capítulo Único
Cena de hospital. O antigo e nobre Hospital Saint Mungus, freqüentado por toda a comunidade bruxa inglesa.
Um quarto de maternidade, uma moça de cabelos cor de palha está deitada, com uma expressão feliz e ligeiramente cansada, observando um embrulhinho de cobertores em seus braços, ao mesmo tempo em que várias sensações se misturavam dentro dela.
Ter a criança nos braços, fruto da tão esperada gravidez... Nada poderia dar errado. Nada poderia ser considerado errado...
Várias pessoas já dentro da sala, as imagens se formando na mente da mulher. O quarto na mansão decorado nas cores verde e prata, o móbile com peças de quadribol, a vassoura de brinquedo...
Uma lágrima escorreu pela face muito alva dela, quando o marido beijou-lhe a testa afetuosamente, passando a mão pela cabeça do bebê, em seguida. Logo os sogros se juntaram à cerca da cama, com sorrisos nos rostos.
- É uma menina, senhor Malfoy – a enfermeira apressou-se em dizer, sorridente, enquanto adrentrava a saleta, pela porta de madeira branca.
Os dois homens a que a frase poderia se referir viraram para ela, com a mesma expressão incrédula, estampada nos mesmos olhos cinzentos. O mais velho olhou da nora ao filho, com asco e nojo substituindo o regozijo inicial.
Mais lágrimas brotaram dos olhos azulados de Asteria, que agarrou-se à mão de Draco, implorando que ele compreendesse, mesmo sem pronunciar palavra. Ele não a olhou nos olhos, e a expressão de seu rosto endureceu.
Soltou a mão da mulher com frieza e, a um aceno de cabeça de Lucius, puxou a mãe para fora da sala, amargando a visão da esposa à cama, assim como a piedade que estava clara nas feições da mãe.
Vendo-se sozinho no quarto com a moça, Lucius aproximou-se da cama com auxílio da imponente bengala que lhe dava um ar aristocrático e sério, além de ligeiramente maligno.
- Asteria, minha cara – ele começou com a voz fria e mansa – nós, os puros-sangue, estamos passando por uma fase em que é muito importante manter linhagens e principalmente sobrenomes.
Ela mirou-o com uma expressão igualmente incrédula, porém não pôde articular palavras para descrever o que sentia. Seria inútil.
- Se tua mãe foi inútil o suficiente para gerar-te mulher – ele continuou – pelo menos eu e Narcissa fizemos nossa parte. Casaste com nosso filho Draco e agora deves dar-nos um neto, que futuramente perpetuará nossa linhagem, entendes, mulher!?
A voz do homem tornara-se agressiva, sem sair do mesmo tom baixo. Mesmo já envelhecida e ligeiramente apagada, a figura de Lucius Malfoy continuava contando com o poder de intimidar e dilacerar corações.
A jovem não teve reação. Sempre soubera que Draco não a amava tanto quanto ela a ele, e tinha dúvidas imensas sobre a existência de tal sentimento. Agora só restava submeter-se à sua família e seus princípios deturpados, pois a aliança em seu dedo a obrigava a tanto.
by Thoughts.Can.Bloom
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