O Desvio de Draco
CAPÍTULO SEIS - O Desvio de Draco
As semanas do mês de agosto passaram despercebidas pelos moradores do quartel-general da Ordem da Fênix. Todos, diferentes do que estavam no início de julho, pareciam mais alegres, e menos preocupados.
As notícias que eram manchetes no Profeta nunca se tratavam sobre algo relacionado a ataques ou mortes provocados por brincadeiras de Comensais da Morte. A última morte de que se tinha notícia era de um guarda trouxa, que policiava uma reserva na região central de Londres, e mesmo assim, este fato havia ocorrido há mais de um mês.
Talvez, fosse o calor, ou até mesmo a falta de ar puro que a sede suprimia, mas cada dia que passava a volta para Hogwarts parecia mais bem-vinda que nunca. Todos concordavam, até mesmo Mione, que Hogwarts, embora uma escola, era um maravilhoso lugar.
E como diriam os trouxas, simples homens que burlam a vida sem magia, o mês de agosto se esvaiu como num passe de mágica e antes mesmo que Harry pudesse parar para piscar, a Sra. Weasley entrava em seu quarto com uma pilha de vestes limpas.
– Tome, querido! Este ano usei um produto novo, ficou excelente. – A Sra. Weasley deixou a pilha sobre a mesa-de-cabeceira de Harry e saiu assim que Rony entrou.
– Tudo pronto? – Rony entrou trazendo diversos bolinhos açucarados do café em seus braços – Acabei de passar na cozinha e peguei esses para você, estão meio murchos, mas ainda sim, são deliciosos.
– Ah, ‘brigado. – Harry fez um gesto com a mão indicando para que Rony colocasse os bolinhos sobre a cama – Você viu onde deixei minha pena? Aquela de águia...
– Essa aqui? – Gina entrou segurando sua pena de águia, embora ela parecesse pensar que tudo estava normal, Gina mexia na pena de forma a chamar a atenção, e parecia não notar isso.
– Gina, que é isso? Você aprendeu a dançar com uma pena? – caçoou o irmão, rindo.
– Não seja mais tolo do que você já é normalmente. – e vindo na direção de Harry, jogou a pena sobre a cama do garoto, e delicadamente a pena melou nos bolinhos – Ah, Harry! Desculpa! Viu Rony? Você me dá nos nervos! Harry eu vou pedir para a mamãe dar um jeito, ela sempre dá... – e Gina saiu do quarto batendo a porta.
Enquanto Rony, punha todas as suas coisa no malão automaticamente Harry parou quando viu um embrulho de papel pardo ao fundo do malão de madeira. E delicadamente, ele pegou o embrulho com as pontas dos dedos e sabendo do que se tratava ele abriu-o e ficou vendo seu reflexo difuso, graças aos estilhaços, naquele espelho que podia ter salvado uma vida...
– Aqui, Harry. A mamãe deu um jeito. – Gina entrou no quarto, esbaforida, as mãos para trás – ela usou um removedor mágico, o problema foi que a pena ficou assim – e revelando a pena, ela estava igual antes o problema foi que agora estava amassada ao meio, mas como se fosse a mais bela pena, Harry a aceitou.
– Obrigado, Gina! – e mirando nos olhos castanhos de Gina, completou – Ficou até melhor do que antes.
– Que, isso Harry... Ah! Rony, a Mione disse que você pegou o livro dela de transfiguração e que seria interessante que ele voltasse inteiro, ainda hoje.
– Caracas! Eu coloquei no fundo do malão... Droga! – e virando o malão de cabeça para baixo, começou a procurar pelo livro, resmungando.
– Gina me dá uma mãozinha com isso aqui? – Harry disse a Gina, que concordou com a cabeça – Me alcança aquela pilha de vestes?
E assim o dia se desenrolou, Gina e Harry ajudando-se na arrumação dos malões de cada um; Hermione gritando com Rony, porque seu livro de transfiguração agora tinha, de acordo com Mione, uma grotesca orelha na folha de rosto, e que por isso ela jamais emprestaria nada a ele; ao fim do dia os gêmeos Weasley foram conversar com os quatro.
