Internação




N.A.: Eu fiz uma modificação, espero que alguém perceba... ;D
E essa música também é de Jesse McCartney
E saibam que esse é o capítulo que eu mais gostei de escrever, então espero que gostem.

Depois da minha manhã catastrófica – visto que não consegui prestar atenção em absolutamente nada, entendendo finalmente como o resto do colégio sentia-se perante a mania de chantagem dos sonserinos, e com uma vontade incontrolável de socar a Parkinson mesmo ela sendo mulher e eu tendo um pouco de decência quanto a isso – chegou a hora do almoço.
Sentei na minha cadeira de sempre. Quer dizer, a de ultimamente. É uma que fica perto da ponta e me permiti uma visão completa da mesa da Grifinória.
Mas então eu comecei a comer, e nada dela aparecer. Tudo bem, normal, ela sempre aparece depois que praticamente todos estão no salão, andando como se fosse apenas mais uma garota, mas sabendo que seus cabelos longos e ruivos, e algumas outras coisas que eu prefiro não citar, faziam dela uma das garotas mais populares e cobiçadas. Acho que ela quer ter certeza que é o centro das atenções, que todo mundo já está ali para apreciá-la.
Afinal, a coitada é a mais nova de sete irmãos, não deve ter recebido muita atenção quando pequena. Síndrome de atenção, era esse o problema dela.

“Meu coração está batendo por ela
Minha cabeça girando em círculos.
Minha língua está atada.
Tentei, mas não consegui encontrar as palavras....”

Mas então, de repente, eu pensei: “Será que ela estava me evitando, bem evitando não seria a palavra certa, mas será que ela ainda não havia me correspondido à altura porque estava envolvida com outro garoto?” Porque tipo assim, faria total sentido.
E então, eu comecei a me sentir um tanto sufocado. Eu precisava que ela chegasse logo naquele Salão, andando daquele jeito que me fazia esquecer do real propósito pelo qual eu estava obervando-a.
Mas já havia passado mais da metade do horário do almoço, e ela não havia aparecido. E então eu comecei a olhar ao redor do salão, para ver se achava algum garoto que estivesse faltando. E depois de um tempo comecei a rir. Tipo assim, isso era ridículo E se ela estivesse se agarrando com outro garoto, ou quem sabe até garota, por aí, o que eu tinha a ver? Então eu procurei relaxar e terminar meu café, embora ainda sentisse um nó na minha garganta.

“Ela tinha olhos de fogo.
Daqueles que você não apaga.”

Fui para minhas aulas da tarde. A última era poções, que por acaso eu dividia com os grifinórios do 7º ano. Eu sentei com Zabini atrás de Potter, que por acaso estava sentado com o Weasley. A aula estava um tédio. Nem o Longbotton explodindo seu caldeirão, se enchendo de furúnculos por causa da poção, e recebendo uma enorme detenção serviu para levantar meu humor. O que, como sempre, Zabini percebeu.
- Está assim por causa dela ou por causa da aposta?
- Como assim?
- Percebi que ela não apareceu, mas isso já está te afetando mais do que deveria.
- Ah, cala a boca, Zabini.
Ele deu uma de suas risadinhas, mas então uma conversa que Potter estava tendo com o Weasley me chamou a atenção.
- Olha, assim que acabar as aulas vá para o campo. Hoje tem treino ok.
- Tá. Já falou com a Gi? Eu não a vi hoje depois do café.
- Falei, antes do café. Também não a vi depois do café.
E então o sinal tocou e todos saíram praticamente correndo da sala.
Eu não sei por que – na verdade eu sei por que, apenas não quero admitir – eu fui para o campo de quadribol. E daí que fosse ter treino da grifinória? Nenhuma regra que me impedisse de ficar ali e assistir ao treino.

“Ela viu um otário que tinha amor
E virou meu mundo ao contrário.”

