Perdendo a sanidade



Estou sentado no chão de concreto da famosa sala da biblioteca encostado-se à parede. À minha frente está a mesa com livros, pergaminhos e anotações, rasgadas; a tinta preta derramada em papeis e caindo no chão; as penas alongadas que uso para escrever estão ressecadas e algumas quebradas.

Ao meu lado esquerdo está a estante de madeira completamente vazia sem livros e empoeirada. No chão, livros de couro abertos, fechados, rasgados e molhados. O vitral da janela fechado dando um ar escuro ao aposento.

Na parede, o quadro dos fundadores de Hogwarts parecia a única coisa limpa e inteira de todo a sala.

Eu? Pior do que imagina!

Estou com os cabelos um pouco secos e ainda espetados, as olheiras estão mais profundas dando um ar maligno, minhas mãos estão sujas de tinta e minhas unhas estão compridas, porém mal-feitas.

Minha camisa branca está aberta pelos botões ausentes que parecem desaparecer dia após dia. Minha gravata está desgastada e aberta. Minhas calças pretas estão desbotadas colorindo-a de uma cor meio acinzentado e meus sapatos realmente precisavam de um engraxe.

Por que estou assim? As coisas para mim e Hermione realmente mudaram, mas não como imaginava.

Fazia exatamente cinco dias que não a via. Por quê? Porque sou idiota.

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“É. Sou idiota!”

Engulo em seco de novo e vejo o retrato dela ali na minha frente. Sinto tanta falta dela que não sei como ainda estou vivo!

Você deve achar exagero, mas não é. Sinto tanta falta de Hermione que é como tivessem me arrancado um dente da frente, e aquilo me faz uma falta tremenda....uma saudade que nunca senti em toda minha vida... Saudade é um pouco como fome. Só passa quando se come a presença. Mas ás vezes, a saudade é tão profunda que a presença é pouco: Quer-se absorve a outra pessoa toda. Essa vontade de um ser o outro para uma unificação inteira é um dos sentimentos mais urgentes que se tem na vida.

Olho para o chão e vejo que Bichento já não está mais lá. Deve ter ido para algum dos quartos ou para a cozinha.

Respiro fundo sentindo a brisa bater no meu rosto. Lembro-me daquele dia na sala, nosso primeiro beijo. É assustador saber que em dias você se acha perdendo-se na vida de outra pessoa.

É... Foi o que aconteceu comigo. Com Hermione eu me perdia; não me conhecia. Sem ela, me achava querendo me perder novamente.

E agora sem ela queria me perder.

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Estava eu deitado no sofá de couro esperando Hermione Granger chegar da sua aula. Estava um pouco atrasada, mas não me importava, por ela esperava o dia todo. Provavelmente a garota estaria tirando duvidas com a Professora Vector de Arictimancia.

A janela estava aberta e como chegara o Inverno há alguns dias a sala se tornara mais fria do que já era. Minha capa de Hogwarts estava me cobrindo como fosse um lençol, e fechei os olhos.

Esperava dormir para passar o tempo, mas Hermione aparecia na minha cabeça todas as horas, em qualquer lugar. Já fazia alguns dias que sonhava com a garota e a cada dia piorava minha situação.

Rapidamente lembrei-me da garota novamente, os sonhos que tinha com ela e rezava para que ela sequer soubesse da existência deles.

Lembrando-me dos sonhos sinto algo querer perfurar minha calça escura. O suor tomando conta do meu corpo e a corrente de fogo começa a passar por dentro de mim. Fecho os olhos, a pressão na calça aumenta e abro os olhos de novo.

Aquilo não esta acontecendo! Não podia! Como era possível eu sentir isso por Hermione Granger? Ela era sangue-ruim, mas parecia que meu corpo não dava a mínima se ela era inferior ou não.

Suando mais, sinto que a sala ali virou uma sauna. Estava extremamente quente, mas não sabia se o calor era dentro ou fora do meu corpo.

Com a mão esquerda (sim, sou canhoto) abro o zíper da calça tentando aliviar a ‘pressão’, mas não adianta muita coisa. Sem querer acabei fazendo o que não queria nem devia. Minha mão esquerda subia e descia em ritmos moderados por debaixo da capa fazendo-o meu corpo tremer, suar, queimar enquanto pensava em Hermione.

Fecho os olhos e sinto que em poucos minutos chegaria onde queria...diminuo o ritmo tentando fazer que a sensação de prazer demore mais porque era extremamente gostoso.
Mas não foi uma boa idéia.

-Desculpa o atraso Draco! Estava tirando algumas duvidas com a professora Vector. – Ouvi Hermione dizer e sentar-se à mesa. Abri os olhos nervoso e nunca me senti tão constrangido em toda minha vida. Suava mais que um leitão no verão. Não consegui dizer nada. – Que você tem? Ta pálido...não que não seja, mas hoje está pior. Comeu algo e não se sente bem? – Perguntou.

Apenas olhei a garota ali, sentada a mesa...parecia tão inocente. Apenas neguei com a cabeça. A mão esquerda ainda debaixo da capa imóvel, fazendo sentir que a sensação chegaria...

