O que eu esqueci?
Os meses seguiram, tornando os dias cada vez mais frios, o que não abalou nem um pouco o humor de Hermione e Rony, que não se separavam. Por incontáveis vezes Lilá tornou a atrapalhar, mas sempre algo dava errado e os dois voltavam a ficar juntos. Desistir? Nunca! Ela era Lilá Brown e não desistiria até ter seu querido “uon-uon” de volta.
O natal ia se aproximando e junto a ele as tão esperadas férias. Estava certo de que eram pequenas, mas, para eles – menos Hermione, como sempre -, qualquer tempo fora daquela “prisão” era louvável.
Naquela manha, quando o sinal tocou pela última vez, foi acompanhado por gritos de comemoração de todas as salas, seguido de correria e mais gritos nos corredores.
Hermione foi a última a se levantar, mantinha uma expressão de desaprovação perceptível, enquanto Rony e Harry cantavam músicas natalinas e dançavam pela sala.
- Caramba! Vocês tem que ver a bagunça que está esse corredor! - Gina acabara de entrar, sendo seguida de Luna. Pareciam aliviadas por sair da confusão que outrora encontravam-se – já soltaram três bombas caseiras, tirando os papéis higiênicos molhados no teto e as carteiras quebradas.
- É esse absurdo todo ano. – comentou indignada Hermione
- Eu estou com pena é do Filch. – disse Luna, sonhadora como sempre
- Pena do Filch? Vocês estão loucas, só pode! – Rony continuava a rir e cantarolar animadamente.
- Gente! Amanhã não tem aula, vocês tem noção do que é isso? – perguntou Harry empolgado.
- Sim, realmente é lamentável – respondeu tristonha, Hermione.
Rony olhou-a espantado, depois desviou para Harry, completamente confuso. Ele não a entendia, isso era fato.
- Ronald, vamos. Papai já está nos esperando. – Gina voltara sua atenção novamente para o grupo, depois de dar uma olhada pela janela e localizar o carro do pai estacionado na entrada – tchau amor! – completou dando um selinho em Harry, que retribuiu feliz, fazendo sinal com as mãos de que ligaria mais tarde.
- Não... Ahm... Rony, você não quer ir andando comigo até em casa. – perguntou Hermione
- Claro que sim, minha linda! – afirmou sorrindo, fazendo a morena ruborizar-se de leve.
Rony carregava em uma mão as suas coisas e as de Hermione, com a outra ele a abraçava. Caminhavam e conversavam, os passos eram lentos mas a casa da garota não era tão longe dali, logo chegaram e pararam à porta. O ruivo a puxou e a beijou com intensidade, largando segundos depois.
- Está entregue – ele sorria abertamente.
- Obrigada. Mas... Você não quer entrar?
- Acho que não Mione, seu pai não ia gostar...
- Mas hoje ele deixa.
Ela não esperou o namorado aceitar. O puxou sem cerimônias para dentro da casa, o deixando constrangido e confuso.
- Mione, eu... eu não estou entendendo.
- Mas vai entender agora!
Hermione se virou para uma mesinha de canto que havia a alguns passos dali e pegou um embrulho, estendendo- o a Rony. Ela sorria e ele estava cada vez mais confuso.
- Mi, ainda falta para o natal, por que ta me dando isso agora?
O sorriso do rosto de Hermione foi sumindo gradualmente, isso não era um bom sinal e Rony sabia disso. Mais que depressa ele tirou o embrulho das mãos dela, como se isso pudesse redimi-lo.
- Mas se você acha melhor, eu não me importo. Não mesmo! – ele forçava um sorriso, mas percebia-se o quão tenso ele estava.
A morena não tinha mais nenhum traço de felicidade no rosto, muito pelo contrário, mantinha uma expressão de ódio e o olhava com dureza e repreensão. Não demorou para ela tomar a posse do presente novamente.
- Eu não acredito! – ela gritou – sai da minha casa agora!
- Mas Mi...
- Eu disse agora!
Rony estava mais confuso que nunca. O que havia feito de errado agora? Não conseguia entender! Preferiu não discutir, entregou a ela seus matérias e se retirou.
