Arrumando o casamento
7. ARRUMANDO O CASAMENTO
Gina acordou cedo, às seis da manhã. Ficou ainda deitada na cama, com a mente vagando. Ainda tinha suas dúvidas sobre morar na Mansão com Lúcio, mas Draco a tranqüilizara. E quem melhor do que isso do que o próprio filho da fera?!
Às oito, ela desceu. A Mansão, apesar de não conter praticamente nada, além de camas, mesas e guarda-roupas vazios, mostrava-se mais do que majestosa. Ainda maior quando estava vazia. Ela não vira Lúcio durante a manhã toda, e passou metade da tarde sem vê-lo também. E nem queria. Afinal, por que Gina Weasley iria querer encontrar Lúcio Malfoy? Certo, ela estava em sua casa, mas o orgulho é uma coisa que não diferencia nem lugar e nem ocasião.
Mas, como disse anteriormente, ela passou apenas metade da tarde sem vê-lo. Quando estava quase dormindo, às três horas, viu Lúcio parado em frente à sua porta. Levantou-se para cumprimentá-lo, mas ele fez um vago sinal de que dispensava esse tipo de coisa, e ela meio que sentiu que era porque ela era ela.
-Weasley, o Lord das Trevas me mandou mostrar a sua futura propriedade e lhe contar seus planos futuros – disse ele, quase cuspindo as palavras.
Gina seguiu-o para fora do quarto de Draco. Bem, Voldemort deveria estar louco (ele não estava, ele era) para dizer a Lúcio tamanha besteira. Sua futura propriedade?! Que planos seriam aqueles?!
***
Draco acordou com uma enorme dor nas costas, no dia seguinte. Deveria ser pelo fato de ter dormido quase sentado. Levantou, tomou um banho e, quando voltou, abriu a janela para uma coruja entrar. Ele sabia que não era de Gina, e então sua curiosidade falou mais alto:
“Malfoy,
Já que você é o namorado da Gina, acho que deveria dormir no quarto dela ao invés de mim. Não se preocupe, a Sra. Weasley não deixará que nenhum de seus filhos o mate, e lhe receberá muito bem, pode ter certeza. Segunda porta à esquerda, chegue para o almoço.
Harry”
“Quem o Potter pensa que é para me mandar dormir com os coelhos?!” pensava Draco, arrumando suas malas em um simples movimento de varinha.
Em alguns minutos, Harry bateu na porta, com as malas nas mãos. Draco saiu com as suas, que eram bem mais que as dele, e passou reto por ele, como se não o tivesse visto. Mas Harry o chamou:
-Malfoy? Você sabe como chegar até a Toca?
-Não – admitiu Draco, voltando e pegando a chave de portal das mãos do outro e indo ao lugar, sem nem ao menos agradecer.
O quarto de Gina não era pequeno, mas era bem menor que o seu na Mansão Malfoy. Tinha um pequeno guarda-roupas, que não teria espaço para nem metade de suas coisas; uma cama que parecia confortável, apesar do tamanho minúsculo; uma penteadeira com espelho, que lhe dizia constantemente que sua aparência estava péssima. Algumas das coisas de Gina ainda estavam ali, e ele aproveitou o tempo sozinho para remexer nelas. Encontrou fotos, cartinhas, bilhetes, anotações, e um diário. Com uma capa preta, parecia muito com o diário de Tom Riddle, mas era ao mesmo tempo completamente diferente. Começando pelo fato de não ter um pedaço da alma do Lord, e terminando com a decoração, ainda negra, na contracapa. Preparou-se para abri-lo, quando ouviu batidas na porta. Mais que depressa, guardou as coisas da suposta namorada embaixo da cama, a abriu. Era a Sra. Weasley.
-Draco, o almoço está na mesa. Não se preocupe – disse, ao ver a cara receosa que Malfoy fizera – Rony foi almoçar com os gêmeos, somos só eu e meu marido.
Ainda receoso, Draco desceu, e sentou-se à mesa. Logo, ouviu um estalo, e virou-se para ver Artur Weasley, que acabara de aparatar ali. Este lhe olhou, analisando-o dos pés a cabeça, e disse por fim:
-Bem vindo, Malfoy.
-Obrigado.
Os três almoçaram em silêncio, que ficava cada vez mais pesado. Isso incomodava Draco. Não que ele quisesse conversar com os pais de Gina, mas não podia ser mal-educado e evitar falar com eles enquanto estivesse hospedado na Toca. Pelo jeito, o Sr. Weasley também se sentira incomodado com o silêncio, pois comentou:
-Soube que Gina arrumou um namorado.
-Ah, sim. Gina arrumou mesmo – disse Molly, olhando fixamente para Draco. Nesse momento, ele preferia o silêncio, pois logo começariam a falar sobre o namoro.
-É um garoto bom, o meu futuro genro?