Me desesperei. Vi a garota levantar da cadeira e vir até mim.

Engoli em seco, fechei os olhos e rezei para que a garota não visse o volume que a capa estava cobrindo. Ela apóia os joelhos no chão e coloca a mão direita na minha testa.
Senti meu corpo tremer como uma batedeira...e a sensação de prazer aumentar com o toque da mão da garota.

-Está suando muito...mas não parece estar com febre! – Disse analisando meu estado. Rezei para que a garota saísse da sala porque a sensação iria chegar a qualquer momento..e com certeza ela iria ver um liquido esbranquiçado manchar o sofá e a minha capa. –Draco, abre os olhos. – Pediu.

Não queria abrir os olhos..não queria. Mas Hermione pedindo algo a mim eu encaro como uma ordem. No mesmo instante abro os olhos. – Estão vermelhos! – Disse preocupada. Minha respiração parecia uma pessoa com falta de ar...fora o calor insuportável que sentia dentro do meu corpo. Minha mão esquerda involuntariamente movia-se para cima e para baixo lentamente. É...estava chegando, sentia algo prazeroso rodear todo meu corpo e querer sair.

Apertei os olhos, tranquei os dentes, virei o meu rosto ao lado contrario...sabia que em segundos aconteceria o que eu temia. Mas Merlim demonstrou simpatia a minha pessoa, pois fez Hermione ir embora.

-Espera, Draco...vou chamar a madame Pomfrey..você vai ficar bem. – Disse assustada e saiu correndo para a enfermaria.

É, foi no tempo exato. Em segundos senti um prazer tomar conta do meu corpo e relaxar meus músculos que mais pareciam pedras com Hermione ao meu lado. Um vento frio entrou na sala e me refrescou.

Abri os olhos e me vi com a vista embaçada que depois melhoraria. Um sentimento de alivio, vergonha, prazer e constrangimento me tomou. O que diabos acabara de fazer? Tudo bem, é normal para um menino...mas ela estava ali do meu lado!! E se visse? Nunca me senti tão miserável em toda minha vida.

Ainda deitado no sofá fecho o zíper e abotoou a calça. Com a varinha no chão ao meu lado faço um feitiço que limpa o sofá e a capa de Hogwarts.

Jogo a capa no chão e ainda continuou deitado sem mover um músculo. Realmente estava suando muito. Minhas mãos, meus braços, minha testa. Parecia que tinha sido espremido para fazer um suco.

Passo a mão na minha testa e suspiro. O calor estava indo embora, minha respiração estava voltando ao normal, o coração estava se acalmando e a paixão por Hermione aumentando.

-Está com os olhos vermelhos e está suando muito, mas não está com febre. – Ouvi a garota dizer e entrar na sala com a enfermeira da escola.

A enfermeira foi até mim e olhou-me de cima a baixo. – Como se sente garoto?

-Melhor. – Respondi com os olhos ainda vermelhos.

-O que comeu no horário do almoço hoje? – Perguntou.

-Nada.

-Humpf..esse é o problema..isso é fome. – Olhei para Hermione que não havia acreditado muito no ‘isso é fome’. – Francamente, como pode ficar sem se alimentar?

-Não estava com fome.

-Essa é boa... – Com a varinha a vi transformar algumas folhas rasgadas em pedaços de chocolate e bolos. – Coma e da próxima vez almoce. – Saiu estressada.

Sentei no sofá e mordi um chocolate...Hermione sentou do meu lado.

-Sabe Draco... – Ela começou. – Acho que não é fome.

Senti o pedaço de chocolate virar um pedregulho. – Por quê?

-Porque parecia algo pior. Não sei, no primeiro momento achei que fosse alguma comida, mas depois pensei que talvez fosse...a marca negra. – Franzi a testa...fazia tempos que não sentia a marca arder...acho que duas semanas.

-É..foi. – Sabia que não acreditaria se dissesse que era fome, e não podia contar o que acontecera na verdade...então já que não era novidade, uma mentirinha não faz mal.

A vi arregalar os olhos e levantar-se assustada. –Sabia! Sabia! Mas por que não me disse?

-Não queria que se assustasse. Está tudo bem Hermione, não se preocupe.

-Não está nada bem Draco. Você sentiu a marca isso é perigoso!! Quer dizer que Voldemort está te chamando. – Disse desesperada.

-Não se preocupe Hermione. – Respondi calmo me levantando do sofá. – Já conversamos sobre essa história e já a avisei que não precisa se preocupar.

-Como não quer que me preocupe Draco. Você é meu amigo não quero que aconteça nada com você.

-Mas nada vai acontecer comigo. – Respondi olhando nos olhos cor de mel. – Nada.

Repentinamente vi ela me abraçar. As mãos em volta do meu pescoço, o cheiro de canela me entorpecer junto com seu perfume, o ar quente em minha nuca, os seios encostarem em meu tórax. A pressão na calça voltara. Como pode? Como Hermione consegue fazer isso comigo?

Sabia que se a abraçasse seria capaz de não solta-la mais. E não podia ficar abraçado com Hermione encostada a mim, ela notaria e descobriria o que realmente acontecera.

