Duda confessa
Duda Confessa
Ao estacionar o carro na garagem de casa em que ele morava com sua família, Duda sentiu uma paz o invadir. Como ele foi ter tanta sorte? Ele com certeza não merecia a mulher maravilhosa que era Maggie, e ele adorava suas duas meninas. Era difícil não dar a elas tudo que elas desejavam, mas ele havia aprendido com os erros de seus pais que não é bom alguém ter muito de alguma coisa boa. Foi preciso muitos anos para que ele perdesse aquele sentimento de superioridade que ele tinha quando criança. Foi apenas quando Harry o salvou dos dementadores que ele percebeu que coisas não o faziam feliz de verdade. Se tivessem, ele não teria tido pensamentos tão tenebrosos passando por sua mente enquanto os dementadores se aproximavam dele. E o ano que ele passou escondido com a família, quando ele não podia simplesmente sair e comprar algo que quisesse... exceto pelo fato de estar preso com o seu pai que não parava de resmungar o tempo todo, não foi de todo ruim. Aquele bruxo, Dedalo, e a bruxa, Hestia, tinham sido muito bons para ele.
Ele saiu do carro e caminhou até a porta, deixando a maleta na porta. "Cheguei!", ele chamou.
"Papai! Papai voltou!", gritaram as duas meninas correndo da cozinha para lhe abraçar.
"Oi, meus amores! Foram boazinhas para a mamãe?", ele perguntou. Ambas balançaram a cabeça positivamente com olhares ansiosos, "Bem, então pode ser que tenha alguma coisa pra vocês aqui na minha maleta". Seus olhos brilharam ao lhes dar um pacote de doces que ele trouxera da viagem. Um agrado não era algo tão ruim, certo?
"Obrigada, papai", as garotas disseram alegremente. Duda levantou o olhar para encontrar sua esposa de pé na porta da cozinha, secando as mãos no avental e sorrindo para ele. Ele foi até ela e lhe deu um abraço apertado e um beijo.
"Eu tenho uma coisa pra ti também", ele cochichou no ouvido dela, "mas vais ter que esperar até mais tarde", ele piscou para ela e ela enrubesceu.
"Fez boa viagem, querido? O jantar vai estar pronto logo, logo. Por que não desfaz as malas enquanto eu termino?", disse Maggie.
Quando Duda voltou para o andar de baixo, o jantar estava na mesa, e sua família estava sentada esperando por ele. Ele se sentou e sorriu, "É bom estar em casa".
A conversa foi principalmente a respeito do que havia acontecido na escola e na rua até que a pequena Lauren disse algo que deixou a mesa em silêncio.
"Rebeca fez uma coisa estranha hoje de novo".
"Lauren! Shhh!", Rebeca resmungou.
"Verdade, e o que foi?", Maggie perguntou ansiosa.
"Não foi nada, mamãe", disse Rebeca olhando para o prato, "Bem, o John, que mora aqui na rua, estava me incomodando, e também a Lauren, e bem... a mangueira começou a soltar água e molhou ele. Eu não fiz nada, eu juro, só aconteceu", ela olhou suplicantemente para os pais.
"Sinceramente, Beca... As coisas mais estranhas acontecem a tua volta, eu não consigo entender como", disse Maggie apreensiva, mas com um olhar amável no rosto.
Duda suspirou... parecia ser a hora de confessar suas suspeitas para sua família.
"Lauren, eu quero que tu leve teu prato para a pia e vá para teu quarto terminar os deveres, por favor. Eu quero conversar com tua mãe e Beca", Duda disse para a sua filha mais nova. Ele não achava certo ela estar ali nesta primeira conversa. Ele não tinha notado nenhuma evidencia de magia nela e se sua mãe pudesse ser considerada prova viva, poderia ser que tivessem problemas mais a frente, e ele só poderia cuidar de um problema por vez.
"Agora vais ver só...", Lauren cochichou ao se levantar da mesa.
