderou dele primeiro, queria utilizá-lo, ficou louca, morreu tentando usar o objeto sem sucesso. Com sua morte, Morgana Le fay outra sacerdotisa de Avalon se colocou no lugar de Viviane, ela nunca gostou da outra por ter matado Merlim e desde então se tornou a nova Dama do lago, ou a guardiã do lago. Ela guarda os treze objetos sagrados lá dentro, e a questão é... desde que Morgana se tornou à dama do lago, ela tem assombrado aquele lugar por séculos, sempre protegendo os objetos, a lenda diz que nenhum bruxo jamais conseguiu retirar os objetos daquele lago, e olha que muitos já tentaram... todos morreram”.
- É uma historia fascinante e incrível – comentou Aleto – mas como espera então que pequemos os objetos se o que parece, chegar no lago é ganhar uma passagem de ida para o inferno.
- Por isso mesmo não vamos pegar, nossos inimigos vão – disse Edgar.
Rabastan soltou uma gargalhada.
- Se ninguém conseguiu pegar, nossos inimigos também não vão conseguir! – disse ele.
- Temos que confiar neles sabemos que não é impossível.
- Apenas um bruxo entrou naquele lago e saiu vivo – disse Bartok – e ele ficou louco pelo que dizem, viu muita coisa lá dentro.
Todos se remexeram na mesa olhando atentamente para Bartok.
- Quem? – perguntou Aleto.
- Alberto Toothil – respondeu Edgar.
- AH – gritou Harry colocando a mão na cabeça.
- Bella! – exclamou Lucio levantando-se.
Então não ouviu mais nada, tudo se apagou, ele começou a sentir novamente aquela dor lancinante...
Abriu os olhos para se sentir aquecido, sentia a cabeça de alguma coisa encostada na sua testa derrubando lágrimas... lágrimas peroladas escorrendo até seus olhos, acompanhando as suas lágrimas até seu pescoço e nuca...
Era Fawkes... ele soltou um soluço de dor, de tristeza e de certo modo de alívio.
- Fawkes – sussurrou muito baixo.
A ave soltou uma nota, e uma mais longa, o suficiente para ele se acalmar.
- Harry? – alguém falou ao seu lado.
- Ele acordou? – alguém perguntou mais longe.
- Não sei... – o primeiro falou.
- Morgan? – falou baixo.
- Harry? – ela perguntou novamente – ah... eu acho que ele acordou.
- Graças aos Deuses! – falou a voz de Hermione embargada da porta – ele acordou! – ela passou a notícia adiante.
- Morgan? – perguntou baixinho.
- Calma Harry... o pior já passou, Phan fechou a cicatriz de novo... a hemorragia parou... mas você tem que ficar quieto.
- Phan?
- É a minha fênix, fique quieto.
- Mas eu... – falou um pouco mais alto.
- Nada de mas! Você está muito fraco!
- Então avisa Kin que o Edgar quer o lago de Avalon...
- Eu estou aqui Harry... – disse Kingsley do outro lado, cuja visão estava obstruída pela ave – podemos esperar, o que quer que seja... você precisa descansar.
- Não preciso! Edgar tem a formula...
Morgan o segurou com força deitado.
- Harry é uma ordem! FIQUE DEITADO!
Ele olhou Morgan, ela parecia muito nervosa, estava pálida e então percebeu com horror que ela tinha a roupa coberta de respingos de sangue, como se vestisse uma pele horrorosamente sardenta, mais sardenta que o Rony. Foi então que sentiu o choque... ele estava coberto de sangue... seu sangue!
Harry se sentou e Phan voou, pousando no ombro de Morgan, ambos exclamaram em protesto, mas ele olhou em volta. Estava deitado numa cama encharcada de sangue... mas como era possível?
- Harry... – falou Morgan, mas Kin fez um gesto e ela ficou quieta.
Apalpou sua testa, sentiu a crosta de sangue, no rosto, no pescoço, os ombros de seu moletom novo estavam úmidos, como pudera sangrar tanto pela cicatriz? Então ainda olhando a cama meio abobalhado, pousou as mãos trêmulas no próprio colo e sentiu, baixou os olhos e viu, a frente do moletom verde estava negro... empapado de sangue, sentiu um nó em sua garganta, de leve levantou a blusa.
