O acordo



1. O ACORDO

Ginevra Weasley, 21 anos. Uma das melhores aurores formadas que o mundo mágico possui e membro da Ordem da Fênix. Se dá bem na sua profissão por ser discreta, rápida e esperta para acordos. Um dos principais membros da Ordem, por ser uma das únicas que ainda está em sigilo.

Draco Malfoy, 22 anos. Comensal da Morte que é o braço direito de Voldemort e espião no Ministério. Assim como Ginevra, saiu de Hogwarts com ótimas notas, mas não por inteligência e dedicação, mas sim por comprar a maioria dos professores. Mesmo assim, é muito esperto. Se dá bem em seu emprego no Ministério sendo o manda-chuva e intimidando seus empregados. Muita gente desconfia que Malfoy seja um Comensal, mas ninguém tem provas suficientes para incriminá-lo, e por isso, o preferido de seu Lord e o que sempre fica com as missões mais importantes.

Portanto, vamos aos fatos. A guerra estava prestes a começar, todos podiam sentir. Malfoy estava trabalhando no Ministério, atolado em papeis, quando sentiu o braço esquerdo queimar. A Marca Negra. Aparatou exatamente onde devia, e ouviu seu pai lhe dizer:

-Ele o chama, filho.

Entrou na sala e encontrou seu mestre, com sua aparência ofídica e tudo mais. Voldemort o encarava, mas ele não sentia medo. Sabia muito bem que o Lord não feria os que lhe eram fiéis.

-Deseja falar comigo, Mestre?

-Sim, jovem Malfoy. Tenho uma missão para você – ele fez uma longa pausa, e Draco esperou pacientemente até que ele resolvesse continuar – preciso que você entre e seja meu espião na Ordem da Fênix.

-O QUÊ?!

-Isso mesmo que ouviu, Draco.

-Quer dizer que eu vou ter que ficar amigo do Potter e dos Weasley?!

-Sim.

-Eu não posso aceitar.

-Pode e vai.

Sem escolha, Draco apenas balançou a cabeça. Estava ferrado.

***

Gina estava na sede da Ordem, conversando com Harry, esperando Dumbledore acabar de falar com Hermione. Ele m0andara uma coruja à Toca, avisando que queria ver-lhe. Por fim, depois de muito tempo, Hermione saiu, e ela pode enfim entrar.

-O Sr. queria me ver? – perguntou, sorrindo.

-Sim, minha cara Gina. Eu tenho uma missão para você.

Seu sorriso se alargou mais um pouco, para logo ser desfeito com as palavras que Dumbledore pronunciaria:

-Quero que você se torne Comensal.

-O QUÊ?!

-Quero que você se torne Comensal, em sigilo, é claro, para colher informações.

Ela apenas concordou com a cabeça. Teria que entrar no covil dos lobos, e isso não era nada bom.

***

Draco se preparou para ir. Despediu-se apenas de Zabini, o único que compreendera o quão difícil seria a missão de Draco. Afinal, agüentar o Potter e sua trupe não era uma coisa muito boa. Uma semana depois da conversa com Voldemort, ele partiu, em direção ao Ministério, onde poderia encontrar Potter e pedir ajuda a ele, alegando que queria desistir da vida de Comensal da Morte, que estava arrependido e etc.

Como suspeitava, Potter era tapado demais para perceber que tudo era apenas uma farsa, e o levou até a sede da Ordem para conversar com Dumbledore. Este lhe aceitou de braços abertos, lhe dando as boas vindas. Draco não se sentia muito à vontade com todos aqueles leões e aquela cor vermelho, mas aceitou e se contentou em ficar no esconderijo grifinório. Afinal, que opção tinha?

***

Alguns dias antes de Draco ir até a Ordem, Gina seguiu Snape (espião de Dumbledore entre os Comensais) até o esconderijo do Lord das Trevas. Todos a olhavam espantados, e Lúcio Malfoy chegou até a perguntar-lhe se ela era mesmo Gina, a caçula dos Weasley. Voldemort estava em uma sala, onde ela entrou e o encarou, tentado não demonstrar o medo que sentia.

“Não tenha medo, não tenha medo, não tenha medo...” sua cabeça só conseguia formular essa frase. Como é óbvio, ele leu-a em sua mente, por meio de Leglimência, e falou:

-Não há motivo para medo, caçula Weasley.

