Um céu estranho e azul
O calor era insuportável e o fato de não ter nada para fazer estava cansando-lhe o corpo. A mente, no entanto, parecia muito ocupada com a leitura do último livro Harry Potter. Absorvia cada palavra como se estivesse correndo perigo junto aos personagens e ela ficou na dúvida se suas costas estavam doendo por permanecer deitada durante muito tempo ou por causa da batalha que se travava contra Voldemort em Hogwarts.
Como a autora conseguia prender dessa maneira os seus leitores, isso ela não sabia. Desejou que pudesse ler mais. Talvez reler os volumes antigos ajudasse. Mas, pensando bem, não seria a mesma coisa. Não seria tomada da mesma curiosidade e entusiasmo pois já "vivera" cada uma das palavras que se seguiram até chegar ali.
E então ela virou a última página. Sabia que era o fim e não havia como recuar. Só lhe restou ler:
A cicatriz não incomodara Harry nos últimos dezenove anos. Tudo estava bem.
E fechar o livro.
Respirou fundo e lembrou de toda a história que se seguiu durante aqueles anos, em todos os livros. Reviu algumas cenas dos filmes e outras que ela mesma imaginara. Gostava de entrar naquele mundo. Não que ela fosse paranóica ou louca por Harry a ponto de se vestir como os personagens como fazem alguns fanáticos. Apenas lhe agradava a leitura.
Olhou para o céu e respirou fundo mais uma vez. Deixou o ar entrar em seus pulmões e fazê-la voltar a realidade. O céu estava bonito. Um azul muito vivo e algumas nuvens que davam a impressão de ele estar mais alto. Imaginou ter visto três ou quatro vassouras voando em sua direção. Claro que era sua imaginação. Talvez isso aconteceu com todo mundo depois de ler o último livro de uma série tão envolvente.
Pensou se em algum momento de sua vida demostrara algum dom para magia como Lilian Potter no parquinho junto com sua irmã Petúnia, espiada por Snape. Não lhe lembrara de nada, exceto aos seus 5 anos quando quis pegar o pacote de biscoitos que estavam em cima da geladeira e ele caíra em sua cabeça, fazendo um galo enorme.
Ainda imaginava vassouras voadoras no horizonte, vindo em sua direção. Fechou e abriu os olhos e então elas não estavam mais lá. Foi para dentro de casa, queria falar ao irmão que finalmente terminara de ler o livro. Desceu correndo as escadas repetindo os nomes dos filhos de Harry e Gina que tinha acabado de descobrir na leitura.
- Dú, terminei! Thiago, Alvo Severo e Lilian. E eu sabia que o Snape era do bem. Eu sabia! E Rony e Hermio...
- Boa Tarde Talita! - cumprimentou-lhe uma senhora de sorriso radiante, cabelos castanho-grisalhos e vestes estranhas.
- B-Boa Tarde.... Oi... - respondeu com um ar de desconfiança e estranhamento. Olhou para seus pais, sentados junto a um homem esquisito no sofá maior, procurando uma resposta. Eles pareciam tão confusos quanto ela. Quando entrou na sala, viu mais uns dois homens que trajavam vestes igualmente excêntricas e reparou, de canto de olho, nas vassouras que estavam encostadas junto a parede perto da porta.
- Muito prazer! Sou Inácia Grymerton. Diretora de Hogwarts... acho que já deva ter ouvido falar em Hogwarts, não? Uma trouxa inglesa acabou publicando uma história sobre o um símbolo da história da magia, Harry Potter. - Disse a bruxa, se levantando e acrescentando as últimas palavras ao reparar que o rosto de Talita estava branco como pergaminho e a boca e os olhos se abrindo cada vez mais. - Por favor, sente-se, precisamos conversar com você e seus pais.
Talita estava simplesmente paralisada. Como seria possível? Seria tudo verdade? Então Harry Potter realmente existe ou existiu. Existia partidas de quadribol, corujas-correio, plataforma 9 3/4, e o castelo de Hogwarts? Se imaginou viajando no Espresso de Hogwarts comendo feijõezinhos de todos os sabores junto com outros jovens bruxos e bruxas, pensando em qual casa o chapéu seletor a colocaria. Estava quase entrando em choque quando Inácia tornou a chamá-la, fazendo-a despertar.
- Srta. Turpin! Se puder se sentar, acho melhor que se sente antes de eu começar a falar... - disse segurando Talita pela mão e conduzindo-a a poltrona ao lado da que estava ocupando.
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