As Runas Vitória
CAPÍTULO VINTE E CINCO – As Runas de Victoria
Para Harry Potter aquele não estava sendo um ano fácil. Reunindo, toda sua dificuldade em executar seus exercícios escolares com perfeição, o peso da preocupação de ser aquele que derrotaria Voldemort, e a maçante onda de informações dos últimos dois meses, Harry estava à beira da loucura. Nos últimos meses muitas coisas haviam mudado. Draco havia se unido oficialmente aos Comensais, assim como muitos sonserinos; Rony e Hermione estavam saindo juntos e até Harry havia arranjado um lugar ao lado de Gina Weasley; O ministro da Magia havia mudado; o Ministério de uma forma geral também; O passado ancestral de Voldemort havia voltado à tona; e com isso Harry tinha mais coisas com que lutar além do fato de que ele tinha pouco tempo para descobrir sua força, única, capaz de derrotar Voldemort, visto que o bruxo das Trevas podia aparecer a qualquer momento para matá-lo, e se isso ocorresse, tarde demais para salvar o mundo.
Ciente de todas suas obrigações, Harry escondia-se dos amigos, em cada brecha de memória, ou lembrança. Ainda que odiasse as aulas de Adivinhação, elas estavam sendo muito agradáveis. Todos os dias que subiam para a torre norte, para que pudessem praticar o feitiço secundário do Tempo, Harry animava-se, pois sabia que poderia relembrar dos tempos quando Voldemort era apenas uma ameaça e não algo presente no dia-a-dia.
Sibila Trelawney, já havia entrado em sala, e sobre as mesinhas de chá as mesmas ampulhetas de areias coloridas, estavam dispostas. Todos sempre aguardavam ansiosos para poderem viajar em suas lembranças, sem que interferissem em seu presente de forma drástica. Foi escutar a voz etérea da professora dizer, “Comecem!”, que todos exclamaram, um na frente do outro, “Autrefoiseum!”, e diversos flashes lampejaram dentro da sala circular.
Harry instantaneamente foi tocado por um vento frio e ruidoso, as imagens que via estavam em tons pastéis, um pouco borradas, Harry ainda não as tinham reconhecido. De fato ainda não sabia bem onde estava. Ele observou a sua volta e viu que estava em um quarto de um bebê. Havia um berço branco; cheio de lençóis também brancos, muito fofos. Suspenso sobre o berço havia um móbile, no lugar dos habituais bichos de móbile, havia uma coruja, um pequeno dragão e uma fênix, que giravam e cantavam uma canção de ninar. Harry não estava acreditando no que estava pensando. Ele escutou o barulho de passos correndo. Ele não acreditou que tivesse sido levado para ali.
– CORRA LÍLIAN! – gritou uma voz masculina. Harry teve certeza onde estava. Ele estava em Godric Hallow’s, em sua casa, com um ano de idade, na noite em que Voldemort matou seus pais. – EU VOU RETARDÁ-LO! LEVE HARRY DAQUI! – a voz disse mais uma vez e logo após Harry escutou um barulho de um trinco sendo destravado, Voldemort havia acabado de entrar. Harry ficou desesperado, queria ajudar seu pai, mas antes que suas pernas se movessem, sua mãe entrou no quarto. Era uma mulher não muito alta, tinha os olhos verdes como esmeralda, antes que Harry reparasse mais em sua beleza física, ele viu que ela empunhava a varinha. Ele pegou Harry, o bebê no colo e para o desespero de Harry ela mirou a própria varinha no coração do filho. Harry pegou a própria varinha e exclamou.
– Finite! – houve um relâmpago azul celeste, e Harry voltou à aula de Adivinhação, ela suava e sua cicatriz ardia pela incerteza do que vira. Seu coração disparado questionava as razões de seu cérebro. Uma confusão difundia-se pela sua mente de forma que até Rony havia percebido.
– Cara, você está bem? – perguntou Rony preocupado.
– Ah, sim! – disse Harry voltando à realidade – Eu relembrei quando voei pela primeira vez, foi isso! – mentiu para o amigo, vendo que Sibila o observava de sua mesa. Rony o olhou de forma decidida a não acreditar. Quando a sineta tocou e a aula terminou, Harry saiu feliz da torre norte. Estava muito confuso com o que vira. O que era aquilo?, ele olhou para Rony e disse.
– Eu não visitei aquela lembrança. – disse Harry muito sério – Fui até o dia em que meus pais foram assassinados por Voldemort.
– Você viu tudo? – perguntou Rony erguendo as sobrancelhas e arregalando os olhos.
– Não.
– Então porquê você... – o amigo não terminou a pergunta vendo que Harry havia levantado a mão para que parasse.
– Vou para o escritório do Dumbledore. – disse Harry muito sério.
– Eu vou com você. – disse Rony confiante, enquanto desciam as escadas ao invés de subi-las para a torre da Grifinória.