Gina ainda estava com medo, mas bloqueou sua mente com sucesso e sorriu, como se aquele homem com aparência de cobra fosse lhe dar um pirulito.

-Eu não estou com medo.

-Que bom. Severo me disse que a srta. queria se tornar uma de nós, concorda?

-Concordo.

-O que fez a caçula de uma família tão nobre se juntar com o lado do mal? – ele perguntou, meio debochado.

-Eu simplesmente estou cansada de ser classificada como a boazinha, cansei.

Voldemort sorriu, e ela sorriu também.

-Eu também já pensei isso um dia, Gina, e olha onde estou agora? Sou o bruxo mais temido de todo o mundo mágico.

-É por isso que estou aqui.

Ele pegou seu braço rudemente, e com um toque de varinha, fez a Marca Negra. Ardia, mas Gina não demonstrou.

-Bem vinda a bordo.

Ela continuou com a expressão séria que adotara no rosto, enquanto Voldemort a olhava nos olhos, tentando ler sua mente, sem obter sucesso.

“Essa garota é boa” pensou, e sorriu ao lembrar que ela estava do seu lado agora.

***

Gina voltou para a Toca, e ia trabalhar normalmente. Quando já se haviam passados quinze dias desde seu encontro com Voldemort, ela sentiu seu braço queimar, e aparatou para o mesmo lugar onde tivera seu primeiro encontro com Comensais da Morte.

-Reunião, Weasley – disse Lúcio, sorrindo maquiavelicamente.

Gina o seguiu, indo para a sala de jantar e se sentando em uma cadeira vaga ao lado de Crabbe, que comia como um porco, a fazendo ficar enojada. Uma cadeira vazia estava ao seu lado, e certamente os Comensais esperavam alguém, que logo chegou. Seus cabelos platinados estavam meio despenteados, e sua expressão continuava fria, desde a última vez que o vira, há cinco anos atrás. Draco Malfoy.

Mas... Malfoy não tinha se tornado membro da Ordem?!

“Tanto quanto você se tornou Comensal, estúpida. Ele é um espião” pensou, enquanto o encarava.

***

Draco via que a vida na Ordem da Fênix não era tão ruim assim como todos diziam. A comida era melhor, as camas eram mais confortáveis, os cômodos eram melhor arrumados... Mas ele ainda sentia falta de estar entre os Comensais, e esse sim era o seu mundo.

Já fazia mais de uma semana que estava ali, quando sentiu seu braço queimar. Tinha que ir, deveria ser alguma reunião. Mas se livrar da Ordem não era fácil, e ele acabou chegando atrasado ao jantar. Qual não foi a sua surpresa ao ver a Weasley fêmea sentada na cadeira ao lado da vazia que me pertencia?

“Eu não tinha ouvido alguma coisa sobre ela ser da Ordem?! Ela... Não, impossível. Ela não pode ser uma espiã do lado de lá. Simplesmente não pode.”

***

Draco e Gina se encaravam há algum tempo, quando por fim ele resolveu ignorar o fato dela estar ali e ir se sentar em seu devido lugar, justamente ao lado a garota. Os dois desconfiavam da situação, desconfiavam um do outro. Era muita coincidência a Ordem ter mandado um membro para junto dos Comensais e os Comensais terem mandado um deles para dentro da Ordem. Era quase impossível.

“Pelo menos eu vou ter algo para contar ao Dumbledore quando voltar à sede hoje à noite. Eu vou mascarar o Malfoy.”

“Ah, mas essa Weasley não vai durar muito por aqui. Pelo que depender de mim, não vai durar nem uma noite.”

Os dois estavam satisfeitos por dentro, cada qual planejando sua própria vingança por tantos anos de provocação em Hogwarts.

Draco encarou-lhe e disse mentalmente para ela: “Que tal se eu for agora e contar ao Voldemort que você é uma espiã?”

Gina arregalou os olhos, e ficou sem reação. Olhou novamente para Draco, que sorria triunfalmente para ela, e respondeu, também mentalmente: “E que tal se eu despachar uma coruja exatamente agora para o Dumbledore e estragar o seu disfarce?! A coruja vai mais rápido do que um Avada Kedavra, prometo.”

Ele se afogou com o suco de abóbora, e todos na mesa olharam para ele. Gina desviou o olhar e continuou a comer como estava fazendo antes, mesmo sem fome alguma. Sentiu que Draco lhe cutucara por debaixo da mesa, e ela olhou furiosa para ele, que dizia dentro de sua cabeça:

“Precisamos conversar, Weasley. Vai para fora que eu te encontro lá em alguns minutos.”