Foi para casa se sentindo culpado e passou várias horas tentando descobrir de que. Ligou diversas vezes para Hermione, mas ela parecia ignorá-lo. Estava cada vez mais triste e desanimado.
O sol já partia, deixando o céu em uma mescla de amarelo, laranja e azul.
Rony estava sentado no banco do jardim e observava sem muito interesse a grama meio amarelada pela luz restante do sol. Parecia absorto em seus pensamentos.
Gina surgiu em sua frente, o que o acordou.
- Dá onde você veio menina? – perguntou assustado.
- Da porta, obviamente...
- Não te vi.
- Percebe-se...
Ele apenas fez uma careta e voltou a encarar a grama.
- A Mione me ligou... – disse ela, sentando-se ao lado do irmão, que voltou a encará-la na mesma hora.
- Ela te ligou? Então, por que não me atende?
A ruiva suspirou
- Você é mesmo uma besta quadrada...
- Obrigado, isso ajuda bastante. – ironizou irritado
- Disponha...
Rony agora encarava com força e falso interesse o chão, tentava ao máximo ignorar a irmã.
A ruiva suspirou novamente, parecendo se entregar.
- Você não lembra mesmo não é?
- Tinha que me lembrar de algo? – ele continuava a encarar o chão.
- Não é possível! Ronald, pensa...
Rony vasculhou mais uma vez sua memória, mas nada lhe vinha. Sentiu-se mais frustrado.
- Vou te ajudar. Baile, Lilá, praça... lembrou?
O ruivo deu um salto da cadeira com as mãos na cabeça. Agora sabia, tinha se lembrado.
- Aniversário de quatro meses de namoro! – falou
- Aleluia!
- Minha nossa! Gina, a Mione vai me matar!
- Só? Se eu fosse você esperava por mais...
- Meu Mer... quer dizer, Deus! O que eu faço agora?
Gina sorriu marotamente.
- Bem...
- bem o que?
- eu posso ajudar...
- Ajudar? Você quer me ajudar? – ele a olhou desconfiado
- é, por que não?
- Simplesmente porque não é do seu feitio fazer esse tipo de coisa.
- Credo Ronald! Estou aqui tentando salvar sua pele e olha como você retribui! – fingindo-se ofendida.
- Fala logo o que você quer em troca.
- Que você fique com a vovó Mafalda nesse natal.
- O que? A vovó vem esse natal?
- Sim, e mamãe já está tentando arranjar alguém para cuidar dela no dia da ceia.
Rony se recordava muito bem de sua avó. Ela não era nem um pouco agradável se quer saber. Falava muito, não parava um minuto, lembrava muito a tia Muriel, só que mais chata, se é que é possível.
- Ahh... – reclamou ele
- É pegar ou largar...
O ruivo pensou um pouco
- Tudo bem! Fala logo!
- Não vou falar, vamos agir!
Gina levantou-se decidida e dirigiu-se ao jardim dos fundos.
Era estranho, mas Rony, desde que “chegara” naquela casa, nunca havia ido ao outro jardim. Talvez por falta de tempo, até porque ocorrera muita coisa nesses últimos meses, ou talvez por pura distração.
Rony demorou um pouco para reagir, mas logo seguiu a irmã.
O jardim dos fundos era mais amplo, mas tão bem cuidado quanto o outro. Tinha lindas arvores altas, agora com as copas quase vazias, grama amarelada pelo frio e uma grande variedade de flores. “ Os gnomos que iriam gostar daqui.” Pensou, divertindo-se um pouco.
A ruiva se dirigiu ao centro, onde havia uma pequena fonte e a alguns metros da mesma, uma linda mesinha redonda branca de pedra, com quatro cadeiras.
- O que exatamente você está pensando em fazer? – perguntou, curioso.
- Um jantar... – respondeu, sem levantar os olhos, estava mais preocupada em arranjar um jeito de mover as pesadas cadeiras.
- O que? Quem vai fazer a comida?
- Ninguém Ronald! Não me arriscaria a tal ponto... A encomendei.
- Como assim, a encomendei? – repetiu, imitando a voz da ruiva.
- Já sabia que ia aceitar a proposta... Você é tão previsível Ronald.
