A Triste Sina de Tia Petúnia
- O que eles estão fazendo aqui? - pergunta Harry desesperado, sentando na cama, olhando assustado para os tios.
- Sua tia veio aqui pra explicar o que aconteceu a três semanas em sua casa... - disse Dumbledore sereno como sempre fora.
- Três semanas?! - perguntou Harry espantado - Mas eu pensei que fossem só três horas...
- Pois é, Harry, você ficou um pouco perdido depois do desmaio, principalmente no quesito tempo - disse Dumbledore - Aliás, devemos agradecer ao seu primo Duda por você estar aqui são e salvo, Harry.
- Duda?!
- Sim, pois foi ele que viu seu sangue escorrendo e foi acisar a Sra. Figg, que nos mandou uma coruja, por sinal rapidíssima, então eu e Snape aparatamos em sua casa e trouxemos você para cá - disse Dumbledore, como se tudo não passasse de uma metódica partida de xadrez.
- Nunca pensei que Duda e Snape um dia seriam úteis... - disse Harry, bem baixinho, meio que com vergonha.
- Mas você já foi salvo antes por Snape, lembra-se no seu primeiro ano? - disse Dumbledore, fazendo Harry erguer os olhos - Mas, não é isso que estamos fazendo aqui, não é mesmo, Petúnia? - perguntou o diretor, se dirigindo pela primeira vez à tia de Harry, que permanecera com uma cara de constrangimento e medo o tempo todo.
- Você está certo, Dumbledore, não é isso que eu vim fazer aqui - disse Petúnia com uma voz fraca de quem chorara muito nos últimos momentos. Seus olhos ainda lacrimejavam de leve.
- Pois bem, peço para que o senhor Dursley e Madame Pronfrey aguardem do lado de fora - pediu Dumbledore.
- Eu não vou sair daqui sem a minha esposa!! - brandiu Tio Valter, levantando-se da cadeira.
- Valter? - perguntou Tia Petúnia.
- Esse é um assunto familiar do qual o senhor não faz parte, Sr. Dursley - disse Dumbledore, sem tirar os olhos de onde eles estavam olhando, para ver um rubro Tio Valter, levantando menos de um metro dele.
- Até onde sei, você não é da família, não é? - retrucou Tio Valter. Harry não dissera nada, pois estava esperando o momento em que Dumbledore se enfurecesse com o tio, embora tivessem sido pouquíssimas as vezes que Harry vira Dumbledore nervoso. Dumbledore olhou pra Harry, como se dissesse para que ele não acreditasse que isso aconteceria.
- Valter - começou Tia Petúnia, puxando o braço do marido - pode me deixar aqui com eles. Vá com a enfermeira, faça o que Dumbledore pede - completou ela, como se estivesse implorando para que o marido saísse logo dali.
- Petúnia, você não vai contar tudo ao garoto não é? - pediu Tio Valter. Tia Petúnia abaixou os olhos em resposta - Tudo bem, - reiniciou o tio - eu saio, mas não se arrependa do que você vai fazer Petúnia, ele deverá ficar conosco mais um ano, depois desse.
- Ela sabe o que está fazendo, Valter, vá em paz - disse Dumbledore, sem olhar pra trás e ver que o Tio Valter já saíra junto com Madame Ponfrey da ala hospitalar. Dumbledore ergueu o dedo indicador, e de repente a porta se fechou num ruído fino.
- O que ela tem a me dizer? - perguntou Harry a Dumbledore, sem olhar diretamente para a tia.
- Não é assim que vamos começar, Harry... - disse Dumbledore, para o espanto de Harry - Você viu mais do que podia ver, e por isso, eu te pergunto: o que você realmente viu?
Harry ficou surpreso em saber que o interrogatório seria feito a ele, mas respondeu se titubear - Eu a vi explodindo os vidros da casa, com magia...
- Sabia! - gritou Tia Petúnia batendo nas próprias coxas com força e raiva - Eu falhei, Dumbledore, mais uma vez eu falhei... - e começou a chorar compulsivamente.
- Não fique assim, Petúnia; o fato de Harry saber não muda em nada nosso plano - disse Dumbledore, olhando para Petúnia pela primeira vez, tentando acalma-la. Hharry pela primeira vez sentiu pena da tia, mesmo sem saber o porquê.
- Eu não estou entendendo, qual o problema dela ser bruxa? - perguntou Harry, sem entender.
- Qual o problema? - berrou a tia, levantando-se bruscamente - Ele perguntou qual o problema, Dumbledore - disse ela se dirigindo a Dumbledore, que agora permanecia calado.
- O que que tem eu perguntar isso? Aliás, eu deveria estar furioso aqui, porque você me escondeu durante dezesseis anos que era uma bruxa, e ainda me odiava por isso - berrou Harry.
- Foi por sua culpa, por sua culpa e da sua mãe, que eu nunca pude viver minha vida em paz - gritou a tia, batendo numa bandeja de prata que estava na mesinha de cabeceira de Harry, derrubando alguns remédios no chão.
- Dumbledore? - disse Harry, como se pedisse para o professor explica-lo o que estava acontecendo.
- Petúnia, rancores e mãgoas do passado não faram com que você possa ser agora o que nunca foi, mas mesmo assim você sabe que foi muito útil para nós, e é isso que importa - começou Dumbledore - E não pense que eu não entenda você, eu entendo, só que isso não justifica seus atos com sua irmã e agora com Harry, e eu também acho que Harry precisa saber do que ele é "culpado", como você disse...