- Harry...não faça isso... – Morgan gemeu.
Ele teve um choque ainda maior ao ver uma mancha roxa que corria em sua barriga... parecia que a dor que ele sentia quando sua mente saia de seu corpo era produzido nele ali também.
- Não... – queria correr dali... não ficar mais machucado.... – não... – tremeu, aquilo só podia significar uma coisa... – NÃO! – ele empurrou com os pés, tentando sair daquela poça de sangue.
Ele tentou se levantar, Morgan o segurou de novo... aquele maldito cheiro de sangue... odiava aquele cheiro... já tinha sentido muito... quando era novo... era um cheiro horrível que fazia ele se lembrar do passado... de Lupin, Tonks... Olho-tonto... e se Voldemort voltasse...
- ACALME-SE HARRY!
Respirava com força, profundamente, tremia dos pés a cabeça, até Phan começar a cantar, então ele foi se acalmando, sim estava bem, estava acabado... não havia necessidade de sentir medo, estava seguro, estava fraco mas não sentia dor alguma... tinha que parar de agir como uma criança assustada.
- Isso, se acalme... – sorriu-lhe Morgan.
Então Harry sentiu uma profunda vergonha de ter gritado esperneado daquele jeito histérico. Se ainda houvesse algum sangue nele provavelmente ele estaria corando.
- Respire mais devagar Harry – disse a bruxa o soltando.
- Desculpem... eu... me assustei.
- É compreensível Harry, não tenha vergonha – disse Morgan bondosamente.
Olhou devagar em volta, estava deitado na cama, ainda estava no mesmo quarto de sua casa, ficou aliviado por não ter sido levado ao St. Mungus. Muitas coisas estavam passando por sua cabeça, eram coisas demais para pensar, se sentiu exausto.
- O que está havendo comigo? – gemeu.
- Pensávamos que você poderia nos explicar...
Se sentiu enjoado, aquele cheiro.
- Posso sair daqui, por favor?
- Harry você não deve se mover... – começou Kin.
- Não gosto desse cheiro... por favor... esse cheiro de sangue...
Morgan fez um aceno da varinha e de repente tudo estava diferente, ele sentiu a cama mais fria abaixo dele, sentiu um leve cheiro de roupa limpa, até as vestes de Kingsley tinham sido trocadas, Kin olhou para Morgan.
- Obrigado – Harry falou calmo – muito obrigado.
Estava muito cansado, e aquele cheiro bom de coisas limpas o fez querer dormir, mas sabia que precisava informar o que vira a eles, Harry estava acostumado a não ser poupado até passar tudo que pudesse a eles, e estava grato por ter sido tratado e estar limpo, manteve os olhos abertos...
- Eu sinto muito... muito – começou – mas eu nem percebi...
-Como? – perguntou Kin.
Morgan tinha uma expressão carregada de preocupação.
-Voltamos à estaca zero Harry? – ela perguntou.
Harry estava morrendo de vergonha, a ligação dele com Bellatriz estava mais forte do que pensava, aquela maldita jinki provavelmente havia depositado mesmo o pedaço de alma daquela imunda dentro de seu corpo, mas essa ligação de mente não podia ocorrer tão facilmente, sabia que lá no fundo não devia ser possível, pois treinara duro, treinara anos Oclumência, tudo que treinara antes para proteger sua mente falhara, falhara miseravelmente... mas isso devia ser a aquela jinki horcrux, por isso devia estar tão vulnerável, a ligação com a jinki deve ser mais forte. Será que ela conseguiria tirar informações da mente dele também?
- Acho... não sei – disse e desviou o olhar.
- Edgar de alguma forma está muito mais poderoso – ponderou Morgan – estou começando a acreditar que aquela jinki foi toda programada pra acabar com você, para penetrar na sua mente e ele poder extrair informações suas através de Bellatriz Lestrange.
- Pelo que parece a jinki esteve com o filho de Malfoy – disse Kin.
- Eu a vi de novo... quando desmaiei...
- Bellatriz? – perguntou Morgan.
- Sim...
- Ela e Edgar estavam juntos?
