Meu presente...
Sabe, natal é uma época tão mágica, é uma época em que tudo pode acontecer. Tudo mesmo...
Eu sempre penso nisso, desde pequena penso no poder do natal. Não só pelas luzes, por tudo ser puro, por ser aconchegante, pela comida, presentes, uma infinidade de coisas... Mas pelo natal aproximar as pessoas, até os inimigos.
Não há como não ficar emocionado no natal.
- E aí? Como estou?
Marlene, minha amiga, pergunta dando um rodopio mostrando o vestido vermelho, não tão longo, mas na medida certa. E não tão decotado, mas que mostra o que ela tem. Diferente de mim,é claro.
- Bem – respondo afirmando com a cabeça
- Bem? – ela repete e bate as mãos nas coxas – então, estou péssima. Vou me trocar
- Não faça isso –falei numa voz autoritaria - você está maravilhosa e ai de você, se trocar de roupa.
- Tão bom – Lene leva mãos ao alto como redenção – fico com esse mesmo. Esse é o vestido premiado
Dei um risinho, não estava muito bem.
Apesar de amar o natal e a sua magia, eu não estava em clima natalino, não estava com aquela ansiedade de abraçar as pessoas e desejar ‘Feliz Natal’, não estava empolgada para saber qual era o meu presente, empolgada em presentear as pessoas.
Talvez esteja assim por causa de uma certa pessoa
- O que foi? – Lene estava parada na minha frente, com uma mão na cintura e me encarando. Típico de Marlene
- Adivinha – revirei os olhos
- Por causa do...
- Sim – suspirei fundo – acho que não deveria ir
- Porque? – minha amiga arregalou os olhos e se agachou em minha frente – e daí que vocês brigaram? Vocês dois passaram anos e anos brigando, é agora que você vai ficar assim?
- Bem...
- Não diga mais nada mocinha – Lene tampou a minha boca, com a mão – se for para acontecer alguma e, – ela ressaltou – vai acontecer. Não se preocupe com as coisas vão se ajeitar. Você tem que ser sincera, para si mesma. É isso que você quer?
- Eu não sei – revirei os olhos mais uma vez, desta vez, lentamente.
- Então você deve saber. Logo
- Eu sei
Continuamos nos olhando por alguns segundos. Lene mordia o canto da boca, de costume. Mesmo encarando-a eu não prestava atenção nela, meus pensamentos estavam longes, longe daquele quarto, longe daquela casa, longe.
- Vou caminhar um pouco – levantei e me estiquei um pouco
- Quer que eu vá com você? – Lene, ainda no chão agachada, perguntou.
- Não precisa. Fiquei aí se aprontando
- Ta bom – ela riu – mas volte, viu.
- Pode deixar
Peguei um casaco e a minha bolsa. Sai sem dar tchau para os meus pais e nem para minha irmã.
Precisava pensar um pouco.
Sabe, eu gosto muito dos dois. Cada um de uma maneira diferente.
Snape é meu amigo, sempre foi. Porém de uns tempos para cá, ele mudou muito, não é mais a pessoa que eu conhecia. Dificilmente eu o vejo, e quando vejo, ele me evita. O que tínhamos nunca mais voltar.
Já o James, esse mudou muito, mudou mais do que o Snape. Mas diferente do sonserino, James mudou para melhor. Ele não é mais aquele cara arrogante, egocêntrico, galinha que eu conhecia. Ele está... Diferente. Não dá para explicar, apenas vendo que você entende.
Assim que coloquei os meus pés fora de casa, um arrepio percorreu todo o meu corpo, mas era um arrepio diferente. Daqueles que se assolam dentro de você.
Enquanto caminhava pelo centro da cidade, via diversas pessoas felizes. Casais rindo, abraçados e, aparentemente, apaixonados. Crianças correndo, abraçando caixas embrulhadas com papeis lindos e brilhosos, pais conversando e tentando não perder os seus filhos de vista. Um típico dia de véspera de natal.
Depois de passar num Starbucks e comprar um café, para ver se me aqueço por dentro, dou uma passeada pela praça. Todos os bancos estão ocupados, por casais se beijando, ou crianças tentando abrir os presentes, ou pais brigando com as crianças que se divertiam com a situação.