Assim que ela subiu as escadas, Rebeca olhou para o seu pai e disse, "Papai, eu realmente não fiz nada de propósito, eu não sei como aconteceu".
"Eu sei, docinho, eu sei. Eu receio que eu saiba o que está acontecendo, no entanto, eu só não sei como dizer isso". Maggie olhava confusa para o marido, mas não disse nada. Duda suspirou e disse, "Te falei sobre o meu primo Harry, lembra querida?"
"Que morava contigo quando eram mais novos, sim", Maggie respondeu.
"Quem?", Rebeca perguntou.
"Meu primo Harry morava conosco quando a gente era garotos. Ele é um mês mais novo que eu, e seus pais foram mortos quando éramos apenas bebês. A mãe dele era irmã da vovó. Ele foi deixado conosco para que cuidássemos dele".
"E porque nunca me contaram sobre ele?", Rebeca estava realmente confusa com essa notícia.
"Bem, papai... O vovô nunca gostou muito do Harry. Harry tinha um jeito todo especial de fazer coisas estranhas acontecerem também, e bem, sabes que o vovô não gosta de nada estranho", ele parou por alguns segundos antes de continuar, "De qualquer forma, Harry era muito parecido contigo em várias maneiras, Beca, eu sempre lembro dele quando eu vejo essas coisas acontecerem contigo. E acontece que Harry, assim como a mãe dele, minha tia, pode fazer... magia", Duda baixou a voz para falar esta palavra, como que com medo da reação do pai.
Maggie olhou para ele sem nenhuma expressão no rosto. "Magia?", ela perguntou, "Como truques de carta?"
"Não querida, como fazer o cabelo crescer numa noite quando a mamão tinha raspado, e pular por cima de uma cerca mas parar no telhado. A mãe de Harry, minha tia Lílian, era uma bruxa, ela fazia coisas estranhas quando criança também. Minha mãe não gostava das coisas estranhas que a irmã dela podia fazer. Lílian recebeu a carta dela quando tinha 11 anos, assim como Harry recebeu a dele... e eu acredito, Beca, que vais receber a tua quando fizeres 11 anos também", ele disse ao olhar para a filha.
"Minha carta? Que tipo de carta?", Rebeca realmente não sabia o que pensar de tudo isso. Todas essas coisas que aconteciam com ela, essas coisas que ela não conseguia controlar, eram magia? E ela ainda tinha uma tia e um primo que também podiam fazer coisas estranhas, mas ela nunca havia ouvido falar deles antes.
"A tua carta de Hogwarts. Hogwarts é a escola para jovens bruxas e bruxos na Bretanha. Harry descobriu sobre seus pais, o pai dele era bruxo também... conheceu tia Lílian em Hogwarts por acaso... e sobre ser bruxo no seu aniversário de 11 anos quando ele recebeu a carta dizendo que ele havia sido aceito na escola. Papai ficou furioso... jurou que ele nunca iria pagar para o Harry ir. Mas parece que Harry tinha uma boa herança dos pais e pôde pagar pelos estudos".
"Hogwarts?", Rebeca disse com um sorriso no rosto, "Que tipo de nome é esse? Mas... uma escola cheia de crianças como eu?"
Duda acenou positivamente com a cabeça, ele sabia o que ela estava pensando, que talvez, finalmente ela se encaixaria em algum lugar. "Como você, querida. Harry disse que foi o primeiro lugar em que ele se sentiu realmente em casa... claro, nós não o tratávamos bem o suficiente para que ele se tivesse um lar lá em casa".
Maggie olhava para os dois até que pareceu sair de um transe, "Tu estás me dizendo, que tu achas que a nossa filha é uma... bruxa?", ela perguntou incredulamente.