- Estavam... estavam numa casa, tinha muita gente lá também, comensais da morte, reconheci alguns – colocou as mão na testa tentando lembrar daquela visão – é tão confuso... eu estava sentindo muita dor.
- Preciso saber só algumas coisas, aí eu recomendo que você durma o máximo que puder Harry – disse Morgan.
- Sim...
-Você disse que Edgar quer o lago de Avalon, e que ele tem a formula?
- Ele quer objetos que tem lá... – Harry disse angustiado lembrando, pondo a mão na barriga inconscientemente – parece que foram criados por Merlim.
- Como? – perguntou Kin.
- Objetos criados por Merlim – começou Morgan – a lenda Ynys Wydryn, dizem que quem ter os objetos se torna imortal.
- Edgar disse que queria algo... caldeirão de Clyddon Eidin, não consegui escutar mais... acho que a Bellatriz sentiu minha presença, fui expulso da mente dela...
- Então Harry, você presenciou a lenda de Avalon, acho que agora compreendo como eles querem reviver você-sabe-quem, já ouvi falar... mas nunca pensei nessa hipótese já que nenhum bruxo saiu vivo daquele lago... exceto um, só que ele ficou louco – ela disse pesarosa – isso é... doido, muito perigoso....
Morgan desviou o olhar para a Fênix e acariciou a ave devagar, Harry começou a sentir curiosidade dessa pessoa, tinha ouvido falar nela duas vezes, por Dumbledore naquele sonho quando foi levado ao outro mundo, e de novo naquela reunião... Alberto Toothil.
- Alberto Toothil não? – perguntou ele.
- Sim...
- O que aconteceu com ele?
- Depois de sair do lago... foi mandado para prisão.
- Prisão de salem?
- É...
- Mas como ele ficou... louco, o que ele fez depois de voltar do lago...
Morgan olhou para ele, sorriu.
- Não precisa se preocupar com isso, agora Harry acima de tudo, quero que durma, sei que é difícil... estamos sem possibilidade de arranjarmos boas poções... mas estávamos fazendo o possível para que você fique bom o mais rápido possível, perdeu muito sangue, a Srta. Weasley mandou uma carta para Hogwarts pedindo a Madame Pomfrey sugestões de poções.
- Onde estão os outros? – perguntou.
- Estão lá em baixo com sua esposa, não se preocupe com isso, se preocupe em ficar restabelecido, porque você está fraco e vai precisar descansar...
- Certo.
Morgan lhe deu um sorriso encorajador e se levantou com a Fênix em seu ombro...Kin o cobriu com um cobertor macio e seguiu Morgan quarto afora, Harry esgotado se deixou adormecer, só para não pensar em mais nada.
A sensação de ser uma coisa pequena e frágil demais ainda estava cravada em cada parte de seu corpo quando despertou, preferia dormir para sempre porque não queria pensar... odiava acordar assim, depois que esse tipo de coisa acontecia, além do mais, se fosse verdade, se ele realmente tinha um pedaço de alma em seu corpo, ele estava numa grande encrenca, era realmente chato pensar nisso. Só então percebeu o quanto se sentiu confortado, algo estava tão quente perto dele que se aproximou e se aninhou mais...
-Harry... – Gina sussurrou.
Ele sentiu então, ela estava sentada na cama, o abraçara, ele nem sentira, de tão profundo que era seu sono, ela o aninhara nos braços, e ele se sentia imensamente grato por isso, por aquele carinho, apenas apertou-a de leve, tão fraco que não tinha ânimo para abraçá-la, sentia as batidas do coração dela, tão fortes.
- Estou escutando seu coração – sussurrou.
- Que bom que acordou – ela sussurrou.
- Mas não quero levantar...
- Não, eu não ia deixar...
- Ah... bom...
Abriu os olhos e a olhou, ela tinha olheiras fundas... ela sorriu e passou a mão de leve no rosto dele, como se quisesse ter certeza que ele estava acordado e ali... ela fez um gesto rápido para fechar os olhos dele quando houve um barulho na porta, entendeu que devia ficar quieto, ele realmente não queria ver mais ninguém além dela...
- Ele já acordou? – alguém perguntou da porta.
- Não – ela respondeu.
- Então venha Gina, descanse um pouco – disse Rony.
- Não, ele está frio ainda...
