Let's melt the sugar, Lene.

Let's melt the sugar, Lene.



Melt The Sugar

“Esse é o momento mais doce
Isso é o que nós dois queremos”

This is the sweetest moment
This is what we both wanted

Você riu das minhas palavras, daquele jeito que apenas você sabia fazer. Os lábios meio contraídos no início, como se não quisesse rir, e eu acho que realmente não queria. Costumava dizer que rir das minhas piadas me deixava ainda mais convencido. Mas após alguns segundos você finalmente percebia que não adiantava lutar: sorrir era o que fazia melhor, era o que deixava o seu rosto mais bonito. Então você abria um grande sorriso, mostrando os dentes brancos, logo após me xingando com carinho.

Como você não percebia que nada me deixaria mais convencido do que eu já era? Eu tinha a garota mais linda de toda Hogwarts, eu a fazia sorrir e os meus beijos eram os únicos que ela queria experimentar. Merlin, eu tinha você, eu tinha tudo.

Durante alguns momentos onde eu simplesmente te admirava em silêncio, você sempre me interrompia. Era a única interrupção bem vinda, já que tudo o que eu tinha que fazer era parar de pensar em você para falar com você.

- Terra chamando Sirius! – Murmurou sorrindo, erguendo um pouco o rosto para me enxergar.

Os seus braços finos contornaram o meu corpo com força, no que eu pude sentir cada pedacinho do seu corpo contra o meu. Aquele foi o nosso auge, Marlene McKinnon; aquele foi o nosso melhor momento. Ali, deitados na grama úmida de sereno, sob o luar de Hogwarts, nós éramos os donos do mundo.

E naquele momento eu preferi fingir que não tinha te ouvido, só para ouvir a sua voz meio emburrada. Quando você se irritava com alguma coisa – coisas pequenas, que geravam aquelas pequenas e doces discussões que eu tanto adorava – a sua voz costumava ficar ainda mais suave.

- Lene chamando Pads! – Foi com suavidade que a sua voz invadiu os meus ouvidos, e um sorriso brotou no meu rosto.

”Nós tocamos o rosto um do outro
Nós começamos a suar
E o céu se tornou vermelho”

We touch each other's faces
We start to sweat
And the sky turns red

Todos sabiam que apenas o seu chamado surtia algum efeito, e você usava muito bem essa vantagem. Você se aproveitava do meu amor, Marlene. Sempre se divertiu em me ver perdido por você, do mesmo jeito que as outras garotas ficavam por mim. Mas eu não ficava apenas perdido, eu me tornei um apaixonado ambulante, e graças a Merlin você ainda não se cansou de ganhar flores todos os dias.

Espero que nunca tenha se cansado, da mesma forma que eu nunca me cansei de ouvir as suas declarações feitas em sussurros quase inaudíveis, que em poucos segundos conseguiam preencher todo o meu ser.

- Eu quero te beijar pra sempre. – Confessou.

Foi impossível não sorrir. Não de forma convencida, muito menos da forma sarcástica que eu usava para a maioria das pessoas. Mas um sorriso sincero. Aqueles sorrisos que eu guardava só para você.

- Isso é possível? – Você me perguntou, com um sorriso um pouco menor que o meu.

Eu achei ter visto um pouco de insegurança no seu olhar; o amor nos deixa tão idiotas.

- Se não for, nós faremos ser. Eu prometo. – Te beijei, sentindo o gosto doce dos seus lábios e tentando me segurar àquela esperança de conseguir cumprir a minha promessa.

”Me diga que você sabe
A vida não é justa
Me diga que você sabe
Que eu realmente importo
Eu juro”

Tell me that you know
Life's not fair
Tell me that you know
That I really care
I swear

Marlene, eu juro que tentei.




Depois que nos formamos as coisas aconteceram mais rápido. Tudo acontecia mais instantaneamente, e nós vivíamos cada dia com mais intensidade. O medo dessa guerra estúpida nos fez viver cada dia como se fosse o último, e isso é a única coisa boa que ela nos trouxe. Nós vivemos tanto, Marlene.

- Esse é o primeiro dia do resto das nossas vidas. – Murmurou levantando da cama.