Menos um banco estava ocupado, quer dizer, não totalmente.
Cheguei perto do banco e, nele, estava sendo um homem com as vestes do Papai Noel. Roupa vermelha, cinto preto com fivela dourada, botas pretas, toca vermelha com a ponta branca, uma barba comprida e bem branquinha, que parecia mais um algodão doce, e as bochechas vermelinhas, vermelinhas. Ele era barrigudinho, igualzinho ao bom velhinho.
- Olá, posso me sentar? – falei, ainda segurando o copo de café na mão sem ainda dar nenhum gole nele.
- Oh, fique a vontade – então, o senhor Noel chegou mais perto da ponta.
Sentei me no banco, ainda com o copo na mão e fiquei assistindo, silenciosamente, o movimento que o natal gera pela cidade.
- Então... – em um fio de voz, pigarro, tomou aos meus ouvidos – animada com o natal? – ele me perguntou
- Já estive mais animada – respondi ainda observando as pessoas
- Então não está mais? – ele perguntou mais uma vez
- Bem, estou com uns probleminhas – virei me para ele.
- Alguns? – Papai Noel arqueou as sobrancelhas branquinhas dele
- Vários na verdade – dei uma risada, para não chorar.
O senhor Noel coçou a cabeça e virou para frente. Ele percebeu que eu estava quase chorando ali na praça.
Ficamos em silêncio por alguns minutos, mas esses minutos pareceram que nunca iriam acabar.
- Sabe – eu disse num fio de voz – eu sempre achei que o natal concertaria tudo. Até os problemas do coração, mas agora...
- Você não acha mais? – ele completou a minha frase
- Não
- Por que você pensa nisso? – ele perguntou
- Bem, eu gosto muito de um garoto...
- E isso é um problema?
- Pode dizer que sim – levantei a minha cabeça, que estava olhando para o copo intacto em minha mão.
- E qual é o problema? – o Papai Noel indagou mais uma vez
- Bem, eu gosto muito dele, mas antes eu não gostava muito. Há alguns meses nos aproximamos e eu o conheci melhor.
- Então ele é um monstro? – nós rimos
- Não exatamente – ri mais uma vez – ele é o oposto do que eu imaginava. Ele é gentil, carinhoso, está sempre disposto a ajudar os amigos, inteligente, engraçado, corajoso... Ai é difícil definir ele
- Você realmente gosta dele –Papai Noel disse o obvio.
Eu amo o James, mais do que tudo. Mas eu sou uma tola, uma tola de não ter percebido antes a pessoa que ele é. Eu sou uma cega, fiquei o julgando por anos, ainda por cima, erroneamente.
- Mas não posso ficar com ele – senti um aperto no coração assim que pronunciei essas palavras
- Por que não pode? – o senhor Noel perguntou incrédulo
- Eu tenho esse amigo, que eu gosto muito, mas apenas como amigo. Mas esse meu amigo, não gosta do garoto que eu gosto.
- Isso é um problema
- Tem mais – disse depois de uma risada – o meu amigo me disse que, se eu começar a namorar o menino que eu gosto, ele não será mais meu amigo. Eu não sei mais o que faço.
- Vou te dar um conselho, mas como disse ‘se conselho fosse bom, seria vendido’ e como sou Papai Noel – nós dois rimos – eu vou te dar o conselho mesmo assim. Bem, se esse seu amigo fosse amigo de verdade, ele não diria uma coisa dessas, em primeiro lugar. Você realmente gosta desse garoto?
- Muito – respondi
- Então você não pode deixar que ele passe, se você realmente gosta dele.
- E o meu amigo?
- Nesse caso, o verdadeiro amor fala mais alto.
Sorri. Era o que eu realmente estava esperando, saber mesmo se deveria ficar com o James, mesmo gostando do Severus como amigo.
- Muito obrigada por me escutar – eu agradeci – hey, ainda não tomei esse café e perdi a vontade, você quer?
- Tem certeza que você quer dar o seu café para um Papai Noel que você acabou de conhecer? – ele brincou
- Acabei de contar a historia da minha vida para você, esse é o mínimo que eu posso fazer.