- Vem dormir um pouco, ele está bem.
- Deixe eles – interviu a voz da Sra. Weasley – ele vai precisar dela quando acordar.
- Eu aviso quando ele acordar – disse Gina.
- Deixe-o dormir o quanto quiser – disse a Sra. Weasley – não o faça levantar, ele não vai estar em condições.
Escutou a Sra. Weasley dar um soluço estrangulado e sair andando. Gina apenas acariciou os cabelos dele devagar.
- Ele está bem, só muito fraco ainda.
-Eu sei... não o deixe levantar... Hermione está tentando conseguir mais poções, bem, tente descansar, deite com ele e tente dormir também. – Rony disse sério e o amigo fechou a porta.
Ele sentiu ela se mexer e se afastou devagar.
- Não precisa se afastar...
- Quero que você deite... sentada assim vai ficar mais dolorida que já está...
- Eu estou bem... não se preocupe...
- Me preocupo, você não precisava passar a noite cuidando...
Ela tapou a boca dele.
- Quieto... você é um teimoso, eu estou muitíssima bem, não é uma dor nas costas ou noite mal dormida que vai me aleijar... por favor... quero ficar aqui – deu um beijo na testa dele – eu quero cuidar de você.
Ele não tinha como protestar, como queria que ela estivesse ali cuidando dele, aceitou agradecido, sorriu, mas sim, não queria que ela tivesse passado por toda aquela preocupação.
- Eu estou bem, ta – disse passando a mão na testa dela, afastando o cabelo.
Teve que deixar o braço cair, tamanho esforço tinha sido fazer aquele carinho, ela o abraçou mais forte.
-Você não pode se mexer Harry, não pode fazer esforço... você sangrou demais.
- Então deite comigo... me abrace... e eu fico quieto... – disse olhando-a.
Ela sorriu, fez ele deitar e se enfiou na cama, o abraçou, ele sentiu o calor dela, de toda ela, como se passasse para ele, suspirou.
- Você ainda sente dor? – ela perguntou na orelha dele.
- Não, só um cansaço muito grande... desculpe por...
- Pare de se desculpar... você não tem culpa...
- Eu não queria deixar você preocupada...
Mas os olhos dela se encheram de lágrimas, ela tentou disfarçar, mas engoliu seco.
-Ah, Gina... me desculpe... você está tremendo.
- Harry, pare de se desculpar! – ela o abraçou forte – eu... fiquei preocupada sim, mas ah... Harry... por que tudo tem que acontecer com você... eu queria tanto que você não sofresse assim...
- Eu também... queria... muito.
Ficaram em silêncio, dormiram abraçados, compartilhando o mesmo calor, o mesmo ar, as mesmas batidas do coração, até que ela cedesse a ele toda a serenidade que ele necessitava.
Muito mais tarde trouxeram algo para comerem, mas ele só percebeu depois que Gina o acordou, ele sentou na cama, a barriga ainda doía como se ele tivesse sido socado, apenas beliscou as torradas e tomou o chocolate quente, Gina reclamou.
- Ah Harry! Trate de terminar essa torrada – ela sibilou.
- Não dá... não quero.
- Pare de ser infantil, como vai ficar de pé se não se alimentar? Tem que comer!
- Pare de me tratar como criança!
Ela riu maldosamente.
- Você age como criança Harry! Eu vou te deixar de castigo então!
- Como assim ajo como criança?
- Harry! Você tem trinta e sete anos, tamanho de vinte e cinco e cabeça de dezoito! Agora come!
“É assim é...” Fez a maior cara de pivete.
-AAAHHH NAAÃÃOOO! – balançou a cabeça “putz, minha cabeça ainda dói...”.
Ela riu.
- Pare de fazer essa cara...
- Qual cara? – ele a encarou.
- Harry!
- HARRY! Quê? – arremedou.
- AH! Você é impossível – sorriu maldosamente – sem mais chocolate então – puxou a caneca pra longe dele.
- Ah não... me dá.
Ela olhou para a cara sonsa dele, ficou em séria dúvida se era fingimento, até ele a olhar bem nos olhos fazer beiço e esfregar os olhos.
- Você é má.
Gina não resistiu, colocou tudo na mesa de cabeceira.
