Segundo Treino



Capítulo 9 – Segundo Treino



“Então, vocês não são mais bests?”, Justin zombou, jogando-se na cama, enquanto observava Ted revirara o armário, buscando pelo capacete do negro, “Por falar nisso, quando você vai marcar os testes para o time?”

Ted hesitou, e soltou um grunhido, tinha se esquecido completamente desse detalhe. Ainda estava com raiva de Tiago – pelo menos, conseguira prendê-lo em um dos armários do dormitório masculino do primeiro ano, mas um dos monitores achou-o alguns minutos depois, para a decepção do sétimo-anista – e os olhares acusadores de ‘como você ousou me maltratar’ de Victoire estavam o levando à loucura.

“Ainda não pensei nisso”, murmurou, finalmente.

“Quando a Victoire ficar boa?”, o negro sugeriu.

“Não, vamos ter que marcar uma data nesse século ainda”, Ted rebateu, finalmente encontrando o capacete, e sentando-se no chão, em meio ao caos de livros, pergaminhos e roupas que estava à sua volta.

“Lá vem você com o seu pessimismo”, suspirou o outro, rolando na cama, até que ficasse fitando o teto do dormitório, “Se você se empenhasse em ajudá-la com a intensidade com a qual se empenha para ofendê-la, a menina sairia daqui Guga Jones, a Segunda”, profetizou.

“E quem nomeou você o ‘rei dos oprimidos’?”, Ted irritou-se, enquanto, apenas para ocupar as mãos e a sua atenção, começou a lustrar o capacete com uma das suas camisetas, “Além do mais, eu estou ajudando. Mas não posso fazer nada se o único motivo pelo qual a menina quer aprender a voar é porque quer que um menino estúpido enfie a língua na boca dela”, sibilou.

Num gesto repentino, o negro girou novamente e ergueu-se nos cotovelos, observando o amigo, perplexo.

“Isso foi um comentário repleto de ressentimento, vulgo ciúmes?”, perguntou, espantado.

Ted hesitou, surpreso.

“É claro que não”, franziu o cenho, como se o pensamento fosse estúpido, “Só estou pontuando o quão fútil essa garota é. Quero dizer, você viu como ela queria conversar sobre ‘a vida amorosa dela’ quando eu tinha uma vingança sangrenta para concretizar?”, exasperou-se, ao perceber que o amigo o fitava com as sobrancelhas erguidas, revirou os olhos, “Eu prefiro sentar no banheiro feminino e jogar sete partidas de xadrez com a Murta Que Geme do que beijar a Victoire”, informou.

“Você já fez isso”, lembrou-o o outro, “E não vi você enchendo seu prato de terra ou levando um joguinho de xadrez para o banheiro”

“Você entendeu o que eu quis dizer. Mais: eu não beijei a garota porque eu queria, beijei porque eu preciso do dinheiro”, resmungou, lustrando o capacete com mais concentração agora.

“Sabe, isso se chama prostituição. E, caso você não saiba, é crime aqui na Inglaterra”, Justin acrescentou, rindo.

Não é prostituição!”, Ted indignou-se.

“Você está certo, as putas não beijam na boca”, Justin franziu o cenho, pensativo, “Bem, então esse é um tipo deturpado de prostituição”, corrigiu-se.

Ted fuzilou-o com os olhos.

“Eu te assassinaria, mas tenho uma Barbie mimada para tentar ensinar a voar e um milagre para cumprir”, colocou-se de pé, “Sabe, talvez seja bom filmar todas essas aulas, e depois mandar uma cópia para o Papa, para que ele possa me canonizar”, acrescentou, enquanto ajustava o capacete na cabeça.

“Ou você pode escrever uma carta de amor para sua namorada”, alteou as sobrancelhas, “E casar com ela, e ter filhos, e uma casa da praia e um cachorro...”

Ou eu posso te assassinar no meio da noite e jogar seu corpo para a Lula Gigante”, interrompeu-o o outro, “Tenho que ir agora, mas se eu fosse você... dormia com os olhos abertos”, e saiu do quarto.