– O pessoal da Ordem pediu que a gente avisasse à vocês, que amanhã na partida para Hogwarts, a Guarda vai acompanhá-los até a King’s Cross. – começou Fred que indicou com a mão o irmão que completou – E vocês vão para lá mais cedo do que de costume logo, vocês amanhã acordaram as oito, para que estejam lá as nove e meia, tudo bem?
– Ah! Odeio acordar cedo... – resmungou Rony, que foi reprimido por um olhar gelado de Mione e da Sra. Weasley.
– Por isso mesmo! Todos para a cama! – ordenou a Sra. Weasley, que logo depois deu boa-noite a todos e enxotou-os para a cama.
O dia da partida à Hogwarts, foi como de costume uma confusão, o fato de que a Ordem achava prudente chegarem mais cedo, piorou drasticamente as coisas. Os corredores da Ordem, estavam sempre apinhados de gente correndo, segurando mapas, chaves titilando em portas, fechaduras se abrindo e se trancando, volumosas capas se enroscando em archotes, em fim uma zoeira geral havia se apossado da Ordem.
Enquanto Rony e Harry se dirigiam sonolentamente para a cozinha, Carlinhos encontrou Rony e puxou-o à um canto do corredor, falando ao cochichos explicou que ao que presumivelmente, o motivo do caos na sede era a viagem à King’s Cross, o mesmo revelou-se sendo uma ameaça de ataques na estação, ou seja contra Harry, e contra vocês.
– Quê?! – indagou assustado Rony, a um dos gêmeos Weasley – Isso não pode ser verdade, o trem parte às onze... Da manhã, só um louco atacaria uma estação de trem a esse horário!
Carlinhos pegou o irmão pelos braços e começou a sacudi-lo gritando – Não seja babaca como Percy foi – enquanto falava pequenos perdigotos eram lançados na face de Rony – de não querer acreditar na... – e sublinhando cada letra complementou – Na v-e-r-d-a-d-e! – e soltando o irmão deu às costas e entrou na porta mais próxima. Os dois seguiram caminho e passados dois segundos, Fred gritou lá de trás.
– Loucura por loucura, não há problema, muitos deles ficaram presos em Azkaban, que fez o serviço completo! – as orelhas de Rony ficaram instantaneamente da cor das maçãs que encontraram na mesa da cozinha.
– Bom dia garotos! – uma mulher estava sentada a mesa e seu habitual cabelo espetado cor de chiclete fora substituído por longas madeixas cor de mel, e seus olhos agora pareciam menores, embora seu aspecto estivesse diferente, Harry suspeitava de alguma forma que aquela mulher era ninguém menos que Tonks!
– Tonks? – Inquiriu Harry indeciso.
– Sim, você ficou bem feliz com a festa, não? – ela se levantou e fez um gesto para que ocupassem os lugares à sua frente, enquanto isso, Molly perguntava o que iriam querer – Rony, você eu já sei: torradas com geléia e ovos com bacon. Harry querido, o que você gostaria? É só dizer.
– Hum... Acho que salsichas e ovos seriam uma boa escolha. – disse Harry, e com um aceno da varinha a Sra. Weasley conjurou uma toalha e várias cestinhas com torradas, ovos e salsichas surgiram na mesa. Três pratos saíram de dentro do armário e se assentaram diante de cada ocupante da mesa.
– Tonks, eu pus algumas coisinhas a mais na mesa para que você pudesse escolher. – disse a Sra. Weasley.
– Molly, você não existe! – exclamou uma Tonks que embora sua boca estivesse cheia com pãezinhos de minuto e geléia, estava muito sorridente.
Enquanto saboreavam o café, já passava das oito e meia e quando Rony abriu a boca para reclamar que as garotas estavam atrasadas, as mesmas apareceram na porta da cozinha, os cabelos ainda molhados, as duas estavam a carregar os malões e um cabide com vestes negras forradas com tecido grená grinfinório bem passadas.