Molly e Draco entreolharam-se, e o rapaz sentiu um frio na barriga ao perceber que o mais velho não havia sido informado da identidade do namorado da filha, e caberia a ele, Draco, informá-lo.
-Sr. Weasley...
-Sim Malfoy?
-O namorado da Gina... Sou eu.
Artur levantou os olhos para Draco, e abriu a boca, como se fosse dizer alguma coisa, mas nenhum som saía dali. O rapaz estava começando a ficar com medo, esperando o momento em que o pai da “namorada” o mataria, ali mesmo, na mesa. Mas Artur não o fez.
-Bem, então fico feliz que tenha deixado a vida de Comensal, Malfoy. E bem vindo, mais uma vez.
Draco sorriu, aliviado. Pediu licença e levantou-se da mesa, indo para o quarto de Gina. Mas, quando já estava na escada, ouviu Molly o chamar:
-Draco?
-Sim?
-Eu queria lhe mostrar o lugar, se não se importa, ainda hoje. É sempre seguro saber, não é mesmo?
-É sim, obrigado – Draco agradeceu, mas estava longe de sentir gratidão pela oferta.
-Espero você daqui à meia hora, então.
-Certo.
Draco subiu, entrando no quarto de Gina e trancando a porta atrás de si. Estava morrendo por dentro de vontade de ler o diário de Gina. Pegou-o nas mãos, e abriu-o. Vazio. Nada. Bem, quase nada. Uma palavra em letra negra apareceu na primeira folha. “Senha”.
“Ah, droga! Esse maldito diário tem senha!”
Pegou uma pena e um tinteiro da gaveta, e começou a escrever: nome de irmãos, sobrenome, nome dos pais, nome dos amigos, sobrenomes... Mas a única coisa que aparecia era “Senha Incorreta”. Ouviu a Sra. Weasley chamar, e acabou por desistir. Por hora.
***
-Sr. Malfoy?
Lúcio a olhou, curioso. Gina prosseguiu:
-Por que está me mostrando o lugar?
-Porque o Lord mandou.
-Mas... Por que ele mandaria me mostrar a Mansão Malfoy?
-Ele... Eu não acredito que estou dizendo isso... Não era isso que eu queria... Ele... Ele quer que você se case com Draco depois da batalha final.
-O QUÊ?!
-Não pense que estou contente com isso, Weasley.
-Eu...
-Você conseguirá o que sempre quis, casar com um homem rico. Satisfeita?
-Eu não quero me casar... Pelo menos não já...
-Viu, você estava pensando em dar o golpe do baú no meu filho, não é?
-Não, eu não...
-Eu não quero mais falar sobre isso. Vamos.
Gina corria, tentando seguir Lúcio pelos jardins da Mansão, que não eram pequenos, mas era quase impossível completar a tarefa. O homem caminhava rápido demais, e Gina estava praticamente correndo atrás dele.
“O que Voldemort vai ganhar se eu ma casar com Draco?!”
***
-Ah, Draco, fico tão feliz que a minha Gina esteja namorando com você!
-Há menos de vinte e quatro horas eu podia jurar que não estava tão feliz assim – disse Draco, de mau humor.
-Eu ainda não sabia se você havia mesmo abandonado a vida de Comensal. Depois da batalha, eu tive certeza.
-Imagino. Tem notícias da Gina?
-Ainda não, mas acredito que ela está bem.
-Espero – murmurou Draco, ainda receoso de ter a nova amiga perdida por entre os Comensais da Morte.
-Fico muito feliz que você mudou, Draco – disse a Sra. Weasley, quase maternalmente, fazendo Draco sorrir. Havia mais alguém no mundo além de Gina que se importava com ele.
-Eu também, Sra. Weasley. Mas ainda não entendo o motivo de tanta felicidade com esse nosso namoro.
-É simples, Draco. Se você e a minha Gina chegarem a se casar, o que eu garanto que meu marido não fará objeção alguma, eu sei que ela ficará em boas mãos, e você poderá cuidar muito bem dos negócios de sua família.
-Como assim casar?!
“Eu não acredito que eu estou aqui, na casa dos Weasley, ouvindo que eu vou me casar com a caçula deles! Não, Merlin, diga-me que isso não está acontecendo!”
-Casar. Aliança. Papel. Igreja. Véu. Grinalda. Branco. Benção. Cartório. Casar, Draco. Assim como eu fiz com o meu marido e como sua mãe fez com seu pai.
-Mas... Eu nem sei se esse namoro tem futuro...
-Pode ser que sim, pode ser que não. Eu, particularmente, espero que sim, e creio que vocês também.
-Sim, claro.
Draco estava atônito. Parece que o mundo estava virando de cabeça para baixo. Casar, com Gina?! Bem, eles já estavam na idade apropriada e eram supostamente namorados, mas casar?!