- Que foi? – ele inclinou a cabeça para lado, como os cães fazem.
- Não dá...
- Não dá o que?
- Você é muito fofo puxa vida.
Gina o agarrou, ele só percebeu que ela o estava beijando todo, queria muito ter forças para agarrá-la com força, mas só conseguia abraçá-la de leve, riu da sua própria incapacidade...
- Para de rir Harry!
- Abuso infantil é crime Gina...
- Eu devia te dar uma surra.
- Você realmente é má.
- Cala a boca.
- Não...
Mas ela o fez calar, beijou-o.
- Que bom que você está bem o bastante... – disse uma voz da porta.
“Não seja a Sra. Weasley, não seja, ia ser constrangedor...”
- Entra Mione – riu Gina.
Hermione riu os olhando com uma cara de gato que viu o canário.
- Conto, ou não conto? Conto ou não conto? – ela disse pegando a bandeja – “olha senhora Weasley, o Harry e a Gina estavam...”.
- Ah Mione... da mais uns minutinhos – pediu Gina – diga que ele ainda não acordou.
Hermione olhou bem para os dois, sorriu maldosa, mostrando a bandeja.
- Prova do crime... ele comeu – e saiu pelo quarto – ele comeu!
- Se ela ficar falando isso vão pensar bobagem – ele disse sério.
Gina ficou roxa de vergonha e saiu correndo atrás de Hermione, Harry sentou na cama apoiando os pés no chão, finalmente estendeu a mão para os óculos e o mundo entrou em foco... "com a Gina é tão bom que nem preciso ver..." pensou. Já ia se levantar estava imaginando o quanto de pessoas devia estar ali na casa dele por ele ter desmaiado assim.
- Não se levante.
Harry olhou para a porta e viu Morgan.
- Estou muito melhor, não se preocupe.
Mas ela continuou o olhando, mas não exatamente para ele, Harry percebeu que a mulher a sua frente estava vendo além, estava lembrando de algo.
- Morgan? O que foi?
A outra entrou, encostou a porta e sentou na cama à frente.
- Essas suas... “visões”, são sempre tão extremas?
Ela tinha um ar preocupado.
- Claro que não... nunca...
Foi tomado por lembranças dolorosas, tudo havia começado No Cabeça do Javali a pouco tempo atrás, sim, começou a lembrar daquela coisa penetrando em sua mente te dando ordens, dali em diante a cicatriz havia começado a doer de novo, e cada vez ela doía mais, estava ficando constante essa dor, como no passado.
- Harry... nunca?
Olhou Morgan, encontrou olhos preocupados.
- Não... nunca desse jeito – confirmou ele.
- Falei com Marsden a pouco, ele disse que não é a primeira vez que você sai fisicamente ferido por causa dessas dores.
- Eu sei – se sentiu idiota, fraco – aconteceu em Hogwarts também.
“Sim muito idiota, e muito fraco, impotente até, você não é capaz de se cuidar”.
- Harry eu queria te contar uma coisa... sobre o que aconteceu...
Harry olhou os olhos dela, Morgan estava muito tensa.
- O quê?
- Quando cheguei aqui, você estava gritando de dor, e aconteceu uma coisa estranha, algo começou a brilhar em você... isso faz algum sentido?
- Brilhar em mim? Como assim?
- Era estranho Harry, não dá para explicar... foi muito rápido...
- Efeito de luz talvez?
- Não sei, foi rápido, como se você fosse transparente, feito de fogo... Harry achei que você ia pegar fogo...
- Acho que não posso fazer isso – sorriu.
- Eu acho que pode.
- Posso?
- Soube que você também tem dom do Akasha.
- Consegui uma vez usar magia sem a varinha só...
- Se você conseguiu usar magia sem varinha depois de adulto, você tem esse dom e se não tomar cuidado... pode acabar colocando fogo em si mesmo – disse ela.
- Isso é grave.
- Vou te ensinar a dominar o Akasha em breve – disse ela – sua amiga Hermione foi a Hogwarts ontem, antes de você desmaiar.
- Rony comentou, estava aqui em casa na hora do desmaio – disse ele.
