As Três Deusas do Amor



Hermione e Gina não puderam trocar mais uma única palavra a respeito do diário de Anne àquela noite. Não com toda a mesa da Grifinória medindo cada um de seus movimentos, atentos a cada palavra que pronunciava. Mione sabia que seria difícil, afinal de contas, já tinha vivido algo parecido ao ter ficado ao lado de Harry durante o quinto ano, quando todos os outros achavam que ele tinha ficado louco ou no mínimo, estava querendo aparecer mais do que o normal. Mas, Harry tinha razão... ela nunca saberia o que era se sentir evitada como alguém que tinha uma doença mortalmente contagiosa até sentir na pele... e bom, ela estava sentindo.
Justamente por esse motivo, fora o pior jantar de boas vindas do qual participara, de modo que assim que terminou, Hermione não quis fazer nada além de cumprir suas funções como monitora e se deitar, despedindo-se de mais um dia infernal na sua vida, desde que Malfoy entrara nela.
A manhã seguinte não chegou muito diferente. Lilá e Parvati, que já não eram o que se podia chamar de melhores amigas, estavam sendo mais ferinas que de costume, embora Mione apostasse a varinha que antes do escândalo todo, elas achassem Malfoy um bom partido como qualquer outro garoto bonito e rico da escola. Procurou sair do dormitório o mais depressa possível, se trocando e apanhando os livros que precisaria naquela manhã, descendo para a sala comunal e sinceramente esperando passar invisível por ela.
Tinha sido até bem fácil, embora seus ouvidos ainda tivessem a sensação de estarem escutando os gritos da Mulher Gorda ecoando pelo sétimo andar, perguntando o motivo dela, a grifinoriana exemplar, se envolver logo com um sonserino. Para sua sorte, àquela hora o castelo estava suficientemente vazio, então continuou a não atrair muita atenção; o único barulho que ouvia era o cochicho ocasional de um quadro ou outro, que aquela altura já sabiam absolutamente tudo sobre sua ‘vida amorosa’.
De qualquer maneira, a hora era oportuna e a preguiça dos alunos no primeiro dia letivo também. Tudo que precisava era ir até a biblioteca sem ter curiosos observando o quê estava fazendo. Como sabia precisamente o quê queria, não demorou mais do que precisava, voltando logo ao salão principal e parando próxima a escadaria, atenta ao primeiro sinal de longos cabelos ruivos. Primeiro, os alunos iam descendo mais espaçadamente e logo uma pequena multidão tomava conta das escadas junto ao Salão Principal. Mione praguejou mentalmente por ter uma amiga tão popular, já que Gina descia envolta de, no mínimo, umas seis pessoas. Mas não se intimidou; aproximou-se e com um sorriso seco passou uma das mãos em torno de um dos pulsos de Gina, puxando-a na direção oposta ao salão.
- Então... qual é o plano? - foi à primeira coisa que Gina indagou quando a amiga fechou a porta de uma sala de aula em desuso.
- Não acho que contar meu plano seja uma boa idéia. – ela disse com simplicidade - Se a Winchester for realmente “uma Hermione Granger, versão Sonserina”... - respondeu, lembrando as exatas palavras que a amiga usara na noite anterior -... ela poderia escutar nossa conversa de dez formas diferentes. E como não pretendo facilitar as coisas para ela, não contarei meu plano, Gina. - concluiu, virando-se para encarar a ruiva.
- Certo... então você me arrastou até aqui só para me contar sobre seu amasso com o Draquinho ontem no Expresso? – a ruiva perguntou em um tom divertido, erguendo uma sobrancelha – ...podia ter esperado pelo menos eu tomar meu café da manhã!
- Eu não dei amasso nenhum com Malfoy, Gina! - Hermione censurou mal humorada, fazendo uma careta de desgosto quando a amarga lembrança do beijo que Malfoy lhe roubara veio a sua mente. Suspirou – E agora não é o momento certo para brincadeiras, se quer saber...
- Ah, claro! Devo então ficar calada e de braço cruzados enquanto você resolve brincar de gato e rato com a Winchester? Sabe Mione, só porque o Rony é meu irmão não significa que sou tão burra quanto ele a ponto de não poder saber o grandioso plano de Hermione Jane Granger! - bufou Gina, cruzando os braços, carrancuda, totalmente impaciente.
- Eu não disse que você não saberia do meu plano. Apenas que eu não lhe CONTARIA! - Mione retificou, sublinhado no ar a última palavra - Mas já vou avisando que preciso que você deixe um pouco de sua aversão por livros... - ela tirou a mochila do ombro, apoiando numa carteira empoeirada. Abriu-a em seguida, parecendo vasculhar por algo.
- Desde que não seja nenhum livro envolvendo Transfiguração, não vejo problemas... - a ruiva respondeu com um semblante intrigado.
- E preciso que você estude isso escondido... - Mione acrescentou, puxando da mochila um livro bastante velho e surrado.
- E qual a razão para...?- mas Gina não completou, calando-se quando seus olhos castanhos pousaram na capa do livro - Mione! Isto é...
- Sim, um livro sobre Artes das Trevas! – Hermione completou, poupando o trabalho da amiga - Eu o retirei agora pouco da Seção Reservada da Biblioteca. - e ao ver que Gina a encarava estupefata demais para dizer alguma coisa, continuou - Eu sei que estou desobedecendo uns trezentos regulamentos de Hogwarts, mas preciso que você não só estude esse livro, como outros que irei pegar para você.
- Por quê? - Gina murmurou ainda espantada – Por que EU tenho que estudar e não você? Você é muito mais competente que eu e... - mas ela parou, a expressão de espanto de seu rosto sendo lentamente substituída por uma de entendimento. Gina tinha o dom de enxergar a áurea de objetos e pessoas que estivessem sobre influência de magia negra. Obviamente, Mione pretendia aproveitar essa habilidade para descobrir onde Elizabeth escondera o diário de sua mãe.
- Eu entendo se você não quiser fazer isso... - Mione falou baixinho. Sabia que Gina desprezava tanto as Artes das Trevas quanto ela própria - Posso partir para o plano B que não é tão eficiente e nem eficaz...
- Tudo bem... - Gina assentiu, abrindo a própria mochila para guardar o livro - Não que me sinta bem estudando esse assunto, mas se você diz que o plano A é melhor..
- Obrigada Gina. Sério... obrigada mesmo!
- Bom, já que está tão agradecida que tal me contar qual seu plano secreto para tirar uma lasquinha do Malfoy? - brincou a ruiva, dando uma piscadela safada a Mione, provavelmente querendo quebrar aquele clima de tensão.
- Por que tenho a impressão que você vai me atormentar com isso pelo o resto da vida? - Mione perguntou, revirando os olhos.
- Porque eu vou lhe atormentar com isso pelo resto da sua vida! - Gina respondeu sarcasticamente
- Você deveria se preocupar é com seus N.O.M.s Suas notas em Transfiguração no ano letivo anterior foram horríveis.
- Ah, desculpa, “mãe”. Se eu me esforçar mais nessa matéria, você promete que me tira do castigo?
- Eu desisto de você, Ginevra Molly Weasley... - Mione suspirou, falando o nome completo da amiga como um castigo – Eu preciso ir para a aula de Runas Antigas agora. Aproveite que seu primeiro horário é vago e coma alguma coisa, ok?
- Sim, senhora! - Gina respondeu, batendo continência para Mione - Vejo você mais tarde na sala comunal, certo?
- Certo. Boa aula! – Hermione despediu-se, voltando a colocar a mochila nos ombros, dando uma espiada no corredor antes de sair da sala e ganhar a larga e imponente escadaria de pedra, subindo até o terceiro andar. E, enquanto caminhava lentamente pelo corredor repleto de quadros de bruxos que conversavam alegremente entre si, sentiu-se invadida por uma indescritível sensação de alivio e felicidade. Era maravilhoso estar de volta ao castelo, mesmo que estivesse privada da companhia de Harry e Rony e sendo chantageada por dois sonserinos imprestáveis. Hogwarts era muito mais do que uma simples escola... era um castelo especial repleto de maravilhosas memórias. E agora mais do que nunca sentia uma dor forte no coração por já estar cursando penúltimo ano. Logo, chegaria o dia em que teria que se despedir de Hogwarts e, em seguida, de seus amigos. Após se formarem, cada um escolheria seu próprio caminho, o quê tornaria mais difícil vê-los com a freqüência desejada. Tinha tão pouco tempo... e justo agora estava tão distante das pessoas que mais amava naquele lugar!
Suspirou desanimada, entrando na sala da professora Bathsheba Babbling, esperando a aula começar. Exatamente como previra, a aula foi extremamente puxada e, pela primeira vez, sentiu dificuldade em compreender de primeira a matéria ministrada, inquirindo, por duas vezes, as modalidades de distinção de runas japonesas, coreanas e chinesas. Quando o sinal tocou, anunciando o fim da cansativa e complexa aula, a voz da professora se elevou ao barulho que os alunos faziam para guardar seus materiais e exigiu um trabalho de quatro metros sobre os diferentes tipos de runas asiáticas e duas traduções para a próxima aula.