XxXxX


“Mas ele foi super grosso com você, Vicky!”-tentou argumentar Margo, enquanto observava a amiga colocando uma bermuda e torcendo o nariz.

“Eu não estou fazendo isso porque eu quero ver o Esquisito feliz.”-disse Vicky, tirando a bermuda e jogando de qualquer jeito na cama.-“Eu só quero ser a melhor jogadora de todos os tempos.”

Margo e Verônica apenas olharam para as próprias unhas e nada disseram.

Os olhos castanhos de Vicky se estreitaram.

“Vocês acham que eu não sou capaz.”

“Imagine!”-disse Verônica, não com tanta firmeza na voz.

“Vicky, você vai se atrasar.”-falou Margo.

“Você está mudando de assunto.”-disse a garota, porém, ela logo achou uma calça e a vestiu.-“Não ache que vocês vão escapar.”

“Nós queremos o melhor para você.”-tentou Verônica.-“E acho que você e Ted Lupin juntos, jogando quadribol –ou tentando, pelo menos-, não é algo que você vai se orgulhar daqui para a frente.”-a garota ia protestar, porém, ela continuou.-“Sério, Vicky, ele praticamente te chutou. E os Bests não fazem isso.”

“Ele não é o meu melhor amigo.”-falou Victoire.-“Ou melhor, eu não o considero desse jeito. O Esquisito só está me fazendo um favor.”-e ao ver que as meninas iam discutir com ela, a garota disse impaciente.-“Eu vou me atrasar. E isso vai atrapalhar a minha capacidade de segurar a bola. Ou goles. Ou qualquer coisa assim.”

Vicky pode ver quando as amigas reviraram os olhos. Ela bateu a porta do dormitório e quase tropeçou em Tiago Potter que a olhava com surpresa e, pode-se até dizer, admiração.

“Se... elas... acham... que... eu... não... sou... capaz...”-dizia Victoire, pausadamente, enquanto, pensava em vários tipos de tortura que poderia usar contra as próprias amigas.-“Eu sei que eu sou capaz, certo?”

“Em jogar quadribol.”-e ao ver que o primo desviara o olhar, Victoire falou, irritada.-“Até você?”

“Entenda, Vicky.”-disse Tiago.-“Você só não herdou a habilidade dos nossos tios e de minha mãe. Porque, como diz papai, mamãe era uma das jogadoras mais habilidosas e versáteis que já existiu.”

“Isso é para animar ou para me deixar mais para baixo?”-ela questionou, lançando um olhar fulminante para o garoto.-“Eu vou conseguir jogar aquela coisa. Eu vou fazer um gol. Eu vou ser uma boa jogadora.”-ela repetiu, como se fosse um mantra.

“E se eu te ajudasse?”-disse Tiago, solícito.-“Acho que seria bom para mim e para você.”

“Tiago, você ainda é apenas um... menino.”-disse a garota, sem jeito.

“Eu sei montar em uma vassoura.”-retrucou o garoto, bravo, mas ele logo se lembrou e abaixou o tom de voz.-“É que você está treinando com o Ted. E ele ainda está muito bravo comigo. Se eu aparecesse para ajudá-lo, ele poderia esquecer o que eu fiz, não acha?”

Victoire o olhou com pena.

Ted Lupin sabia ser muito cruel.

“Está bem.”-falou a garota, depois de um tempo.-“Quem sabe você não me dá umas dicas? Só que tem que ser melhores do que as do Esquisito, sabe?”

Tiago apenas assentiu.

E ambos andaram até o campo de Quadribol.

XxXxX


“É lógico que ela está atrasada. Ela tem coisas mais importantes com o que se preocupar, como, por exemplo, se a divisão do cabelo dela está reta, ou se a porcaria do prendedor de cabelo combina com a meia”, pensou, amargo, enquanto olhava para o relógio pela vigésima quinta vez.

Ouviu passos rápidos e ofegos, o que indicava que alguém vinha correndo em sua direção. Virou-se bem a tempo de ver Victoire correndo em sua direção, com um pequeno vulto às suas costas.

“Até que enfim você chegou”, Ted resmungou, cruzando os braços, para só então reconhecer a terceira pessoa no campo de Quadriboll, “O que ele está fazendo aqui?”

