Prólogo
- O que você pretende que eu faça?!- gritou Artur em um momento de raiva.
Só havia ele e Merlim na sala do trono. Ele olhava pela janela e via os seus inimigos avançando cada vez mais. Aquela estava sendo a queda do reino de Artur, um reino que todos os homens iriam se lembrar por vários anos, que os bardos cantariam em suas canções fazendo com que as pessoas nunca se esquecessem do glorioso reino de Camelot e do rei mais justo que já existiu.
- Sabe por que eu te transformei em rei?- perguntou Merlim.
- Porque eu sou o filho de um rei.
- Não. Porque apesar de você não ser um mago, você possui magia. Existem vários filhos bastardos de reis por aí, inclusive do seu pai; mas nenhum conseguiu pegar aquela espada.
- E?
- Não seja idiota. Excalibur não é só uma espada, ela tem mais do que isso. Você a possuiu por muito tempo, porque ela te escolheu. E eu sempre soube disso.- disse Merlim.
- Eu não me importo com a espada. Ela me serviu bem durante todo esse tempo; consegui matar muitos dos meus inimigos com ela, mas olhe...- disse Artur apontando para a janela. A visão era horrível, pessoas gritavam e casas estavam sendo queimadas.- Sabe o que acontecerá com aquelas famílias?
Merlim se aproximou da janela e conseguiu ver e aquela visão dava arrepios.
- Os homens serão mortos, as mulheres serão violentadas e as crianças escravizadas e não há nada que essa espada idiota possa fazer para acabar com isso.- disse Artur
- Eu sou um mago e não um deus, eu não posso mudar o futuro.- Merlim parou por um momento.- Eu só peço pelo mundo mágico, nós somos iguais a vocês e merecemos o devido respeito.
- Então tente usar a sua magia para que os cristãos nunca os encontrem e reze para os seus deuses para que se eles o encontrem que sejam misericordiosos, porque não há piedade nos homens.
- O que pretende fazer?- perguntou Merlim quando viu Artur sair da sala e pegar Excalibur.
- Farei o que terá que ser feito.- disse ele.
De repente os dois escutaram os berros de Mordred, ele estava na porta do castelo com a espada na mão, gritando como um louco.
- Seu cachorrinho, o Lancelot, não conseguiu me pegar, vamos ver se você é bom o suficiente. Parece que os seus cavaleiros são fracos, quero ver se o rei deles consegue me vencer.- gritava Mordred, desafiando Artur.
- Não tem que fazer isso.- disse Merlim, quando viu o olhar duro de Artur.
- Eu já disse que farei o que terá de ser feito.- disse Artur saindo pela porta.
Merlim ficou parado, contemplando a última visão que ele teria de Artur, antes do golpe final de Mordred, o golpe que acabaria com o reino mais perfeito que a antiga Bretanha já havia tido em séculos.
No dia seguinte daquela noite, tudo o que se conseguia ver eram os destroços daquilo que um dia foi Camelot.
- E agora?- perguntou Morgana.
- O leve para Avalon, esperar que Manawydan nos traga a espada de volta e esperar que os cristãos cheguem. Quem sabe assim os deuses não nos tragam a sabedoria da velha magia aos poucos filhos que lhes restam.- disse Merlim em um tom pesaroso.
- Branwen está muito brava, ela não está disposta a deixar que o irmão nos traga a espada de volta.- disse Morgana já no barco com a cabeça do irmão no colo.
- Então a Britânia estará perdida e as trevas dominará o mundo mágico.
- Excalibur voltará, você vai ver, os deuses nos devolverão a espada, pelo anam cara.
As nove damas foram embora com o barco em que Artur estava e assim o barco deixou Camelot e adentrou as brumas que guardavam os mistérios de Avalon.
As nove sacerdotisas de Avalon – Gliten, Tirone, Mazoe, Glitonea, Clíten, Thitis, Thetis, Moronoe e Morgana- guardavam os segredos dos druidas. Mas o poder dos druidas estava acabando, junto com o poder dos deuses.
Assim as gerações foram passando, os descendentes das nove sacerdotisas foram se esquecendo dos segredos dos druidas, assim como esqueceram o reino de Artur. Até que finalmente os cristão chegaram, e a nova fé tomou conta do reino, eles acabaram com os druidas, até que finalmente os deuses foram esquecidos.