Entreguei o café para ele e logo levantei. A noite já estava surgindo e não queria me atrasar para a festa.
- Bem vou indo – sorri mais uma vez. Virei-me e ajeitei o meu casaco
- Feliz natal – a voz do bom velhinho encheu os meus ouvidos, pela ultima vez.
Quando fui me virar, para desejar o mesmo, ele já não estava mais lá. Era como se ele tivesse desaparecido como num passe de mágica. E como sou uma bruxa, não me assustei com aquilo.
O céu já estava escuro quando cheguei em casa. Os meus pais e a minha amiga já estavam arrumados, só faltava eu. Tomei um banho bem rápido, vesti o vestido que estava separado e coloquei a maquiagem em segundos.
A festa já havia começado e eu não queria perde-la por nada.
- Está pronta, Lils? – Lene me perguntou
- Prontíssima – respondi sorridente e logo a abracei.
Agora eu estava no clima natalino, mas ainda sentia aquele calafrio dentro de mim.
- Chegamos – meu pai anunciou logo parando o carro
A casa era linda como sempre, a casa era grande, as paredes num tom meio branco... Mais lindo impossível.
Assim que descemos do carro, meu coração começou acelerar, senti borboletas no estomago e as palmas das minhas mãos começaram a suar.
Lene, sorridente, tocou a campainha. Meu coração acelerou mais ainda.
A porta abriu-se vagarosamente e, para mim, pareceu que o mundo não existiu mais assim que pousei os meus olhos nele. James estava lindo, o seu sorriso branco era um convite para que todos pudessem entrar na casa dele.
Meus pais e a minha amiga entraram, mas eu continuei parada no hall encarando ele, com um sorriso na face de ambos. Engraçado, que depois que vi James, não senti mais o calafrio dentro de mim.
- Olá – ele disse passando as mãos nos cabelos castanhos
- Oi – respondi – feliz natal
- Feliz natal – ele disse – você está linda
- Você também – ri envergonhada.
- Então você acha que estou linda? – nós rimos
- Vocês vão ficar muito tempo aí? – uma voz, atrás do James, disse.
- Entre, entre – James me deu passagem para entrar.
A decoração da casa estava linda, uma árvore grande estava no canto da sala, vários presentes estavam embaixo dela. A casa era apenas iluminada por velas e os pisca-piscas da árvore de natal.
- Deixe que eu guardo o seu casaco – James tirou o meu casaco e logo senti um calafrio, mas desta vez foi diferente.
- Obrigada – respondi virando o meu rosto, já que estava de costas para ele.
Venha ele pegou na minha mão e me levou até a sala.
- Pai, mãe – James disse bem alto – essa é a Lily – ele me apresentou.
- Então essa é a Lily que ouvimos você tanto falar? – uma mulher de cabelos compridos, que estava sentada numa poltrona, falou. Era a mãe do James
- Muito prazer – estiquei a minha mão a fim de cumprimenta-la, mas ela não me cumprimentou.
- Isso é tão formal – ela disse – me de um abraço
Fui até ela e abracei, me senti confortável a abraçando, parecia que estava abraçando a minha própria mãe.
- Como você esta, querida? – um homem, que estava sentando do lado da mãe do James se levantou.
- Muito bem, obrigada – sorri para o pai do garoto. E ele também me abraçou, igual ao meu pai.
Fui me sentar ao lado de Lene, que estava entretida com o Sirius. James também sentou, ao meu lado, ele passou a mão nas minhas costas e fez um carinho. Virei-me para ele e sorrimos.
- Então, Six cadê o meu presente? – Marlene perguntou para o Sirius
- Presente? Que presente? – ele brincou
- Você não comprou o meu presente, Sirius Black? – Lene apertou o braço do menino
- Comprei, comprei, calma.
- Por que você fica brincando comigo? – minha amiga cruzou os braços e se afundou no sofá
- Ué, você não tem senso de humor? – ele riu
- Tenho sim – ela disse emburrada – e o que você comprou para mim?
- Uma lingerie
Lene deu um soco no braço esquerdo do Sirius. Lene é bem forte quando quer, conheço muito bem a sua força. E, ai, coitado do Sirius.