– Bom dia! – disseram Gina e Mione respectivamente. – Tonks? Tudo bom? – Mione contornou a mesa e se sentou ao lado de Tonks e Gina ao lado de Mione.
– Meninas, vocês estão atrasadas! Comam rápido, porque Gui já me avisou que a Guarda pretende sair daqui a dez minutos! – avisou Molly.
Gina respondeu delicadamente:
– É o suficiente mãe!
Ao que Harry observou, e note que só ele parecia ver o que ocorria, havia algo dourado piscando dentro da blusa de Tonks e quando ela percebeu o que se sucedia se levantou e ao ver a cara inconformada de Mione e de todos os outros explicou:
– Vou ver o que o Quim e o Moody estão planejando. – e pondo a mão de onde a luz dourada vinha disse adeus e saiu da cozinha sob um olhar de censura da Sra. Weasley.
Após o café, Harry e Rony foram até o quarto e pegaram seus malões e voltaram para a cozinha. Quando chegaram na mesma, toda a Guarda se encontrava ali.
– Foi ótimo vocês chegarem! Estávamos à espera de vocês. – disse a Guarda
Quim, um bruxo negro e alto dava as instruções de como proceder durante as operações da Ordem:
– Vocês não devem denunciar de forma alguma nossa participação na Ordem. Se algo realmente vier a ocorrer nós iremos protegê-los, mas não hesitem em brandir as varinhas perante aquelas cobras. É basicamente isso. Rony seu protetor é Elifas Dodge – um bruxo deu uma piscadela para o garoto que retribuiu com um sorrisinho pelo canto da boca – Hermione e Gina, Tonks e Vance ficaram com vocês, – Quim indicou Tonks e a bruxa que protegeu Harry na fuga do número quatro, Emelina Vance. Quim respirou fundo e olhou para Harry – Você Potter, não desgrude de mim e do Moody, entendeu?
Enquanto Harry confirmava com um aceno da cabeça, o garoto viu que Moody parecia preocupado e seu olho mágico estava se mexendo constantemente em todas as direções.
– Varinhas no bolso? – Quim quis confirmar à todos presentes, e todos concordaram – Então vamos, Moody por favor. – e dizendo isso Quim abriu caminho para que Moody abrisse a porta da cozinha. A chave de Moody era de um azul elétrico como seu olho e o formato da tranca era como um pequeno espiral, ele a tocou perante a porta e a mesma ficou com um brilho azulado por alguns instantes e após alguns segundos terem decorrido, Moody empunhou a varinha e abriu a porta.
O que a porta revelou nao forma os corredores da Ordem para espanto de Harry, a porta se abria para um beco escuro, cheio de latas de lixo e entulho trouxa, havia um gato sentado sobre a lixeira mais próxima, que pareceu a Harry estranhamente familiar, o gato tudo observava dali e ao perceber a presença de pessoas ali, ele desceu elegantemente da lata de lixo e desapareceu de vista por uma fresta do beco.
Todos saíram e Harry sentiu uma mão sobre seu ombro empurrá-lo para frente, era Moody, a mão dentro das vestes, obviamente segurando a varinha, Harry fazia o mesmo com a sua dentro do suéter que usava. E quando pensou em puxar assunto com Rony e Mione viu que estava sozinho com Quim e Moody, silenciosamente caminhando. Ao que Harry percebeu, estavam separados, para que caso algo acontecesse, não ocorresse uma colisão direta bruxo-trouxa. Moody apertou com força o ombro de Moody e Harry avistou o problema do outro lado da calçada, dois homens com longos sobretudos negros com a mão dentro dos mesmos olhavam para os três.
– Não olhe, Harry! – Moody deu uma profunda aspiração do ar – estamos bem preparados! Dumbledore está por perto caso algo ocorra.