“Ele?”, Victoire acompanho o olhar assassino do sétimo anista e encarou Tiago, que estava encolhido, “Ah, ele vai me auxiliar hoje”, disse, casualmente.

“Auxiliar? E o que é que ele vai fazer exatamente? Buscar as bolas que você deixa cair na Floresta Proi...”, Ted não concluiu a frase e deixou que um sorriso maldoso tomasse conta do seu rosto, “Pensando bem, a gente bem que poderia usar o pivete”

Tiago pigarreou.

“Ouça, Ted, eu...”

“Você fica quieto, você não fala e você finge que não existe a não ser que eu diga o contrário”, interrompeu-o, lançando um olhar duro ao garoto, “Estamos entendidos?”

Tiago engoliu em seco e assentiu.

“Mas, eu...”

“Sh!”

“Só que...”

“SHHHHHHH!”

“Mas, Ted...”

“Que parte do ‘você fica quieto’ você não conseguiu entender?”, sibilou, irritado, enquanto puxava Victoire pelo cotovelo, “Já é um saco só com você, tinha que trazer o dedo-duro junto?”

Victoire bufou e livrou-se da mão de Ted com um movimento brusco.

“Não mataria se você fosse legal com as pessoas de vez em quando, Esquisito”, lançou um olhar irritadiço na direção dele, “O garoto só fez um comentário impensado...”

“Ele falou para o pai dele que eu acho a mãe dele gostosa”, Ted rosnou, enquanto empurrava uma vassoura para as mãos de Victoire, “Suba na vassoura, você vai aprender a voar hoje”

“Mas já?”, Victoire baixou os olhos castanhos para a vassoura, o cenho franzido.

“Tendo em vista que você já devia saber usar uma vassoura desde os onze anos de idade, eu diria que a exclamação correta seria um ‘mas ainda?’ acompanhado por um ‘meu bom Merlim, eu sou realmente um caso perdido’!”, fechou os olhos quando percebeu que Victoire o encarava, parecendo perplexa, “Olha, desculpa, meu dia não foi dos melhores hoje. Será que a gente podia começar com o treino e deixar a babaquice do eu-te-odeio-muito de lado só hoje?”

Victoire observou-o, depois balançou a cabeça.

“Por que você não resolve ser legal de vez e a gente pode deixar a babaquice do eu-te-odeio-muito de lado todos os treinos?”, propôs.

“Seria maravilhoso. Mas é utópico demais”, suspirou, “Vamos começar, está bem?”

Victoire assentiu, posicionou-se sobre a vassoura e ficou em silêncio, aguardando pelas instruções de Ted.

“Agora, você pode dar o impulso”, o garoto disse, mas logo se recordou da última vez que ela ‘dera um impulso’ e acrescentou, “Não muito forte, nem muito fraco, tem que ser o suficiente para tirar a vassoura do chão, mas não muito forte para você não acabar acontecendo o chapéu mexicano descontrolado que aconteceu da última vez”

Victoire assentiu, ainda com o cenho franzido em determinação, então, ela deu um impulso mínimo, e a vassoura caiu no chão.

“Quando você der o impulso, tente se manter em cima da vassoura”, Ted murmurou, “Assim, olha”, e deu um impulso, deslizando pelo ar, depois fazendo uma curva de 180º para observar a menina, “Não é difícil, Monstrenga. Você consegue”

Victoire ergueu os olhos, surpresa.

“Puxa, é a primeira vez que você me diz algo tão animador”, ela sorri, aprovando a atitude.

“Aham. Que seja. Monstrenga, o impulso”, Ted lembrou-lhe.

Victoire aquiesceu, respirou fundo e deu o impulso com um pouco mais de força. Flutuou um pouco acima do solo, mas acabou voltando com um baque para o chão. Ergueu os olhos, frustrada.

“Está bom”, Ted apressou, “Não está bom, Tiago?”, perguntou, voltando-se para o moreno.

Os dois voltaram os olhos para o garoto que encarava tudo com uma sobrancelha erguida e uma expressão levemente espantada.

“Não está bom, Tiago?”, Ted lançou-lhe um olhar significativo.

