Meu primo, meu irmão
Ainda não faz nem uma semana que o deixamos em Privet Drive e já estou me perguntando se ele está bem.
É estranho pensar que sempre o tratei mal, como algo que está lá para me servir.
Mamãe e papai me ensinaram durante toda a vida que ele não era nada mais do que um estorvo, alguém que eu poderia – e deveria – tratar com o máximo de desprezo possível, por isso, sempre que surgia uma oportunidade, eu o humilhava, sem dó nem piedade. Oras, ele usava minhas roupas velhas e morava em nossa casa graças ao “favor” de meus pais, o que eu poderia pensar?
Mas então, naquela noite, vi o que realmente deveria enxergar em meu primo.
Eu estava, como sempre, insultando-o, tentando fazê-lo sentir-se o mais humilhado possível, quando de repente senti aquele frio horrível invadindo todo o meu ser, fazendo-me sentir como se não mais houvesse esperança; e foi então que ele, sem ter necessidade ou obrigação, me salvou.
Foi estranho, não sei dizer ao certo o que realmente senti, só sei que aquela foi a primeira vez que realmente senti que minha vida era importante para alguém, além de meus pais.
Não pude nem agradecê-lo, pois ele partiu de casa alguns dias depois, deixando-nos apenas uma carta escrita por um tal de Remo Lupin, onde dizia que ele estaria bem e a salvo, e isso era o que eu realmente almejava que acontecesse.
Bem, o ano passou e ele retornou para casa, como sempre fazia nas férias de verão. Prometi a mim mesmo que o agradeceria e diria tudo o que estava sentindo, manifestaria toda minha gratidão.
Mas o que se pode esperar de um covarde? Eu nem ao menos conseguia olhar em seus olhos durante as poucas vezes em que ele saiu do quarto, quanto mais trocar com ele palavras de afeto.
E mais uma vez ele partiu, dessa vez com um senhor, que vim descobrir mais tarde, ser o diretor de sua escola, e mais uma vez eu não lhe disse nada.
Quando Harry voltou este ano para casa, descobri que ele não mais o pretendia fazer. Ouvi-o dizendo a papai que essa era a última vez que precisaríamos aturá-lo.
Isso não era possível, eu nem ao menos havia lhe agradecido!
Por mais que eu me esforçasse, por mais que passasse noites em claro, pensando em que dizer, tudo se esvaía de minha mente no exato momento em que o via.
É engraçado, Harry teve a força e a coragem para me salvar e a única coisa que consegui fazer, foi pôr uma xícara de chá ridícula à porta de seu quarto.
E foi então que ele chegaram, os bruxos que nos trouxeram para este local, para nos mantermos a salvo. Mas, e ele? Se Harry era a pessoa visada por aquele ser impiedoso, por que éramos nós os que estavam sendo protegidos?
Foram essas e outras dúvidas angustiantes que fizeram-me criar a coragem de dizer o que por muito tempo estava preso em minha garganta, dizer-lhe que para mim ele era alguém muito importante, alguém que salvara minha vida e que eu admirava.
Se não fosse toda a tensão e aflição que nos rodeava, eu com certeza teria rido da cara dele que, com certeza, estava mais surpreso do que eu.
Mas o tempo era curo e tínhamos de nos apressar, por isso, apertamo-nos as mãos e nos despedimos, não com um adeus, mas com um cálido até logo e posso jurar que vi pela primeira vez um sorriso preencher a face de meu querido primo.
E é por isso que agora tenho a certeza de que o verei novamente, poderei olhar diretamente em seus olhos e dizer “meu primo, meu irmão”.
Comentários (1)
Olá,tudo bem? Nossa eu achei a sua idéia super original!!! Nunca tinha lido uma fic com essa perspectiva e com o Duda querendo agradecer ao Harry!Gostei bastante! Parabéns!!!Beijosmione03
2011-08-25