Hermione gemeu baixinho. Amava estudar, é claro, mas o sexto ano era um dos mais trabalhosos de Hogwarts, com uma vasta quantidade de deveres, aulas complicadas e exigências de professores. Além de Runas Antigas, ela estava cursando Feitiços, Defesa contra Artes das Trevas, Transfiguração, Herbologia, Aritimância, História da Magia e Poções. E as aulas vagas que adquiriu por desistir de Trato com Criaturas Mágicas e Astrologia não poderiam ser utilizadas para estudo, já que as normas de segurança de Hogwarts tinham aumentado e agora os monitores, além de fiscalizar os demais estudantes, deveriam fazer rondas em duplas pelo castelo. Seria um grande desafio manter o nível elevado de suas notas, ao mesmo tempo em que descobria ONDE alguém com seu mesmo nível de inteligência e o menor escrúpulo teria escondido a aletheia de sua mãe, o quê diabos era uma aletheia e, principalmente, COMO lê-la.
Sem perder um milésimo de segundo sequer, Hermione atirou sua mochila nas costas e correu para biblioteca. Lá, separou cinco livros para seu trabalho de runas asiáticas (e outros três que seriam úteis para Gina) e dirigiu-se para a sala de Defesa Contra Artes das Trevas no primeiro andar, aproximando-se da fila que se formava na porta.
A sala de DCAT estava mais sombria que antes, com as cortinas fechadas e a iluminação feita totalmente a luz de velas. Novos quadros adornavam as paredes, vários deles mostravam pessoas sofrendo com pavorosos ferimentos ou com partes do corpo estranhamente distorcidas.
- Mione, aqui! - a voz arrastada de Draco Malfoy a chamou, apontando para a carteira ao seu lado. Suspirou baixinho, lembrando-se que seria forçada a aturar Draco Malfoy não apenas durante as aulas de DCAT, mas na de Poções, Transfiguração, Feitiços, História da Magia e Heborlogia também. Tentando esconder a cara de desgosto em ter que não só ver como passar a aula toda ao lado da maldita doninha dourada, caminhou na direção do garoto, sentando-se no lugar indicado.
-Obrigada! – falou baixinho, fingindo estar agradecida.
- De nada, meu amor! - Draco respondeu num tom irônico, que fazia Mione ferver por dentro. Para evitar que ele puxasse qualquer assunto, rapidamente abriu seu livro ‘De Frente ao irreconhecível’ e fingiu ler. Assim que Malfoy se afastou, entediado, para conversar com Zabini, arriscou olhar em volta, localizando Harry e Rony no fundo da sala. O ruivo fechou a cara e cerrou o maxilar quando seus olhares se encontraram, mas Harry sustentou o olhar por alguns segundos, imparcial, e fazia menção de gesticular algo com as mãos quando a porta de repente se abriu em um estrondo.
- Não pedi para vocês apanharem os seus livros! - a voz mal humorada e sarcástica de Severo Snape soou. Após piscar algumas vezes assustada, ela guardou depressa seu livro na mochila. Ele retirou sua varinha e magicamente, fechou a porta, virando-se em seguida para encarar a turma de sua escrivaninha - Quero conversar com os senhores e exijo sua total e absoluta atenção! Creio que vocês já tiveram cinco professores nesta matéria. Naturalmente, cada um teve o seu método e suas prioridades. Diante dessa confusão, é uma surpresa que tantos tenham obtido nota para passar nessa matéria. E surpresa maior será se todos conseguirem dar conta dos deveres dos N.I.E.M.s que serão bem mais complexos.
Devido ao susto por ser Snape a entrar naquela sala e pelo modo como ele falava, Mione estava encontrando um pouco de dificuldade para acompanhar as palavras do professor. Se Snape não tivesse interrompido com sua súbita aparição, Harry teria acenado para ela? Lançou um olhar de esguio para o garoto, mas ele agora encarava o professor com determinação, embora Mione tivesse quase certeza que ele não estava levando as palavras de Snape em consideração. Meneou o rosto e voltou a olhar o professor, a cabeça trabalhando a mil.
- As Artes das Trevas são muito variadas, inconstantes e eternas. –Snape continuou seu discurso, falando agora mais baixo, enquanto andava em volta da sala sombria, iluminada apenas pela luz das velas - Combatê-las é como combater um monstro de muitas cabeças, no qual, cada vez que cortamos uma cabeça, surge outra ainda mais feroz e inteligente que a interior. Vocês estão combatendo algo que é instável, mutável e indestrutível.
Hermione que, como os demais alunos, tinha esticado o pescoço para acompanhar os movimentos do professor, franziu levemente o cenho. O jeito como Snape descrevia as Artes das Trevas lembrava, estranhamente, as aulas que Harry havia ministrado nos encontros da AD.
- Suas defesas, portanto... - disse Snape alterando a voz -.. têm de serem flexíveis e inventivas como a Arte que vocês querem neutralizar. Esses quadros.. - ele apontou alguns à medida que passava - ...são uma boa representação do que acontece com quem, por exemplo, sofre a Maldição Cruciatus... - ele fez um gesto indicando uma bruxa que visivelmente urrava de dor -... sente o Beijo do Dementador... – agora o quadro representava um bruxo de olhos vidrados encolhido contra uma parede - ...ou provoca a agressão de um inferius... – apontava para uma massa sangrenta no chão.
Vários alunos saltaram exclamações de pavor e medo. Os olhos castanhos de Mione percorreram um a um todos os quadros nas paredes. Sentia-se angustiada e, ao mesmo tempo, aterrorizada. Sabia, por Lynda, que Anne tinha dons para as Artes das Trevas, mas se perguntava agora, se ela realmente GOSTAVA desse tipo de magia. Quer dizer, que espécie de ser humano gostaria de provocar em outro toda a dor e sofrimento retratado nos quadros?
- Então, já foi avistado algum inferius? - perguntou Parvati Patil com a voz aguda de medo - É oficial? Ele está mesmo usando Inferi?
- O Lord das Trevas usou Inferi no passado, o que significa que seria sensato presumir que pode tornar a usá-los - respondeu Snape. Mione mordeu o lábio inferior. Inferius. Mortos-vivos. Essas criaturas faziam lembrar-se da família Barader, seus criadores. Provavelmente, sua mãe tinha se envolvido com magia negra por culpa de Faust. Afinal, ele era loiro e sonserino, assim como Malfoy. Isto já era suficiente para provar que o seu padrinho não era bom caráter.
- Agora... - o professor recomeçou a andar pelo outro lado da sala em direção a escrivaninha, suas vestes escuras enfunando a cada passo e, mais uma vez, a classe acompanhou-o com os olhos -... creio que os senhores são absolutamente novatos no uso de feitiços mudos. Qual é a vantagem de um feitiço mudo?
Imediatamente, Mione ergueu a mão no ar. Sabia que não seria escolhida já que um garoto da Corvinal também se prontificara para responder. Mas, ainda assim, era uma pergunta. E, embora estivesse namorando o desordeiro do Malfoy, ela ainda tinha que manter sua imagem de aluna responsável e estudiosa.
- Sim, senhorita Granger?- Snape perguntou, para surpresa geral da classe.
- O adversário não pode prever que tipo de feitiço a pessoa vai realizar, o que lhe dá uma fração de segundo de vantagem. – Hermione respondeu prontamente, embora a mão ainda estivesse no ar, de surpresa pela escolha de Snape. Seus colegas de classe pareciam igualmente admirados, e foi somente ao lembrar-se deles (e especialmente de Rony) que a abaixara.
- Uma excelente resposta, senhorita Granger que merece cinco pontos para Grifinoria - Snape elogiou, fazendo o queixo de Mione cair completamente. Ela não conseguia acreditar! Acabava de não só ser elogiada pela resposta correta, como ganhara pontos para sua casa numa aula de Severo Snape! Hermione percebeu os olhos negros do professor passando de relance sobre Malfoy que sorria - Sim, aqueles que se aperfeiçoam e aprendem a usar magia negra sem proferir os encantamentos, passam a contar com o elemento surpresa em sua arte. Nem todos os bruxos conseguem fazer isso, é claro. É uma questão de concentração e poder mental que alguns não possuem. Os senhores agora vão se dividir em pares. Um parceiro tentará enfeitiçar o outro sem falar. O outro vai tentar repelir o feitiço em igual silêncio. Comecem.
Hermione estava em tal estado de choque que nem escutara o que o professor tinha dito. Somente quando Malfoy segurou seu braço e a guiou para um canto da sala, a fim de praticarem, que a garota voltou ao seu normal. Não se sentia nem um pouco a vontade em ter Draco como parceiro, mas não podia fazer nada. Por ser a namorada dele, era normal que os dois treinassem juntos. Além disso, Rony e, talvez, Harry, estavam brigados com ela e Neville havia desistido após receber o olhar de repúdio de Draco.
