Perguntas improvaveis, respost
5. PERGUNTAS IMPROVÁVEIS, RESPOSTAS IMPOSSÍVEIS
-Onde você estava ontem à noite, Gina?
-Em lugar nenhum, Rony. Em lugar nenhum.
Claro, ela não podia responder que estava em um encontro de Comensais da Morte, mas também não podia dizer ao irmão que estava no quarto do namorado, ainda mais que Rony sabia que era Malfoy o namorado a quem a irmã mais nova se referia.
-Mas, Gina, você parece não ter dormido a noite toda!
-Ela estava com Malfoy – disse Harry, num tom amargo, antes que Gina pudesse pensar em uma desculpa.
Rony olhava de um para o outro, incrédulo. Sua irmã não podia ter passado a noite com Malfoy, mesmo que eles fossem namorados. Simplesmente não podia. Gina e Harry se encaravam, e ela podia ver o que ele estava pensando:
“Eu ainda não consigo acreditar nisso, Gina...”
Não que ele quisesse que ela ouvisse, mas Harry era péssimo em oclumência. O sangue de Gina subiu a cabeça. Quem ele pensava que era para colocá-la em uma saia justa dessas?! Ela se levantou, calmamente, ou pelo menos demonstrando isso, caminhou lentamente até o sofá onde ele estava sentado e lhe deu um belo tapa.
-Isso, é pra você aprender a nunca mais se intrometer na minha vida.
O irmão olhava a cena ainda mais espantado, observando a irmã sair da sala, e gritando atrás dela logo que recobrou a consciência:
-EU NÃO ACREDITO QUE VOCÊ DORMIU COM AQUELE CRETINO!
-RONALD WEASLEY VOCÊ SABE MUITO BEM QUE EU NÃO DORMI COM O DRACO!
-NÃO, GINA, EU NÃO SEI NÃO!
-POIS AGORA SABE!
“Droga! Harry Tiago Potter, você é o primeiro da minha lista negra! Minha e da do Draco! Ginevra Wesley, diga que você não chamou o Malfoy pelo primeiro nome! Merlin, o que o Malfoy fez comigo?!”
***
-Malfoy, café.
Draco desceu de mau humor. Afinal, ele tinha sido interrompido na melhor parte.
“Eu não acredito que eu estou assim porque não consegui dormir com a Weasley!”
Tomou seu café, nada mais e nada menos, juntamente com Tonks e Lupin. Estes não trocaram uma palavra com ele, o que o deixava irritado. Saiu da mesa quase derrubando a cadeira, e ouviu Tonks gritar para que a esperasse. Sem opção, parou no meio da escada, esperando a moça subir, balançando seus cabelos azuis, combinando com seu vestido.
“Ela é bonita” foi a única coisa que Draco pensou antes de segui-la escada acima, em direção ao seu quarto.
-Draco... Posso te chamar de Draco? – começou ela, sentando-se na cama dele, que só acenava a cabeça de modo afirmativo – Eu queria muito ter uma conversa com você.
-Sobre qual assunto?
-Sobre... O incidente de ontem à noite.
“Ah, droga! Agora a Ordem da Fênix inteira sabe dessa história!”
-Diga – respondeu rudemente. Tonks não parecia notar o tom de irritação em sua voz, ou pelo menos não se importava.
-Molly me pediu para ter uma conversa séria com você sobre Gina. Você sabe, ela é muito preocupada com essas coisas relacionadas à filha mais nova.
-Claro, claro. Apenas diga o que tem que dizer – disse ele, ainda irritado, mas tentando deixar essa irritação toda para trás, não demonstrando o fato.
-Vocês... Bem, vocês usaram camisinha?
-O QUÊ?!
-Vocês... Se protegeram como deveriam?
-Eu e a Gina não fizemos nada demais ontem!
-E antes?
-Antes? Não, claro que não!
Tonks deixou escapar um suspiro de alivio, quando ouviu Draco dizer que ele e Gina nunca foram além dos beijos. Ele estava cada vez mais irritado com a conversa, e a raiva já quase não podia mais ser contida.
-Ótimo, Draco!
Tonks já ia saindo, quando Lupin bateu na porta e entrou, sem esperar resposta. Draco estava bem mais calmo, mas ainda não se recuperara direito de toda a especulação de Tonks.
-Desculpe, Malfoy, mas eu precisava te fazer mais uma pergunta.
-Sobre?
-Sobre você e Gina.
-MERLIN! Parece que todo mundo resolveu me perguntar sobre isso hoje!
-Calma, Malfoy. É só uma pergunta.
-Pois então diga logo.
-Você gosta mesmo dela?
-FICOU MALUCO? – Draco estava pronto para responder um “é claro que não”, mas então se lembrou de que ele e Gina eram, supostamente, namorados – É CLARO QUE SIM!