Pela primeira vez, Harry viu que Moody receava algo, sua voz não era rouca e confiante, mas desafinada e interiorizada. Quim por outro lado apressava o passo e não parava de olhar para trás.
Quando o relógio da estação ficou ao alcance dos olhos tudo pareceu mais seguro, havia diversos trouxas pela rua e muitas pessoas vestindo estranhas roupas, que Harry suspeitou serem bruxos chegando para embarcar seus filhos no expresso que sairia dali à uma hora. Os homens com, sobretudos haviam desaparecido e Moody verificava tudo com seu olho mágico. Quando pisaram na estação encontraram, todos os outros já sentados nos bancos da estação.
Os quatro malões empilhados, e as duas gaiolas, com corujas completavam a cena. Rony exclamou de longe.
– Vocês demoraram! – ao ouvir a voz de Rony, Moody ameaçou retirar a varinha do bolso e ao verificar de quem era a voz completou:
– Garoto tolo! – apertaram o passo, o caminho do beco à estação lhe custaram três quartos de hora e Harry sentiu as canelas queimarem pela longa caminhada.
Quando se aproximaram, Emelina se levantou e foi falar diretamente com Moody sobre ao que Harry pode escutar pessoas de sobretudos negros. Moody respondeu com a voz rouca de sempre.
– Já os vimos, dois na Corner Street. Nada para se preocupar, estão aqui como nós também estamos e Dumbledore está por perto – Moody indicou o peito e Emelina confirmou positivamente com as mãos.
O tempo como tem o péssimo hábito, demorou a passar, o que forma minutos pareceram anos, Tonks havia pedido aos garotos que não conversassem muito para não chamar a atenção.
A Sra. Weasley chegou faltando dez minutos para que embarcassem no trem, junto com ela entrou também uma mulher alta com longos cabelos louros lhe caindo até as costas acompanhando um garoto louro de olhos acinzentados, Draco Malfoy. Molly e Narcisa se encararam por alguns segundos até que Narcisa gargalhou e saiu dali juntamente com seu filho.
– ..bre Draco... – resmungou a senhora Weasley pelos dentes – Vamos então? Eu levo vocês a guarda irá se dissipar aos poucos.
Rony, Mione, Gina e Harry seguiram a Sra. Weasley. Moody e Tonks foram atrás, Harry passou o olho pela estação e viu diversos bruxos conhecido circulando apreensivos, mas o que lhe gerou um fúria incontrolável foi a visão de uma mulher sentada trajando vestes verde-escócia, longos cabelos negros e olhos delineados por belos cílios, era Bellatrix Lestrange, a assassina de seu querido padrinho, a vontade de Harry era de correr até a mesma e estourar o rosto intacto dela, mas o que conseguiu foi derrubar uma lixeira e chamar atenção para o grupo. Moody correu e disfarçadamente limpou tudo com a varinha.
Quando chegaram no bloco de pedra que divida a plataforma nove da plataforma dez, Tonks entrou primeiro com a bagagem, depois Rony, Mione, Gina, a Sra. Weasley, Harry e por fim Moody que apareceu na estação com varinha no punho.
– Entrem no trem, é o que devem fazer. Ficaram juntos de Dumbledore e isto basta.
– Vocês quatro venham aqui! – a Sra. Weasley tentou, mas um lágrima já havia rolado pela as maçãs de seu rosto – Quero que prometam que vão permanecer unidos e não vão correr atrás de encrenca como no ano anterior. Me prometam, isso é uma ordem.
– A culpa foi minha – Harry disse o que queria ter dito havia meses – se algo ocorreu nos meses anteriores eu tenho consciência de que a culpa foi minha.
– Harry! Você não faz idéia o quanto sinto por você – e a Sra. Weasley o abraçou fortemente, e pelo ombro de Molly, Harry avistou Malfoy recebendo os carinhos de sua mãe.
Após a Sra. Weasley se despedir de todos, e todos se despedirem de Moody e Tonks eles entraram no trem e foram procurar por cabines vazias.