“O tempo de você avisar o Voldemort? Não mesmo! Se quiser, vamos juntos.”

“Que seja”

Draco segurou o braço de Gina com força, mas para quem olhava os dois, parecia que ele a segurava gentilmente. A arrastou até a porta, e foi quando sentiu seu pai lhe puxar a capa, fazendo-o se virar.

-Aonde vai, Draco?

-Eu e a Weas... Gina vamos dar uma volta, já voltamos”

E continuaram seu caminho até o lado de fora, e só pararam quando Draco soltou o braço de Gina, fazendo-a virar e lhe encarar.

-Então, comece a se explicar – disse ela, com as mãos na cintura.

-Acho que é você quem me deve explicações primeiro, Weasley.

Era verdade, ele estava em casa e ela era a diferente ali.

-O que quer saber Malfoy?

-Você é espiã do Dumbledore, certo?

Ela apenas assentiu com a cabeça e ele disse:

-Vou falar com o Voldemort.

-NÃO! Espera, Malfoy!

Ele parou, e viu que a garota estava desesperada. Concordou em ouvi-la, e ela disse, tirando um pergaminho do bolso:

-Está vendo esse pergaminho, Malfoy? Ele é uma carta que eu escrevi ao Dumbledore, contando que você é um espião na Ordem. Se você contar ao Voldemort, num piscar de olhos a Ordem toda estará aqui, e tenho certeza de que você não ia querer isso.

-Como é que você escreveu uma carta nesse curto espaço de tempo?!

-Isso é um berrador, pra ser mais exata. É só eu dizer alguma coisa em direção ao papel e ele estará com a mensagem gravada. Enquanto você me arrastava até aqui fora, eu ia murmurando o que queria que o berrador contivesse. Se eu simplesmente segurar com força esse medalhão – disse, mostrando a corrente que tinha no pescoço – Fawkes virá imediatamente, e em menos de três minutinhos a Ordem toda estará aqui. O que acha disso, Malfoy?

Agora era a vez de Draco se espantar com a inteligência e esperteza da menina. Os dois se encaravam, e Gina reparava no quanto ele era bonito, mesmo sendo frio como gelo.

-Então... Se você mandar esse berrador, eu toco a Marca e os Comensais estarão aqui em um segundo, incluindo os que não estão no jantar.

-Eu não estava pensando em mandar esse berrador.

-Então por que o fez?!

-Pra me proteger.

-Eu tenho que te matar para me proteger – pensou ele alto, se imaginar que Gina o ouvira e estava sorrindo.

-Eu tinha em mente outra coisa, pra ser mais exata.

Draco tirou a varinha do bolso e a apontou para o peito de Gina, que não tirou o sorriso dos lábios.

-Sabe Malfoy, eu acho que não seria muito adequado para você me matar. Esse medalhão guarda um pingente do perigo, sabe o que é isso?

-Cada vez que você estiver em perigo, a pessoa que está com o outro pingente saberá.

-E essa pessoa é Dumbledore. Se você me matar, Malfoy, esse pingente vai queimar e se partir em dois, e Dumbledore vai saber exatamente aonde vir.

Malfoy estava impressionado. A caçula Weasley não era das burras, o que ia contra toda aquela cambada de coelhos.

-E... O que você tem em mente? – perguntou ele, receoso.

-Um acordo.

-Um acordo?

-Sim, um acordo. Você não conta nada ao Voldemort ou aos Comensais e me deixa continuar a minha missão, e eu não conto nada ao Dumbledore nem a ninguém da Ordem e você pode continuar sua missão. Concorda?

Ela pareceu considerar por um momento, e sabia que era o único jeito de escapar vivo desta. Concordou com a cabeça, observando Gina conjurar uma pena, um tinteiro e um pergaminho, e escrevendo um contrato de acordo bruxo, que não poderia ser quebrado, e se fosse, o pagamento seria a morte.

Draco assinou, e Gina o fez logo depois.

-Temos um acordo, Malfoy? – perguntou, estendendo sua mão para que ele apertasse.

Ele observou a mão esticada e a apertou.

-Claro, Weasley.

Então, os dois voltaram juntos e em silêncio para a sala de jantar, para continuar o que não haviam terminado.


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