-Tem certeza?
-Por que você acha que estaria com ela se a resposta fosse não?!
-Eu não sei, talvez você tivesse algum interesse...
“Ou por algum acordo, não sei...“ pensou Draco, começando a ficar divertido com a situação.
Sem que Draco nem ao menos percebesse, Tonks entrou em sua mente e ouviu esse último pensamento. Que acordo seria aquele, afinal? Ela não tinha nem idéia. Mas iria descobrir, ah se ia!
***
-Gina, nós precisamos conversar.
-Eu não tenho nada para falar com você, Potter – disse Gina, se levantando da sombra da frondosa árvore e se preparando para ir. Mas Harry a segurou pelo braço, impedindo o movimento.
-Mas eu tenho, e você vai ter que me escutar – ao ver que Gina relaxara o braço e continuara em silêncio, ele continuou – eu não quero que você fique brava comigo.
-Então faça por merecer.
-Eu... Queria te pedir desculpas, por aquele dia da Marca, e por aquele em que eu... Bem, em que eu...
-Tentou dormir comigo? Não, tudo bem, eu não guardo ressentimentos.
-Sério?
-Desses dias, eu não guardo ressentimento algum. O que me irrita é que VOCÊ CONTOU PRA MINHA MÃE QUE EU ESTAVA COM O DRACO!
-Eu?!
-Sim, Potter, ou vai me dizer que não se lembra de ter dito nada pra minha mãe ontem à noite depois que saiu do quarto?
-Não, Gina, eu não me lembro, porque eu não estive em quarto algum ontem, muito menos à noite.
-Como assim?!
-Eu nem ao menos dormi na sede da Ordem, se quer saber.
-Mas então... Potter, eu te vi ontem! Você tinha entrado no quarto do Draco, visto nós dois juntos e...
-Contado pra sua mãe? Acho que o Malfoy afetou mesmo sua cabeça. Você sabe muito bem que eu nunca deduraria um amigo meu, mesmo que esse amigo estivesse no quarto de Draco Malfoy no maior amasso.
-Mas então... Eu te vi! Eu tenho certeza de que eu te vi!
-Não, você não me viu. Eu tenho certeza disso, pode perguntar ao Dumbledore.
-Então como você sabia que eu tinha ficado com o Draco ontem à noite?
-Sua mãe me contou, um pouco antes do Rony descer. E “ela não estava nada feliz em ver a garotinha dela nas mãos imundas de um Malfoy repugnante”. Palavras dela, não me culpe.
Gina então relaxou, mas ainda estava confusa. Afinal, ela havia visto Harry entrar no quarto de Draco e encarar a cena do beijo, mas ele mesmo tinha acabado de dizer que não estivera nem perto do local na hora da ocorrência. O que tinha de errado na situação? Por mais que Gina procurasse a resposta, não conseguia encontrá-la, pois Harry não estava mesmo na Ordem na noite anterior, e ela o vira, incontestavelmente.
-Harry, eu te vi, tenho certeza! Pergunte ao Draco, ele também viu você!
-Eu acredito que você me viu ontem à noite, Gina, não é preciso eu perguntar ao Malfoy. Ou pelo menos você alguém parecido comigo.
-Não, não era alguém parecido. Afinal, só os membros da Ordem é que podem aparatar ou entrar na sede, e lá não tem ninguém parecido com você, eu tenho certeza.
-Então... Você viu alguém com a minha aparência.
-Poção Polissuco...
-Pode ser, Gina.
-Harry, me desculpe!
-Está desculpada, não se preocupe.
***
“Malfoy,
Estamos com problemas. Me encontre no Três Vassouras daqui à uma hora, e não se atrase.
G.W.”
“O que ela quer?!”
Draco tomou um banho e trocou de roupa. Aparatou em Hogsmead, e ficou vendo algumas lojas até notar que um ponto vermelho já estava sentado em uma mesa no pub.
-Olá, Weasley.
-Malfoy, problemas.
-É sempre educado cumprimentar as pessoas, Weasley.
-Não era Harry ontem à noite.
-Como assim? É claro que era o Potter, eu mesmo vi, e você também viu.
-Não, Malfoy, não era.
-Você viu, era ele sim!
-Não era, Draco! Antes de pedir pra que você viesse aqui, eu mandei uma coruja ao Dumbledore, pedindo que ele confirmasse se Harry estava ou não na sede da Ordem ontem à noite. E eu soube que ele, Rony e Hermione haviam saído ontem, para ver alguma coisa relacionada às horcruxes.
-Mas... Como?! Era ele, eu tenho certeza!
-Eu também tenho certeza, Draco, mas eu não posso discutir com quatro pessoas dizendo que ele estava lá! Já foi mais do que confirmado que não era ele!