- Quem começa? Eu ou você? - Draco perguntou, cordialmente.
- Tanto faz... - a garota respondeu, dando de ombros. Arriscou um ligeiro olhar para Rony e Harry. Os garotos pareciam simplesmente ignorá-la. Suspirou resignada - Eu ataco e você defende - decidiu por fim.
- Ok! - assentiu Draco. E, embora o garoto soubesse executar um excelente Feitiço-Escudo, não conseguira realizá-lo mudo. Ao contrário, Malfoy murmurava o encantamento em vez de dizê-lo em voz alta. Snape que passeava iminente enquanto os alunos praticavam, simplesmente ignorou a “enrolação” de Draco. Mas, Mione, obviamente, não deixou passar, fazendo observações e censuras ao “namorado”, com ar severo igual ao da Professora MacGonagall. Faltando apenas dez minutos para concluir a aula, Hermione conseguiu repelir um Feitiço das Pernas Bambas, murmurado por Draco, sem enunciar uma única palavra. E, para sua surpresa, ganhara mais cinco pontos para Grifinória. Era óbvio que se Snape fosse realmente justo, ela conseguiria no mínimo uns vinte pontos, mas só o fato dele considerá-la como uma aluna, ao invés de ignorar sua existência como sempre fazia, deixava a garota totalmente desnorteada. Ainda sim, conseguia perceber que Rony, ao invés de se concentrar e lançar um feitiço mudo, lançava olhares de ódio profundo para ela e Malfoy.
- Patético, Weasley! - comentou Snape depois de algum tempo- Deixe-me mostrar a você...
Snape virou a varinha para Harry tão ligeiro que este reagiu instintivamente e gritou “Protego”. O Feitiço-Escudo foi tão forte que o professor se desequilibrou e bateu em uma carteira.
- Você está lembrado que eu disse para praticar feitiços não-verbais, Potter? - Snape falou de cara amarrada após levantar-se.
- Sim - respondeu Harry, inflexivelmente.
- Sim, senhor! – corrigiu-o Snape.
- Não é preciso me chamar de “senhor”, professor! - o garoto respondeu e vários alunos ofegaram inclusive Mione, que em seguida resmungou um “Harry, seu burro!” bem baixinho.
- Vinte pontos a menos para Grifinória! - disse Snape - E Detenção, sábado a noite, no meu escritório, Potter. Não admito atrevimento de ninguém... nem mesmo do Eleito.
Para alívio de Hermione, o sinal tocou, o que impediria que Harry fizesse mais alguma idiotice. Suspirou, arrumando suas coisas o mais rápido que podia. Não agüentaria ficar nem mais um minuto naquela sala sinistra, com um estranho Snape que a elogiava e lhe concedia pontos. Se bem que a garota tinha sérias suspeita que o professor havia provocando Harry de propósito, a fim de retirar os pontos que lhe dera.
Já tinha saído e a acelerava seus passos para alcançar Harry, quando alguém segurava seu braço. Ela olhou para trás e viu o rosto belo e pálido de Draco Malfoy.
- Mione... – Draco falou baixinho, enquanto os demais alunos passavam por eles, olhando-os curiosos - Preciso conversar com você... a sós.
- Draco, agora não. Preciso falar com o Harry primeiro! - e, achando que soara meio rude, acrescentou rapidamente - Desculpe.
- Mione, o assunto é urgente. Eu não posso esperar. É sobre a...
- Malfoy... - a voz de Snape interrompeu mais uma vez. Ele estava parado perto da porta, os braços cruzados - Preciso falar com você.
- Pode ir! - Mione disse feliz pelo professor tê-la interrompido, desta vez em um bom momento - Temos aula de Poções juntos hoje à tarde. Podemos falar disso depois! - e, sem esperar resposta, desvencilhou-se de Draco. Olhou em volta, ansiosa, mas Harry já havia sumido.
Xingando Malfoy mentalmente, ela seguiu para a sala comunal e aproveitou o intervalo entre suas próximas aulas para fazer o trabalho de Runas Antigas. Já tinha escrito seis metros quando percebeu que sua aula de Aritimância tinha começado. Desesperada, correu para a sala e corou ao sentir o olhar carrancudo da professora sobre si quando entrou. Mas, seu constrangimento não durou muito, pois logo ela se viu anotando fórmulas gigantescas e fazendo cálculos absurdos que a Professora Vector instruíra. Após receber mais uma enorme quantidade de dever de casa, o sinal tocou e ela fez o tão conhecido trajeto para a aula de Poções.
Hermione foi à primeira aluna a entrar na masmorra impregnada de vapores e odores estranhos e não deixou, é claro, de aspirar, interessada, ao passar por três grandes caldeirões borbulhantes. Cinco minutos após examiná-los atentamente, a garota já sabia quais eram as poções que eles continham. Um tanto satisfeita consigo mesma, sentou-se em uma mesa vazia, abrindo o livro ‘Os cem mais importantes artefatos de magia negra’ que pegara da biblioteca e começou a ler. A sala enchia-se aos poucos, mas Mione estava tão compenetrada na leitura que só a interrompera com a voz do professor Slughorn.
- Ora muito bem, ora muito bem, ora muito bem! Apanhem as balanças e os kits de poções e não esqueçam o manual de Estudos avançados no preparo de poções...
Ela começou a apanhar o material e só depois de organizá-lo que notara um pequeno bilhete no canto esquerdo na mesa. Curiosa, ela pegou o papel e leu “Olhe para sua a esquerda!”. Ao fazê-lo, deparou-se com Draco Malfoy que lhe mandando um beijo. Entreabriu os lábios meio tensa para em seguida ouvir um barulho de balança caindo no chão.
- Ora, ora! Cuidado meu rapaz! – o professor Slughorn censurou, encarando Rony que derrubara o material que pegara emprestado. O ruivo corou fortemente e, quando passou por Mione para sentar-se em sua cadeira, lançou-lhe um olhar de puro desprezo. Estava tão corada quanto ele e ao sentir aquele olhar preferiu não sustentá-lo ou fazer qualquer oura coisa, além de amaldiçoar Malfoy em pensamento, virando-se para frente de novo, completamente frustrada. Não queria ter que dividir a mesma sala com Malfoy e Rony sempre.
- Ora, muito bem! - recomeçou o professor. Mione passou a mão pelo rosto nervosamente, olhando de relance para a nuca de Rony, antes de voltar a prestar atenção no professor. - Preparei algumas poções para vocês verem, apenas pelo interesse que encerram, entendem? São o tipo de coisas que deverão ser capazes de fazer ao fim dos N.I.E.M.s. Já devem ter escutado falar de algumas, ainda que não saibam prepará-las! Uma única dica: são conhecidas como “As Três Deusas do Amor”. Agora, alguém sabe me dizer qual é esta daqui? - perguntou, indicando um caldeirão que estava preenchido por uma espécie de uma pasta azul turquesa. Obviamente Mione já tinha reconhecido as poções ao passar por elas... e por conhecer seus ingredientes não achava que seria realmente difícil de conseguir prepará-las com resultados eficientes. Que fosse. Seus braços já estavam a meio caminho do alto, preparando para responder a pergunta, quando Draco murmurou “Ferormônio” baixinho ao seu lado, de forma que só ela ouvisse.
E aquilo sim era demais! Aquele loiro maníaco devia conhecer a poção do ferormônio apenas por ser tão... tão tarado! Quantas garotas ele já não teria ludibriado com aquilo? Franziu o cenho e sua mão terminou de descrever o caminho até se erguer no alto, como se não tivesse escutado coisa alguma.
- É a poção do ferormônio, professor! - ela dizia, voltando abaixar a mão - ... é distinguível pela cor azul turquesa, pelo cheiro forte. Ela libera nas pessoas seus instintos mais... ahm... primitivos, fazendo-as desejar fortemente alguém... e também é conhecida pelo nome da deusa Freiya... - respondia prontamente.
- Se levarmos em conta o nível de encalhação do Weasley e sua total inexperiência... - Draco continuava pirracento no mesmo tom baixinho. Parecia que tinha tirado o dia para irritá-la - ...não creio que nem cinco litros da poção do ferormônio possa fazer efeito nele.
- Ora muito bem!- elogiou o professor Slughorn que não ouvira o comentário de Draco- Dez pontos muito bem merecidos para a Grifinória! Agora... e quanto a este caldeirão aqui? - ele perguntava, apontando para o caldeirão que parecia cheio de água- Alguém?
- Essa é a poção da obsessão! Ela é inodora e incolor e sua principal característica é que ao ser misturada com qualquer bebida, ela não altera o seu sabor. É também conhecida pelo nome da deusa Harot! - respondeu quase que mecanicamente, sem nem mesmo ter erguido uma das mãos.
