Capítulo três.
Capítulo três.
Gina odiava funerais. Achava uma falta de tempo das pessoas. E Deus, se realmente existisse, deveria rir delas por fazer rituais tão bobos e exagerados. E, no entanto lá estava ela, no funeral de Sharon Fudge.
Havia viajado para Baltimore, em Maryland, apenas para observar as reações das pessoas a sua volta.
A igreja estava lotada. Haviam mais de mil pessoas e os repórteres se amontoavam do lado de fora, ansiosos, por um pouco de atenção e status. Na fileira da frente estavam, Justin e Serena, pais de Sharon, chorando copiosamente. Ao lado, estava o Senador Cornélio Fudge, que tinha uma expressão triste no rosto. Pelas fontes de Gina, Sharon era brigada com a família toda. Havia saído de casa aos vinte anos, e agora, morrera no auge de sua carreira, com vinte e sete.
Ao lado do Senador, estava Bianca, que era tia de Sharon e tinha os olhos inchados de tanto chorar. Era consolada bondosamente pelo Senador.
E então Gina o viu.
Ele estava na terceira fileira, no meio de várias pessoas, mas estava sozinho.
Harry Potter.
Gina poderia reconhece-lo no meio de uma multidão cinco vezes maior.
Ele tinha uma expressão fria. Seu rosto parecia um bloco de concreto impenetrável e seu rosto apenas dizia que ele achava aquilo tudo uma grande perca de tempo. Mas devia haver algum calor ali dentro, Gina pensou.
As inúmeras pessoas que estavam ao redor dele, lhe lançavam um olhar curioso, ou no caso de algumas mulheres, um flerte não muito discreto. Nos dois casos, eram retribuídos da mesma forma. Harry ignorava-os.
E então, derrepente ele olhou pra trás. Seus olhos fitaram cinco fileiras atrás, e ele fixou seu olhar no rosto de Gina.
Ela teve que usar toda sua força de vontade para não desviar os olhos e deixar sua perna firme. Os olhos verdes pareciam hipnotiza-la e envolve-la como uma manta, num dia de frio. Seu olhar era tão forte que Gina achou que ela poderia quase senti-lo tocando-a numa carícia forte e sensual.
E então, a multidão começou a se mover e, quando ela olhou para ele novamente, ele já havia sumido.
***
Ela se juntou a longa fila de carros e limusines a caminho do cemitério. Mais a frente, o carro da família andava solenemente, para o enterro.
Franzindo as sobrancelhas, seus dedos tamborilaram o volante, e Gina começou a relatar suas observações ao gravador. Quando chegou a parte de Harry, hesitou, e sua testa se franziu um pouco mais.
- Por que diabos, ele se daria ao trabalho de vir ao funeral de uma mulher que só encontrara uma vez? – murmurou ela, falando para o gravador que estava em seu bolso. – De acordo com os dados, eles só haviam se conhecido recentemente e só se encontraram uma vez. Tal comportamento parece inconsistente e questionável.
Sentiu um tremor e agradeceu por estar sozinha no caro. No que dizia respeito a Gina devia haver uma lei que proibisse que jogassem alguém dentro de um buraco. Mas como não havia jeito de mudar isso, suspirou e se dirigiu a onde ocorria o sepultamento.
...
Mais palavras, mais choradeiras e mais flores. O sol estava brilhando fraco, e o ar tinha um aspecto de criança travessa. Próxima ao túmulo, ela colocou as mãos no bolso. Havia esquecido de levar as luvas novamente. O casaco comprido e preto que usava, era emprestado de sua vizinha Luna Loovegod. Por debaixo dele, o único terninho cinza que tinha, estava com um botão soltando que parecia estar suplicando para ser pregado. Dentro das botas de couro fino, seus dedos pareciam estar congelando, como pedrinhas de gelo.
Encaminhou-se para o Senador, tentando ignorar que estava quase tremendo de frio.
- Senhor, meus pêsames. – Ela cumprimentou cordial a ele e a July sua mulher. A velha senhora respondeu um vago obrigada, antes de cair novamente no choro.
- Tenente Weasley, não é? – Um rapaz loiro perguntou. Ele tinha os olhos cinzentos e o físico de um maratonista. Seu sorriso era cordial, quando ele a cumprimentou.