"Sim, querida, é exatamente o que eu acho", ele segurou as mãos dela entre as suas, "Sinto muito não ter te contado isso antes, é só que eu nunca imaginei que isso pudesse acontecer conosco, com uma de minhas filhas. Eu certamente não tenho nenhuma inclinação para magia, e esse assunto sempre foi um tabu na minha casa, e eu ainda não me sinto muito confortável falando no assunto. Mas nesta viajem eu encontrei a esposa de Harry, e os filhos dele, e acabei indo até a casa deles para jantar. Eu conversei com o Harry sobre as coisas que eu havia visto e ele achava possível que de alguma forma a magia havia sido passada para a Beca... Alguma coisa sobre genes recessivos..."
"E onde exatamente é essa escola pra onde eu devo mandar minha filha?", Maggie disse parecendo um pouco mais brava do que ela realmente estava. Ela não queria que sua filha pensasse que ela tinha medo dela, ela sabia que a menina não conseguia controlar isso, mas como é que ela deveria receber esse tipo de notícia?
"Bem... Eu não tenho certeza, nós apenas deixávamos o Harry na estação de Kings Cross para pegar o trem que o levava para lá. Ele ficava lá o ano todo, apesar de achar que ele poderia voltar para casa nos feriados... Ele nunca voltou, mas eu não o culpo".
Rebeca ficou sentada olhando para a mãe e para o pai, pensamentos correndo pela sua cabeça... "Eu posso fazer magia, eu sou uma bruxa... isso explica muita coisa, mas não explica nada também".
"E a gente vai mandar nossa filha para esta escola por um ano com completos estranhos, como se estivéssemos mandando ela para uma espécie de asilo?", Maggie novamente parecia mais brava do que ela queria parecer na frente da filha.
"Não, não seria bem assim. É... Harry podia explicar isso muito mais fácil. Não é como se fossemos despachá-la, como se a gente não a amasse, ou se houvesse algo de errado com ela. Aquele é um lugar onde ela não seria diferente, onde os outros também podem fazer as mesmas coisas que ela, é um lugar onde vão aceitar ela, e onde vão ensinar como controlar este... dom", Duda cuidava para dizer a palavra certa, a última coisa que ele queria é que sua filha achasse que ele sentia por ela a mesma coisa que o pai dele havia sentido por Harry. Seu pai via a magia como uma maldição, como algo a ser combatido, algumas vezes literalmente, descontando em Harry. Harry encarava a magia como um dom, algo que ele havia usado para salvar o mundo bruxo com apenas 17 anos. Era isso que ele queria para sua filha... não as dificuldades que Harry teve tão novo, mas que ela soubesse que o que ela tinha era um dom, um dom que podia ser usado para fazer do mundo um lugar melhor.
"Eu não vou mentir, eu vi a maldade que pode vir da magia... mas eu vi a bondade que pode vir dela também. Harry salvou minha vida com magia uma vez. Eu serei eternamente grato a ele por isso".
"Mas, papai... Eu não conheço ninguém nessa escola, eu vou estar sozinha", Rebeca disse baixinho. Ela mal podia acreditar que havia um lugar onde ela não ia ser vista como uma aberração da natureza, mas aqui ela ao menos tinha a família ao lado dela.
"Bem, eu acredito que eu tenho uma solução para isso", ele olhou para a esposa antes de continuar. Ela parecia curiosa, "Harry tem um filho da sua idade, Becca. Tiago. Ele vai para Hogwarts ano que vem também. A gente, Harry e eu, pensamos que talvez nós pudéssemos juntar as famílias para um almoço. Assim tu poderias conhecer um pouco do mundo bruxo e como ele é, e ainda conhecer o Tiago, assim quando fores para a escola no ano que vem tu não estarias sozinha".
"Verdade? Eu, eu posso conhecer outras pessoas como eu?" Isso tudo parecia tão irreal, mas a idéia de conhecer pessoas que podiam fazer as mesmas coisas que ela, e que poderiam ser seus amigos... ela não tinha muitos amigos, pelo menos nenhum que ficasse por perto quando algo estranho acontecia.
