A Outra Face
Os três marotos estavam muito felizes de ser aurores. Em pouco tempo o treinamento no ministério iria acabar e eles finalmente iriam entrar no ministério. Mas com certeza o mais feliz de todos era Lupin. Sirius e Tiago vinham de uma família tradicional de bruxos, mas Lupin vinha de uma família humilde e este emprego seria sua maior realização.
Naquele dia Lílian havia saído bem cedo para encontrar finalmente a casa perfeita para viver.
- Onde você esteve?- perguntou Tiago que tomava café com Sirius e seu pai quando Lílian entrou pela cozinha.
- Eu fui ver um local para eu ficar, e achei uma casa perfeita. É simples, mas bastante simpática.- disse ela abrindo um sorriso.
- Você não precisava fazer isso.- disse Tiago.
- Eu não posso mais abusar da hospitalidade de vocês. – disse ela.
- Lílian! Assim você me faz parecer um folgado.- exclamou Sirius que já vivia com os Potter havia um tempo.
- Tiago tem razão, Lílian. Você não precisava se preocupar.- disse o Sr. Potter gentilmente.
- As vezes eu odeio esse seu jeito politicamente correto, sabia?- Tiago apoiou a cabeça no braço enquanto olhava para Lílian com um olhar de censura.
- Agora já foi. Já encontrei a casa e vou me mudar amanhã mesmo. É perfeito, fica perto do hospital...
- Ou seja, longe daqui. Bom, a decisão é sua, mas eu não concordo.- disse Tiago.
Tiago estava deixando a barba crescer para parecer mais velho, pois ninguém no ministério acreditava que ele fosse maior de idade.
- Concordando ou não eu vou me mudar e não há nada que você possa fazer para impedir.
- Nossa, que mulher decidida. Cuidado, Pontas, essa são as piores...- Sirius começou a falar, mas não conseguiu terminar, pois Lílian lhe deu cutucão que fez doer cada costela do seu corpo.
- Desculpa, Sirius. Mas como você disse, as decididas são as piores.
Lílian foi até o quarto em que estava acomodada e começou a arrumar suas coisas. Foi mexendo em cada gaveta, até que ela encontrou o anel de Petúnia. Bastava só três voltas e lá estariam os seus pais. A dor da perda ainda era muito grande, principalmente pela forma cruel que os Evans foram mortos. Não, Lílian não podia cair em tentação, por mais que ela quisesse de alguma forma ela sentia que não estava fazendo bem para ninguém usar aquele anel. Sentia que seus pais precisavam descansar e que ela os perturbava toda vez que os chamava.
- Estou vendo que cheguei em uma boa hora.- disse Lupin.- Prontos para o último dia como apenas aprendizes?
- Estou vendo que você pulou da cama, Aluado. Acho que você anda muito sozinho para despertar tão cedo por uma coisa tão pequena. – disse Sirius. Sirius adorava implicar com a frieza de Lupin, pois o amigo não era o tipo que corre atrás de qualquer rabo de saia. Lupin gostava de se apaixonar e não de uma aventura qualquer.
- Ah, sim, Sirius. E cadê a sua namorada?- perguntou Lupin.
- Muito esperto, Aluado. Pois saiba que eu não seria Sirius Black se as garotas não corressem atrás de mim.- Sirius sabia que fazia sucesso e o que era pior, jogava na cara de qualquer um.
- Pra mim você continua sendo apenas um... Almofadinhas.
- Vamos deixar de papo e começar a trabalhar. O ministério nos espera.- disse Tiago.
Lupin e os outros doís amigos foram até o ministério. O lugar estava lotado de pessoas, a maioria com jornais nas mãos. Todas olhavam para ele e cochichavam.
- O que aconteceu?- perguntou Sirius assim que avistou Moody.
- Sr, Lupin, posso falar com você?- perguntou Moody de um jeito muito formal, coisa que não era muito comum.
- Claro, estou prestando atenção.- respondeu Lupin com uma ligeira preocupação.
- Desculpe, mas tem que ser a sós.
- Nós não temos segredos, Moody.- disse Sirius. Moody lhe lançou um olhar furioso e Tiago o afastou dos dois.
Lupin foi até a sala de reuniões dos aurores. Assim que entrou, Alastor jogou alguma coisa em cima da mesa. Era o Profeta Diário que tinha como manchete: Até lobisomens!
- O ministério já estava sendo atacado por todos os lados, imagine agora. Por que não nos contou?
- Vocês aceitariam um lobisomem como auror?
Moody exitou e respondeu com sinceridade:
- Não, claro que não. É uma pena, Lupin, ter que perder um dos melhores aurores que já treinei.
- Eu sabia. Não sei porque ainda tento.- Lupin pegou o jornal e começou a ler.