– Rony, eu vou sozinho. – disse Harry muito sério, não olhando para o amigo que recebeu a afirmação como um choque. Rony fixou os pés no chão e ficou parado enquanto Harry seguia o caminho reto e uma multidão de primeiro anistas engolia Rony até que não pudesse mais ser visto.
Quando Harry chegou em frente às gárgulas que dava acesso ao escritório do diretor, Harry ficou muito aborrecido que não tivesse a senha. Ficou ali parado por menos de um segundo, quando ouviu a voz suave, porém grave de Dumbledore, exclamar “Calda de Morango!”, Harry olhou para trás e viu que Dumbledore estava atrás de si. O diretor de longas barbas prateadas sorriu para o garoto. A gárgula ganhou vida e moveu-se para o lado, deixando à mostra uma bela escada espiral que conduziu Harry e o Diretor até uma bela porta de carvalho com uma alça em bronze. Dumbledore abriu a porta e os dois entraram. Dumbledore sentou-se em sua cadeira e, diante de sua mesa, Harry sentou-se em uma das cadeiras disponíveis.
– Eu já sabia que quando você estudasse Cronomancia na torre norte, um dia iria visitar me indignado. Estou errado? – disse Dumbledore lhe encarando por de trás de seus oclinhos de meia-lua.
– É exatamente isso. – disse Harry – Mas tem outras coisas também. Mas, já que você sabe do que estou falando...
– Seria melhor que você me contasse o que realmente viu em suas lembranças, Harry. – argumentou o diretor. – Odeio equívocos tolos.
– Tudo bem! Eu estava na casa de meus pais, na noite em que Voldemort os matou e tentou me matar. – Harry fez uma pausa, mas continuou, vendo que Dumbledore lhe gesticulava pedindo que continuasse. – Bem, eu escutei meu pai gritar para que minha mãe se proteger e me levar dali. – Harry escutou a voz de seu pai ecoar em sua mente. – E depois vi minha mãe, em meu antigo quarto, ela me puxou do berço, e antes que Voldemort entrasse no quarto, ela apontou a sua varinha para o meu coração.
– Bem Harry, creio que sua mãe tentava inutilmente protegê-lo do pior com feitiços protetores, nada para você se desesperar. Felizmente, foi o amor de sua mãe que o protegeu e não um feitiço. – Dumbledore fez uma pausa e disse muito convicto – Isso não é uma sentença, mas também não é um palpite. – Dumbledore olhou para a janela e viu que sol se punha no oeste. O céu estava tingido de um rubro róseo muito belo. – Você disse que havia outras coisas para contar-me.
– Sim. – começou Harry – Pode parecer tolo, mas no início do mês, Hermione viajou a Londres, pelo curso de Runas Antigas.
– Fui informado pelo prof. Ivan sobre o evento.
– Havia uma Runa recém descoberta em exposição.
– Também fui informado de sua descoberta e de que sua codificação, ainda não havia sido compreendida.
– Pois então. – reiniciou Harry – Hermione é muito inteligente e gastou um fim de semana inteiro decifrando aqueles códigos estranhos. – Dumbledore arregalou os olhos – Ela chegou a algumas frases, que se referiam de início a um príncipe que tinha o nome de Rathan.
– Rathan? – perguntou Dumbledore exasperado.
– Você sabe de quem estou falando? – foi a vez de Harry perguntar exasperado.
– Vejo que você não prestou muita atenção às aulas de Sibila. – disse o diretor sorrindo – Uma das formas mais concretas de se prever o futuro é estudar o passado. Mas termine de me contar o que o prodígio de Hermione descobriu.
– Bem, as runas contavam que o reino desse príncipe foi tomado pela espada e que na Bretanha fundou alguma coisa e fez amizades onde era Celta. – Dumbledore sorria a cada palavra que Harry dizia. – Hermione nos disse que...
– Nos disse? Quem mais sabe o significado destas Runas? – Dumbledore pareceu preocupado.
– Eu, Gina e o professor Ivan, Hermione fez questão de lhe mostrar seu trabalho.
– Creio que neste momento Voldemort já esteja atrás destas runas, no entanto vocês não saberiam, nem ninguém, quão importante é essa pedra para ele. – Dumbledore suspirou. – Desculpe, eu lhe interrompi. Continue.
– As runas ainda contavam de um poder, o poder do príncipe. Hermione descobriu que Rathan Salzriels é um anagrama de Salazar Slytherin e que se tudo estiver correto esse poder do príncipe está em todos os seus herdeiros, inclusive Voldemort.
– Harry, você está correto, ou melhor, Hermione está correta. Rathan realmente foi Salazar. E o poder do príncipe está em Voldemort.
– Como você sabe disso tudo? – perguntou Harry desconfiado.