O Expresso de Hogwarts já estava começando a se mover nos trilhos e os quatro ainda não haviam encontrado uma cabine. Por fim encontraram uma no último vagão e como todo o mesmo permanecia vazio, tomaram conta do local. Hermione e Rony despejaram os malões no corredor e se dirigiram a cabine dos monitores para dar e receber instruções. Gina e Harry e foram encarregados de arrumar as malas no bagageiro e como agora já tinham permissão de usar magia, Harry tirou a varinha do suéter e exclamou:
– Mobiliarmus! – e os malões obedeceram, e forma para debaixo dos assentos. Gina se sentou no banco da janela e ficou encarando Harry. Estavam ali. Sozinhos.
Não por muito tempo. Luna e Neville entraram no vagão e pareciam aliviados por terem encontrado os dois.
– Percorremos todo o trem e não os encontrávamos, até que avistamos Granger no corredor e falamos com ela. – Luna este ano parecia menos maluca, talvez fosse pela ausência das rolhas como colar ou pelo simples fato de agora a conhecer melhor. Seus olhos continuavam iguais azuis e vidrados. Neville tinha por incrível que pareça perdido peso e suas roupas estavam mais folgadas. Sua voz também mudara, não era mais um menino tolo e gaguejante. Sua voz era normal.
– Harry! Que bom que você veio cara! Não vejo a hora de reiniciar a Armada. – e Harry se lembrou, a Armada de Dumbledore, organização clandestina que fundara em seu quinto ano para combater a tirania de Dolores Umbridge – Ah, sim todos estão comentando. Antônio Goldstein já veio me perguntar sobre se a organização iria continuar. – completou Luna em tom de desafio.
– Bem, para ser sincero... – vendo que os dois estavam em pé, Harry acenou os bancos diante dele e de Gina, que permanecia concentrada com a visão da janela, e pediu que sentassem – Eu ainda não havia pensado nisso, mas acho que se tivermos um professore decente de Defesa Contra as Artes das Trevas, não precisaremos do grupo mais.
A cara de desaprovação não foi só de Gina, mas de Luna e Neville também. Gina interrompeu sua concentração e retorquiu.
– Harry! Você viu como que tivemos de vir para à King’s Cross. Aulinhas tolas com professores não adiantam nada. Precisamos de prática, você viu que com pouca experiência fomos aos poucos nos defendendo daquele monte de Comensais no ministério! – e dirigindo a palavra a Neville e Luna, Gina terminou – Luna e Neville, sim vamos continuar com a AD, se Harry não quiser participar, ele sai!
– Que? Eu só disse que iria pensar! Não disse que terminaríamos com a AD nem nada!
– Que gritaria é essa? – Rony e Hermione haviam acabado de chegar. – Rony e eu viemos comentando que algo devia ter acontecido, de novo, por que a gritaria?
– A Gina querendo me retirar da AD...
– O Harry querendo terminar com a AD...
– Sandice dos dois! – completou Hermione. – Oi, Neville! Oi, Lovegood! –Hermione não parecia que estava querendo ser muito simpática com Luna – como foram as férias?
– Boas...Fui com minha avó à casa de todos os meus parentes para contar meus feitos no ministério... – conforme ia falando a voz ia decrescendo – minha família agora acha que sou uma heroína...
– Não deixa de ser, permaneceu ali, na batalha, até a Mione caiu! – completou Rony rindo.
– Aquele feitiço era assombrosamente poderoso Rony! – retorquiu Hermione desgostosa.
Todos riram e se acomodaram ali. Conversaram e riram mais um pouco, ficaram debatendo sobre os mais diversos assuntos, todos muito supérfluos, como quadribol, bailes, encontros e namoros... Quando a senhora da carrocinha de lanches passou todos compraram dezenas de guloseimas e bolinhos e garrafas e garrafas de suco de abóbora gelado. Após terem se fartado de tanto comer receberam a visita de diversos colegas da Grifinória, Lufa-lufa e Corvinal. Justino Finch-Fletchey e Ana Abbott vieram saber se a AD prosseguiria e Antônio Goldstein veio falar com Luna. Embora tudo parecesse perfeito naquele dia, enquanto Gina cochilava e Luna lia O Pasquim, Malfoy, Parkinson, Crabbe e Goyle interromperam a conversa entre Harry, Rony, Neville e Mione.