“ Por fontes muito confiáveis, Rita Skeeter, descobriu mais um escândalo no Ministério da Magia. Não satisfeito com o péssimo trabalho que os aurores estão fazendo, o Ministério ainda apóia o uso de lobisomens para combater Comensais, descartando o simples fato de lobisomens serem criaturas das trevas. A informação passada foi que um jovem de apenas 19 anos, chamado Remo Lupin, está no grupo de treinamento de aurores e que daqui a pouco dias poderá exercer sua funções como tal, mas que ao mesmo tempo é um lobisomem. Quando Remo era criança ele fora atacado por ninguém mais do Fenrir Lobo Greyback, o mais cruel de todos os lobisomens que já existiram e que quando estava no sexto ano em Hogwarts ele foi suspeito de um ataque que ocorrera dentro da escola...”
O resto Lupin não conseguiu ler.
- Queria saber como essa notícia foi parar nas mãos da Skeeter.- murmurou Lupin, mas Moody conseguiu escutar o que ele dissera.
- Pela minha experiência poderia dizer que não foi por acaso. Alguém lhe denunciou na intenção de te prejudicar.
- Pois então esta pessoa deve estar muito feliz agora. Eu vou arrumar minhas coisas.
Lupin estava arrasado, já estava quase na porta quando Moody falou:
- Não se esqueça de que ainda temos a Ordem.
Isto animou um pouco Lupin, mas não o suficiente para ele esquecer o que acabara de ocorrer.
- E então?- perguntou Sirius.
Lupin contou tudo e a cada palavra que ele dizia, Sirius ficava mais vermelho e Tiago mais nervoso.
- Isso não vai ficar assim. Você deu um duro danado... Eles não podem fazer isso.- Tiago mal podia falar de tão nervoso que estava.
- Mas pense que é melhor eu sair agora do que mais tarde. Tenho a certeza de que se dependesse do Crouch eu já estaria em uma cela em Azkaban.
- Isto é absurdo. Nós não vamos deixar essa história assim. Se você não pode ficar, então eu também não vou ficar.- disse Sirius decidido.
- Digo o mesmo. Nós estamos do seu lado, Aluado.
- Ah se eu pego esse língua solta. Essa tal fonte só pode estar do lado de Voldemort e deve te conhecer muito bem...
- Ranhoso.- murmurou Tiago.
- Como?- perguntou Lupin que não entendeu.
- Só pode ser o Ranhoso. Quem mais além de nós, Rabicho e Lílian sabe que você tem esse seu probleminha peludo?
- Tem razão, Pontas. Só pode ser o Ranhoso.
- Calma aí, vocês dois. Nós não temos certeza.- disse Lupin.
- Não venha defender ele, Aluado. É claro que foi ele. Quem mais seria?
- Não estou defendendo, Pontas. Só estou sendo justo.
Sirius e Tiago entraram na sala de Moody e disseram que não seriam mais aurores. Foi com grande pesar que Moody recebeu esta notícia, pois no último momento ele havia perdido os três maiores aprendizes do Ministério.
- O que fazem aqui tão cedo?- perguntou Sr. Potter ao ver os três chegando.
Tiago contou toda a história. O primeiro impulso de Sr. Potter havia sido o de xingar o filho por desistir, mas não o fez, sabendo que se fosse com ele, ele faria a mesma coisa.
- Não sei como vou contar isso ao meu pai. Ele acha que foi culpa dele Greyback ter me atacado. E agora, ele vai ficar muito mal.
- Não fique assim, Aluado. Tudo vai dar certo.
Lílian entrou na casa e quando entrou na sala viu que havia acontecido alguma coisa. Ela estava em seu horário de almoço e neste horário a casa geralmente fica vazia.
- O que houve?
Desta vez que contou foi Sirius. Lílian ficou horrorizada com o que ouviu.
- Aquele desgraçado, quem ele pensa que é? Seboso idiota!
Todos ficaram espantados com a reação de Lílian. Mas apesar de ficar espantado, Tiago se sentiu até orgulhoso e adorou ter escutado aquelas palavras.
- Então você acha que foi o Snape?- perguntou Lupin.
- É claro que foi, quem mais seria? Eu devia ter acabado com a raça dele na minha casa. Não, no dia que eu o conheci. Aquele idiota ficava me perseguindo e isso não era nada normal...
Ninguém estava entendendo mais nada, pois Lílian começou a pensar alto e a lembrar de coisas que nenhum dos quatro havia presenciado.
- Agora não adianta mais nada.- disse Lupin.- Está tudo acabado.
- Isto não vai ficar assim. A Skeeter vai ter que desmentir essa história e o Snape vai pagar caro.
Lílian saiu porta afora muito furiosa e ninguém tentou impedi-la, muito pelo contrário, todos ( com exceção do Sr. Potter) foram atrás dela. Lílian entrou no Ministério e sem nem mesmo pedir licença já foi entrando na sala de Moody.