*Manawydan- Deus gales do mar.
* Branwen- divindade galesa do amor, irmã de Manawydan e conhecida também como a Dama do Lago.
* “Anam cara”- termo usado para descrever o amor, usado pelos galeses, anam significa alma e cara significa amigo.
*Druida- sacerdotes celtas considerados intermediários entre os homens e os deuses.
- Blanchefleur?- perguntou Godric Griffindor vendo uma imagem no meio da escuridão da floresta.
- Godric, ainda bem que eu te encontrei.- disse ela o abraçando.
Os dois não passavam de dois jovens bruxos, mas bruxos realmente poderosos. Eles viviam um amor de infância, um amor que nasceu na vila de Godric´s Hollow.
O cabelo negro dela se confundia com a noite e os olhos dela eram olhos que viam coisas além do presente, olhos de uma vidente.
Ele não passava de um menino de aparência comum, com um grande poder mágico e uma valentia que o diferenciava de todos.
- Eles sabem que eu te contei a profecia, agora eles me querem.- disse ela chorando.
- E não vão conseguir, seu pai não vai fazer nada com você.- disse ele a encarando.
- Está aqui.- disse ela tirando uma espada do meio de vários panos.- Os duendes colocaram o rubi. Esse é meu presente para você.
Aquele Dia das Bruxas estava sendo o maior para os dois. O Dia das Bruxas na qual eles esperavam fugir da vila e viver livremente.
A família de Blanchefleur a perseguia todo o tempo, pedindo profecias e que ela visse o futuro de cada pessoa, mas eles não entendiam que ela não tinha controle do grande poder que ela tinha. Aquilo a atormentava. Sua mãe era tida como louca por dizer que o poder da filha tinha sido concedida por Blodeuwedd, o pai era um ignorante que a torturava todo tempo pedindo uma profecia e as irmãs a desdenhavam e invejavam por ela ter um poder que as irmãs não tinham.
- Qual o nosso destino?- perguntou ela entrando na mata junto com ele.
- Hogwarts.- disse ele.- Um barco está nos esperando, vamos começar uma vida nova.
- Uma vida nova.
Nenhuma dos dois sabia como iriam se virar em um lugar tão longe de casa, eles tinham apenas 15 anos e ninguém tinha um ofício em especial.
De repente eles escutaram vozes se aproximando e Blanchefleur conseguiu identificar a voz do pai ordenando que os achassem, eram vozes misturadas com latidos e não muito longe os dois viram clarões de tochas se aproximando junto com as vozes.
- Vamos!- disse Godric puxando a mão da amada. Os dois começaram a correr e adentrar a floresta.
Os dois começaram a correr e as vozes se aproximavam cada vez mais, os dois corriam em disparada, mas parecia que as vozes eram mais rápidas.
Godric corria o mais rápido possível na frente e quando se virou viu Blanchefleur escorregar e cair, ela ficou com o pé preso em um buraco e não conseguia tira-lo dali.
- Corra!- gritou ela.- Corra se não meu pai te mata.
Ele tentou tirar o pé dela, mas não conseguia, quando ele olhou para o alto viu a figura do pai de Blanchefleur, ele encarava os dois com um ódio mortal.
- Seu desgraçado!- disse o pai dela.
Ela conseguiu tirar o pé dali, mas já era tarde demais, o pai dela já havia agarrado o pescoço de Godric. As pessoas ficaram paradas ao redor, olhando a cena dos dois quase se matando.
- Pára papai!- gritava ela. Ela se virou e viu o sorriso das irmãs ao ver aquela cena.
Godric estava sendo sufocado, ficando roxo e praticamente sem ar.
Godric pegou a espada que estava em sua mão, ela se intrometeu entre os dois, afastando o pai dela de Godric e então ele golpeou.
- Não.- ele murmurou. Blanchefleur foi ferida bem no estômago e agora jorrava sangue de sua barriga.
- Assassino!- começaram a gritar as pessoas.