Sentei em uma cadeira que não desse para eles me verem e fiquei esperando. Depois de um tempo saíram sete pessoas vestidas de vermelho e amarelo e foram para o meio da quadra. Reconheci a Weasley imediatamente, porque, embora o Weasley também fosse ruivo e com sardas, ele não tinha o cabelo longo da irmã. E nem o corpo.
Então eu vi todos subirem em suas vassouras e irem para suas posições, no que um ser, que eu não conheço, apitou para o jogo começar.
Ofendendo meu orgulho, eu preciso admitir, a Weasley era a melhor artilheira da geração. Já o irmão dela... Fazia-me rir com seu péssimo reflexo de onde a bola ia parar.
Ninguém ainda havia me visto ainda, quando de repente vi a Weasley olhar em minha direção. Mas acho que ela gostou tanto da visão que esqueceu o mundo ao redor, pois tinha um balaço indo exatamente na direção dela. Um dos rebatedores ia atrás da bola, tentando desviá-la, mas dava para ver que ele não conseguiria a tempo! E a Weasley continuava olhando para mim. Quando eu fui tentar avisar a ela, ouvi o Potter gritar seu nome. Mas aí já era tarde de mais. Assim que ela olhou na direção do balaço, ele lhe acertou na barriga.

“Oh, eu simplesmente não posso te deixar ir.
Minha mente não é eu mesmo.”

E então ela parece ter desmaiado, porque ela soltou da vassoura e começou a cair... Ela caia tão rápido, que o Potter, que era o que estava mais perto dela, só conseguiu pegá-la quando ela já estava quase no chão.
Eu suava frio na arquibancada, já estava até de pé querendo ver o que acontecia no chão do gramado – porque todos que estavam no campo resolveram ficar em cima dela e obstruir a minha visão – esquecendo-me que eu não queria ser visto.
Eu fiquei com vontade de ir até lá, mas embora estivesse meio... desesperado, a racionalidade Malfoy que eu tinha lembrou-me que não seria uma boa idéia. Então eu sentei novamente na arquibancada e vi o Potter e o Weasley levando-a até o castelo.
E enquanto eles faziam isso eu parei para pensar: “Por que eu estava tão preocupado com a Weasley?” E tipo, nenhum resposta aceitável surgia na minha mente, então tentei me convencer de que era porque ela era minha aposta. A aposta que eu não podia perder de jeito nenhum. Aí quando eu vi que não tinha mais ninguém no campo, eu fui para o castelo.

“Eu não consigo comer, não consigo dormir.
Estou profundamente apaixonado.
Oh, eu simplesmente não posso te deixar ir.”

Estava tudo normal. Gente brincando no jardim. Gente correndo para lá e para cá pelo castelo. Gente estudando na biblioteca. Gente se pegando em cantinhos escuros. Gente sem o que fazer nos seus salões, etc.
Eu fui para o meu dormitório, e nunca fiquei tão feliz de encontrar o Zabini em toda a minha vida.
- Eu preciso de você.
Ele ficou olhando para mim como se eu fosse um alienígena ou algo assim.
- Repete, por favor.
- Eu disse que pela primeira vez na minha vida que preciso de você.
- Mentira – ele disse, indignado – E daquela vez que eu tive que mentir para o seu pai sobre a garota corvinal que você tinha pegado?
- Tá, tá, tá – eu disse, bufando, porque ele não estava levando a sério – O lance é o seguinte. Um balaço acertou a Weasley e ela deve estar muito machucada. Ela está na enfermaria. Preciso que você descubra como ela está.
Então ele olhou para a minha cara, indignado, e disse:
- Ah, você não pode ir, mas eu posso?!
- Ah, Zabini! Provavelmente a mini-Granger vai estar lá. Então você vai lá, diz que ficou sabendo do ocorrido e foi dar apoio.
- É, Draquinho, até que você pensa – ele disse, rindo, no que eu o fuzilei.
- Você vai ou não?
- Já estou indo – ele disse, saindo do dormitório.
Eu precisava falar com ele sobre a chantagem da Parkinson. Mas não agora, se não ele ficaria bravo comigo e não faria o favor.

“Te vejo em meus sonhos.
E toda noite eu luto
Para manter minha sanidade.”