- Olha aqui, isso que o sr. fez foi uma tremenda injustiça e tenha a certeza de que não vai ficar assim.- Lílian apontava o dedo para Moody enquanto berrava.
- Pois saiba, srta. que os meus dias aqui no Ministério estão contados. E que não fui eu que tomei esta decisão e sim o Sr. Crouch e se dê por satisfeita que ele não mandou Lupin para Azkaban.
- Mas isto não é justo. Esse Ministério está cada dia mais decadente.- disse Lílian.
- Agora deixe de histeria e saia da minha sala, entendeu sua louca?
Lílian que já não estava com o melhor humor do mundo acabou azarando Moody e saiu bufando e xingando.
- Onde você vai agora, Lílian?- perguntou Tiago que ficou impressionado com a ousadia da namorada.
Tiago sabia que Lílian não suportava injustiças, mas achava que agora ela estava exagerando. Tudo bem, Lupin era amigo deles, mas ela não precisava fazer tudo aquilo. Depois pensou melhor e achou que Lílian não fazia aquilo por causa de Lupin e sim por Snape. Ela se sentia culpada por não ter desconfiado de Snape antes, de que ele se tornaria o que se tornou. De ela ter dado confiança a ele e até mesmo ter se voltado contra algumas pessoas para proteger Snape na época de Hogwarts. Por ela ter sido amiga dele e ter ficado do lado dele quando ele precisava, sem ter tido nada em troca.
Lílian foi até um canto em uma rua deserta e aparatou. Mas Tiago fora mais rápido e saiu em disparada para tocar nela. A agarrou pelo braço e quando percebeu, ela estava em frente ao prédio do Profeta Diário.
- Quero falar com a Skeeter! E não tente me impedir, Tiago!
Lílian estava falando com o porteiro do prédio.
- Desculpe, mas não tenho ordens de deixar nenhuma desconhecido entrar.
Tiago percebeu o olhar assassino que Lílian lançara para o porteiro e sentiu pena dele. Do jeito que Lílian estava, o porteiro poderia ser um dementador, mas mesmo assim ela iria passar por cima dele.
- Escute aqui...- Lílian apontava o dedo para o rapaz.- Eu quero falar com a vaca da Skeeter e ninguém vai me impedir.
Lílian sabia que não poderia sacar a varinha e estuporar o rapaz. Puxou Tiago pelo braço até um lugar deserto.
- Preciso que vá para casa e traga a sua capa. Por favor Tiago, faça isso por mim ou pelo Lupin.
Como recusar um pedido daqueles? Tiago aparatou na sua casa, pegou sua capa e voltou para junto de Lílian.
- Você é maluca.- disse ele a envolvendo com a capa.
- É, talvez eu seja...
Apesar da capa, o pé de Tiago aparecia. Ele tentou de tudo para cobrir o pé, mas não conseguiu. Por breve momento achou que o porteiro havia visto o seu pé, mas isso não passara de impressão.
- Qual dessas é a sala da Skeeter? – perguntou Lílian com uma voz nervosa.
Eles entraram em um corredor em que havia várias portas, mas nenhuma identificação.
- Como eu vou saber?!
Lílian tentava não demonstrar, mas estava muito nervosa. Tudo aquilo havia acontecido tão de repente, como se fosse uma tempestade, que ela esquecera do mundo lá fora. Segurou a mão de Tiago por um breve momento e ele conseguiu perceber o quanto ela tremia. Lílian era apenas uma pessoa de carne e osso, muito ousada, tudo bem, mas de carne e osso, pensou Tiago.
- Acho que é esta.
Eles pararam em frente a uma porta que exalava um forte perfume, o perfume característico de Rita.
- Espero que seja.
A porta estava aberta, o que realmente fez Lílian suspirar de alívio. A sala era toda enfeitada com babadinhos brancos que se misturavam com o rosa das paredes. Havia uma plaqueta com o nome de Rita em um azul bebê em cima da mesa. A própria Rita estava em sua cadeira, tomando chá enquanto lia alguns dos maiores artigos de que já escrevera.
- Sua jararaca...
Foram as palavras que Lílian pronunciou antes de sair de dentro da capa. Tiago tentou, mas já era tarde demais para conseguir impedir Lílian de fazer o que queria.
- O que é isso?- berrou Rita em um gritinho agudo.
Lílian foi muito rápida. Já estava com a varinha na mão e apontava para Rita de uma forma ameaçadora.
- Fica caladinha, sua víbora. Eu tenho uma varinha e não tenho medo de usá-la.- disse Lílian que apontava a varinha para o nariz de Rita.
- O que quer?
- Nós queremos que você desminta a história que publicou no jornal, sobre o tal lobisomem.- disse Tiago, que finalmente tomara uma iniciativa.