- Excelente! Excelente! E está aqui minha cara? - O professor Slughorn exclamou, tão encantado com as respostas precisas da garota que emendou a próxima pergunta como se não existisse mais nenhum aluno na sala de aula.
- Essa é a poção do amor, professor! - ela respondeu naturalmente, como se estivesse apenas conversando informalmente com o professor - Desprende uma fragrância única para cada tipo de pessoa e,obviamente,é reconhecida pelo nome da deusa do amor mais famosa, Afrodite...
- Certo! Presumo que você a reconheceu pelo brilho perolado? - o professor Slughorn perguntou, animado.
- ...e pelo cheiro do meu perfume, Essência de Rabo-Córneo Húngaro, que você sentiu... - Draco disse desagradavelmente, baixinho, insinuando que um dos cheiros que agrava Mione era dele.
- Exatamente! - Hermione respondeu firme, emitindo um sorriso novamente, dessa vez, um sorriso mais social, ignorando claramente as palavras de Malfoy. Havia reconhecido a poção pelo cheiro sim, uma mistura incrível de flores do campo com menta, páginas de livros novos, e algo agressivo que lembrava ora vermelho, ora verde e dragões. Sabia que a poção do amor era capaz de fazer isso com as pessoas, mas não sabia que era capaz de sentir tantas coisas ao mesmo tempo! Mas, obviamente não ia dizer isso ao professor... muito menos diante de uma sala com tantos alunos!
- Excelente! - vibrou Slughorn - Pode me dizer seu nome, minha cara?
- Hermione Granger, professor... - ela respondeu, arqueando as sobrancelhas, prestando atenção única e exclusivamente no professor pela primeira vez, agora.
- Granger... Granger... Por acaso você é parenta de Hector Dagworth-Granger que fundou a Mui Extraordinária Sociedade dos Preparadores de Poções?
- Não, ela é nascida trouxa. Porém, se quiser saber alguém famoso que ela se relaciona, esse alguém sou eu, professor. Draco Malfoy, neto de Abraxas Malfoy... - Ela tinha apenas entreaberto os lábios para falar quando Malfoy a interrompia daquela forma grotesca, provavelmente achando que teria tantos créditos com Slughorn quanto tinha com Snape. Estava pronta para fazer uma carranca tremendamente feia, mas desistiu, ao perceber que eram o foco da atenção da sala. Mas não conseguia não lançar um olhar de plena censura ao 'namorado'.
- Sim, conheci o Abraxas... - Slughorn comentou em tom de conversa, embora seus olhos se estreitassem em censura - Lamentei quando soube do seu falecimento, embora não tenha sido inesperado; Varíola de dragão na idade dele... -Suspirou. Harry e Rony, automaticamente, trataram de disfarçar suas risadas com uma crise de tosse ao verem Draco lutando por prestígio era uma coisa engraçada que lhe foi negado era negado era impagável. Até mesmo Hermione teve de se conter para segurar as risadas. Mas tinha que se controlar muito mais do que Harry ou Rony, porque afinal de contas pegaria muito mal se a própria namorada zombasse do pouco caso que o professor havia lhe tratado. Malfoy, por sua vez, apenas fez um trejeito com os lábios, como se sentisse um gosto ruim na boca
- Ahá! Presumo que esta seja a amiga de quem me falou Harry. “Uma das minhas melhores amigas é trouxa e é a melhor da nossa série” - o Slughorn comentou. e o fato do professor voltar a falar a seu próprio respeito fazia com que voltasse a sua concentração natural.. Seus olhos chegavam a cintilar quando ouvia o que Slughorn dizia a Harry, seus lábios entreabrindo-se em um sorriso verdadeiro...
- É ela mesma, senhor - Harry respondeu, e Mione podia notar um certo tom de orgulho na voz do garoto. Ela sentiu o estômago dar voltas de felicidade, os lábios apertados num sorriso meio tímido, meio satisfeito. Ele fez menção de acenar, no entanto, recebeu uma dolorosa cotovelada do Rony e logo os dois começaram a discutir em tom baixo.
- Ora muito bem! Mais vinte pontos merecidos para Grifinória, senhorita Granger! As Três Deusas do Amor. Provavelmente essas três poções são as mais perigosas e poderosas já criadas. A primeira poção, conhecida como Feromoniums, é capaz de provocar um incrível desejo libidinoso incontroláveis em sua vítima. Ah, sim... - continuou, ao ver que Malfoy e Nott sorriam maldosamente - Com um pouco dessa poção, meus caros, vocês podem fazer a mais pura, recatada e tímida dama tornar-se uma maníaca sexual. Não é a toa que é extremamente controlado pelo Ministério da Magia.
- E quanto à poção do amor, professor? - perguntou Terêncio Boot - Ela REALMENTE faz a pessoa te amar?
- Ah não! A Amortentia, como também é conhecida, não gera amor de verdade. Não, a poção gera apenas uma paixonite. A vítima tem uma forte ilusão que te ama até os efeitos da poção cessar. Por isso, meu caro, se pretende realmente conquistar o amor de uma garota, recorra aos métodos tradicionais - explicou Slughorn, dando uma piscadela ao rapaz.
- E o quê difere a Amortentia da poção da obsessão, senhor? - indagou Terêncio.
- A poção Amortentia é um pouco mais leve, pois apenas cria um “amor à moda antiga”, faz com que a vítima cometa pequenas loucuras e juras de amor, sem alterar totalmente a sua racionalidade. Você pode, por exemplo, convencer a vítima a terminar seu casamento e fugir com você para as Ilhas Gregas, mas ela jamais se mataria, ou cortaria um pedaço do seu próprio corpo, ou daria toda suas economias, pela pessoa que ela “supostamente” está apaixonada. Em suma, uma pessoa sobre o efeito da Amortentia é incapaz de fazer algo que lhe prejudique seriamente ou a outrem. Após 4 horas, a vítima retorna ao seu estado normal e nem se lembra do quê aconteceu. E o grande defeito dessa poção é a dificuldade em conseguir ludibriar alguém a ingeri-la, já que ela é facilmente perceptível pela sua cor perolada e, no caso de você pretender misturá-la com alguma bebida ou comida, ela alterará o seu gosto e o cheiro, deixando-os insuportavelmente doce. Já a Obsessione é muito mais perigosa. Ela não produz uma paixonite, mas sim a pura obsessão. Enquanto que a porção do amor produz seus efeitos imediatamente após ser bebida, a Obsessione só funciona quando a vítima é tocada por aquele que produziu a porção.
- Como assim? - agora foi à vez de Enerto Macmillan perguntar.
- A poção da obsessão, para produzir efeito, necessita que o autor da poção fique em contato físico direto, ou sendo mais especifico, as peles da vítima e do autor da poção devem entrar em contato uma com a outra. Quando isto acontece, a vítima simplesmente perde toda sua racionalidade, tornando-se vulnerável mentalmente e tomada por uma avidez tão grande que é capaz de fazer qualquer coisa, qualquer coisa mesmo, desde matar os pais, roubar Gringotes, suicidar-se... enfim, ela fica totalmente submissa até que o contato físico com o autor da poção cesse. Então, a vítima pode retornar a sua racionalidade, no entanto, o efeito é perpetuo e, cada vez que o autor lhe tocar, os efeitos da poção retornarão com a mesma intensidade.
- Perpétuo? Então, não existe um jeito de acabar com isso? - indagou Miguel Corner.
- Existem duas formas: a vítima manter-se distante, sem nenhum contato físico da pessoa que é a fonte da sua “obsessão” ou matar essa pessoa - o professor respondeu, com uma voz mais fúnebre e ficou em silêncio por alguns minutos para dar um ar teatral.
- Bem, agora, está na hora de começarmos a trabalhar! – disse o professor, em um tom mais animado, tirando do bolso um minúsculo vidro contendo um líquido de cor de ouro derretido que soltavam pequenas gotas que não escapavam do recipiente devido a rolha que o tampava – Neste frasquinho, senhoras e senhores, há uma poção curiosa chamada Felix Felicis. Suponho - e ele se voltou para Hermione que deixou escapar uma exclamação audível - que a senhorita saiba o que esta porção faz, senhorita Granger?
- É a sorte liquida - Mione respondeu como de costume - Faz a pessoa ter sorte.
- Correto. Dez pontos para a Grifinoria. É uma poçãozinha engraçada a Felix Felicis - explicou Slughorn - Dificílima de fazer e catastrófica se errarmos. Contudo, se a prepararmos corretamente, como no caso, vocês irão descobrir que seus esforços serão recompensados... pelo menos até que passar os efeitos. E a poção é o que vou oferecer de prêmio nesta aula. Agora preciso avisar que a Felix Felicis é uma substancia proibida nas competições oficiais, eventos esportivos, por exemplo, exames e eleições. Por isso quem ganhar deve usá-la somente em um dia comum... e observar como esse dia comum se torna extraordinário. .
