Cap. 1 - Dever como pai

Cap. 1 - Dever como pai



O telefone de Harry Potter tocou às 02h00 da manhã, violando bruscamente o silêncio de uma madrugada enevoada em Londres.
No tempo que levou para atender, uma dezena de pensamentos desconexos lhe passou pela mente.

- Alô?

- Quem fala? Harry Potter? – perguntou uma voz que ele não reconheceu.

- Sim, é ele.

- Aqui é Ginevra Weasley, uma das amigas de Hermione. Aconteceu um acidente. Ela está aqui no hospital em West Sussex. Acho que você deve vir para cá.

Harry sentou-se na cama.

- Que tipo de acidente?

- O carro dela foi atingido e jogado para fora da estrada. - Ele sentiu um nó no estômago.

- Que estrada? As meninas estavam com ela?

- Rodovia 1... Não, ela estava sozinha.

Que alívio. Pelo menos as meninas estavam a salvo.

- Foi perto de Rocky Point, a caminho do centro de West Sussex. Um carro bateu nela por trás. - Ele pôs os pés no chão. Sentiu o nó no estômago se apertar ainda mais. - Ela está viva – continuou a amiga. – Sofreu algumas fraturas, mas ainda não voltou a si. Os médicos estão preocupados com o cérebro.

Ele correu a mão pelos cabelos.

- As meninas...

- Continuam em casa. Hermione estava indo para nosso grupo de leitura. Como às 9:00h ela ainda não tinha aparecido, o telefonei para sua casa. Quando Samantha me disse que ela tinha saído às 7:00h, resolvi ligar para a polícia estadual. Eles me disseram que tinha ocorrido um acidente e já haviam identificado o carro. Liguei então para um vizinho, Rubeo Hagrid. Ele foi fazer companhia às meninas. Fiquei sem saber se devia pedir a Hagrid que as levasse para o hospital. Não cabe a mim tomar essa decisão.

Não, cabia a Harry. Com ou sem divórcio, ele era o pai das meninas. Encaixando o telefone entre o ombro e o queixo, estendeu as mãos para pegar a calça.

- Já estou indo. Ligo para Samantha e Hope do carro.

Harry desligou. Incrível, murmurou a puxar o zíper da calça e pegar uma camisa. As coisas iam mal no escritório e no seu mercado de trabalho em geral. Ele vivia o pesadelo de um arquiteto cuja presença se fazia necessária em dois lugares ao mesmo tempo, logo pela manhã. E havia também o compromisso assumido com Cho. O jantar de caridade que ela vinha organizando há tempos havia sido marcado para aquela noite. Cho estaria à sua espera às 5:00h.

Mas Mione estava ferida. Você não e mais casado com ela, disse para si mesmo. Não deve nada a ela. Foi Hermione quem saiu de casa. Mas agora estava ferida. A gravidade de seu estado determinaria o rumo dos acontecimentos. No momento, era impossível prever que providências tomar quanto às meninas.

Borrifou água fria no rosto e escovou os dentes. Minutos depois, entrou no estúdio e, sob a influência do desânimo que o acometera, perguntou-se por que ainda o chamava assim. Tornara-se mais um lugar de negócios do que de criações artísticas. Os poucos desenhos que ele fizera achavam-se soterrados por propostas, folhas de cálculos e contratos. O refúgio de um número louco de projetos de construção em várias fases.

Pôs na maleta o laptop. No espaço que restara, acomodou o maior número possível de documentos que julgou essenciais. Teve o cuidado de não esquecer a pasta onde guardava as diversas versões do projeto de Montana. Em seguida, enfiou a maleta debaixo do braço e dirigiu-se para a garagem. Minutos depois, dava marcha a ré no BMW e arrancava a toda pela rua. Os faróis inseriram uma mancha cinzenta na noite enevoada.

Tateando, digitou o número do Serviço de Informações no telefone do carro. Trafegava pela auto-estrada, quando conseguiu afinal falar com o hospital.