“Ahn...”, o menino relutou, olhando do rosto cheio de esperanças de Victoire para o ameaçador de Ted, engoliu em seco, “Está ótimo! Nunca vi ninguém aprender tão rápido”, mentiu, dando seu melhor sorriso amarelo.

“Viu? Está ótimo”, Ted esfregou uma mão na outra, “Agora, mais uma vez. Com um pouco mais de impulso. E tente se manter no ar. Se a sua vassoura tentar voltar para o chão, puxe-a para cima. Pronta?”, Victoire parecia aturdida com todas aquelas informações, mas balançou a cabeça, concordando, “Então, dê o impulso... agora!”

Victoire respirou fundo, franziu o cenho e deu o impulso, a vassoura começou a deslizar, ela agarrou com força a vassoura e puxou-a para cima, quando viu que estava se encaminhando para o chão.

Ted piscou os olhos, perplexo.

“Ótimo, Monstrenga! Você está voando!”, berrou, sorrindo, “Agora... Monstrenga, preste atenção, você vai bater contra aquela árvore... Victoire, vire a vassoura para a esquerda!”, ordenou, inclinando-se sobre a própria vassoura e correndo para tentar alcançar a vassoura da garota, que parecia animada demais berrando ‘CONSEGUI!’ para prestar atenção na rota da vassoura, “MONSTRENGA, VIRA PARA A ESQUERDA!”, berrou, finalmente conseguindo chamar a atenção da grifinória.

Victoire, nervosa, inclinou-se com o corpo para a esquerda, fazendo o desvio em cima da hora. Ted soltou um suspiro, aliviado.

“Foi ótimo. Tirando aquela hora que você tirou as mãos da vassoura para fazer aquela dança de vitória ridícula, você voou de maneira decente, Monstrenga”, Ted concedeu, dando um meio-sorriso, “Viu? Eu faço milagres”

Victoire estava radiante, inclinou-se para a esquerda e encaminhou-se na direção de Ted.

“Eu estou voando. Numa vassoura!”, vibrou, “Viu? Você achou que eu não conseguiria, mas aqui estou eu...”, então, Victoire passou direto por ele, “Como eu paro isso?!?!”

“Puxe a vassoura para cima e para trás. Não muito, só o suficiente para freá-lo”, berrou, e viu quando a garota seguiu suas instruções e a vassoura começou a empinar, “Puxe para trás, Monstrenga”, gemeu.

Finalmente, a vassoura parou estática, três metros acima do solo. Ted soltou o ar lentamente e começou a se dirigir à garota, lançou um olhar na direção de Tiago e fez com os lábios, “Anime-a!”.

Tiago franziu o cenho, como quem dizia ‘eu tenho mesmo que fazer isso?’.

Ted fuzilou-o com os olhos, “Eu tenho que te lembrar que você estaria morto se não fosse por ela?”, fez, com os lábios.

Tiago lançou um olhar carrancudo.

“Muito bom, Vicky! Uhuu! Mandou muito bem! É isso mesmo! Continua assim!”, o garotinho pulava, balançando os braços, “Vai acabar superando a tia Gina desse jeito”

Victoire voltou-se para Tiago, sorridente.

“Deixa disso, eu nunca vou ser tão boa assim”, murmurou, fazendo um gesto com a mão, “Mas eu fui muito bem mesmo, não fui?”

Tiago continuou sorrindo, enquanto seu cérebro trabalhava atrás de uma escapatória.

“Com certeza eu nunca vi ninguém voando desse jeito antes. Pelo menos, ninguém da sua idade”, acrescentou, lembrando-se de um lamentável garoto de nove anos contra quem jogara quadriboll certeza vez.

Victoire sorriu, orgulhosa.

“Bem, eu sempre tive facilidade para aprender as coisas”, deu um sorrisinho modesto.

Ted deu uma tossida, para disfarçar a gargalhada.

“Claro. Facilidade”, lançou um olhar pesaroso para Victoire, que lhe lançou um sorriso radiante, “Escute, Victoire, para jogar você tem que saber fazer curvas, então eu quero que circule o lago dez vezes, e vá aumentando a velocidade à cada volta, OK?”