- Então - disse o professor repentinamente energético - como irão ganhar esse prêmio fabuloso? Bem abrindo a página 10 de Estudos Avançados no Preparo de Poções. Ainda nos resta mais de uma hora que deve ser tempo suficiente para vocês fazerem uma tentativa válida de preparar uma poção do Morto-Vivo. Sei que é muito mais complexa do que muitas outras que já possam ter feito antes e não espero que ninguém faça uma perfeita, mas a dupla que a melhor fizer ganha a pequena Felix aqui.
Houve muito barulho quando os alunos arrastaram objetos e puxaram seus caldeirões para perto, e batidas estridentes à medida que acrescentavam pesos aos pratos das balanças, mas ninguém falou nada, aparentemente mais preocupados, talvez pela primeira vez na vida, com o preparo da poção.
Malfoy imediatamente fez dupla com a “namorada”. Afinal, se não conseguia prestígio com o professor pelo nome, usaria a garota. E embora Draco fosse um mesquinho, orgulhoso, descarado, metido, arrogante e outras coisas ruins a mais, Mione ficou surpresa ao ver que Malfoy realmente era bom em poções. Talvez, suas notas elevadas nessa matéria tinham sido por mérito e não por ajuda de Snape. Mesmo assim, Mione colocou-se em uma posição de liderança, dando uma ou outra ordem que Draco acatava sem reclamar apenas pela avidez de ganhar aquela Felix Felicis. Eles estavam se saindo bem, pelo menos em comparação com a turma, até que, alguns minutos depois, Malfoy se desconcentrou, deixando de obedecer as instruções de Mione para observar Harry.
- Malfoy, Slughorn deu um tempo para terminarmos isso, e não vai ajudar você se desconcentrar desse jeito! - ela murmurou de mal humor, sem tirar o olhar dos seus afazeres.
- Granger, o Precioso Potter está trapaceando! - ele sussurrou, enquanto Harry girava o caldeirão no sentido anti-horário (ao contrario do que o livro mandava) e obtinha melhores resultados que Mione e Draco. Ela ergueu o olhar por uma fração de segundo.
- Mas o quê....? - mas logo voltava a sua tarefa - Deixe-o Malfoy... ele... ele deve saber o que está fazendo. Se quer ganhar a droga da Felix Felicis se concentre em nós! - e com um suspiro resignado, Draco voltou a se concentrar na poção.
- E acabou-se o tempo... - Slughorn anunciou, faltando dez minutos para o término da aula. Hermione acompanhou com um olhar o professor passar pelas mesas de cada dupla. Quando chegou a vez deles, Mione sentiu um esgar de alivio ao vê-lo fazer um sinal de aprovação. Mas esse frágil palanque de orgulho desmoronou segundos mais tarde, ao ver o olhar ainda mais brilhante pra direção de Harry.
- Ah não... - murmurou baixinho, fechando ainda mais a cara.
- Eu falei pra você... - sussurrou Draco para Mione, tão amuado quanto ela.
- Sem dúvida, os vencedores! - Slughorn exclamou se aproximando de Harry e de um Rony estupefato - Excelente, Harry! Deus do Céu é inegável que você herdou o talento que sua mãe tinha para poções. Tome aqui, então: um frasco de Felix Felicis, conforme o prometido. Use bem! - elogiou, como se Rony não existisse, e entregou o frasco a Harry que guardou no bolso, orgulhoso, evitando olhar para os outros alunos que o encaravam com raiva e desapontamento.
- Mas isso só pode estar errado... - continuou a garota, falando baixinho para si mesma, quase que ignorando o breve comentário de Draco - Como ele...? Nem terminamos a nossa! - dizia arrebatada, começando a guardar suas coisas.
- O livro... - disse Draco, arrumando suas coisas também - Tem alguma coisa naquele livro. Outras instruções que Potter seguiu...
- Mas... - Mione deu uma última olhadela nos amigos, que também arrumavam seus materiais - ...foi Slughorn quem deu a ele! - exclamou indignada, achando ultrajante a idéia de que um professor pudesse trapacear dessa forma.
- Vai ver pertencia a alguma outra pessoa que também colava para tirar notas boas... - disse Draco, dando de ombro.
- Cola? Mas... que cola? Era um livro! Não pode ter nada diferente do nosso! - ela cochichava, dando-se pela primeira vez a oportunidade de conversar com ele, ainda que fosse aquele tipo de assunto.
- Bom, se quiser mais detalhes, pergunte ao “Eleito” das Pescas... - ele respondeu, jogando a mochila nas costas. Mione o imitou, passando a mochila pelos ombros, intrigada.
Ela meneou o rosto em negativo, não convencida de que Harry estivesse colando... não de um livro que o próprio professor havia lhe dado. Tubo bem que Slughorn parecia venerá-lo, mas até aí... Encolheu os ombros. Não importava... tudo bem que uma Felix Felicis seria uma dádiva em sua vida, na atual situação em que se encontrava, mas no final das contas, teria que dividi-la com Draco... o que praticamente anulava o efeito da poção, a seu ver. Encaixou a outra alça da mochila, no ombro, carregando-a corretamente para andar mais depressa, se afastando de Malfoy sem nem ao menos dizer nada:
- Harry! ...HARRY! - ela chamava, enquanto corria e se desviava dos demais alunos para chegar até o amigo.
Harry parou ao ouvir Mione o chamar e virou-se para amiga. Mas, quando abriu a boca para responder, Rony foi mais rápido:
- O quê é que você quer com o Harry? - perguntou, fitando-a com raiva.
Hermione parou ofegante, mas ao mesmo tempo exultante, diante do amigo, tentando recuperar o fôlego, embora sorrisse... como se o simples fato dele atender seu chamado fosse um progresso valioso. Estava se preparando para começar a falar, quando Rony a tratava daquela maneira. Não que esperasse que o ruivo fosse ao menos educado... sabia o quanto ele estava ferido, e o quanto ele tinha razão para estar... mas não podia querer feri-la através de Harry, podia? Querer que se isolasse àquele ponto... e a simples possibilidade dele estar fazendo isso a deixava louca. Não furiosa como ele devia estar... mas brava o suficiente para ignorá-lo e dirigir-se a Harry, como costumava fazer, quando se desentendiam quando amigos.
- Harry... - ela começava, enfatizando o nome - ...eu gostaria de agradecer... agradecer por falar bem de mim para... para o professor Slughorn!
- Bom, não foi nada demais... eu só falei a verdade... - o garoto respondeu, passando a mão na nunca, levemente constrangido.
- Deveria ter acrescentado que o fato de ser a melhor da turma não a impede de se entregar para qualquer tipinho famoso que aparece - Rony interpelou, sarcástico.
Hermione sorriu para a gentileza de um amigo, só para em seguida travar os lábios com a grosseria do outro. Mione não era do tipo de garota frágil, pelo menos, não daquelas que se esbugalhava em choro em público, como Lilá e Parvati sempre faziam... mas ser tratada daquele modo por Rony... a fazia sangrar por dentro. Seus olhos marejaram imediatamente, mas ela prosseguiu, usando um tom de voz firme.
- ...foi realmente muita, muita gentileza de sua parte Harry... - ela murmurava a voz ligeiramente trêmula. A expressão de Harry suavizou ao perceber a voz trêmula da garota. Fitando-a com solidariedade, ele abriu a boca para tentar consolá-la, mas foi interrompido mais:
- Muita gentileza mesmo, Potter. Espero que não esteja dando em cima da minha namorada! - brincou uma voz arrastada atrás de Hermione. Draco Malfoy se aproximou do Trio Ternura, um sorriso cínico nos lábios e as duas mãos no bolso, em uma elegância rebelde que Harry e Rony nunca conseguiriam ter na vida.
- Falando no filho da puta escroto... - Rony comentou, o rosto ficando levemente vermelho.
Hermione sentiu o sangue congelar ao ouvir a voz arrastada tão conhecida. Mordiscou os lábios e fechou os olhos, denunciando mesmo aos amigos que a presença de Draco naquele momento, não era bem vinda. Suspirou baixinho, virando-se para o loiro.
- ...Draco... - ela começou, ainda no tom trêmulo. Sempre vacilava quando tinha que chamá-lo pelo primeiro nome - ...não é a melhor hora...
- Hermione é minha MELHOR AMIGA, Malfoy! - Harry respondeu ríspido, fitando Draco com raiva - Eu a elogio quando eu quiser!
- Ora, Potter, eu só estava brincando. Sei que você prefere as asiáticas a Mione, embora nunca vá compreender a razão obtusa disso... - Draco prosseguiu simplesmente ignorando o aviso de Mione. Ao contrário, se aproximou dela e passou a mão pelo seu ombro - Me preocupo com o Weasley... você viu na casa dele, não? A forma como ele me tratou quando descobriu que eu e Mione estamos... nos amando... - ele dizia. Hermione tinha certeza que ele tinha feito a pausa propositalmente, a fim de escolher a palavra que mais irritasse Rony.