- Eu mesma. E o senhor é...?
- Malfoy. Draco Malfoy.
- Conheço seu pai senhor Malfoy. Ele é o chefe da Segurança...
- Sim, sim... – Ele disse sem tirar o sorriso cordial do rosto. Depois delicadamente pôs as mãos nas costas dela e a guiou para longe do caixão e do enterro. – Eu sou o assistente do senhor Fudge... E nós queremos, tenente, marcar uma reunião com a senhorita.
- Claro, claro... Eu preciso mesmo falar com os senhores. – Gina respondeu, e depois saiu bruscamente do contato das mãos dele em suas costas.
- Nós apareceremos em seu escritório qualquer dia desses. Espero que não se importe.
- De maneira alguma. Tenho perguntas a fazer aos senhores.
- Sabe, tenente, eu sugiro que a senhorita saia daqui, agora. É uma despedia muito sofrida, para o Senador, apesar das desavenças que ele tinha com Sharon. E não creio que ele, ou qualquer outra pessoa vá responder a perguntas nesse momento.
Gina fixou seu olhar nele. Depois suspirando assentiu e voltou para o seu carro. Não sem antes lançar um olhar pra trás, e ver Harry abraçar Serena e Justin, dando os pêsames. Decidiu que esperaria por ele ali. Se Draco Malfoy não gostasse o problema era dele. Ela ia interrogar Harry Potter ali, e coloca-lo contra a parede, nem que tivesse que surrar todos os guarda-costas dele.
***
Quando Harry Potter, saiu completamente sozinho, momentos depois, do velório Gina já tinha ido em direção a ele. Ao que parecia ele não precisava , ou gostava de guarda-costas.
- Gostaria de falar com o senhor. – Disse ela quando chegou junto dele. Pegou seu distintivo e o viu dar uma rápida olhada nele antes de tornar a levantar os olhos pra ela.
- A senhorita tem o hábito de participar do funeral das vitimas de assassinato, tenente Weasley?
A voz dele era suave, com um distante e envolvente sotaque da Inglaterra, como creme batido acompanhado de uísque.
- E o senhor tem hábito de participar de funerais de mulheres que mal conhecia, senhor Potter?
- Sou amigo da família. – disse ele, simplesmente – A senhorita está congelando, tenente.
Ela enfiou os dedos enregelados dentro dos bolsos do casaco.
- E qual a sua proximidade com a família da vítima?
- Somos bem próximos.- Ele olhou pra ela com a cabeça para o lado. Em menos de um minuto, pensou, os dentes dela iam começar a tremer. O vento cruel estava soprando o cabelo com um corte pobre e espalhando-o diante de um rosto muito interessante. Inteligente, teimoso e sexy. Três boas razões, na opinião dele, para olhar mais de uma vez para uma mulher. – Não seria mais conveniente se conversássemos num lugar mais quente?
- Não tenho conseguido entrar em contato com o senhor. – começou ela ignorando-o.
- Ando viajando. Agora me encontrou. Suponho que esteja pra retornar a Nova York ainda hoje, tenente.
- Sim. Mas ainda tenho alguns instantes antes de ir para o aeroporto. Sendo assim...
- Sendo assim, podemos voltar juntos, no meu jatinho. Isso vai lhe dar bastante tempo pra me interrogar.
- Pedir informações – corrigiu ela entre dentes, irritada ao vê-lo se virar e se afastar dela. Apertou o passo para alcança-lo.
- Apenas algumas perguntas agora, Potter, e podemos marcar um encontro formal em Nova York.
- Detesto perder tempo – ele disse com naturalidade – Você me parece uma pessoa que pensa da mesma maneira. Está com um carro alugado?
- Sim.
- Vou providenciar para que alguém o devolva para a senhorita. – Ele estendeu a mão, pedindo as chaves do carro.
- Não é preciso...
- É mais simples. Gosto de complicações, tenente, mas nem tanto. Aprecio muito a simplicidade também. A senhorita e eu estamos indo para o mesmo destino, aproximadamente na mesma hora. Está querendo conversar comigo, eu estou disposto a colaborar. – Parou ao lado de uma limusine, onde um motorista uniformizado segurava a porta traseira. – O meu avião particular vai para Nova York. A senhorita pode, é claro, me acompanhar até o aeroporto, pegar seu transporte já previsto e depois se comunicar com meu escritório, para marcarmos uma entrevista. Ou podemos ir juntos de carro até o aeroporto e depois aproveitamos a privacidade do meu jato. Terá toda a minha atenção durante a viajem.