– Olha só! Potter, Weasley e Granger: O trio perfeito ataca novamente! – Parkinson e seus capangas riram, debochando.
– Pelo que sei Malfoy, seu papai esta em Azkaban, não é mesmo? E só para lembra fomos exatamente nós seis que o prendemos. – e como pisar numa serpente Malfoy se alterou e instintivamente tirou a varinha das vestes e apontou para o coração de Harry, que também fora rápido e tinha a varinha em mãos. Diferente de Malfoy, Harry estava calmo.
– Foi um erro você ter feito isso hoje, Malfoy. Você sabe que Crabbe e Goyle são inúteis com uma varinha e Parkinson... Sem comentários.
– Potter... Você é muito prepotente, seu Es...
Houve raios dourados, vermelhos e roxos que se dissiparam e ricochetearam nas paredes.
Tudo ocorreu de forma tão rápida que Harry não pode nem analisar quem lançou o que e em quem. Harry desarmara Malfoy que fora atingido por dois feitiços estuporantes, um de Justino Finch-Fletchey e o outro de Ana Abbott. Crabbe e Goyle estavam caídos de borco, Luna e Gina usaram a azaração do bicho-papão e Parkinson estava estática como pedra, Hermione usara o feitiço do Corpo Preso e Rony estava caído no meio da cabine.
– Enervate! – disse Harry em direção à Rony – Todos estão bem? – Houve uma confirmação geral e então Harry perguntou à Ana e Justino – Como vocês viram o Malfoy aqui?
– Ah ele é uma besta mesmo – disse Justino chutando as pernas de Malfoy – Saiu da cabine e veio até aqui segurando a varinha nas costas, e eu e Justino o seguimos, só por diversão – completou a monitora da Lufa-lufa.
– Mobilicorpus! – exclamou Gina em direção à Parkinson, dura como uma madeira, foi sendo levada dali. Os outros ajudaram a retirar os sonserinos dali enquanto Mione e Luna cuidavam de um Rony ainda atordoado.
Após os problemas resolvidos, a noite já havia caído e já era possível avistar o lago da escola, torrinhas e torrões já podiam ser vistos através da noite escura. Hermione como de costume, fora perguntar ao maquinista o tempo para a chegada e então todos colocaram as vestes de Hogwarts e ficaram rindo da pequena batalha com os sonserinos. Porém Harry não podia deixar de pensar no que havia visto no braço esquerdo de Malfoy, fora rápido, mas suficiente para saber que agora Draco Malfoy era mais um desviado do bem.
Como ocorrera no ano anterior, quando trem parou na estação de Hogsmeade, Hermione e Rony ajudaram os primeiranistas a encontrar Hagrid, que os levaria ao passeio inaugural pelo lago. Quando Harry desceu juntamente com os outros escutou a alta e grossa voz de Hagrid, o Guardião das Chaves de Hogwarts:
– Alunos do primeiro ano! Aqui comigo! Primeiro ano, aqui! – e logo dezenas de pequenos bruxinhos aguardavam ansioso a ida ao porto de Hogsmeade.
Os quatro, Harry, Gina, Neville e Luna iam caminhando em direção as carruagem que os aguardavam, e Harry ficou feliz em ver que Malfoy não estava embarcando em nenhuma o que significava que ainda estava no trem, provavelmente, sem sentidos.
Enquanto caminhavam Gina que ia ao seu lado, travou os pés na grama e apertou com força o pulso de Harry.
– O q-que são essas coisas? – os olhos de Gina giravam ao redor das carruagens e parecia perplexa com o que via.