- Aqui é Harry Potter. Minha esposa, Hermione Granger, foi levada para aí agora há pouco. Estou a caminho. Podem me dar as últimas informações sobre seu estado?

- Um momento, por favor. - Passados vários minutos, que mais pareceram horas, uma enfermeira do pronto-socorro atendeu. - Sr. Potter? Ela está na cirurgia. É só o que sabemos no momento.

- Está consciente?

- Quando a levaram para o segundo andar, não.

- Cirurgia para quê?

- Pode esperar um momento?

-Eu prefiro não...

O silêncio repentino no outro lado mostrou-lhe que não tinha opção. Também não tivera opção quando Hermione saíra de casa, seis anos antes. Na época, ela anunciou que iria embora, arrumou suas coisas e fez as malas das meninas, enquanto ele estava fora a negócios. Ao voltar, encontrou uma casa cheia de ecos e passou a se sentir tão frustrado e desamparado quanto agora.

- Sr. Potter? – Era uma nova voz do outro lado da linha, masculina, meio entrecortada, mas audível. – Sou o Dr. Couley. Tratei de sua esposa quando ela chegou.

- Para que é a cirurgia? – ele gritou, apertando as mãos com força no volante.

- Para corrigir a perna esquerda. Fraturas no fêmur e na tíbia. Vão inserir pinos...

- Eu soube que ela sofreu lesões na cabeça. – interrompeu Harry - Já recuperou a consciência?

- Não. A pressão intracraniana pode ter aumentado devido ao traumatismo Ainda não sabemos como o quadro irá evoluir. Em quanto tempo o senhor acha que poderá chegar aqui?

- Estou saindo de Londres.

- Três horas, então?

- Menos. – disse Harry – Fique com o número do meu celular. Ligue-me se houver alguma mudança, sim? Obrigado.

Harry teclou outra combinação de números. Mas dessa vez não teve tanta pressa. Era o fazendeiro que compartilhava o desfiladeiro com Hermione. As campinas por onde seu rebanho pastava estendiam-se além da floresta de sequóias. O prado e a floresta faziam parte da cordilheira, que se elevava a leste da costa de West Sussex.

As primeiras referências a Hagrid despertaram em Harry certa antipatia. Não lhe agradou, por exemplo, o tom afetuoso com que as meninas descreviam sua cabana, sua barba e as ovelhas. Tampouco gostou dos largos sorrisos que estamparam quando lhes perguntou se a mãe saía com o tal sujeito. Ah, claro, Harry percebeu que elas tentavam deixá-lo com ciúmes. O problema era que ele via Hermione com um homem assim. Camponeses de aspecto rude, afeitos ao trabalho braçal, muitas vezes exercem forte atração sobre as mulheres. Harry, no entanto, não se considerava pouco atraente. Era alto, tinha olhos verdes, ótima aparência... Mas não tosquiava ovelhas e nem caçava veados.

Harry apertou a tecla de transmissão do celular.

- Alô?

- Oi, Samantha, é o papai. Ta tudo bem com vocês?

- Como está a mamãe?

- Não sei. – Continuou a imprimir a voz um tom descontraído. – Estou indo para o hospital. Acabei de falar com o médico. Eles a levaram para a cirurgia. Parece que quebrou a perna.

- Gina disse que as costelas também.

- É possível, mas é a perna que precisa ser corrigida.

- Papai, queremos ir para o hospital, mas Hagrid não quer nos levar.

- Ele está aí agora?

- Está dormindo na poltrona. Vou passar o telefone pra ele. Diga a ele para nos levar de carro. – Logo em seguida, a garota gritou afastada do bocal: - Hagrid atenda! É meu pai.

- SAMANTHA. – Harry gritou, para que ela voltasse ao telefone. Ouviu a resposta abafada da filha.

- Não Hope, mamãe não está morta, mas essa gata vai morrer se você não a soltar. Está apertando com muita força. Vai machucá-la. – Samantha voltou ao aparelho. – Papai, Hope quer falar com você.

- Papai? – A voz saiu num sussurro frágil. Harry sentiu o coração martelar.