- Malfoy, seu cu loiro lazarento! - Rony rosnou, ameaçando ir pra cima de Draco, se Harry não o segurasse a tempo - Eu SEI que você está usando uma de suas poções com Mione... ou chantageando-a de alguma forma!
Hermione se encolheu ao toque de Draco, amaldiçoando-o mentalmente de todas as formas que conhecia, e a convivência com Rony tinha sido muito produtiva nesse sentido. Sentiu um calor grande no coração quando Harry enfrentava Malfoy daquele jeito, mas não podia agradecê-lo por aquilo... e mesmo se pudesse, Malfoy não teria lhe dado a chance. Seu estômago dava voltas ao ouvir Rony insistir no assunto da chantagem ou maldição... mas o que podia fazer? Gritar, dizendo que ele estava certo, e que ele era o único garoto que já tinha amado na vida?
- Draco! Provocar meus amigos dessa forma é inadmissível! - ela dizia num tom forte, embora não pudesse ser tão ríspida quanto gostaria.
-Weasley, você é simplesmente ridículo... - Draco respondeu, soltando Mione e dando uns passos na direção de Rony que estava sendo segurado, as custas de muito trabalho, por Harry - Poções? Chantagem? Ora, por favor! Não desmereça meu charme irresistível com as mulheres! - acrescentou, na maior cara de pau, como se nunca tivesse feito o pacto de sangue com Mione. Em volta, alguns estudantes paravam e observavam a cena - Só porque você é INCOMPETENTE em lidar com mulheres, não quer dizer que TODOS sejam assim.
- Malfoy, é agora que quebro tua cara, seu viado! Rony explodiu, o rosto vermelho como seus cabelos, livrando-se de Harry e agarrando Draco pelo colarinho.
- Rony, não.. -Harry protestou, tentando em vão impedir o amigo.
- Bora, Weasley, ARREBENTA MINHA CARA! - Draco respondeu, quase gritando, a expressão tão irada quanto do ruivo. - Vamos, não é assim que você age? Culpando as outras pessoas pelos seus erros? Hermione sempre andou com você, por SEIS ANOS, seu puto! Alguma vez você olhou para ela? Alguma vez a viu como mulher? Não! A porra do seus olhos estavam sempre voltados pros traseiros das veelas, não? - pela primeira vez, Mione podia ver os olhos cinzas de Draco brilhando de ódio e não com aquela arrogância ou desprezo de sempre - Até mesmo quando Krum tentou roubá-la de você, você só tinha olhos para aquela francesa irritante, não? Alguma vez você pensou nos sentimentos de Mione? No quanto você a feriu ou no quando ela sofreu por você? O Krum foi um aviso, mas você não percebeu, não foi? Você permaneceu confiante, achando que Mione ficaria ETERNAMENTE a sua espera, não? Mas, sinto muito, Weasley, mas eu ADORO bancar o estraga prazeres! Eu não vou permitir que você faça isso com ela! Mione agora é MINHA. Ao invés de você ficar culpando os outros ou bater neles, devia era tentar roubá-la de mim! - continuou em tom de ameaça - Se acha que estou a chantageando, então descobre algo podre ao meu respeito e me faça terminar o namoro! Se acha que estou usando poção, então pode entupi-la de antídoto! Vamos Weasley... - Draco atiçou, ao ver que Rony simplesmente o fitava estupefato, abrindo e fechando a boca várias vezes, sem emitir uma única palavra - Tome uma atitude, seu covarde!
A primeira reação de Hermione foi de segurar Malfoy, com medo que ele realmente partisse pra cima de Rony... mas conforme o loiro ia falando ia empalidecendo mais rápido, a boca se abrindo sem que ela tivesse realmente consciência do que estava acontecendo. Engoliu com dificuldade, e demorando a tomar alguma atitude depois do que Malfoy dizia... piscava os olhos várias vezes e então fechava a boca, ainda sem cor.
- Já chega... Draco... - murmurava trêmula, usando todo seu auto controle para não se trair e deixar evidente para Rony e Harry que estava de fato sendo manipulada... e não importava que Malfoy tivesse jogado verdades sérias na cara de Rony... ele não tinha o direito. Puxou-o pelo braço- ... Desculpe... Harry... Rony... - disse baixinho, antes de se afastar dali, sem esperar nenhuma reação da parte dos amigos. Draco simplesmente se desvencilhou de Rony e deixou-se guiar por Mione.
- Você é muito mais covarde que eu, Malfoy! - Rony gritou, quando finalmente se recuperou, antes que Draco sumisse da sua vista.
- Eu sou um SONSERINO, Weasley! Esse tipo de atitude é típica da minha casa! Qual é a sua desculpa? - Draco respondeu, no mesmo tom, virando o rosto para fitar Weasley, embora não parasse de andar.
- Cale a boca, Malfoy! - Ela dizia ainda no tom trêmulo, os olhos marejados não tinham tido tempo de se recuperar. Mas agora mais distante, dava-se ao luxo de poder tratá-lo como merecia - ... cale essa sua maldita e estúpida boca! - prosseguia, continuando a andar, aparentemente sem rumo, só querendo sair daquele lugar.
- Perdão por ter orgulho próprio e não ficar me rebaixando como VOCÊ faz pelo Weasley! - Draco bufou de volta, embora tivesse mais calmo
- ...perdão por ter coração e sentir falta dos meus amigos! - ela vociferava de volta, perdendo o controle.
- Potter voltou a falar com você, não? - ele devolveu, raivoso, parando e forçando-a a se virar - E a garota Weasley também, não? O único que continua com a atitude babaca é o Weasley! “A melhor da turma não a impede de se entregar para qualquer tipinho famoso que aparece” - Draco acrescentou, fazendo uma bizarra imitação de Rony - Pelas barbas de Merlim, Granger! Até eu sei que você não é uma garota desse tipo! Mas, o imbecil continua a te encher e você fica comendo tudo calada! Ou pior, CHORANDO! Porque aquele idiota pode não perceber, mas eu SEI que você engoliu o choro quando ele disse isso!
Ela parou por um instante, escutando ofegante o que ele tinha a lhe dizer, meneando o rosto. Ele tinha razão... Gina nunca a abandonara e Harry estava dando sinais claros de que apesar de tudo, não queria se afastar dela. Seu problema era realmente com Rony... mas o que podia fazer, se a indiferença dele a machucava mais do que qualquer outra coisa?
- ...você não sabe absolutamente de nada, Malfoy! Então não fale como se importasse comigo! - ela dizia irritada, os olhos vermelhos. O fato de Draco estar lhe jogando na cara que estava prestes a chorar lhe dando força para engolir o choro de vez.
- Puta que pariu! Como você pode ser tão orgulhosa assim e ter caído na Grifinoria? - ele resmungou, aproximando-se mais dela, tocando de leve o seu rosto e buscando seus olhos castanhos - Se quer chorar, chora logo de uma vez! - acrescentou mais baixo e mais calmo, sua testa tocando a de Mione - Chorar não é sinal de fraqueza, Granger! - sussurrou por fim.
Ela arregalou os olhos de surpresa, dando realmente por si só quando eles tinham se aproximado. Era tão estranho ver aqueles olhos cinzas, sempre tão frios, cruéis, sarcásticos sendo capazes de transmitir um sentimento de compaixão... aquilo era tão reconfortante... tão humano... tão anti-Draco Malfoy. Foi quando esse pensamento lhe veio que ela percebeu que eles estavam no meio do corredor principal da escola, ali, as testas juntas, em uma cena romântica... era pedir demais para que não notassem. Engoliu com dificuldade, afastando-se com cuidado, para não chamar mais atenção do que precisava
- ...não estou com paciência para seus showzinhos de exibicionismo, Malfoy... ninguém importante está olhando... me deixa em paz... - murmurava difícil, olhando-o nos olhos antes de se virar, pronta para dar passos e se afastar definitivamente dele.
- Eu não estou fazendo showzinho, Hermione... - ele respondeu, sério.
Ela parou de costas para ele. O rosto virando devagar, de forma que apenas seu perfil ficasse visível. Obviamente não acreditava nele... mas aquele tom de voz... Virou o corpo todo, bastante devagar, até ficar de frente para ele, novamente.
- ...não? E o que é que está fazendo, então? - perguntava, menos ferina do que pretendia.
-Tentando te ajudar a extravasar seus sentimentos. Mas, eu não passo de um filho da puta escroto e insensível, não é? - ele indagou, parecendo abatido
- ...não combina com você! - ela respondeu com prontidão, embora num tom bem mais ameno, como se aquele ataque de sensibilidade nele o tornasse um monstro com cinco cabeças e sete braços.