Eu sempre retrucava. Você sempre falava e eu sempre te contradizia, era a minha mania. De todas as minhas manias, mais uma que incluía você.

Você, por si só, já era a minha mania. Junto com os seus cabelos castanhos caindo pelas costas, os olhos cor de mel e brilhantes, e pele macia e cheirosa. Você era a minha obsessão, Lene.

- Este é o último dia das nossas vidas. Até amanhã. – Falei depois de admirar cada parte do seu corpo enquanto você se despia e ia para baixo do chuveiro.

Você deve ter me xingado mentalmente, provavelmente me chamando de pessimista. Mas não chegou a falar nada, pois em tempos como aquele, qualquer coisa era perda de tempo. Naquele tempo eu ainda tentava desesperadamente cumprir a promessa de passar a minha vida inteira te beijando.

- Eu não entendo. – Disse ao me levantar da cama e me dirigir para perto do box. – Por que você toma banho, se quando você voltar para a cama vai ficar toda suada novamente?

”Vamos derreter o açúcar
Debaixo da ducha do chuveiro
Na noite mais quente
De Julho”

Let's melt the sugar
Under the meteor shower
On the hottest night
In July

Comecei a gargalhar e você fez questão de jogar uma porção bem grande de água em mim.

- Sirius Black!

Mais uma vez você tentava não rir, e mais uma vez foi inútil.

- Assuma, Lene! Eu estou falando a verdade.

Por mais que isso te deixasse temporariamente zangada, era simplesmente impossível não falar aquelas coisas. Fosse apenas para ver o seu sorriso meio envergonhado, ou então para ver você concordar com o meu comentário.

Eu não agüentava, Lene. Os menores dos intervalos de tempo em que eu ficava sem te tocar me deixava louco. Era impossível não desejar sentir a sua pele contra a minha, o calor que ela tinha. Você me tomava cada vez mais para você, o seu gosto doce me obcecava.

Desligou o chuveiro e pegou uma toalha branca, enrolando-a em seu corpo. Demorei-me, olhando cada pingo de água no seu corpo. O cabelo preso em um coque frouxo, com alguns fios molhados.

”O caramelo espalhou
Não há nada, mas a toalha absorveu”

A sticky alter
There's nothing but a towel spread out

Com o olhar você percorreu todo o meu rosto, percebendo que eu já estava há muito tempo perdido nas suas curvas. Sorriu e postou as mãos na cintura, fingindo estar irritada.

Confesse: você nunca conseguia se irritar de verdade comigo.

E depois, como sempre costumava acontecer, nada mais importou. Não depois que, sem aviso prévio, os meus lábios grudaram nos seus, as minhas mãos se apossaram do seu corpo e as nossas respirações ganharam o mesmo ritmo.

Poderia passar o resto da minha vida daquele jeito, com você, Marlene. Acordar de manhã e ver o seu rosto tranqüilo enquanto você dormia, passar algumas horas vagas que depois nem continuariam na minha memória longe de você; e então voltar para casa e para a sua pele. Eu achava que podia passar a eternidade assim, Lene, e você também.




Tocou a colher com a ponta dos dedos e encheu-a de açúcar, para logo depois derrubar tudo na xícara de chá que segurava na outra mão.

Nunca compreendi se você tomava chá ou açúcar com chá, já que era quase impossível notar a diferença. Também nunca entendi porque você gostava de tudo tão doce. Cogitei a hipótese de que, em sua mente indecifrável, isto talvez significasse que a vida, em termos gerais, se tornasse mais suportável; as coisas estavam começando a ficar tão insanas que às vezes, mesmo que você achasse que eu não percebia, eu podia sentir você me abraçar com força durante a noite, como se quisesse se assegurar que alguma força das trevas não tinha me levado embora de você.

Mas, Marlene, eu nunca te deixaria; eu nunca abandonaria a doçura que eu encontrava apenas eu você.

Em um dos meus inúmeros devaneios, do tipo que atormenta todos os apaixonados incuráveis como eu, eu decidi que o açúcar já fazia parte de você. Afinal, era biologicamente impossível um ser humano ter a pele tão doce como a sua, ou então a voz tão macia, ou talvez os ideais tão sonhadores. Sim, Marlene, durante muito tempo eu imaginei que você fosse feita de açúcar.