Duda olhou para Maggie, que estava tentando ajustar a mente sobre o que ela havia acabado de ouvir. Ela sabia como o sogro tinha a mente pequena. Não a surpreendia que eles nunca discutissem sobre Harry e o... dom dele. Ela olhou para a filha que, apesar de ainda em choque por descobrir tudo isso, parecia estar em paz como a muito tempo não acontecia. A idéia de que ela não seria tão diferente quanto ela imaginava, que havia outros como ela parecia realmente acalmar sua filha.
"Então, quando é que vamos conhecer a família de teu primo?", ela perguntou ao olhar para Duda, que pareceu realmente relaxado ao ouvir este comentário.
"Assim que conseguirmos planejar tudo se concordares. Eles moram cerda de 2 horas daqui e eles nos convidaram para passar o fim de semana. Talvez a gente consiga marcar para o fim do mês".
"A gente pode ir, né papai? Eu sempre quis ter primos, mas eu sempre achei impossível já que tu e a mamãe não tem irmãos".
"Eu vou mandar uma carta para Harry e Gina amanhã. Mas por enquanto, querida, tu precisas ir para cama. E Rebeca... não fale sobre isso com tua irmã até que eu e mamãe tenhamos conversado com ela".
"Ok, papai", Rebeca disse ao se levantar e beijar os pais no rosto e correr para o andar superir mais feliz do que ele estava acostumado a vê-la.
Ele se virou para a esposa e a abraçou, "Sei que é muita coisa para receber de uma só vez...", ele começou.
"O que? Tu não achas algo comum ficar sabendo que sua filha é uma bruxa e que tu tens que mandá-la para uma escola longe da família..." ela disse com lágrimas nos olhos, "Como que eu vou conseguir deixar ela ir, Duda?"
"Ainda falta um ano antes que a gente precise dizer até mais, Mag... mas vai ser muito difícil... pra mim também"
"Desculpe. Não é contigo que estou brava... Eu não acho que estou brava com ninguém na verdade. É só que tudo parece... tão... irreal", ela secou os olhos no avental e olhou para o marido, ele parecia tanto com o pai, mas ela via amor e preocupação nos olhos dele, algo que o sogro nunca teve nos olhos. "O que vamos dizer para os teus pais?"
"Eu estive pensando sobre isso...", disse ele num suspiro, "Eu acho que a verdade, mas eu não quero contar com as meninas por perto. Papai não vai gostar, e eu não quero ver ele gritando na frente delas", Maggie concordou, "Honestamente, Mag, eu acho que mamãe vai querer ver o Harry, e ter certeza que ele está bem. Eu acho que ela sente culpa por ter tratado ele daquela maneira. Ele é filho da irmã dela. Quanto mais velha ela fica, mais remorso eu vejo nos olhos dela. Eu acho que vou convidá-la para ir conosco. A filha de Harry, Lílian, se parece muito com a irmã de mamãe. Eu acho que ela gostaria de saber disso".
Enquanto Maggie colocava as louças na lavadora, Duda sentou à mesa e escreveu a carta para Harry dizendo que eles gostariam de ir visitá-lo no último final de semana do mês. Quando os dois acabaram o que estavam fazendo, eles apagaram as luzes e subiram para o quarto deles, parando no caminho para ver as filhas dormindo pacificamente, Rebeca com um pequeno sorriso no rosto. Maggie olhou Duda e lhe deu um beijo.
N/A: Este capítulo foi mais longo do que eu planejava, parecia que eu precisava explicar mais coisas para fazer a história fluir. Próximo capítulo: Reunião de família.
N/T: Muito fofo esse capítulo né? Bem, desculpe a demora a todos, mas é que eu consegui voltar a escrever minha outra história e acabei deixando essa de lado um pouquinho... Vou tentar traduzir o próximo mais rápido, já que é o último, mas não prometo nada, já que minhas aulas voltam amanhã. Bem, deixem comentários ;)! Beijos!
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