- Ela substituir a prof. De Estudos dos trouxas por um dia... enfim... se você acha que o pior já passou, vai ficar ainda mais preocupado quando souber o que aconteceu lá.
- O que?
*
Hermione tinha acabado de sair na lareira de flu da sala do diretor, Flitwick a aguardava, ela tinha aceitado dar um dia de aula em Hogwarts já que a professora de estudo dos trouxas tinha tido um imprevisto de ultima hora. Não seria problema, afinal, um dia de aula não mataria ninguém.
Tudo tinha ocorrido como ela esperava, deu aula para o sétimo, o terceiro e o quinto ano, viu Victoire naquele dia, parecia que a garota estava muito triste, ela tentou falar com garota, perguntar o que estava acontecendo, mas a única coisa que a ruiva respondia, era que estava tensa por causa dos N.I.E.M’s. Hermione sabia que esses N.I.E.M’s no fundo tinha um nome Ted gravado.
Já era noite e ela estava pronta para ir embora, tinha combinado com Rony que passaria na casa de Harry e Gina, estava se dirigindo para a sala do diretor para voltar quando escutou algo inquietante no corredor do terceiro andar. Havia alguém lá, a pessoa estava encostada na parede, parecia que estava apoiada. A respiração era grave e tensa, o corredor estava escuro, era difícil distinguir quem era. Hermione se aproximou para ver quem era e viu.
- Professora Trelawney? – sussurrou.
A mulher estava de costas para ela, respirava rápido, parecia que estava tendo algum ataque.
- Professora? – repetiu.
Estendeu a mão e tocou no ombro dela. A mulher virou-se na mesma hora e colocou a mão no ombro dela também. Hermione sentiu os dedos da mulher apertarem o seu ombro, viu que os olhos dela estavam meio fora de órbita...
- “O tempo está mudando... essa nova era de paz está chegando ao fim... aquele que todos temeram no passado está prestes a voltar... ele vai voltar... vai voltar mais poderoso do que nunca, mais cruel do que antes, mais violento... os tempos de trevas vão voltar e os bruxos terão que decidir se serão fieis a ele para sobreviver ou irão lutar contra desafiando assim a morte. Uma pessoa que estuda em Hogwarts vai trair seus amigos e vai ajudá-lo nessa regressão...” – ela deu um suspiro – “À volta daquele-que-não-deve-ser-nomeado se aproxima, quando o dia virar noite e a chuva cair fria...”. – a mulher soltou o ombro de Hermione, em seguida desmaiou no colo da mesma.
Hermione ficou desesperada, estava chocada com o que tinha acabado de ouvir, precisava avisar os outros... avisar Harry. Ela pegou a professora no colo e saiu andando em direção da ala hospitalar. Estava quase lá quando ouviu mais uma coisa inquietante no corredor ao lado, duas pessoas se falavam.
- Professor, eu peso perdão... mas isso é necessário – dizia uma voz masculina.
- Você só pode estar brincando, sou o professor de defesa contra as artes das trevas garoto!
- Não importa quem o senhor seja...
Ela olhou para o fim do corredor, viu a luz acesa da sala ao fundo, o que estava acontecendo ali?
“ELE VAI VOLTAR” disse uma voz em sua cabeça.
Ela então ignorou aquela curiosidade e levou a professora para a ala hospitalar. No instante seguinte ela já estava na gárgula subindo no escritório do diretor para voltar.
- Ah, estava te esperando... – começou a dizer Flitwick quando a porta da sala dele foi escancarada pela mulher.
- Foi um prazer professor, mas tenho que ir... tenho que resolver um assunto – disse ela atravessando a sala chegando perto da lareira – até mais – pegou o pó de flu do vaso ao lado e entrou – CASA DOS WEASLEY.
Uma chama verde irrompeu nela, e no segundo seguinte ela apareceu em casa. Bateu nas vestes de leve para tirar a poeira e passou correndo em direção da escada. Chegou em seu quarto rapidamente e agarrou um pergaminho, correu para a escrivaninha que havia ali e começou a escrever.
Sr. Ministro
Peço que verifique com urgência o departamento de ministérios, no Hall das profecias se apareceu alguma profecia nova criada hoje, por volta das nove horas da noite. É urgente!
