Único
John Mayer - Bigger Than My Body
John Mayer - Bigger Than My Body
Esta é uma chamada
Para os daltônicos
Isto é um vale
Estou encalhado atrás
Da linha do horizonte
Tentando ser
Algo verdadeiro
Era mais um dia claro e bonito naquele pacato bairro de luxo. Os raios do sol, que já estava quase se pondo, davam um tom amarelado à paisagem, deixando-a com uma beleza quase surreal. Uma brisa fresca balançava as folhas muito verdes das árvores e fazia com que algumas delas, junto com pequenos dentes-de-leão, voassem por alguns metros e cobrissem a estreita rua de pedras, como um tapete. Um certo silêncio se apoderava do local, exceto pelo canto de alguns pássaros e o barulho do vento, parecendo que os moradores dos imponentes casarões que se erguiam ao decorrer da rua estavam viajando, ou simplesmente dormindo.
Tudo estava tão calmo e deserto, que um figura alta, coberta por uma capa de viagem, que se materializou do nada passou despercebida. Ele retirou o capuz e olhou a sua volta, sorridente. Tinha um sorriso bonito, assim como o conjunto do rosto. Largou seu malão no chão e espreguiçou-se, respirando fundo e ainda sorrindo, como se quisesse aproveitar todo o ar puro que estava a sua volta. De sua capa retirou uma varinha e, com um gesto, fez com que o malão flutuasse a alguns centímetros. Começou a caminhar, ainda sorrindo e com os olhos brilhando, enquanto o malão o acompanhava logo atrás.
Pensava em quanto tempo tinha perdido, antes de tomar aquela decisão. Quantos brigas, castigos, humilhações, tabefes e outras coisas poderiam ser poupados se ele tivesse tido coragem para fazer isso antes. Mas agora ele não queria mais olhar para trás. Abrira mão de tudo pela sua liberdade e agora sentia-se como um pássaro criado em cativeiro, que tem, de repente, sua gaiola aberta, podendo voar para onde o vento lhe levasse.
Sim, estou de castigo
Minhas asas
Foram cortadas
Estou cercado por
Todas essas calçadas
Acho que vou circular
Enquanto espero
Meus medos secarem
Um dia eu vou voar
Um dia eu vou
Me elevar
Um dia eu vou ser
Muito mais
Porque eu sou maior
Do que o meu corpo
Por que não é a minha hora?
“Você está jogando sua vida fora” Foi o último grito de sua mão que escutou, assim que passou pela porta do Largo Grimmauld, nº12. Sim, ele estava. Mas a vida que ele estava jogando fora era justamente a que ele não queria mais. Ele sabia que provavelmente seria deserdado, que perderia as “oportunidades” que teria com o prestigio que sua família tinha. Mas abriria mão de tudo aquilo se fosse para se livrar de tudo o que lhe prendia, tudo o que não concordava. Ele podia se dar mal... mas um vida rica e cheia de regalias no meio daquela gente não valeria nem a metade de uma vida mais simples, porem vivida com a intensidade da liberdade recém-adquirida.
Talvez eu me embole
Nos fios de alta-tensão
E tudo pode acabar
Em questão de segundos
Há quem diga que todas as famílias têm problemas, mas que com diálogos e muita paciência, todos eles podem ser resolvidos. Mas quem diz isso com certeza não o conhecia, muito menos à sua família. Seus amigos costumavam dizer que ele era a ovelha branca da família Black. Essa fora a melhor definição que ele já havia escutado. De uma família bruxa puro-sangue, tradicionalmente sonserina e cheia de preconceitos, ele fora escolhido para grifinória e era amigos não só de mestiços e “traidores do sangue”, como de nascidos trouxas e até mesmo de um certo lobisomem. Obviamente isso tudo era motivo de grande confronto familiar, que nunca fora resolvido com diálogos e paciência. Apesar disso, apenas 17anos depois ele resolveu abandonar tudo aquilo e ser livre para fazer o que quisesse, ser amigo de quem quisesse, e não viver à sombra de um nome que queria dizer exatamente o contrário.
Quantas vezes escutara: “mas você é um Black!” E o que importava realmente, se aquilo era nada mais do que um sobrenome? E o que era um sobrenome se não um amontoado de letras pelo qual as pessoas menos íntimas te chamam? E o que essas pessoas poderiam saber sobre ele? Os que realmente o conheciam não o chamavam pelo sobrenome, e nada mais importava.
Mas eu me incendiaria
Com prazer
Se assim lembrassem
O meu nome
Lembrassem o meu nome
Sorriu e parou: chegara ao seu destino. Agora estava parado em frente à um grande portão dourado,onde estavam esculpidas duas cabeças de leão. Logo atrás dele erguia-se um enorme mansão branca, cercada por cerejeiras e macieiras carregadas de frutos. Ele poderia ter vergonha, ou sentir-se folgado demais, mas naquela casa tinha certeza de que iria ser bem recebido. Assim como fora acolhido em alguns verões ou alguns natais, seria bem recebido para passar um temporada maior, até que conseguisse um lugar só seu. Na verdade, ali ele se sentia muito mais em casa do que com sua própria família. E não só isso: sentia que as pessoas que habitavam aquela mansão eram sua família de verdade. A família que ele pôde escolher.
Levantou a varinha mais uma vez e tocou o portão. As cabeças de leão criaram vida.
- Identifique-se – uma delas ordenou.
- Sirius Black – respondeu sorridente. Já fazia um bom tempo que não conseguia conter o sorriso.
- Seja bem-vindo, senhor Black. O jovem senhor Potter já irá recebê-lo - Os grandes portões se abriram e ele voltou a caminhar, com o malão ao seu encalço.
Não demorou muito e um rapaz magrela, de óculos e cabelos negros desalinhados saiu de dentro da casa e o recebeu com um abraço fraternal.
- Deixe-me adivinhar... – O anfitrião disse com um sorriso maroto nos lábios, quando se soltaram – não agüentou a pressão e resolveu passar o verão fora de casa.
- Bom... na verdade eu pensei em mais tempo... – fez uma cara pensativa – quem sabe tipo assim... pra sempre ?
O outro arregalou os olhos e ficou parado sem saber ao certo o que dizer por alguns instantes. Depois sacudiu a cabeça e sorriu, passando o braço pelo ombro do amigo e conduzindo-o para dentro da casa.
- Mãe! – gritou – Tem um sem-teto aqui pedindo abrigo!
- James! Olha o que você fala!
- Relaaaxa! A senhora Potter não se importará nem um pouco em receber seu “segundo filhinho” por quanto tempo for preciso...
Sim, estou de castigo
Minhas asas
Foram cortadas
Estou cercado por
Todas essas calçadas
Acho que vou circular
Enquanto espero
Meus medos secarem
Espero meus medos secarem
Um dia eu vou voar
Um dia eu vou
Me elevar
Um dia eu vou ser
Muito mais
Mas não precisa dizer aquilo. Ele já estava relaxado. Mais que isso: feliz. Nunca, em sua vida toda, havia se sentido assim tão... livre. Agora sabia que seus valores, sua alma, seu coração eram maiores do que um sobrenome; eram maiores do que preconceitos; eram maiores do que tradições; eram maiores do que seu próprio corpo.
Porque eu sou maior
Do que o meu corpo
Maior do que o meu corpo
Maior do que o meu corpo
Agora
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N/A: Nao resistir a fazer uma song com essa musica :X
Ficou meio fraquinha, mas o que vale é a intenção (H)
Comentem! :D
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