Tia Petúnia parou de bufar de ódio vagarosamente - Você sempre com a razão, Dumbledore, sempre; aliás a única vez que eu vi você dizer algo errado, foi naquele dia lá em casa, se lembra? Quando eu e Lilian eramos crianças...
- Explique ao Hary, Petúnia, porque foi pra isso que eu tirei seu marido e Madame Pronfrey daqui - sugeriu Dumbledore.
- Pois bem, Harry - começou Tia Petúnia, depois de suspirar profundamente - Eu tinha somente dez anos quando tudo aconteceu, me lembro perfeitamente; eu era uma pequena bruxa, numa família bruxa, esperando para que mais que mais um ano passasse, e para que eu finalmente entrasse em Hogwarts, meu grande sonho! E sua mãe tinha sete anos, e sempre fora muito poderosa, tinha poderes mais avançados até mesmo que os meus... Mamãe trabalhava para a Ordem da Fênix e papai tinha morrido a mais ou menos dois anos, mas eu já tinha superado... - uma lágrima escorreu pelo rosto de Tia Petúnia, sem que ela percebesse - De repente, Dumbledore entrou pela porta, conversou um pouco com a minha mãe e veio falar comigo, ele me disse que a Lilian era uma bruxa muito poderosa, que podia exterminar de vez com Você-sabe-quem; mas que isso só poderia acontecer, depois que ela terminasse o último ano em Hogwarts... eu concordei, não compredia muito bem aquilo, mas concordei... ele me falou que Voldemort sabia da Lilian, e que ela precisaria ser protegida, mas protegida por um poder muito forte, o poder familiar; então ele disse que alguém da nossa família teria que doar seu poder para protege-la até os dezessete anos, e como mamãe não podia por ser de grande importância na ordem, Dumbledore me pediu para doar meu poder... ele disse que eu nunca mais faria magia em minha vida. De imediato, eu não aceitei, achei ultrajante; mas Dumbledore me visitava quase todos os dias, e... um dia, eu aceitei - Tia Petúnia fungou alto, chorando - Eu dei todo meu poder pra proteger Lilian, depois de alguns anos, quando ela entrou em Hogwarts, eu não suportei e comecei a odiar o meu destino, odiar minha própria irmã, pois tinha sido por causa dela que tudo aquilo tinha acontecido... e depois de alguns anos, ela morreu; e veio você, Harry, e todo meu poder que protegia Lilian começou a proteger você, e por isso eu te odeio, pois cada vez que eu olho pra você, eu vejo todas as possibilidades que eu perdi...
- Então, foi por sua causa que eu não pude ser morto por Voldemort? - perguntou Harry assustado.
- Não, Harry - começou Dumbledore - o efeito desse poder protetor, só poderia acontecer com a autorização de Petúnia, e como o poder agora se enfraquece graças ao tempo, você só é seguro quando está perto dela, por isso você não podia se afastar da Rua dos Alfeneiros, entende?
- Sim... - respondeu Harry sem ânimo.
- Agora que você já sabe de toda verdade, Harry, vamos deixa-lo sozinho para pensar e refletir, até porque daqui a uma semana engressamos em nossas atividades letivas, e tenho certeza que muitas serão as surpresas que lhe esperam - disse Dumbledore misteriosamente.
Dumbledore se levantou e segurou no braço da Petúnia, que continuava a chorar, para guia-la até a saída e deixar Harry sozinho.
- Tia Petúnia - chamou Harry da cama. Tia Petúnia, se virou ainda chorando muito - Desculpe a mim e a minha mãe por termos feito sua vida exatamente o contrário do que você sempre quis - concluiu Harry derramando uma lágrima, do canto do olho.
- Obrigada, Harry... - respondeu Tia Petúnia, dando a Harry o seu primeiro riso verdadeiro.
os dias que se seguiram foram maçantes para Harry, pois além de ter que ficar na cama o dia inteiro, ele estava com muito medo do sonho que tivera, e tinha mais medo ainda de conta-los a Dumbledore. Harry passava a maior parte do tempo se indagando sobre o que Lupin fazia em sua casa no dia da morte de seus pais, e porque Voldemort não podia mata-lo. Harry tinha curiosidade também de saber o que tinha escrito naquela carta que sua mãe recebera. Nada se encaixava, e tudo continuava a fazer menos sentido a Harry.
Harry também não sabia quem iria comprar seu material escolar, ele pensou que talvez Dumbledore tivesse pedido para Hagrid o faze-lo; aliás em nenhum dos dias na ala hospitalar Hagrid apareceu para dar um "oi" a Harry, ele estranhou muito isso.
Era véspera do dia em que as aulas começariam, e Harry seria liberado da ala hospitalar as sete horas da noite, pela Madame Ponfrey, e durmiria na Torre da Grifinória para esperar o dia seguinte. Já eram quase sete horas quando Madame Ponfrey chegou para liberar Harry. Harry saiu perfeitamente da ala hospitalar, e saiu reclamando que poderia sido liberado no mínimo dois dias antes. Harry subiu a Torre da Grifinória e o quadro da Mulher Gorda abriu mesmo sem senha. "Ordens de Dumbledore", pensou Harry. Mas o que Harry não tinha idéia de que iria encontrar no Salão Comunal da Grifinória eram seus dois melhores amigos Rony e Hermione, vestidos com a roupa escolar, esperando por ele.
- Feliz Aniversário, Harry!!! - disseram os dois num uníssono perfeito.
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