Deitei na minha cama e fechei os olhos, tentando relaxar enquanto esperava Zabini voltar com notícias. Mas relaxar foi justamente o que eu não consegui. Cada vez que eu fechava os olhos eu via o balaço a acertando e ela caindo... Então eu resolvi tentar fazer meu trabalho de runas.
Peguei pergaminho, tinta e uma pena e comecei a escrever: “A técnica de Vall serve para você prever se algum Weasley irá ser acertado por um balaço e cair da vassoura...” Quando vi o que eu tinha escrito, amassei a folha com raiva, joguei pela janela, e comecei de novo. “A técnica de Vall, na qual se utilizam as famosas pedras da gruta, serve para previsões de questões pessoais que uma pessoal queira descobrir, como por exemplo, se a Weasley está bem na enfermaria...”.
Tá, e por que eu iria ter o interesse pessoal de saber se ela está bem? Fala sério!!! Eu não estava conseguindo parar de pensar nela nem para fazer meu dever!
Eu já estava quase entrando em desespero, quando o Zabini finalmente apareceu.
- E aí? – eu perguntei, tentando parecer indiferente.
- Bem, olhando para ela parece que ela está apenas dormindo, sem nenhum dano físico. E madame Pomfrey disse que ela está meio em coma. Dormindo sabe. Mas que está bem. Ela só não sabe que horas a ruivinha vai acordar.
Eu suspirei em alívio. Pelo ao menos a Weasley estava só dormindo.
- Bem, a gente só espera que ela saia desse coma né. Porque, tipo, eu já ouvi histórias de gente que ficou assim o resto da vida.
Eu juro que nunca tive tanta vontade de socar o Zabini.
- Ela vai acordar, tá. Em breve.
Ele deu um daqueles sorrisinhos enigmáticos dele e perguntou:
- Você não vai jantar?
- Estou sem fome. E a propósito, tinha muita gente lá?
- Pelo ao menos metade da escola. Mas eu duvido que alguém esteja lá a noite sabe – ele disse, piscou para mim, e foi para o banheiro.

“Ela é como uma montanha-russa
E eu tenho medo de altura
Mas ainda não há nada que me impeça
De dar uma volta nela.”

- Zabini – eu chamei quando ele saiu do banheiro.
- Que foi?
- Hum... A Parkinson descobriu tudo e ameaçou contar pra Weasley.
- Você está ferrado, bobão – ele disse, rindo.
- Na verdade, amigão – eu disse, irônico – nós estamos ferrados.
- Como assim? – ele perguntou, levantando uma das sobrancelhas.
- Ela quer você.
E então, tipo assim, ele começou a rir!!!
- Faz assim, Draco, por enquanto a Pansy não pode fazer nada porque a ruivinha está dormindo. Então, quando a ruivinha acordar a gente pensa em alguma coisa.
- Ela me deu 11 dias de prazo – eu disse, ainda assustado com a reação dele.
- 11 dias pra quê?
- Como assim pra quê? – eu exclamei, indignado – Pra você ser dela. E então ele começou a rir de novo. E aquilo já estava me irritando.
- Deixa-me curtir esses 11 dias com a minha noiva e depois eu penso em alguma coisa. Boa-noite, Draco. E a propósito, a Minerva mandou avisar que como a sua detenção é com a Weasley, e ela não está em condições de cumprir, quando ela sair da enfermaria vocês voltam a cumprir a detenção. – e então ele deitou-se na cama dele. – Ah, e a propósito – ele continuou, com seu sorriso enigmático – A porta da enfermaria não é trancada com magia. Nada que um Alorromora não funcione. – e virou para o outro lado, para dormir.

“Minha mente não é eu mesmo.
Eu não consigo comer, não consigo dormir.
Estou profundamente apaixonado.
Oh, eu simplesmente não posso te deixar ir.”

Fui para o banheiro e tomei um banho. A água quente escorria pelo meu corpo, enquanto meus músculos iam relaxando aos poucos. Quando saí meu corpo estava mais descansado, mas minha mente estava um horror.
Deitei para dormir. Rolava de um lado para o outro. Mas então o cansaço pareceu ser maior. Olhos fechando... “Vermelho. ‘Olha para frente’. Dor. Queda. Muito vermelho. Dor. ‘Acorde’. ‘Não consigo, preciso de você’. Mais vermelho. ‘Estou indo te salvar’...” Suor frio.
Sentei-me com tudo na cama, respirando com dificuldade. Era como se eu a ouvisse me chamando, dizendo que precisa de mim. Era como se algo me impelisse a ir vê-la.
Olhei para o relógio. 3:01. “Legal, meus dois números de sorte”. Olhei para Zabini, ele dormia calmamente. Então eu lembrei de suas palavras. “A porta da enfermaria não é trancada com magia. Nada que um Alorromora não funcione...”. E quando vi eu já estava na frente da porta da enfermaria.

“Tantas vezes eu tentei
Tirá-la da minha vida.”