- Está certo, então. Da próxima vez, não me darei ao trabalho de te consolar... para quê? É muito melhor para você fugir do mundo e esconder suas dores... completamente sozinha e ferida... - ele continuou, naquele tom de voz sério - Espero que consiga extravasar suas dores assim, porque não pretendo mais perder meu tempo tentando ajudá-la a se reerguer, já que isso não combina comigo ... - disse, abrindo a porta em frente ao corredor que dava para a sala vazia de História da Magia.
Ela frisou o cenho, completamente sem entender porque é que ele estava fazendo aquilo, como se estivesse realmente chateado com o que ela tinha feito. Como se fosse a primeira farpa que tinham trocado na vida. Suspirou. Pelo menos ele estava voltando ao normal... entrou na sala, revirando os olhos... de uma forma ou de outra, já bem melhor do que se sentira na presença de Rony. Entrou na sala atrás dele.
Draco se atirou na primeira cadeira que viu. Suspirou, passando a mão pelo rosto e em seguida afrouxando a gravata do pescoço. Por fim, pegou a mochila do chão e pôs no seu colo, abrindo-a e retirando dela um livro. Não, Mione podia reconhecer a aparência gótica daquela capa... Draco estava segurando a aletheia de sua mãe.
- ...como... como é que... isso foi para... nas suas mãos? - perguntava devagar e calma, como se ainda não acreditasse que fosse verdade.
- Eu tirei do malão antes da Weasley... - Draco respondeu o quê Mione pode identificar como mentira. Ele passara o tempo todo ao seu lado e só se separou quando a confusão de Gina se iniciara. Provavelmente, Betsy fizera isso - Dumbledore já estava sabendo que um item de magia negra entraria pela escola, embora não creia que ele estava pensando nesse específico. Então, ele instruiu aos monitores chefes que omitisse dos demais subordinados que a Estação de Hogsmeade estava repleta de Aurores vigiando. A única forma de um aluno entrar com o item em Hogwarts era escondendo-o em Hogsmeade e depois indo buscar. Mas, se ele fizesse isso, seria visto e barrado pelos aurores.
Ela meneou o rosto, se aproximando mais, bebendo cada palavra dele, o cérebro trabalhando a mil. Sabia que não tinha sido ele, mas apenas a título de saber como Elizabeth tinha feito, perguntou, como se não desconfiasse de nada.
- ...e com é que foi que você fez isso? - e para ele não desconfiar, emendou - ... e por que é que você não me avisou? Queria me deixar maluca, achando que eu perdi o diário?
- Porque eu fiz propositalmente o Hyuuga voltar toda a atenção para você, o quê me deixava livre para agir. E se eu lhe avisasse, era bem capaz dele descobrir - Draco respondeu, simplesmente, ainda com aquele ar de sério - E eu fiz isso da forma que você já sabe: com a ajuda de Elizabeth! Ela me disse que, provavelmente, a essa altura você já sabia que era ela que estava por trás de tudo - terminou, esticando o braço e oferecendo o livro para Mione pegar.
Ela frisou o cenho novamente... não estava disposta a retornar a discutir e deixá-lo furioso, então achou melhor se aproximar mais e pegar o diário. E por mais que soubesse que tinha sido Elizabeth e que isso a deixava doente, não dizia nada, apenas trazendo o livro para a proteção de seus braços, abraçando-o.
- ...obrigada. - murmurava num tom baixo, olhando-o de forma diferente. Talvez acreditando que por mais que ele tivesse escondendo alguma coisa, tivesse feito aquilo para ajudá-la de fato. Ou não. Mas de qualquer maneira o diário estava em suas mãos...
- “Obrigado”, é? - ele soltou uma risadinha desdenhosa - Isso não combina com você. Você deveria é ter dado um tabefe na minha cara e me chamado de sacana, porque é isso que sou apesar de querer ajudar, não é?Um sacana insensível a dores alheias e que vive fazendo sozinho... - comentou irônico.
Surpreendentemente ela ficou calada. Pelo visto era humilde o suficiente para reconhecer seus erros... ou o que achava que seriam erros. Comprimiu os lábios, envergonhada de seu próprio comportamento... aquilo era típico de Malfoy, não acreditar nas pessoas... duvidar da essência delas... e tudo bem, estávamos falando de Malfoy... mas e se mesmo ele fosse capaz de se preocupar? Bom... ele tinha lhe dado o diário de novo, não tinha? Suspirou.
- ...olha Draco... realmente me desculpe. Eu estava nervosa e agitada, não estava pensando realmente no que estava falando... de verdade... me desculpe e... obrigada pelo diário... - murmurava num tom de voz limpo. Não estava pedindo desculpas por pedir. Realmente sentia muito.
- Certo Granger. Perdoada! - ele murmurou, uma das sobrancelhas erguidas... e embora Hermione preferisse não pensar a respeito, seu novo tom de voz não parecia em nada com aquele de minutos atrás, quando ele parecia lhe conhecer tão bem - Só mais uma coisa. Betsy mandou avisá-la que estará lhe esperando dia 12 de setembro, após a última aula, na sala precisa, para fazer um novo pacto: ela lhe ajudará a abrir a aletheia e descobrir mais sobre sua mãe e, em troca, você começa a se comportar como uma verdadeira namorada em publico.
Ela suspirou, apenas olhando-o, protegendo o diário nos braços como se estivesse segurando uma criança pequena. Piscou algumas vezes, quando ele falava sobre o pacto novamente de forma tão descarada... mas de repente, o que lhe incomodava na fala dele, não era o fato de ter que se comportar como namorada dele de fato, e sim Elizabeth estar no meio, de novo.
- ...eu achei que VOCÊ me ajudaria a descobrir, se eu aceitasse o pacto... - ela dizia com desdém, deixando claro para ele que não gostava nem um pouco da presença da sonserina.
- Bom, uma vez que ela é minha parceira nisso tudo e... - Draco parou bruscamente e seu rosto se iluminou, como se surgisse em sua mente uma idéia para uma poção que renderia fortunas - Granger, você está com ciúmes de mim com a Betsy, não é? - indagou, interpretando totalmente errado o motivo da hesitação da garota.
Ela estreitava perigosamente os olhos castanhos, quando ele dizia que ela era sua parceira, e ao contrário de se indignar, parecia apenas mais furiosa quando ele fazia aquela insinuação absurda.
- ...não seja patético Malfoy! Só não gosto dela metida nas MINHAS coisas! Ela não tinha nada que saber da existência do diário...
- Sei... - disse Draco simplesmente, nada convencido com a resposta de Mione - Pelo visto, Betsy superestimou sua inteligência, Granger. Ela me disse ontem para tomar cuidado com o quê contar para você, já que, nessa altura, você já teria percebido não só que eu estava agindo em parceria, como também ela era a minha parceira. Mas, o fato de você afirmar com tanta convicção de que Betsy não deveria saber da existência do diário, quando ela soube disso antes de mim, só prova que você não é tão inteligente assim, não?
Ela arregalou os olhos, de raiva e de surpresa, quando Draco dizia aquilo, embora o deixasse terminar de falar primeiro.
- ...ahh me dá um tempo Malfoy! Eu e Gina soubemos na hora que vocês estavam juntos! Eu só não... imaginei que ela pudesse saber do diário ANTES... - ela murmurou nesse ponto, mais para si mesma do que para ele;
- Claro que não. Você realmente acreditou que eu tinha comprado o diário de sua mãe? - Draco perguntou, cheio de escárnio- Você é tão ingênua, Granger. Acha mesmo que só porque alguém disse que comprou o diário, isso realmente aconteceu? Nunca passou pela sua cabeça que eu poderia estar mentindo apenas para deixá-la, abalada?
- ...eu não achei que você tivesse comprado, idiota! Mas fui realmente ingênua por ter acreditado que tivesse feito as coisas sozinho uma única vez na vida... Mas você não parece capaz para tanto! - ela dizia revoltada, não suportando o fato de ele escarnecê-la, ainda mais por a estar comparando com Elizabeth.
- Nunca ouviu o ditado que por trás de um grande homem há sempre uma grande mulher? - Draco devolveu, divertido, adorando-a vê-la naquele estado- Sabe, Granger, eu nunca desmereci o valor de uma mulher... - acrescentou, com o sorriso mais tarado do mundo do rosto - E se uma mulher extremamente linda e inteligente quer fazer uma aliança comigo, acha mesmo que eu recusaria? Especialmente quando essa mulher me dará o quê mais desejo? E daí que os créditos pertencem a ela? Vou ter o quê quero e ponto final. Sabe, achei estranho você nunca ter suspeitado que a origem do plano era dela. Acha mesmo que me contentaria apenas com ter você como namorada? Eu provavelmente iria mais além, te humilhando o máximo que pudesse e ainda levaria de brinde seus amiguinhos! Mas, parece que a Betsy é bondosa com você. Talvez, ela até mesmo esteja apaixonada por você. Afinal, por que diabos ela lhe devolveria a atheleia? Mas, pouco me importa. Betsy deve saber o quê está fazendo já que, até o momento, se mostrou muito mais inteligente que você.