-Vamos estudar. – Disse frio me separando dela. –Preciso melhorar minha nota em Historia da Magia.

Passei a tarde toda lendo a mesma linha sem que entendesse com Hermione sentada ao meu lado. Às vezes me pegava a olhando de relance enquanto escrevia num pergaminho algo sobre runas.

A calça parecia que ia estourar e eu tentava fortemente esquecer que ela estava ali, mas o cheiro dela invadia minhas narinas e me deixava louco. Desisti de ler a apoiei a cabeça no livro aberto.

-Que você tem Draco? – Senti ela me olhar. Neguei com a cabeça como se dissesse nada. Senti as mãos dela perder-se nos meus cabelos causando uma sensação de euforia e prazer ao meu corpo. Ela estava tentando me acalmar fazendo em mim cafuné, mas não parecia estar adiantando muita coisa. – É melhor você descansar, dormir porque você está realmente mal.

Não estava mal só estava nervoso com Hermione ali do meu lado me fazendo cafuné...qualquer um iria sentir-se como eu. Se dormisse sonharia de novo com ela, se ficasse ali mais cedo ou mais tarde ela notaria o volume na minha calça.

Mas o problema é que estava extremamente gostoso sentir as mãos de Hermione em meus cabelos, sentir o cheiro de canela dela, ouvir e saber que ela estava preocupada comigo.

-To bem. – Respondi ainda com a cabeça encostada no livro aberto. – Faz um pouco mais lento. – Pedi feliz. É..perdi a sanidade.

Senti ela passar a mão nos meus cabelos mais lentamente, os dedos descerem para a nuca e subirem até atrás da orelha...Não sabia que essas eram minhas partes sensíveis.

-Assim ta melhor? – Perguntou num sussurro que fez meu corpo tremer. Depois foi diminuindo ainda mais o movimento da mão esquerda. – Ou quer mais devagar?

Não respondi...senti minha calça ficar molhada. Vê o que ela faz comigo? Nunca aconteceu isso antes.

Levantei a cabeça devagar e a olhei nos olhos. – É melhor eu ir dormir no meu quarto. – Disse engolindo em seco.

-Certo. – Vi a garota fechar os livros e levantar-se. – Até amanha Draco e vê se melhora. – Disse sorrindo fazendo o meu espírito voar longe.

Por mais que quisesse vê-la amanha não a vi. Por quê? Porque não quis.

Estava perigoso ficar perto de Hermione, muito perigoso. E precisavam e afastar o mais rápido possível e foi o que fiz.

Não fui à sala no outro dia, nem no dia seguinte, nem no outro. Isso estava me matando...queria vê-la de novo, mas não podia. Quando terminavam as aulas eu saia apressado para a outra, me escondia dela e fazia o possível para não vê-la em lugar algum.

Nunca pensei que Hermione fosse capaz de fazer algo assim comigo. Estava desesperado sem ela.

Mas assim que saí de uma aula senti alguém me puxar pelo braço e me prender na parede fria e de concreto da escola.

-O que diabos aconteceu? – Vi os olhos cor de mel da garota encontrarem os meus azuis, as bochechas ficarem vermelhas, os seios encostarem em mim de novo e vi que faltava alguns centímetros para tocar-lhe os lábios. Senti o volume na calça novamente.

-Nada. – Respondi seco tentando não demonstrar nervosismo.

-Nada? Você nunca mais apareceu! O que foi que houve? Onde esteve?

-No meu quarto. – Disse fechando os olhos. – Estava estudando.

-E por que cargas d’água você não vai mais lá? – Não evitei sorrir quando escutei cargas d’água...depois fechei o sorriso de novo.

-Porque não quero. – Vi a garota se afastar um pouco de mim.

-Por quê?

-Porque prefiro estudar sozinho no meu quarto. – Disse olhando pro chão.

-Você não voltou com aquela coisa estúpida de orgulho por ser ‘puro-sangue’, voltou? – Hermione havia entendido errado, mas eu não podia ficar com ela. Iria enlouquecer mais do que já estava e bom nada melhor do que omitir um pouco. – Voltou?

Não respondi. Vi um brilho nos olhos de Hermione se ofuscar um pouco.

-Vai ficar com o Potter, Granger! – Falei sem sentimento nenhum e não pergunte como consegui.

-Granger? O que diabos aconteceu com você Draco?

-É Malfoy, Granger. E você ama o Potter então para de me encher, fica com ele, mas não me procura mais...Vê se me esquece. – Falei seco. Vi o brilho dos olhos da garota se apagar completamente e nunca me senti tão sozinho em toda minha vida. Sabia que estava sendo injusto e frio, mas queria esquecer aquela garota e tudo que acontece quando estou com ela.

-Tenho que ir pra aula agora Granger. – Insinuei para que ela me soltasse, mas ela estava parada com se tivesse sido atingida por Imobilus. Depois vi ela me soltar lentamente e afastar-se virando o corredor a direita.

Fechei os olhos e cerrei os punhos. Fui pra aula de Astrologia.

Continua...
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