A única coisa que destruía a minha teoria era o fato de um dos meus maiores vícios incluírem te beijar debaixo d’água. Merlin, eu estava derretendo o meu mais precioso doce.

”Nós iremos derreter o açúcar
Está derretendo nos nossos rostos
Que nós dois escondemos no escuro hoje à noite
(Sim, eu te quero)”

We'll melt the sugar
It's melting on our faces
It's running down our places
That we both hide in the dark tonight
(Yes I want you)

Às vezes James me chamava de louco, mas então eu expunha os meus argumentos e ele sempre acabava perdendo. Afinal, se eu estava louco como ele dizia, então James Potter se encontrava na mesmíssima situação.

Você também me achava louco, eu sempre soube disso. Mas, aos poucos, eu via tudo se ajeitando, todas as coisas indo para o lugar certo; eu queria poder finalmente me prender ao lugar em que eu realmente pertencia.

Mas não esse lugar nunca existiu, Lene. Pois ele estaria em eterna mudança, enquanto eu não tivesse a certeza de ter você, a certeza de que você me pertencia.

Colocou mais um pouco de açúcar no chá e se acomodou do meu lado, pondo as pernas no espaço livre do sofá e se sentando mais confortavelmente.

- Quer? – Perguntou inutilmente, balançando a xícara perto do meu rosto.

Resmunguei alguma coisa em resposta, e você simplesmente balançou os ombros com indiferença. Sempre se daria ao trabalho de me oferecer, mesmo sabendo que eu recusaria. O gosto de chá só era atrativo para mim depois que você já havia tomado-o e os seus lábios adquiriam o seu gosto. O gosto de camomila, ou erva doce, ou simplesmente de açúcar.

Eu não sabia se estávamos prontos, ou se algum dia realmente estaríamos. Já tínhamos vivido tanta coisa juntos, e eu queria passar mais tantos momentos ao seu lado. Mas ainda assim éramos jovens apaixonados e iludidos. Ao mesmo tempo em que continuo a pensar que sempre estivemos prontos e perdemos muito tempo longe um do outro.

Levei a minha mão sobre a sua e fiz com que você largasse a xícara de chá, colocando-a no móvel de madeira que ficava ao lado do sofá em que estávamos.

Já estávamos tão acostumados em passar o inverno inteiro daquela forma. Juntos, no meu apartamento decadente. Você mal parava mais na sua casa, e eu arriscaria dizer que haviam mais roupas suas no meu guarda roupa do que no seu. Vivíamos de jeans e moletom, e nesse dia o seu era roxo berrante.

Me lançou um olhar indagador, não entendendo o meu ato. Sorri para você, o que sempre costumava te acalmar e tranqüilizar. Estranho isso, já que mesmo depois de anos o seu sorriso ainda me causava disparos repentinos no coração.

- Marlene McKinnon. – Comecei, e por mais que eu temesse a sua negação, a minha voz saiu firme e confiante.

A minha voz sempre saia firme e confiante, só restava aos outros decifrá-la, e você mais do que ninguém fazia isso muito bem. Acho que você percebeu que aquela era uma das maiores decisões da minha vida.

Não, eu não me ajoelhei. Teria sido clichê demais, até mesmo para nós. Mas nós tínhamos as nossas próprias tradições a seguir; pouco importava o resto, o verdadeiro pedido seria feito com os olhos, assim como a sua resposta seria dada daquela forma. Muito melhor do que qualquer palavra.

- Você aceita ser minha para sempre? – Resolvi começar desse jeito, mesmo que já tivéssemos prometido a eternidade um ao outro. – Aceita ser minha mulher?

Colocou uma mecha do seu cabelo levemente enrolado para trás da orelha e curvou um pouco o rosto, como se quisesse esconder o sorriso que se formou nos seus lábios. Merlin, como se você tivesse o direito de me privar de algum dos seus sorrisos!

- E você ainda tem motivos para perguntar, Sirius? – Perguntou com a doçura que sempre será a sua maior característica.

Sempre, Lene, eu sempre precisaria perguntar. Apenas para te ouvir dizendo mais uma vez que seria para sempre minha.

- Você aceita se casar comigo? – Finalmente o pedido.
- Aceito. – Sorriu, mais uma vez com doçura, só que dessa vez com mais intensidade. – Aceito!