Rony a fuzilou com o olhar, raivoso.
- Mas Gina, Mione nem me atende! Como acha que vou convencê-la a vir?
- Deixa comigo ok? Agora você poderia por favor me ajudar com isso? – Gina tentava inutilmente levantar uma das cadeiras.
- É nessas horas que eu sinto falta da minha varinha... – disse, mais pra si do que para a irmã.
- o que?
- Nada, esquece...
Com a ajuda do irmão, as coisas ficaram muito mais simples e logo tudo já estava pronto. Agora a mesa, envolta por pétalas de rosas vermelhas, estava frente à fonte, com apenas duas cadeiras, uma linda toalha de seda, dois pratos que a Sra. Weasley ganhara no dia do casamento, talheres de prata, taças e uma jarra de cristal com rosas e duas velas acesas em castiçais de prata finos.
- Só falta um detalhe.
Gina correu até a casa e ligou a fonte, que se encheu de luz e começou a jorrar água.
- Pronto! – disse, empolgada, quando voltou ao encontro do irmão.
- Uau Gina! Ficou demais. – admirou.
- Obrigada. Agora vamos, temos muito o que fazer ainda.
A menina entrou na casa, com o irmão em seus calcanhares, e correu para o sofá com o telefone na mão. Rony sentou-se ao seu lado. Gina discou números aleatórios e colocou o objeto no ouvido, fazendo sinal para que o ruivo ficasse em silêncio, ele obedeceu sem reclamar.
- Alô? A Hermione está? – Hesitou, Rony a observava atentamente – Mione, é você? – Gina tinha uma voz manhosa, quase de choro – Ah, estou muito mal. Eu e o Harry acabamos de brigar, não sei se tem volta. Não, não posso te contar por telefone. O Rony? – ela encarou o irmão, ele continuava atento à conversa – não, ele não está aqui, não se preocupe. – parou mais um instante, a ansiedade de Rony só aumentava – ah, ele saiu, não sei pra onde. Se é com alguma menina? – ela encarou de novo o irmão – Não sei, acho que não. Deve ter saído com o Harry... Vem pra cá, por favor! Mas vem pronta, quem sabe a gente dá uma saída e come alguma coisa... Por favor! Por mim! – hesitou mais um instante, Rony já andava de um lado para o outro, como se isso aliviasse a tensão, o que, aliás, não adiantava em nada.- Ah! Obrigada amiga... Te espero então. Beijos. Até mais. – então desligou o telefone – Ela vem, não se preocupe. – sorria, o irmão já se sentara novamente, aliviado.
Um som alto roubou a atenção dos dois, era a campainha.
- Será que já é ela? Mas nem me arrumei! – desesperou-se Rony
- Claro que não sua anta! Nem deu tempo... Deve ser a comida, vá se arrumar que eu atendo.
O ruivo subiu as escadas, ainda conseguiu escutar a irmã agradecer ao entregador, antes de entrar por completo no corredor que levava a outros cômodos da casa. Era estranho, até porque quase nunca isso acontecia, o fato da casa estar quase vazia. Sobre o que Rony sabia, sua mãe havia ido visitar uma amiga doente no hospital, seu pai estava fazendo hora extra no trabalho, para aumentar a renda de final de ano; Carlinhos saíra com os amigos, Gui conhecera uma garota, acreditem, chamada Fluer, e Fred e Jorge, ele não fazia a mínima idéia de onde se enfiaram, só restara Gina e ele.
Tinha que admitir, tinha medo, não sabia ao certo o porque. Se acostumara bastante com os objetos trouxas e se impressionava cada vez mais com as coisas que aprendia, mas, esse tal de amor, tão indomável e incerto, o assustava. Tinha medo de perder a Mione, medo que qualquer coisa que fizesse podia pra sempre separá-los, e ele teria que viver com essa dor. Tivera uma segunda chance e não queria estragá-la em hipótese nenhuma.
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N/A: bem gente, isso é tudo que eu tenho. O outro cap ainda não está pronto. Quando estiver eu posto aqui.
Espero que estejam gostando...
Marianna, te mandei uma mensagem. Obrigado a todos que comentaram e que comentarão. :D
Bjos!
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