- Oi, Hope. Como é que você está meu bem?

- Com medo!

- Foi o que eu imaginei, mas sua mãe agora passa bem. Estou a caminho do hospital. Vou saber mais quando chegar lá.

- Vem pra cá. – implorou a vozinha.

- Eu vou. Mas o hospital fica no caminho, por isso vou passar lá primeiro. Assim vou saber de tudo o que aconteceu quando a gente se encontrar.

- Diga a mamãe... – Hope interrompeu.

-O quê, meu amor? - Era a voz de Samantha, que recuperara o telefone das mãos da irmã:

- Ela está chorando de novo. Hagrid vai falar.

- Aqui é Rubeo Hagrid. – disse o homem, num tom de voz brusco. – Quais são as notícias?

- Não sei de muita coisa. Vou estar no hospital em uma hora. Não as leve para lá.

- Eu não ia levar. - Ouviu-se um protesto abafado ao fundo e em seguida a voz de Samantha transtornada:

- Papai, é horrível ficar sentada aqui enquanto ela está lá; ela é nossa mãe!

- Ela está na cirurgia, Samantha. Mesmo que você estivesse no hospital, não poderia vê-la. Escute, se quiser fazer alguma coisa, ajude sua irmã, ela está abalada.

- E eu não estou?

Harry percebeu que o pânico conduzia a filha a um passo da arrogância. Mas Samantha não era Hope. Embora a diferença de idade fosse de apenas dois anos, estavam a anos-luz de distância uma da outra em termos de personalidade. Do alto de seus 15 anos, Samantha parecia à beira dos trinta, com seu jeito de sabe-tudo. Ela não gostava de ser tratada como criança. Aos 13 anos, Hope era sensível e reservada. Samantha fazia perguntas, Hope captava todas as sutilezas das respostas.

- Sei que você também ficou muito abalada, mas é mais velha que ela. Neste momento, a única coisa que pode fazer para ajudar a sua mãe, e ajudar muito, é tranqüilizar sua irmã. E dormir. Vocês duas.

- Falou – resmungou Samantha.


Harry concentrava-se na direção. Desejava muito que o telefone do carro tocasse com a notícia de que Hermione acordara da cirurgia e passava bem. Mas o telefone continuou mudo.

Precisava dar alguns telefonemas pela manhã, adiar e remarcar reuniões. Por outro lado, se Hermione acordasse, talvez pudesse voltar para Londres e chegar ao escritório antes do meio-dia. Quanto mais pensava, mais essa opção lhe parecia a mais provável. Hermione era a mulher mais forte que conhecera... Assim como a mais saudável, independente e auto-suficiente. Não precisava dele. Nunca precisou. Seis anos antes, ela chegara a uma encruzilhada na estrada de sua vida. E tomara uma direção contrária à dele. Opção dela. E a vida também. Ótimo, então.

Então por que estava indo ao hospital? Por que adiar uma reunião de negócios para cuidar dela? Ela o deixara. Levara consigo dez anos de casamento e os arruinara.

Ele seguia por aquela estrada pelas meninas. Era seu dever como pai cuidar delas. Porque a idéia de que Hermione poderia morrer o deixava apavorado. Dirigia-se para West Sussex porque a sua vida com ela fora o melhor do que qualquer coisa antes ou depois, e ele ainda lhe devia por tudo isso.


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Cap 2 postadoooooo... rsrsrrs
Agradecimantos para:
Acima d qlqr um p/a minha beta Jessi_Potter, por me aturar msmo ela querendo revisar as fics dla.... Vlw Jessi... vc eh d++++++++ rsrsrsrs
Andressa Araujo: Ai esta a cont.. rsrsrs
Jéssy Nefertari: serio???q coincidencia.. rsrsrs eu amei esse livro.. e vc??? dpois vc me fala por comentario... rsrs
Sarinha: postadaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa... XD

Agradeço d coraçao aos comentarios... vou tenta naum demorar dessa vez tah!?!??! Bjoks e ate +... leiam as outras fics pleaseeeeee...
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