“Claro!”, a garota aplaudiu, depois fitou-o, inexpressiva, “E como eu faço isso?”

“As voltas? Como você acabou de se livrar da árvore”, Ted respondeu.

“Não, aumentar a velocidade”

“Ah...”, mas foi interrompido pela gargalhada de Tiago, do chão.

Os dois voltaram-se para ele.

“Algum problema, Tiago?”, Ted sibilou, deixando claro que não queria que o garoto estragasse o ânimo da garota.

“Hum...”, Tiago engoliu em seco, “Não. Eu acho... quero dizer... nada”

Ted estalou a língua.

“Já que você acha que tudo isso é muito divertido, Tiago, você vai correr acompanhando a Victoire”, Tiago arregalou os olhos, e Ted sorriu, maldoso, “Acho que, já que a Victoire vai precisar de mais treino, então... vinte voltas. Os dois. Agora!”

Victoire fitou-o, perplexa, mas girou a vassoura em direção ao lago e, lentamente, começou a voar em volta dele, enquanto Tiago acompanhava-a, reclamando. Ela não conseguia ouvi-lo direito, já que estava ocupada inclinando-se para a esquerda para que a vassoura acompanhasse a curva do lago, mas tinha certeza de que tinha ouvido ‘tirano desgraçado’ e ‘quando eu prendê-lo no armário’ algumas vezes.

“Victoire, se incline sobre a vassoura para aumentar a velocidade”, berrou Ted, e quando a garota o fez, a vassoura começou a voar mais rápido, “Tiago, o que você está fazendo aí atrás? Corra, meu filho! Vocês tem que completar as vinte voltas juntos. Eu não fui claro em relação a isso?”

Tiago bufou e começou a apertar o passo. Sentindo-se culpada, Victoire desacelerou a vassoura.

“Não ouse fazer isso, ou vou aumentar o número de voltas para trinta!”, Ted ameaçou, enquanto voltava para o chão e se sentava, observando-os com um sorriso sereno, “Olhe só, Monstrenga, está ótimo. Mas você podia ir um pouco mais rápido, não acha?”

“Ahn, eu estou bem assim”, Victoire tentou conciliar.

“Aumente a velocidade”, Ted ordenou, espreitando os olhos em sua direção.

Victoire assentiu, lançando um olhar culpado em relação ao menino e inclinou-se um pouco mais sobre a vassoura, aumentando consideravelmente a velocidade.

Quando estavam na terceira volta, a garota se revoltou, freou a vassoura e cruzou os braços.

“Victoire”, Ted começou, num fingido tom paciente, “O que é que você está fazendo?”

“O que você está fazendo é maldade, Ted! Perdoa o Tiago de uma vez por todas! Ele vai morrer desidratado se continuar desse jeito!”, Victoire balançou a cabeça, “E eu não vou ser sua cúmplice nisso!”

“Cúmplice? Desidratado? O garoto consegue dar vinte voltas num laguinho, Monstrenga, pare de ser dramática”, Ted levantou-se e aproximou-se dos dois, com uma expressão irritada, “Eu perdi os melhores presentes que eu ia ganhar por culpa dele e nem que o inferno congele vou deixar ele se safar sem aprender que não se mexe comigo!”

“Eu não sou dramática, Esquisito!”, a loira rosnou, “O Ti vai morrer desse jeito!”, apontou para o garoto que tinha se jogado no chão, estava com as mãos sobre a barriga, ofegante.

“Ele também está exagerando. Além do mais, essa peste merece passar por isso e muito mais depois do que me fez”, cruzou os braços, teimoso, “Tudo o que ele me fez perder era de extrema importância!”

“Puxa, deve ser mesmo muito importante, a última vez que te vi tão devastado foi quando joguei o Fru-Fru no lixo!”, Victoire alfinetou, e Tiago ergueu os olhos, interessado.

“Quem?”, o primeiro-anista perguntou, erguendo a cabeça do chão, parecendo repentinamente muito animado.

“Não ouse”, Ted sibilou, o dedo em riste para Victoire.