Só agora Harry havia notado a presença dos Testrálios atrelados às carruagens, seres aladas horripilantes, eram como cavalos, porém seus osso eram delineados pelo couro do bicho e seus olhos eram brancos e leitosos e tinham expressão alguma.
– São testrálios. – explicou Harry a Gina, e antes que Gina perguntasse porque eles estavam ali, Luna respondeu – Você só não podia vê-los.
– Isso é estranho... Muito estranho mesmo. – e dizendo isso Gina foi a última a entrar na carruagem que se fechou sozinha e foi levada até os portões de Hogwarts que eram ladeados por dois javalis alados.
O castelo dava indícios de que a atividade já havia começado, em todas as janelinhas do castelo era possível avistar um feixe de luz, o que fazia parecer estrelas nas paredes escuras do castelo que se misturavam com a escura noite. Os portões se abriram e as carruagens foram parando uma a uma enfileiradas de forma a arranjar um semi-círculo diante das enormes portas de carvalho lustroso que o castelo possuía. Quando o primeiro estudante pisou degrau mais baixo da escadaria de pedra que antecedia a porta, a mesma se abriu iluminando os jardins com a luz do seu interior e assim revelando a enorme multidão que se movia em direção ao castelo.
Quando chegaram ao Salão principal o mesmo exibia as decorações tradicionais de início de anos, quatro enormes galhardetes nas cores das quatro diferentes casas, amarelo, azul, verde e vermelho e nas barras, os galhardetes exibiam franjas ouro, prata, negro ou cobre o que dava ao salão um ar de festa. Atrás da mesa dos professores uma enorme bandeira negra com o brasão de Hogwarts emoldurava todo o salão. Luna se despediu dos demais e se encaminhou à mesa da Corvinal. Hermione e Rony já aguardavam Harry e Gina, sentados a mesa de Grifinória.
Quando Dumbledore tomou seu lugar à mesa, as portas do salão se abriram e revelaram uma fila de alunos do primeiro-ano nervosos, assim como Harry ficaram também, e caminharam até o fim do salão liderados pela professora McGonagall, que depositou um chapéu velho e esfarrapado sobre um também velho banquinho de três pernas. No mesmo instante um rasgo próximo à aba do chapéu se abriu e o mesmo começou a cantarolar.
Ó, jovens bruxos,
Que aqui se lançam ao conhecimento
Além das fronteiras de seu entendimento
E além das nossas, uma briga é travada
E isso me lembra dois amigos meus
Um era Slytherin, outro era Gryffindor,
Amigos pela Bretanha, nos campos de batalha
Opostos nessa escola, permanecem com ardor
Havia também dois pilares
Erguidos, para sustentar uma colisão,
Mas antes que o ocorresse
A idéia foi ao chão
Um pilar era Ravenclaw
E o outro Hufflepuff
Que juntos ajudaram a reformar a fundação
E eis que após tempos
Há uma nova colisão
Forças se chocam contra o peito do irmão
Vocês podem achar estranho,
Mas tudo é necessário,
Quando vi ele ir embora,
Suspeitava o pior,
Sabia como nunca, que a discussão não terminara...
E que logo pais e filhos
Voltariam para o acerto,
Pois nesse mundo aqui se faz e
Aqui se paga,
E só lembro a vocês,
Que pensem nos seus atos,
Que saibam das conseqüências,
E que não julguem como Pilatos
Pois hoje estou aqui para julgá-los
Em qual casa se disporão
Onde morarão,
Seja a sua a Sonserina,
de Slytherin, o guerreiro dos pântanos.
Ou então que seja a sua a Corvinal,
de Ravenclaw, o pilar da fundação.
Pois bem, Seja a sua a Grifinória,
de Gryffindor, o cavaleiro das charnecas.
Seja a sua a Lufa-lufa,
de Hufflepuff, a coluna de proteção!
Eis que é chagada a hora de vós,
Se aproximem jovens,
Ponha-me em sua cabeça
Que rapidamente lhe direi
Seja lá qual for a casa,
À que você pertença!