Depois de uma longa conversa, muitas risadas, troca de olhares entre mim e James, e socos da Marlene no Sirius; a mãe do James se levantou e disse:
- Vamos comer? – Ela disse e todos concordaram
Fomos para uma outra sala, a sala de jantar. Na ponta esquerda sentou o senhor Potter, ao lado direito dele, a mãe do James, e, no esquerdo, sentou o meu pai. A minha mãe sentou ao lado da mãe do James. James sentou na ponta direita da mesa, Sirius sentou ao seu lado esquerdo, Lene sentou ao lado do Black. E, por fim, sentei no lugar que sobrou, ao lado do James.
Comidas apetitosas surgiram na mesa. Dava gosto só de olhar. Todos começaram a se servir e comerem. A conversa continua, mas desta vez, mais alegre.
James segurou a minha mão e perguntou:
- Está gostando?
- Estou amando – respondi enquanto olhava a minha volta
- Que bom – ele beijou a minha mão e colocou de volta na mesa, onde ela estava.
Senti o meu rosto queimar, mas não me importei.
Depois do jantar, veio a sobremesa. Desta vez mais gostosa ainda. Mesmo tendo comido bastante, ainda tinha um espacinho para o doce.
Já era quase meia noite quanto terminamos de comer, e logo voltamos para a outra sala que estávamos antes.
- Olha, um visgo – Sirius apontou para o tal visgo
- Ta e daí? – Lene passou por ele
- Não vai me beijar? – Six perguntou para ela
- Eu não.
- Ah, vai me beija. Só um beijinho
- Não mesmo – ela riu
- Então eu vou te dar – Sirius se aproximou dela, mas o Maximo que ele recebeu, foi um outro soco.
Nós três rimos da cara de dor do Sirius.
Ouvimos um badalar, era meia noite já. O pai do James gritou um ‘feliz natal’ e todos foram se abraçar. Corri para abraçar a minha mãe, todo ano, é ela quem eu abraço primeiro. Logo depois o meu pai.
- Feliz natal, amiga – gritei para Lene
- Feliz natal – Ela gritou de volta e nos abraçamos.
Começamos a rir e nos balançar enquanto estávamos nos abraçando. Apesar de estar longe, nesse natal, da minha irmã Petúnia, não senti muita falta. Lene era uma grande amiga, quase uma irmã.
Abracei os pais do James, eles foram bem carinhosos comigo. Logo depois deles fui abraçar o Sirius, ele me levantou no ar, fiquei com medo. Mas a sensação de ser levantada foi bem gostosa.
Faltava uma pessoa que eu precisava abraçar, essa pessoa era James. Cheguei em frente dele e sorri, segurei a sua mão e puxei ele para fora da sala.
Nos fomos para o outro cômodo e soltei a sua mão
- Feliz natal, James
- Feliz natal, Lily
Não nos abraçamos, ficamos nos encarando por alguns segundos.
- Sobre aquilo que te falei... – James começou a falar – você já... resolveu?
- Sim – eu sorri
- E o que você me diz...
Não respondi nada, cheguei mais perto e selei os meus lábios nos deles. Nos beijamos ali mesmo na sala de jantar. Foi como um beijo que eu sempre sonhei.
Nos separamos e sorrimos.
- Sim – eu disse num sussurro
Ele sorriu. Nos abraçamos e ficamos assim até que ele se pronunciou
- Olha, um visgo.
- Temos sorte – Beijei o mais uma vez
Voltamos para a outra sala em que todos estavam, abrindo presentes, trocando presentes e conversando alto e rindo.
- Espere um segundinho
James correu até a árvore de natal, e pegou um presente e trouxe até a mim.
- Esse é seu
- Obrigada – Sorri.
Fiquei segurando o presente, mas não abri.
- Não vai abrir? – James perguntou curioso
- O meu presente – eu o beijei no rosto – não está embaixo da árvore de natal
Ele me abraçou forte. Realmente, o meu presente não estava embaixo da árvore de natal e, sim, dentro do coração. E agora ele está me abraçando. Não poderia pedir algo melhor do que um James Potter...
N/A: Feliz Natal para todos e um 2008 maravilhoso
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