***
“Gina,
Eu aqui estou bem, ignorando o fato de que tive que contar eu mesmo ao seu pai que estamos ‘namorando’ e que sua mãe me veio hoje de manhã com uma conversinha sobre casamento. Ah, eu me esqueci de contar que ontem, antes de invadirem a Ordem, a moça dos cabelos coloridos veio me perguntar se nós nos protegemos e se eu usei camisinha, e o lobisomem me perguntou se eu gostava mesmo de você. Eu estava a ponto de dizer um não, e quase o fiz, mas me lembrei na hora que você tinha seis irmãos e que eles não iriam gostar nada dessa resposta.
O Potter achou que eu ficaria melhor no seu quarto do que ele, já que sou seu namorado, então agora eu estou aqui, deitado na sua cama, escrevendo para perguntar como foi o dia com meu pai. Espero que ele não tenha treinado Crucio em você.
Espero resposta em breve,
Draco
PS: Achei seu diário. Me passe a senha.”
Gina leu e releu a carta, antes de escrever uma resposta:
“Draco,
Parece que todo mundo está querendo que nós nos casemos. Sabe o que seu querido pai me disse? Que Voldemort quer que eu me case com você depois da batalha final, se ele for o vencedor, claro. E se a Ordem vencer, minha mãe vai insistir num casamento, então acho que posso te chamar de futuro marido, não? Não se assuste, estou apenas brincando.
É sério a história do Crucio?! Se for, obrigado por avisar. Quanto ao meu diário, saiba que a senha é mais fácil do que imagina. É um nome, mais simples impossível. Não, Draco, não é o seu. Descubra sozinho, se quiser ler. Duvido muito que consiga sem ter que pedir ajuda a um de meus irmãos. Não que eles saibam a senha (apenas Carlinhos sabe. Afinal, ele mora na Romênia), mas acho que, se você contar a eles as minhas dicas, eles descobrirão num piscar de olhos. Mas sei muito bem que você nunca faria isso para ler um simples diário. Não é mesmo?! Espero te conhecer bem para concluir tal coisa.
Rony ainda não te matou? Espero que não. É brincadeira, não precisa ficar com medo. E acho que você pode muito bem cuidar dele sozinho, não é?
Bem, até a próxima. Continue me mandando notícias da Toca e da Ordem.
Gina”
Ótimo. Caminhou até a janela e abriu-a, observando a coruja de Draco levantar vôo. Não desceu para jantar, pois não estava com fome. Estava com saudades. E, incrivelmente, não eram saudades de sua família ou amigos. Era saudade de um único amigo, aquele que mais sabia sobre os últimos acontecimentos de sua vida, aquele que odiava nos tempos de escola. Estava sentindo falta de Draco.
***
Com o diário nas mãos, Draco leu a carta de Gina. Tentou Potter, Harry, Rony, Hermione, Dumbledore, Molly, Artur, mas nada. O maldito diário não abria. E, na verdade, ele estava se concentrando em pensar no motivo pelo qual Voldemort queria vê-lo casado com Gina. Deveria ter algo por trás disso, certo? Queria perguntar mais à Gina sobre o assunto, mas resolvera escrever apenas no dia seguinte, quando estivesse menos atarefado desarrumando as malas.
Bem, ele pensou e pensou, e decidiu que não desarrumaria as malas. Afinal, ao ficaria ali por muito tempo. Sabia que a guerra final não demoraria, e que ele logo sairia daquele lugar. Apesar de tudo, o lugar era um tanto quanto aconchegante, até mesmo familiar. Mas não era seu lar, e sabia disso.
A única coisa que não tinha certeza, no momento, era se estava do lado certo. Queria estar do lado vencedor, e não do lado certo. Se quisesse o certo, estaria na Ordem de verdade. Ele queria o mais poderoso, o mais intimidador, pois ele próprio era assim. Ou pelo menos queria ser. Mas, o que o deixava com dúvidas, era o fato de se sentir tão em casa quando estava perto de Gina. E ela era da Ordem, então ele deveria se tornar também, se quisesse se sentir assim sempre. Não que ele quisesse casar com ela, isso estava fora de cogitação. As queria ficar próximo, como um amigo. E sabia que, se lutasse ao lado dos Comensais da Morte, essa possibilidade iria por água abaixo. Por outro lado, ele não poderia lutar junto com a Ordem, ou seria o primeiro a morrer.
Pensando assim, nem viu o tempo passar. Quando olhou para o relógio, já era mais de uma da manhã. Levantou-se do chão e ajeitou sua cama para dormir, deitando-se logo em seguida, e adormecendo mais rápido do que poderia imaginar.
N/A: ohh capítulo mais sem graça esse!! Mas o proximo vai ser bom, pds cre!!
espero que estejam gostando!
BjXX
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