”Este é o jeito que fazemos as coisas
(Sim, eu preciso de você)
Eu gostaria que o mundo sempre fosse este convite”

This is the way we do things
(Yes I need you)
I wish the world was always this inviting

Talvez aquele tivesse sido o momento mais feliz da vida de muitos. Provavelmente o momento mais feliz da vida de James foi quando Lily aceitou se casar com ele, e talvez tenha sido assim com Remus e Dorcas. Mas comigo foi diferente. Eu nunca poderia escolher um único momento ao seu lado e elegê-lo como o melhor de toda a minha vida.

Mas se tal coisa fosse possível, eu escolheria as inúmeras vezes em que eu te beijava, sentindo o doce da sua boca, com a água quente do chuveiro molhando os nossos corpos. Eu repeti isso para você inúmeras vezes, Lene, e hoje queria ter mais oportunidades de continuar a sussurrar para você que os momentos mais felizes da minha vida foram feitos ao seu lado, quando a água era a única coisa entre os nossos corpos.




Não houve tempo. Simplesmente não existiu tempo.

A cerimônia nunca aconteceu, e o seu vestido nunca ficou pronto. Como você pôde fazer isso comigo, Marlene? Como?

Você tinha apenas saído para comprar mais açúcar para os seus intermináveis chás. Eu disse inúmeras vezes que em tempos como aquele sair do próprio quintal já era uma grande aventura, mas o nosso ritual de contradições seria eterno. Você nunca voltou, e nem ao menos chegou a comprar o açúcar. Eles foram mais rápidos.

Como?

Como pode tudo o que eu mais amava em você simplesmente desaparecer desse jeito? Como pode o doce ter te levado embora?

Os seus lábios continuavam doces, o seu cabelo continuava formando ondas e a sua pele ainda estava macia. Poderia estar dormindo, e só Deus sabe como eu desejei que você estivesse apenas adormecida. Mas você nunca acordou deste sonho, e agora a sua pele além de macia também estava fria. Eu nunca mais pude sentir as suas mãos delicadas no meu peito, enquanto você respirava calmamente ao meu lado.

Como você pôde me abandonar, Marlene? Você me prometeu a eternidade e então foi embora tão rápido. Uma vez você me disse uma coisa que eu nunca vou esquecer, e hoje talvez seja a única coisa que me dê um pouco de conforto, apesar de ele ser quase inexistente.

- A eternidade não é medida pela rapidez ou lentidão, Sirius. – Sussurrou, colando a sua testa na minha e me encarando fixamente. – Mas sim pelo o que você aproveita dela, e o quanto você acha que ela será realmente eterna.

Dói saber que, mesmo inconscientemente, você já tinha a certeza de que nós nunca teríamos essa eternidade. Talvez tenha sido por isso que, por incontáveis vezes, você tenha deixado com que eu destruísse e derretesse o açúcar existente em você tantas vezes. Tantas e tantas vezes, antes de eu nunca mais poder sentir o doce dos seus lábios novamente.

”Vamos derreter o açúcar
(açúcar)”

Let's melt the sugar
(sugar)




(N/A):
Uma vez, há algum tempo, eu li uma fic Rodolphus/Bellatrix em que o Rodolphus falava sobre uma traição da Bellatrix diretamente, usando muitos “você’s”. Mas, enfim, depois de ler essa fic eu passei a ter uma pequena vontade de escrever uma fic no mesmo estilo e, como vocês puderam perceber, foi isso que eu fiz nessa fic. dã.
De qualquer forma, me perdoem pelo Sirius completamente menininha apaixonada, okay? E, sobre a música: tipo assim, estou viciada em The Summer Obsession, e se vocês não conhecem, é uma ótima banda[mas, infelizmente, eu não achei nenhuma música deles pra colocar no capítulo]. E essa música...meldeus. é tão fofa!

A capa é horrível, mas eu procurei por tipo assim umas 50 páginas de pesquisa do deviantart e não achei nada que fosse parecido com o que eu imaginei, então...foi essa mesmo.
Obrigada mesmo pela atenção, eu espero que vocês tenham gostado da fic, porque eu realmente gostei dessa.

Beijos,
Lisi Black

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