Gina hesitou só por um momento, e então entregou a chave do carro alugado a Harry. Sorrindo ele esticou o braço para que ela entrasse na limusine, onde ela se acomodou enquanto ele dava instruções ao motorista sobre como proceder em relação à devolução do carro a locadora.
- Muito bem, então. – Harry se instalou ao lado dela e pegou uma garrafa de um compartimento que havia dentro do carro – Aceita um pouco de conhaque para combater o frio?
- Não. – Gina começou a sentir o calor reconfortante do carro a envolver e ficou temerosa de começar a tremer como reação a isso.
- A sim... A senhorita está de serviço... Café talvez.
- Seria ótimo.
- Com creme?
- Não, sem creme. Puro.
- Ah... Uma mulher do meu feitio. – Momentos depois, pegou uma garrafa térmica e lhe serviu o café num xícara de porcelana sobre um pires delicado. – No avião teremos outras opções.
- Aposto que sim. – O perfume que vinha do vapor do café tinha o aroma do paraíso. Gina não se lembrava de sua vida sem café. Ela experimentou a bebida e quase gemeu de prazer.
Aquilo era cafeína pura. Era o que precisava pra seu organismo se sentir bem e feliz. E o café que Harry lhe oferecera... Tinha um gosto mais... Real. Bem, pesou ela, devia ser psicológico, por causa do frio.
Gina tomou mais um gole e quase chorou.
- Algum problema? – ele gostou imensamente da reação dela, do tremular das pestanas, do rubor discreto e da sombra de prazer que viu em seus olhos. Uma resposta muito similar, notou, à de uma mulher ronronando sob o comando das mãos de um homem.
- Você sabe a quanto tempo eu não tomo café?
- Não – Ele sorriu.
- Uma semana. Uma longa semana sem tempo de tomar um mísero café. – Já sem sentir vergonha, fechou os olhos enquanto levantava a xícara mais uma vez. – Você vai ter que me desculpar. Este é um momento pessoal. Deixaremos pra conversar no avião
- Como quiser.
Harry ofereceu a si mesmo o prazer de observa-la enquanto o carro seguia suavemente pela estrada.
Estranho, pensou, ele não imaginara que ela fosse uma policial. Seus instintos eram geralmente muito aguçados quando se tratava dessas coisas. No funeral, estivera apenas pensando que era um terrível desperdício que alguém tão tola, jovem e cheia de vida como Sharon, estivesse morta.
Então sentiu algo. Alguma coisa que envolveu seus músculos e lhe apertou a barriga. Sentira o olhar dela tão físico como se fosse um golpe. Ao virar os olhos e vê-la, sentiu outro golpe. Um golpe duplo em câmera lenta do qual ele não conseguira se esquivar.
Era... Fascinante.
Mas o sinal de alarme não disparou. Pelo menos não o sinal de alarme que teria indicado tira. O que ele viu, foi uma ruiva alta e esbelta. Com os cabelos curtos em desalinhos, olhos cor de favos de mel e uma boca moldada para sexo.
Se ela não o tivesse procurado, ele estava com a intenção de procura-la.
Era realmente uma pena que ela fosse uma policial.
Agora, só teria que controlar seus hormônios e tentar não pensar o que se escondia por debaixo daquele terninho cinza ridículo que ela usava.
(contiua...)
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N/A: * sorri * oi Gente. Eu estou muito feliz pelos dois comentários que eu recebi. Tudo bem que foram somente dois, mas mesmo assim obrigada por quem comentou. Eu estou completamente encantada com essa fic e peço que vcs dêem opiniões para essa pobre alma.
Esse capítulo foi quase todo baseado em um trecho de “Nudez Mortal”. Eu copiei várias partes, porque acho que esse primeiro encontro do Harry e da Gina tinha que ser exatamente assim.
Espero que vocês tenham gostado do Harry. Eu particularmente AMO ele. Rsrs.
Não deixem de COMENTAR!!!
1000 beijos.
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