A Carta
A Carta
Meia-noite. Hermione Granger havia acabado de fechar seu exemplar de Transfiguração Avançada. Trocava de roupa para dormir, quando uma imponente coruja preta pousou na janela do seu quarto. Quem a escreveria tão tarde? Acariciou a cabeça da coruja enquanto desenrolava o pergaminho.
Cara Hermione,
Como vai? Desculpe se esta carta pegou você em uma hora imprópria. É que não faço idéia de que horas sejam por aí. Acabei de saber de uma novidade e pensei em você. Como você sabe, eu ainda tenho o último ano para terminar. Papai acaba de ser transferido para Gringotes, aí na Inglaterra, então vou cursar o sétimo ano em Hogwarts. Mamãe ficou realmente feliz, diz que assim vai poder ficar mais perto da minha avó, que mora na Escócia. Não sei quanto tempo vai demorar a mudança. Eu te aviso quando chegar. Espero que tenha gostado da notícia,
Vítor Krum.
Faltava pouco mais de um mês para retornar à escola. Havia combinado de passar os últimos quinze dias de férias n’A Toca. E inevitavelmente, lembrou-se de Rony; se existia alguém que não gostaria nadinha dessa novidade, era ele. Estava tarde. Enviaria uma coruja a ele e a Harry pela manhã. Rabiscou uma resposta rápida e enviou pela mesma coruja que, pacientemente, aguardava.
***
Harry estava regando as begônias da Tia Petúnia, quando uma coruja desconhecida pousou na cerca que separava os jardins dos números 04 e 05. Descansando o regador, foi até ela e retirou o pergaminho preso em sua perna. Era uma carta de Hermione.
Harry,
Como vai você? Seus tios ainda são amáveis como sempre? Tenho uma novidade. O Vítor me escreveu ontem à noite e disse que vai cursar o sétimo ano em Hogwarts. O pai dele vai trabalhar no Gringotes. Ele não sabe ainda quando chega, mas de qualquer forma, acho que estaremos n’A Toca quando ele chegar.
Afetuosamente,
Mione.
Guardou a carta no bolso ainda pensando no que havia acabado de ler. Vítor Krum em Hogwarts? O Rony não ia ficar nada feliz. Foi trazido à realidade pelo grito de sua tia.
- Presta atenção garoto, quer matar minhas begônias afogadas? Quando terminar aí, vá tomar banho e desça para almoçar.
Harry se demorou por mais uns minutos. Antes de descer escreveu um bilhete a Rony perguntando o que ele achava da notícia. Logo depois do anoitecer, Edwiges voltara trazendo a resposta do amigo.
Harry,
Cara, eu também fiquei surpreso... Mas eu não posso fazer nada, posso? Fred e Jorge ficaram bem interessados. Disseram que seria interessante para os negócios se o Krum fosse visto comprando algo a eles. Gina acha que será uma oportunidade única de treinar quadribol com o atual campeão mundial. Mas mudando de assunto, aqui está realmente chato. Vou pedir a papai para ir buscar você esse fim de semana. Acho que suas férias também não devem estar muito legais. Iremos provavelmente sábado à noite.
Rony
P.S: A Gina tá mandando um beijo.
Ao terminar de ler, sentiu seu estômago afundar. Gina havia lhe mandado um beijo. Podia ser apenas gentileza da parte dela. E se não fosse? Fazia algum tempo que olhava pra aquela ruivinha de um jeito diferente, mas ela parecia decidida a ignorá-lo. Pensou em Rony. Ele não parecia bravo, mas de certa forma conformado.
Harry acordou extremamente feliz naquele sábado. Iria pra o melhor lugar do mundo depois de Hogwarts. O Sr. Weasley garantiu que chegariam, mais ou menos, no início da noite. Só esquecera de perguntar-lhe como viriam. Acordara muito cedo e ao meio-dia seu malão já estava pronto. Depois do almoço, enquanto os Dursley assistiam à televisão, Harry estava em seu quarto se certificando que não havia esquecido nada, quando ouviu um estalo. O Sr. Weasley acabara de aparatar no jardim do número 04. Não o esperava tão cedo. Desceu as escadas rapidamente enquanto o bruxo tocava suavemente a campainha. Tio Valter resmungou alguma coisa quando se levantou para atender à campainha. Ao abrir a porta, se deparou com um homem de cabelos muito ruivos e uma tenebrosa combinação de roupas trouxas: uma calça quadriculada em tons de azul e um suéter laranja berrante, provavelmente tricotado pela Sra. Weasley. Harry teve de se controlar para não cair na risada.
- Boa tarde! O senhor deve se lembrar de mim, não? Eu vim buscar o Harry há dois anos... Para a Copa Mundial de Qua...
Tio Valter olhou para ele com uma expressão ao mesmo tempo enfurecida e desafiadora; como se fosse possível esquecer o homem que explodira a sua sala e ainda fizera a língua do seu filho ficar roxa e crescer mais de 2 metros.
- O que o senhor quer? – rugiu Tio Valter.
- Bom, eu vim buscar o Harry... – começou o Sr. Weasley meio inseguro – ele deve ter avisado ao senhor que eu viria...
- Ele comentou algo a respeito. – disse Tio Valter, encerrando a questão.
- Oh Harry, aí está você! – disse percebendo Harry às costas do tio – E então, está pronto?
- Quase Sr. Weasley, só vou buscar meu malão. – e subiu as escadas.
Quando voltou, Tio Valter ainda estava parado na porta, na certa tentando impedir o Sr. Weasley de explodir sua sala pela segunda vez.
- Então, vamos Harry?
- Onde está o Rony? Ele não vinha com o senhor?
- Ah, não! Eu vim direto do Ministério. Não há muito que fazer numa seção como a minha num sábado à tarde, sabe? – disse com uma risadinha.
- Como vamos?
- Ah, aparatando. Mais seguro e mais rápido. Naturalmente você nunca aparatou, nem acompanhado, certo?
- Hum-hum.
- Vou lhe dizendo rapaz, não é uma sensação muito boa, a primeira vez. Então vamos. Bom, - o bruxo estendeu a mão a um Tio Valter impassível – até mais Sr. Dursley.
O Tio Valter se limitou a olhar raivosamente a mão do bruxo, que tratou de recolhê-la rapidamente como se estivesse prestes a ter a mão mordida por um cão.
- Er... Vamos, então...
- Tia Petúnia, Duda, Tio Valter... Até mais. – sua tia e seu primo apenas o olharam.
- Tão simpático quanto da última vez, o seu tio. – comentou o Sr. Weasley andando para o fim da rua – Também pudera. Da última vez quase mandamos a sala dele pelos ares. – acrescentou com um sorriso amarelo – Segure firme no meu braço, Harry.
E com um gesto da varinha do Sr. Weasley, ele e Harry desapareceram.
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