Tirei a varinha da capa, encostei-a na fechadura da porta e murmurei um Alorromora. Ouvi um “click”, como que indicando que a fechadura havia sido aberta, e abri a porta devagar. Só que a porcaria da porca começou a fazer ruídos, então eu parei um momento para ver se alguém tinha ouvido. Como tudo continuou em silêncio, abri o resto da porta e entrei.
A enfermaria estava uma penumbra. Havia apenas a luz da lua entrando ali. Mas eu não queria lançar um Lumus ali. Vai que madame Pomfrey tivesse sono fraco, ou vai que tivesse alguém ali além da Weasley e acabasse acordado. Então eu me guiei pela pouquíssima luz que havia. E até que não foi difícil. Todas as macas estavam vazias, havia apenas uma, ao fundo, com um corpo em cima.

“Mas ela sabe que eu
Estou viciado no sabor de
Seus lábios.”

Eu fui andando até lá com uma sensação enorme de dejà-vu. Era como se eu tivesse voltando a caminhar da mesa da sonserina até a da grifinória assim que a aposta havia sido feita. E isso só fazia bem, quatro dias. Mas tudo estava tão diferente. Aquele dia eu estava indiferente. Aquele dia eu era um cara indiferente. E agora, o que eu estava fazendo ali?
Então eu cheguei à maca. Sim, ela estava ali. E como Zabini havia dito, ela parecia estar dormindo.
Ela transmitia uma paz, uma calma... Seus olhos fechados, os cabelos espalhados, e os lábios mais vermelhos do que nunca. Ela parecia um quadro.
Então eu encostei em sua mão. Ela estava gelada. Então eu segurei sua mão com força. Podia parecer patético, mas algo me dizia que ela sabia que eu estava ali. Que ela me sentia. Mesmo ela ainda dormindo.
Então eu me aproximei cuidadosamente e sussurrei em seu ouvido: “Eu sempre estarei aqui ao seu lado, Weasley. Para te segurar se você estiver caindo. E para te derrubar se você estiver muito segura”.

“Minha força está diminuindo.
Meu corpo sente dor.
Não posso esperar.
Não posso esperar nada mais.”

E então eu ouvi um barulho. Só tive tempo de soltar a mão da Weasley, e aí madame Pomfrey apareceu.
- O que você está fazendo aqui a essa hora, Malfoy? – ela perguntou, super desconfiada. É que tipo, ela nunca foi com a minha cara. Aí só faltava ela achar que eu estava ali para aproveitar que a Weasley estava indefesa e atacá-la.
- Minha enxaqueca voltou a atacar. Vim para pegar aquele remédio que você me deu da última vez. É o único que funciona.
Ela me olhou, ainda desconfiada, olhou para a Weasley, olhou para mim, e pareceu acreditar. Porque eu realmente tinha enxaqueca e vivia indo na enfermaria por causa disso.
- Tá bem, venha aqui que eu pegarei para você. – ela disse, encaminhando-se para uma parte no fundo da enfermaria, e eu a segui. – Você e a Weasley, estão tendo alguma coisa? – ela perguntou-me enquanto mexia em vários vidros, procurando algo.
Eu meio que engasguei com a própria saliva, e comecei a tossir. Aí ela olhou para mim, como que querendo saber se eu estava bem.
- Não temos nada. Por quê?
- Porque há uma meia hora eu tive que dar uma poção para ela porque ela estava alucinando – e então ela me entregou um copo com um líquido verde e olhou profundamente em meus olhos – Porque ela suava frio. Rolava pela cama e balbuciava seu nome, pedindo para você vir salvá-la. Tem alguma explicação para isso?
Eu tomei o líquido do copo esforçando-me para não jogar para fora, e disse:
- Acho que o balaço, ou a queda, afetou o cérebro dela. – e devolvi-lhe o copo – Mas, hum..., ela vai ficar bem?
- As chances de ela ter seqüelas são mínimas. A Weasley é uma garota mais forte que eu conheço – ela disse olhando para a garota, no que eu olhei também. “Forte? Ela está parecendo tão sensível aí...” – Então, é só esperar ela acordar.
- Hum... Tá bem. – eu disse, dei uma última olhada na Weasley e sai da enfermaria. E então, quando eu estava fechando a porta, pude ver que madame Pomfrey analisava cada pedaço da garota, e acabei rindo. “Ela realmente acha que eu fiz algo para a garota”.

“Oh, eu simplesmente não posso te deixar ir.
Minha mente não é eu mesmo.
Eu não consigo comer, não consigo dormir.
Estou profundamente apaixonado.”

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