Solidão
O vento fustigava-lhe a cara, os cabelos esvoaçavam, o casaco voava em torno do seu corpo. Era Novembro. O pior Novembro que alguma vez se vira. Cinzento, escuro, preso a um silêncio meramente asfixiante.
Apressou-se, evitando as poças de água lamacenta, e dirigiu-se à casa de chá onde Ginny garantira encontrar-se com ela. O local permanecia exactamente igual. Repleto de velhas feiticeiras folheando revistas e de parzinhos românticos. Entreteu-se a examinar a decoração, já meio gasta.
E esperou, esperou, esperou... Passavam as horas, ao seu ritmo compassado e gradual, e o barulho de fundo da multidão apressada era a sua única companhia.
Rendida às evidências, saiu. Ginny não aparecera e provavelmente não iria ter tempo para aparecer nos próximos meses. O seu casamento com Harry fora há poucas semanas.
Começara a chuviscar novamente. Maldizendo todos os problemas ambientais que conhecia, correu até à paragem do Autocarro Cavaleiro. Preferia isso a Aparecer. Simplesmente porque podia estar com pessoas que via como semelhantes: inexpressivas, mudas, presas aos seus pensamentos e problemas.
Chama-se Hermione Granger, ou pelo menos é o que lhe dizem. Olha-se ao espelho e a Hermione de há três anos desaparecera. Draco Malfoy, o namorado de longa data, foi embora. Ron avisara-a, no começo, de que estava a pôr o coração à frente da razão. Ignorou-o, arriscou e saiu magoada.
Os amigos, esses, tomaram os o seu próprio caminho. Avançaram, casaram, construíram família. Ela não. Investiu no mundo e esqueceu-se de si.
Regressada a casa, pousou a mala e foi preparar o jantar. Completava-se a mesma rotina e que tanto a desesperava.
Provou a massa. Não era estava especialmente deliciosa, mas, afinal, os seus feitiços de cozinha não eram assim tão apreciados. Sorriu para consigo própria. Uma vez, decidira fazer um bolo para o aniversário de Luna. O maior desastre culinário conhecido!
Esta lembrança voltou-lhe a ensombrar o espírito de tristeza e solidão. Sim, solidão. Era precisamente isso que sentia. Uma imensa solidão. Faltavam-lhe os risos dos amigos, as aventuras... Recordava cada momento em Hogwarts com uma ternura colossal. Desejava, ou melhor, ansiava por viver tudo de novo.
Mas não, não podia ser. Ela agora era Hermione Granger, a respeitada secretária do Ministro da Magia. Vivia rodeada de trabalho, exigências, responsabilidades. Não tinha horário certo, era necessário estar disponível sempre, sem excepções. Invejava a estabilidade e a alegria dos outros, um enorme sentimento de frustração dominava o seu dia-a-dia. A sua solidão.
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N/A: Peço desculpa mas, como devem ter reparado, sou portuguesa e escrevo de modo um pouco diferente. Espero que isso nao afecte a percepção da historia. É a minha 1ª fic, por isso...comentem e digam-me se devo ou nao postar os proximos capitulos.
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