“Own... O Ted nunca te contou do Fru-Fru?”, deu uma gargalhada, enquanto balançava a cabeça, “O Fru-Fru era...”

“Victoire, cale a boca!”, Ted rosnou, tentando, rapidamente, eliminar a distância entre ele e os dois primos.

“...um pônei alado cor de rosa, sujo e fedido que o seu ídolo costumava arrastar para todos os cantos”, Victoire terminou, lançando um olhar maldoso na direção de Ted, que tinha parado de correr, e a fitava com uma expressão incrédula, “Claro que eu, como a garota super legal que eu sou, salvar ele de se transformar em um homossexual e joguei aquele treco ridículo no lixo”

“Você despedaçou-o primeiro”, Ted corrigiu, num frio de voz, enquanto Tiago gargalhava, “Arrancou primeiro a cabeça, depois as patas, depois a asa, e depois jogou-o na privada, Victoire!”, tinha uma irritação clara no tom de voz do garoto.

Tiago percebeu pela expressão e pelo tom de voz de Ted, que aquilo não tinha sido apenas uma brincadeira de mau gosto. De algum forma, e por algum motivo, a brincadeirinha de Victoire tinha deixado o garoto muito irritado. Esse fato também não passou desapercebido pela quinta-anista.

“Era só um pônei idiota, Ted”, resmungou, revirando os olhos, “Qual era a importância?”

Tiago abriu a boca, como se fosse falar alguma coisa, mas Ted interrompeu-o.

“Tiago, volta para a Torre da Grifinória”, acrescentou, quando viu que o garoto estava relutante, lançou-lhe um olhar irritadiço, seus cabelos tornando-se ruivos escuros e os olhos verdes, “Agora!”

O menino assentiu, e saiu correndo para dentro do castelo.

Por um segundo, Victoire pensou que o grifinória ia se jogar em cima dela e tentar afogá-la no Lago. Ele fixou os olhos verde escuro nela, respirou fundo, depois balançou a cabeça, enquanto soltava o ar pela boca, lentamente.

“Termine de dar as vinte voltas em torno do lago, Victoire”, disse, num tom de voz inexpressivo, enquanto dava as costas para ela e voltava a se sentar na grama, para observá-la.

Quando finalmente chegou à vigésima volta, Victoire estava com os músculos dos braços doloridos, mas tinha que admitir que já tinha um certo controle sobre a vassoura. Fazer as curvas era relativamente mais fácil e ela podia até dizer que voar era bem divertido.

Quando pousou, Ted tirou a vassoura da sua mão, sem estabelecer contato visual e, apesar da iluminação precária da quadra, Victoire percebeu que os cabelos dele continuavam vermelho vivo e os olhos, de um verde profundo e furioso.

“Não sei porque você está tão bravo”, disse, finalmente, não aturando o silêncio que se estabelecera entre eles, enquanto Ted juntava as duas vassouras e começava a atá-las, “Faz séculos que isso aconteceu. E era só um pônei idiota...”

Ted ergueu os olhos finalmente, colocou-se de pé, segurando as duas vassouras.

“O ‘pônei idiota’ era da minha mãe, Victoire”, rosnou, depois desviou os olhos em direção ao castelo, “Pode ir para o seu dormitório agora, eu vou guardar as vassouras”, resmungou, enquanto dava as costas para ela e seguia em direção ao castelo.


Continua...
:

N/AsOi, galera!
Aqui é a Gii!
Como vocês estão?
Desculpem a demora, mas é que eu e a Anaa voltamos às aulas – huhuhu, que divertido. :/
Esse foi um dos maiores capítulos até agora! E tivemos uma revelação bombástica, hein?
A Vicky estraçalhou um dos brinquedos da mãe do Ted, tadinho! :/
Fora isso, claro, uma cena básica da total falta de fé das amigas da Vicky nela mais o choque do Tiago ao perceber quão ruim a prima realmente é! :D
Pobre Vicky... Bem, mas nesse capítulo, eu vou aceitar as reviews ‘pobre Ted’, porque deve ter sido muito traumático para ele, né?
Não é à toa que ele é esse amor de pessoa com ela...
Bom, queremos saber a opinião de vocês sobre esse capítulo, viu?

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