Ele a olhou cair e saiu correndo, algumas pessoas tentaram o pegar, mas não conseguiram. Ele seguiu até o barco e o arrastou até o lago, foi então que ele finalmente teve tempo para chorar. Ele olhou para a espada ensangüentada e sentiu raiva por ter encontrado aquela lâmina no mar, a mesma lâmina que Merlim entregou para Artur séculos antes.
*Blodeuwedd- deusa galesa dos novos começos, independência e capacidade.
*Blanchefleur- significa Brancaflor em francês. Na obra de Tristão e Isolda é reconhecida como a mãe de Tristão que morre no parto.
- Um animal.- disse Victoire olhando para o céu pela janela da sala comunal. Ela estava com o livro na mão, mas não o estava usando, os olhos azuis dela estavam concentrados em Teddy.
- Um lobo.- disse ele depois de pensar por um tempo.
- Bem original. É o seu patrono?- perguntou ela.
- É sim. E você?- perguntou ele.
- Uma raposa.- disse ela sem pensar muito.
- Nossa. É o seu patrono também?- perguntou ele.
-É sim.
Os dois não tinham muita coisa para fazer, por isso ficavam inventando esses joguinhos que a gente faz para conhecer melhor as pessoas.
Victoire era só uma garota do quinto ano, que jogava no time de quadribol e famosa por ser linda.
Teddy era um garoto do sétimo ano, extremamente inteligente e muito curioso, era a cara de Lupin e mais conhecido pelo cabelo que sempre estava mudando de cor.
- Cansei.- disse ela bocejando e se espreguiçando, só restavam os dois acordados ali.
Teddy tinha um sério problema para dormir, ele dormia poucas horas por noite e se deitava muito tarde. Quando era mais novo, Andrômeda ficava preocupada com ele, mas agora ele já tinha 16 anos e podia se cuidar sozinho.
- E agora?- perguntou ele ainda com ânimo para continuar acordado por mais algumas horas.
- Já é uma da manhã, sabia?
- Você está com sono?
- Não. Mas já é tarde.
- Se você não está com sono, então relaxa.- disse Teddy.
- Tudo bem, e agora?
- AAAHHHH!- se ouviu um berro no corredor do lado de fora da sala comunal.
Os dois só passaram pelo buraco e com a ponta das varinhas acesas eles viram um corredor inteiro destruído. Os retratos estavam fora do lugar, as paredes estavam sujas com uma tinta vermelha.
Eles viram um vulto no final da escada e correram para conseguir ver quem era. Eles seguiram o vulto até a biblioteca. Depois o vulto se desviou e fugiu.
- Vic.- disse Teddy olhando para o chão.
Lá estava um pergaminho, jogado no chão, pelo aspecto era bem velho e já estava frágil. Teddy o segurou com cuidado, naquela pergaminho estava o retrato de uma garota bem jovem, em preto e branco e que deixava uma lágrima escorrer pelo rosto enquanto sorria.
- O que pode ser isso?- perguntou ele parado olhando o pergaminho.
- Eu não sei, mas seja lá o que for com certeza não quer o bem de Hogwarts.- disse Vic olhando para o pergaminho.
Eles escutaram os professores chegando e entraram mais ainda na biblioteca, se escondendo entre as prateleiras.
- Ai, meu pé.- disse Vic quando Teddy pisou no pé dela. Os dois tinham apagado a ponta das varinhas.
- Desculpe.- disse ele.- Você ta legal?
- É, eu estou sim.
Eles escutaram os professores entrarem na biblioteca, mas não demorou muito eles foram embora. Os dois saíram do meio das prateleiras, Teddy com o pergaminho na mão.
- O que você vai fazer?- perguntou ela.
- Eu não sei.
No dia seguinte havia uma agitação em Hogwarts pelo que aconteceu, as pessoas não falavam de outra coisa, a não ser no vândalo que entrou na escola.
- A espada de Griffindor sumiu.- disse a Mulher Gorda quando Vic perguntou o que estava acontecendo.
- Isso não é possível. Ela não estava muito bem guardada na sala do diretor?
- Mas ela sumiu e não me pergunte mais nada.- disse ela.
- Perguntar o quê?- perguntou Teddy se intrometendo na conversa.
- A espada de Griffindor sumiu.- disse Vic.
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