– Harry, isso é uma coisa que me destruiria caso eu lhe contasse. Mas digamos que sei de muita coisa por causa daquela sala que você entrou sem permissão. Deixe me explicar-lhe algumas coisas destas runas. Voldemort detém esse poder, e você ao escutar o que a Runa dizia ficou esperançoso de que lhe ajudasse a descobrir o poder que você encerra? – Harry confirmou com a cabeça. – Bem, as runas não são o caminho para as respostas que procura.
– Mas ao final da segunda leitura, a runa nos diz que o poder de Voldemort é...
– Harry, a pedra se desgastou, nunca saberemos ao certo se seu poder é a morte ou se há algo mais por trás disso. – Dumbledore olhou para Harry – Preste atenção. Todos os poderes de Voldemort se voltam contra ele. Seus poderes são maldições, e elas nunca são perfeitas. A cada novo poder adquirido, Voldemort ganha sobre si mais um fardo, mais uma maldição que carregará para consigo pelo resto de sua vida errante. Você Harry, é o oposto, caminhando pelo lado certo, você adquire poderes e fica cada dia mais poderoso. Creio que não muito tarde, você será capaz de fazer de mim, pó.
Harry não havia entendido uma palavra sequer do que o diretor havia dito
– Harry, você me parece confuso. – afirmou Dumbledore.
– Realmente estou. – respondeu Harry.
– Bem, vamos expor as coisas de um modo mais simples. Você sabe em quais circunstâncias Tom Riddle nasceu? – o garoto negou – Ele não foi muito bem recebido. Sua mãe fazia parte do mais alto escalão da sociedade bruxa de sua época, e seu pai era um empresário muito bem sucedido. Assim como todo Slytherin, Tom nasceu em berços de ouro. No entanto seus pais, embora juntos, não estavam casados. O pai de Voldemort estava com sua mãe, porque havia se cansado de sua vida monótona de solteiro e, no entanto não queria um compromisso definido... Quando descobriu que ela estava grávida e ainda que era bruxa, ele a largou. A gravidez de Samanta foi complicada, ela pensou em abortar, mas de última hora desistiu. Tão cedo sua decisão interferiria em nosso destino. Tom Servoleo Riddle nasceu no último dia do nono mês de um ano muito ruim para todos. Samanta morreu após dar a luz àquele que seria o último dos descendentes de Slytherin. Ele teve a infância muito ruim, seu pai o considerou bastardo visto que sua família trouxa não o aceitara e ele foi enviado à um orfanato trouxa, onde jamais foi adotado mesmo porque as agentes da adoção diziam que o garoto tinha ataques psicóticos e que seria melhor adotar outra criança. Ele passou onze anos em um mundo sem amigos e sem carinho. Seu pai jamais lhe visitou, apenas lhe deu o nome que ele tanto tem raiva. Foi em sua infância que ele começou a criar a raiva que hoje sente pelos trouxas, vendo muitos passarem por ele e escolher outros, apenas por ele ser bruxo, óbvio que ninguém sabia, acreditavam que ele era um garoto estranho.
Harry notou que a infância de Harry havia sido, e muito, parecida com a infância de Lorde Voldemort. Ele conhecia de perto o que era passar onze anos sem amigos ou carinho. Sabia o quão horrível era a vida de órfão, só não tinha conhecimento o quão pior seria ter um pai vivo que o rejeitasse. Ele pela primeira vez sentiu alguma coisa por Voldemort diferente de raiva ou ódio.
– Ele esperou sua vida inteira para vir a Hogwarts. Quando chegou aqui, eu era apenas um professor de transfiguração. Como já esperávamos, ele foi selecionado para a Sonserina com uma rapidez que supera todos os Malfoys. E como você já conhece a história, ele abriu a câmara secreta e ocorreram todos aqueles acontecimentos que você está ciente a alguns anos. – Dumbledore suspirou pela última vez – Note que a vida de Voldemort foi um reflexo da maldição de sua família, nenhum Slytherin foi feliz desde o próprio Salazar. Essa vida de desventuras e abandono começou com Salazar Slytherin. Os pais de Salazar eram os líderes Celtas da ilha da Bretanha. Tiveram dois filhos, Salazar e Simione. Salazar foi o primeiro a nascer bruxo na família e sua mãe, que tinha pavor de magia, o rejeitou. Salazar criou-se sozinho nas florestas da Bretanha, aprendeu a viver sozinho. Virou um príncipe cheio de rancor de sua família. Assim como Voldemort, Rathan matou seus pais e assumiu um novo nome. Ali foi sentenciada a vida de todos os seus herdeiros.
– Por que essas informações não estão ao alcance de todos em livros? – perguntou Harry inconformado com a opressão de informações.
– Harry, acho que está na hora de você ir dormir. Já e tarde e eu ainda tenho muitos locais para ir. Boa Noite. – Dumbledore se levantou e Harry o acompanhou. Dumbledore conduziu o garoto até a porta e Harry foi deitar-se. O garoto teve certeza de escutar um som triste vindo de Dumbledore. Harry foi dormir sabendo que estava mais próximo da vitória do que nunca antes estivera.
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