Ela escorregou a mochila das costas com violência, jogando-a no chão e se abaixando em seguida, para colocar o diário lá.
- ...mesmo que não acontecesse! Acha mesmo que eu iria aparecer para ser seu alvo, dia 12? Que eu iria me render a você? Que eu iria me rebaixar diante daquela... daquela... garota?
- Desespero faz as pessoas cometerem atos incompreensíveis, Granger. Veja só o quê lhe aconteceu nas férias: você aceitou fazer um Pacto de Sangue e se tornou minha namorada, por causa de um diário inútil. O quê seria capaz de fazê-lo, apenas para ter acesso ao conteúdo dele? - ele respondeu, o sorriso prazeroso ao vê-la tão alterada - E se você se sentir mais segura ao lado da Weasley e do Potter, pode levá-los também...
- Eu não vou metê-los nessa imundice! - ela dizia, os lábios ligeiramente trêmulos, voltava a se erguer, pegando a mochila e caminhando até a porta da sala - ...vá esperando, Malfoy. E se for cavalheiro convide a senhorita Winchester a se sentar...
- Claro que a convido para se sentar, Granger, especialmente se for no meu colo! - ele respondeu, com aquela expressão tarada de sempre - E é claro que vamos fazer umas coisinhas a mais enquanto você não chega implorando por nossa ajuda.
Ela acabado de abrir a porta, quando ouvia a resposta dele. Malfoy era nojento. Nojento e desprezível! Como ela poderia ter se preocupado segundos antes em tê-lo magoado? Em acreditar que ele estava lhe fazendo um bem?
- Faça bom proveito Malfoy! Tomara que a distração te faça me deixar em paz! - disse por fim, saindo da sala e batendo a porta com violência. Draco não fazia idéia, mas acabara de instigar ainda mais o lado competitivo da garota. Ela estava totalmente decidida: ela definitivamente aprenderia ler o seu diário. Seu sangue podia estar fervendo agora, porém sua mente estava calma e racional. E, a medida que caminhava para o salão comunal, um sorriso vampírico se formava em seu rosto a medida que elaborava um plano diabólico na mente. Ela inverteria as peças do jogo e acessaria o conteúdo da aletheia, utilizando Malfoy e Winchester como meras ferramentas sem que eles percebessem. Sim, essa seria sua vingança por estarem subestimando a sua inteligência...
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Gina: Ah, fala sério! Eu não acredito que nos aparecemos mais uma vez no fim deste capítulo!
Mione: Parece que nossa aparição no capítulo anterior alegrou bastante nossos fãs, portanto Charichu quis repetir a dose.
Draco: É claro que alegrou! Quem não se alegraria em ver um loiro perdição como eu duas vezes seguidas?
Gina: Se toca, doninha! Será que não percebe que essas autoras estão explorando a gente?
Mione: Gina, elas só pediram aqui para nós conversamos com os leitores sobre...
Draco: ... a possibilidade de inclusão de MAIS CENAS DE SEXO NESSA FAN FIC!
Gina (suspira): Quando digo que os homens só pensam naquilo...
Mione (corada): Draco Lucius Malfoy!
Draco: Granger, nossa fic está no ar desde JANEIRO de 2007! Já faz dois anos, Granger! Dois anos que a gente participa dessa enrolação NADA de sexo! No máximo, um dois beijos ROUBADOS!
Gina: Credo... está ruim a situação, hein?
Mione (corada²): Sinto muito por fazê-lo participar em uma fan fic que tem ENREDO, Malfoy!
Draco: Que se dane, o enredo! Para mim, tem que ter cenas picantes! E podemos mudar o nome da fic para Hermione Granger e as POSIÇÕES de Prometeus só para a coisa ficar mais “caliente”!
Gina: Sabe que eu gostei desse título!
Mione(corada³): GINA!
Gina: Eu posso trazer o Harry para brincar também?
Draco: NÃÃÃÃO!
Mione (ultra corada³): Charichu! Estrela! Por Merlim, me ajude!
Estrela Vespertina: Ignora, amor, somos nós, ESCRITORAS, que determinamos o quê acontece nessa história. Certo, Chari?
Charichu: Vai ter Yuri na Hemione Granger e as Posições de Prometeus?
Draco: Claro. A Mione podia se agarrar com a Gina e depois eu podia pegá-las!
Gina: Arrrrrrrrrrgh!
Draco: Aí, depois a Betsy surgia, tipo assim, do nada, e trazia novas posições e as três voltavam a se agarrar e depois eu as pegava...
Mione(ultra mega corada³): Eu gostaria que não me envolvessem nisso...-_-‘
Gina: Discordo, Doninha, eu acho que deveria ter um pouco de Yaoi nessa fic!!! Tipo, você e Harry se pegando!
Draco: Aaaaaaaaaaaaaaaaaarghhhhhhhhhhh!
Mione (ultra mega hiper corada³): Estrela... por favor...
Estrela Vespertina: Hey, pessoal! Vamos parar a baderna por aqui, hm?
Charichu: Puxa... mas eu estava tendo altas idéias para a fic Yuri!
Mione: NÃO TENHA!
Draco: Eu acho que isso merecer uma enquete para nosso fãs. Vocês querem ou não mais cenas picantes nessa fan fic? Querem ou não ver a Gina se pegando com a Mione?
Gina: E querem ou não ver o Draco tendo um caso com o Harry?
Charichu: Mas, se as leitoras quiserem, como a gente vai faze para adaptar a história? Está quase tudo planejado e não podemos mudar o nome para Hermione Granger e as Posições de Prometeus!
Estrela Vespertina: Hu,pf... Eu te disse que não era para deixar um espaço após as fics para os personagens manifestarem suas opiniões! u.u
Mal feito feito
Deseja receber uma coruja (e-mail) quando a fic for atualizada? Então, mande um e-mail com o assunto “fan fic” para corujadehermione[arroba]hotmail[ponto]com.
Charichu diz: Saudações, pessoal! Inicialmente era para Draco, Mione e Gina pedirem desculpa pelo atraso e explicarem as razões que nos levaram a postar com tantos meses de demora, mas parece que eles se perderam no script.
Pois bem, como vocês já devem está cansados de saber, eu e a Estrela moramos em estados distintos, somos universitárias e, portanto, sofremos de uma terrível incompatibilidade de horários. E, apesar de nutrir um forte desejo de continuar com fan fic, a escassa quantidade de tempo que temos para trabalhar nos capítulos acarretará em atualizações nada periódicas. Pedimos a todos vocês compreensão, uma vez que nós VAMOS SIM concluir com Hermione Granger e a Maldição de Prometeus.
Com relação a este capítulo, creio que vocês perceberam que ele foi bem fiel ao capítulo nove do Príncipe Mestiço. Fizemos dessa forma para que vocês percebessem que, ao mesmo tempo em que Mione está envolvida no mistério da atheleia de sua mãe, Harry está se envolvendo com o livro de porções do Príncipe. Ou seja, o quê acontece em nossa fic, embora altere um pouco o universo de J.K., não o modifica totalmente, muito pelo contrario, eles correm paralelamente e deixam a coisa toda muito mais envolvente.
Por isso as aulas de Hermione são as mesmas (salvo leves alterações no quesito do tempo) e muitas cenas que acontecem no livro foram repetidas na fic com algumas pequenas modificações, lógico, para que não fique muito entediante as coisas para vocês.
Acho que como autora seria arriscado pedir para que vocês dêem uma atenção especial a história das Três Deusa do Amor, pois, por mais estranho que pareça, elas vão ter uma importância relevante para o nascimento de Mione. Ou, pelo menos, assim eu espero...
Estrela diz: Salve meus queridos leitores! E... como desculpas (desde que desejadas sinceramente) nunca são demais, UM MILHÃO E MEIO DE DESCULPAS por esse atraso, que a esse ponto, é quase que injustificável. Eu diria que coisas do além (e uma leve lezera dessa humilde serva que lhes escreve) acontecem para NÃO colaborar com esta fic. Mas bem, aqui vai mais um capítulo! Oba! E mais uma vez por lezera, sinto se vou desapontar alguns leitores com isso, mas como foram MESES de demora e um acúmulo impressionante de reviews pedindo atualização, não vou responder uma a uma, como costumeiramente (costumeiramente? Até pecado mentir assim) eu e Charichu respondemos. Mas fica aqui, mais uma vez um pedido sincero de desculpas, e a promessa de que, até podemos não postar com regularidade, mas que a fic NÃO será abandonada, prometemos! Agradeço a todos os elogios e o incentivo que todos os leitores tem nos dado... e que juntamente com o prazer que é escrever com Charichu, essa é minha grande motivação!


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