Todos bateram palmas continuamente até que o alvoroço cessou e McGonnagal começou a chamar os nomes, iniciando com um garotinho de cabelos louros e bochechas rosadas que foi selecionado para Corvinal.
– Essa seleção sempre demora – resmungou Rony enquanto batia palmas para a mais nova aluna da Grifinória – não vejo a hora – finalizou Rony olhando para o prato vazio.
– Rony! Você só pensa em comer!? – disse uma Gina indignada – Parece até que você não come direito em casa.
Novamente bateram palmas aos novos integrantes da mesa da Grifinória e após mais alguns nomes, a cerimônia de seleção havia se encerrado e a Profª McGonagall já havia recolhido o chapéu e o banquinho, logo já ocupava seu habitual lugar ao lado de Dumbledore, que havia se levantado, mostrando suas belas vestes de veludo roxo com cordões dourados.
– Sejam Bem-Vindos para mais um ano em Hogwarts! – sorrindo continuou – Devo dar parabéns aos mais novos alunos desta escola e também alertá-los sobre algumas regras básicas. Primeiro! – disse Dumbledore levantando um longo dedo de sua mão –Todos os alunos estão terminantemente proibidos de entrar na floresta dos jardins da escola, visto que o local está muito perigoso. E segundo – Dumbledore agora levantou seu segundo dedo – Existe uma lista de objetos proibidos no colégio na sala do Sr. Filch. – olhando na direção de Harry através de seus oclinhos de meia-lua Dumbledore deu um profundo suspiro e começou a falar com uma voz mais séria.
– É fato que Voldemort – ao som daquele nome, muitos, principalmente os sonserinos deram suspiros de aflição – está de volta a ativa. Muitos de vocês já devem ter tido, neste verão um contato mais próximo com ele, creio que você devam ter ficado sabendo das mortes pela Ordem dele, correto? – muitas cabeças confirmaram em todas as mesas à exceção da mesa da Sonserina que dava sorrisos maliciosos em direção ao diretor – Logo é sempre bom avisar que nesses períodos de conturbações sociais no mundo mágico, as pessoas mudam e logo tomem cuidados. Obrigado, creio que estão famintos!
E ao dizer isso, as travessas de comida apareceram e o conteúdo era como de costume o mais variado possível, haviam batatas cozidas, pernil assado, carne de porco, peru recheado, as mais diversas saladas e um delicioso pudim de ruibarbo.
Enquanto se servia, Harry não deixou de observar Malfoy do outro lado do salão, segurava com firmeza o braço esquerdo e não tocara no comida te então.
Conforme comia, Harry observava o salão e ficava assombrado só de pensar no que aconteceria caso uma nova ordem se instaurasse em Hogwarts. Harry viu Nick-Quase-Sem-Cabeça e ficou feliz em saber que seu padrinho agora descansava em paz e não viveria até o fim dos tempos como Nick fazia, e Harry percebeu como aquilo era triste.
Após o jantar todos foram às suas respectivas salas comunais, como de costume Harry tomou, um atalho próximo à cozinha, juntamente com Gina e Neville o rumo do sétimo andar, onde se localizava a torre da Grifinória. Rony e Hermione ficaram e foram pelas escadarias de mármore para mostrar o castelo aos pequenos primeiranistas.
Quando chegaram perante o quadro da mulher gorda ela sorriu docemente e disse.
– Bom ver vocês por aqui! Nem todos voltaram este ano! Senha?
– Pó de Cinzal! – exclamou Gina, e enquanto entraram, ela completou – Mione me disse a senha lá em baixo.
Harry subiu rapidamente para o dormitório e ficou feliz em ver sua cama de dossel lhe esperando. Abriu o malão com a varinha, pegou o pijama e deitou-se. Disse, boa-noite a Neville e nem viu Rony entrar, só sentiu as pálpebras pesadas caírem pelos seus olhos.
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