- Mas primeiro eu quero que diga de onde veio essa tal fonte.
Lílian queria ter certeza de que fora Snape que mandara notícias de Lupin para Rita.
- Eu nunca direi as minhas fontes para vocês? Sei que são da concorrência, mas não vão conseguir as minhas fontes, isso nunca!
- Não ouse levantar a voz.
Lílian lançou um jato de luz vermelha de sua varinha. Não tinha a intenção de machucar e sim de assustar, por isso o feitiço foi parar a quilômetros da cabeça de Rita.
Rita se abaixou e já tremendo da cabeça aos pés, abriu uma gaveta. Pegou um envelope e entregou para Lílian. Lílian entregou para Tiago e ele abriu o envelope. Dentro havia só um pedaço de pergaminho que muito provavelmente fora rasgado de uma carta. Não tinha nome nem nada, apenas uma frase. A frase estava escrita em uma letra quase ilegível, um garrancho para dizer a verdade.
- O que foi?- perguntou Lílian.
Tiago havia empalidecido com o pergaminho nas mãos.
- Onde conseguiu isto?- perguntou Tiago em uma voz preocupada.
- Os correios estão sendo confiscados pelo ministério. Eu me infiltrei lá para pegar algum erro por parte do governo e acabei encontrando isto. – Rita agora já não tremia tanto. Tentou pegar sua varinha que estava em cima da mesa, mas Lílian a jogou para longe.
Tiago saiu da sala, pegou a capa de chão e saiu pela porta. Lílian não tinha outra alternativa a não ser ir atrás, mas antes ela disse para Rita:
- Não ouse contar a ninguém, pois eu voltarei como um demônio e cabeças vão rolar, Rita.
Lílian era na maior parte doce com as pessoas, mas em muitas poucas vezes ela conseguia ser assustadora. Com o tempo foi ganhando confiança em si mesma e agora já conseguia fazer ameaças sem hesitar.
- Tiago, aonde vai?
Tiago não respondeu, saiu pelo portão da frente. O porteiro ficou de boca aberta enquanto ele passava e abriu mais a boca ainda quando viu Lílian ir atrás dele. Ela se segurou no braço do namorado e juntos eles apartaram para casa dos Potter.
- Estávamos preocupados, onde foram?- foi a primeira coisa que Sirius disse quando viu o casal passar pela porta.
- Eu fui até o Profeta dizer umas verdades na cara de coruja da Rita.- disse Lílian tranquilamente, como se aquilo já fosse rotina.
- O que é isso, Pontas?- perguntou Lupin.
Tiago estendeu a mão para o amigo e lhe entregou o pedaço de pergaminho que ali havia.
- Eu conheço essa letra, é...
- Do Rabicho.- completou Tiago.- Ele devia ter mandado uma carta para nós, mas Rita conseguiu pega-la primeiro.
- Mas onde foi parar o resto?- Lupin ainda olhava fixamente para o pergaminho.
- Esta é uma boa pergunta.
Lílian pegou de leve o pergaminho e leu:
“... não acredito que vocês já vão se tornar aurores. É inacreditável que Aluado vá se tornar um auror, mesmo com esse problema lupino e tudo mais. Espero ansiosamente revê-los.”
- Esse Rabicho não tem jeito, quando ele vai aprender a tomar cuidado com as coisas?- disse Sirius.
- Espera aí, mas aqui não há nada que diga especificamente o nome Lupin. Apenas alguém cujo apelido é Aluado.- indagou Lílian.
Tiago nem os outros tinham parado para pensar neste ponto. Estavam tão acostumado a chamar Lupin de Aluado que se esqueciam do verdadeiro nome do amigo.
- É verdade Lílian, como Rita poderia saber?
- Alguém poderia ter contado.- disse Lupin.
- Mas ninguém conhece os nossos apelidos a não ser nós.- Sirius pensava e não conseguia encontrar mais ninguém.
- Muito provavelmente seja a mesma pessoa que está com o resto da carta.- disse Lílian.- Se minha intuição estiver certa, diria que há pessoas que trabalham no ministério com a intenção de prejudicar a algum de vocês.
- Mas quem seria tão idiota em se importar com uma bando de aspirantes a aurores...É claro, quem mais? O Ranhoso.
Todas as respostas levavam a uma mesma pessoa. Não era possível que o destino daqueles amigos estivessem sempre entrelaçados ao destino de Snape.
Depois de algum tempo, Lupin quebrou o silêncio:
- Pelo menos temos a Ordem.
- Pois bem, temos a Ordem e devemos nos dedicar a ela. Parece que as coisas vão só piorar daqui para frente.
Tiago pegou na mão de Lílian e abraçou pela cintura. Ela respondeu ao carinho de Tiago, mas sua cabeça estava bem longe dali.
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