Hermione Granger Weasley
Ela dobrou o pergaminho, olhou para os lados e achou a gaiola de sua coruja. Estendeu a carta para a ave e falou.
- Leve pro Ministério, com máxima urgência, para Arthur Weasley – disse ela.
A coruja pegou a carta com as patas e saiu voando pela janela. Hermione ficou olhando-a sumir no horizonte daquela noite fria. Saiu do quarto e correu para sala, olhou se tudo estava bem e aparatou.
Apareceu bem no meio da sala da casa de Harry, sentiu algo se chocar contra sua cintura. Ela olhou assustada e viu que era a pequena Lílian, que corria atrás de Hugo.
- Vai matar alguém aparatando assim Mione – disse Rony, que estava sentado no sofá.
- Cadê o Harry... Rony?
- Papai foi lá em cima ver a mamãe – disse Lílian vendo com o que havia se chocado e dando um grande abraço em sua tia.
- Que foi? – perguntou Rony vendo que ela estava preocupada com algo.
- Já te conto Rony, me leve até eles Li, por favor – pediu Hermione.
- Ta bom, vem.
Lílian começou a conduzi-la escada a cima, Rony ficou sentado olhando para ela confuso, estavam chegando no que era o quarto de Gina e Harry, a menina abriu a porta com força.
- Pai... a tia acabou de aparatar lá na sala querendo falar com vo... – mas ela parou ao ver o que ocorria no quarto.
- Ele ta sangrando muito! – disse Gina nervosa.
Sangrando? Hermione se adiantou atrás de Lílian e viu o amigo cheio de sangue. Sua cicatriz estava aberta, olhou para Gina assustada.
- Por Merlim, Harry o que é isso? – perguntou se abaixando ao lado de Gina para ajudar a amiga a estancar o sangue.
Mas ele não respondeu.
- Harry está me ouvindo? – voltou a perguntar Hermione.
- É a cicatriz que está sangrando, não meus ouvidos!
- É melhor deitar.
- NÃO!
- Harry... ela está certa – disse Gina.
- Eu não quero deitar ta bem? – disse ele – não quero mesmo...
- Papai...? – sibilou Lílian assustada.
- Lílian chame o Rony pra mim – mandou Hermione.
-Caramba... – resmungou Harry fechando os olhos com a dor.
Harry escorregou, Gina tentou segurá-lo, mas ele acabou sentado no chão...
Então Rony apareceu na porta, ofegante, tinha subido correndo. Olhou para ele, e a primeira coisa que disse foi:
- Hermione... vá chamar alguém... – entrou no quarto e se abaixou ao lado do amigo – sua cicatriz está sangrando...isso não é normal... Mione vai logo!
Ela se levantou, ainda deu tempo de ver o amigo desmaiar, e correu escada abaixo, chegou na sala e olhou Hugo sentado assustado, não sabia quem chamar, pensou na Sra. Weasley, no Kin...
CRACK
Um estalo soou e a frente dela e no meio da sala apareceu o Sr. Weasley, seguido de Kin e uma bruxa ruiva que ela suspeitou ser a tal Morgan que ouvira falar.
*
-... ela nem chegou a aparatar, deu sorte do Ministro vir correndo ver a situação após receber a tal carta que ela tinha enviado , por sorte eu estava no Ministério na mesma hora, eu e o Kingsley, viemos juntos com ele – ia contando Morgan a um Harry boquiaberto – suspeitamos que ela estaria na sua casa.
- Quer dizer então que a professora Trelawney fez uma profecia? – exclamou ele – sobre o Voldemort!
- Exatamente, pensei que você ia gostar de saber disso.
- Claro, eu adorei, vou mandar um buquê de flores pra ele quando ele renascer – disse arrogantemente.
- Talvez impedir a regressão dele seja inevitável.
- Não acredito nisso – disse ele.
- Foi uma profecia...
- Olha, eu não acredito em profecias – Harry olhou bem para ela – eu mesmo faço meu destino ok?
A mulher suspirou.
- Está na hora de fazermos escolhas difíceis – ela disse.
Levantou-se caminhando até a porta.
- Nos falamos depois Harry, quero que você esteja junto para discutirmos o que fazer a respeito disso, vou procurar o Marsden agora.
E saiu do quarto fechando a porta.
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