-Mas eu e você vimos, Gina!
-Eu sei, Malfoy. Mas não era. Era alguém disfarçado de Harry Potter, não percebe?
-Mas... Como?!
A mente de Draco não mais trabalhava, e ele não conseguia dizer algo plausível.
-Poção Polissuco, Malfoy, Poção Polissuco.
-É possível – respondeu ele, saindo do transe em que se encontrara.
-É claro que é possível. Mas, o que mais me deixa nervosa, é que foi alguém da Ordem que escreveu para a minha mãe e contou sobre nós dois.
-Eu sei, ninguém não autorizado pode aparatar lá. Talvez alguém que não nos quer juntos tomou a poção e entrou lá.
-Não, Draco, a poção muda apenas os traços físicos de quem a bebe, não sua identidade ou seu sangue.
-Então... O espião do Voldemort.
-Era exatamente isso que eu estava pensando.
-O que nós vamos fazer agora? Essa pessoa pode ser qualquer um lá de dentro! E pode se disfarçar de qualquer um!
-Inclusive de nós dois.
-Temos que estabelecer alguma coisa que nos identifique como nós mesmos, se não quisermos que alguém ligado à Voldemort ou alguém da Ordem descubra sobre nosso acordo.
-Também acho, mas... O quê?!
Depois de um bom tempo pensando, Gina e Draco tiveram a idéia de cada um revelar um segredo ao outro, um segredo que somente a própria pessoa soubesse, e que seria a chave de identificação para os encontros deles. Mas isso não seria uma tarefa muito fácil, pois um não queria (mas ao mesmo tempo queria, se assim a história não ficar muito confusa) saber de uma parte da vida do outro.
-Ah não, Malfoy, eu não quero saber com quantas mulheres você dormiu!
-Ouça, Weasley! É o único segredo que só eu mesmo sei, sem exceções!
-Mas...
-Mas nada. Quatorze.
-Sério?
-Sério – disse Draco, sorrindo convencido – Mas agora você tem que me contar um segredo seu.
-O que pode ser? Minha vida não tem nenhum grande mistério, nada que pelo menos alguém não saiba.
-Tem que ter alguma coisa. Sei lá, algo bem pessoal.
-Que gosto tem meu beijo?
-O quê?!
-Que gosto tem meu beijo. Ninguém da Ordem sabe disso, além de você, é claro. Então...
-Eu não vou dizer que gosto tem seu beijo, Malfoy.
-Ah, mais vai sim. Nem que eu tenha que usar Magia Negra!
-Não vou não.
-Conhece o feitiço Veritas, Gina?
-Ve-Veritas?! A Maldição da Verdade que deu origem ao Veritasserum?!
-É. Conhece?
-Ah, Malfoy, isso é jogo sujo...
-Vai me dizer ou não?
-Chocolate branco.
-Chocolate branco? – repetiu Malfoy, surpreso.
-Chocolate branco, sim.
Draco deu aquele sorrisinho malicioso que fazia todas as mulheres caírem para trás, mas que não exercia efeito algum em Gina. Afinal, ela já tinha visto tudo de Malfoy, e um simples sorrisinho não lhe afetava mais. Bem, ela havia visto apenas o que a censura do horário nobre permitiria.
-Certo. Então, reunião encerrada – declarou ele, por fim, ao constatar o fato.
-Certo. Vou indo, Draco. Posso te chamar assim, não? – perguntou ela, ao perceber pela primeira vez que estava chamando Malfoy pelo primeiro nome na frente dele.
-Pode, Gina – respondeu ele, frisando bem que a chamaria pelo primeiro nome também.
-O.k., tchau Draco.
-Tchau Gina.
***
Gina havia acabado de sair do pub, quando deu de cara com Harry. Pela expressão dele, algo o estava preocupando.
-O que aconteceu, Harry?
-Gina, os Comensais atacaram a Ordem.
-O QUÊ?!
-Isso mesmo que ouviu. Chame o Malfoy e vamos logo pra lá, eles precisam de ajuda.
Gina correu novamente para o Três Vassouras, e viu que Draco estava pagando a conta. Entrou se batendo em algumas pessoas que estavam na porta, e chegou por fim ao seu destino, ofegante.
-O que foi Gina?
-Malfoy, atacaram a Ordem.
-E agora? O que eu vou fazer? Eu não posso lutar em nenhum dos lados!
-Eu tinha esquecido! Eu também não posso!
-O que vamos fazer?
-Temos que ajudar de alguma maneira. Mas... Como?
-Eu tenho uma idéia. Mas primeiro, vamos até lá.
E Draco aparatou, levando Gina junto com ele, pensando em uma maneira de escaparem da enrascada em que estavam.
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