Meu fantasma predileto
-Não dá, é impossível!-Gritou Rony frustrado, desistindo completamente de sua poção Viver Eterno das plantas.
Era aula de poções e a matéria do dia era a poção Viver Eterno para plantas, e como todas as poções que se tratam de vida perpétua, era um absurdo de difícil.
Harry se deixou cair na cadeira, balançando a cabeça desolado. Hermione se irritou profundamente em ver seus parceiros se entregarem tão facilmente, aquilo valia nota e ela estava duas vezes mais obcecada depois de ter ganhado um Péssimo por não ter feito a lição dos Duendes.
-Vocês é que são uns molengas! Rony, você exagerou no extrato de raiz, assim nunca vai dar certo! É só por mais essência de Betano, um pouco de fibra de músculo de Dragão...-Falava nervosa enquanto atirava os ingredientes no caldeirão.-Mais um pouco de sais de Rocha... E pronto, é tão difícil assim?!
-Eu definitivamente sou seu fã agora.-Murmurou Rony assombrado com a desenvoltura da garota.
Mas ela ficou mais irritada do que lisonjeada, pois levantou a mão para o professor Slughorn, que ficou encantado com a rapidez de Hermione. Ela pegou seus livros e saiu ignorando Rony e Harry.
-Vai demorar muito para “aqueles dias” acabarem, Harry?-Perguntou Rony deprimido.
-Eu não faço a mínima idéia.
Ela descia a enorme escadaria principal apressada, tendo como objetivo chegar ao pátio, precisava respirar um pouco de ar fresco, mas em vez disso tropeçou no que deveria se o ultimo degrau, que desapareceu misteriosamente.
Antes de cair com tudo no chão, sentiu um frio agudo penetrá-lhe a alma, desnorteada, toda ralada e dolorida, procurou o que teria sido aquilo.
-Oh me desculpe, senhorita Grager! Eu vi você caindo e quis ajudá-la, mesmo morto há 500 anos, às vezes esqueço que sou um fantasma, sabe? Infelizmente não pude fazer nada porque você me atravessou como se eu fosse... fumaça.
Era Nick-Quase-Sem-Cabeça, que a olhava preocupado.
-Se eu pudesse, lhe ajudaria a se levantar...-Completou em tom de desculpas.-Você está bem?
-Ah, sim, não tem problema, Nick...-Respondeu se levantando com um pouco de dificuldade.
-Você parece um pouco preocupada...-Começou o fantasma com tom companheiro.-Algo fora do normal?
Seu braço esquerdo estava doendo, maldiçoou-se intimamente por ter feito uma besteira tão grande como tropeçar em uma escada que todos sabiam que estava sempre com um degrau a menos ou um degrau a mais. Ainda faltavam uns bons quinze minutos para o intervalo começar, Hermione sentou em um degrau e respondeu tristonha.
-Pra ser sincera, sim. Algo muito fora do normal.
Nick se sentou do lado dela.
-Posso saber o quê? Tenho toda a eternidade, minha cara.
Ela deu uma risada triste e começou.
-Sabe o Malfoy?
-Qual deles? Já vieram tantos pra cá que eu perdi a conta...
-O Draco, filho do Lúcio, da Sonserina.
-Ah, sei sim. Ele e seus camaradinhas balofos jogaram um saco de farinha em mim no primeiro ano...
-É por aí mesmo, o problema é que eu, não sei como falar isso pra você, mas eu comecei a gostar de verdade dele. O mais estranho é que ele também parece gostar de mim, mas o Draco é tão... Tão infantil! Ele liga tanto para a “reputação” dele, de sangue-puro e coisa e tal. Acho que ele não está disposto a assumir um romance comigo, entende?
Nick pareceu pensar por um instante, coçou a barbicha do queixo, e quando finalmente olhou para Hermione, tinha um sorriso nos lábios.
-Não vou mentir para você e disser que vou com a cara dele, fiquei com farinha nas calças por dois meses por sua causa deste Malfoy. Mas parece que você teve sorte, as escuto vários rumores apaixonados das garotas Sonserinas por aí... Bem, o que eu tenho a disser para você é que se vocês dois sentem algo de especial um pelo outro, aproveitem! Isso é tão difícil de acontecer... Mas é a oitava maravilha quando acontece, srta. Granger. E olha que eu tenho longos anos de experiência! E vai por mim, se ele realmente está apaixonado por você, a reputação dele vai parecer um grão de areia no deserto. Dê um tempo para ele, se vocês realmente se amam, vai dar tudo certo.
Pela primeira vez no dia, um sorriso esperançoso iluminou o rosto de Hermione, o que ele falava fazia sentido.
-Obrigada Nick, você não sabe quando me ajudou.-Disse se levantando, o sinal já ia tocar.-Você é o meu fantasma preferido.-E se virou-se, subindo as escadas.
-Foi um prazer!
Os alunos já saiam das salas, o castelo outrora silencioso era cada vez mais tomado pelas vozes dos estudantes. Hermione não notou neste detalhe, pelo que lembrava, a Sonserina tinha tido aula de feitiços, e era para o terceiro andar que ela ia.
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