Beijando Lestat Prewet



Capítulo 5- Beijando Lestat Prewet


 


Tudo voltou ao normal depois daquela noite (a noite da maldita festa). Pelo menos na minha vida tudo voltara ao normal, mas não poderia dizer o mesmo de Fred, James e Arnye que foram repreendidos severamente e ganharam semanas de detenções por terem embebedado uma média aproximada de trinta jovens e inocentes estudantes.

Eu e Malfoy não nos falamos mais desde então, exceto as velhas e rotineiras provocações durante as aulas ou quando nos esbarrávamos nos corredores e escadas. Jamais contei a ninguém sobre aquela noite. Eu meio que tentava apagar certas lembranças da minha mente. O olhar dele era uma dessas lembranças que fazia questão de exterminar. Aquele olhar tão... tão... sincero! Sincero demais para ele. Havia bondade demais naquele olhar, apesar de tudo. Isso me perturbava. Definitivamente não gostava de pensar nisso, no fato de Scorpius não ser tão ruim quanto ele queria demonstrar.

Havia coisas mais interessantes com que me ocupar - mais interessantes que pensar em Malfoy. Lestat era um exemplo de algo beeem mais interessante. Ele voltara para o colégio após o Natal, aparentemente curado da amnésia e trocamos algumas palavras durante o resto do meu quarto ano. Mas foi no meu quinto ano que ficamos realmente amigos.Como um dos batedores do time de quadribol da Grifinória havia terminado os estudos, Lestat fora admitido em seu lugar. Com ele na equipe ficamos muito mais próximos.

A companhia de Lestat fazia bem a todos. Ele era extremamente engraçado, um ótimo batedor e estava sempre disposto a ajudar quem quer que fosse no time. Todos os dias após os treinos nós ficávamos um pouco mais no campo; ele meio que me treinava no gol e nós repassávamos as jogadas que mais tínhamos dificuldades. Depois de mais ou menos dois meses nesse ritmo já éramos grandes amigos, quase do tipo inseparáveis.

Não via mais Lestat como objeto de uma paixão doentia e platônica; ele era apenas um garoto bonito, cobiçado por quase todas as meninas da escola, de quem eu era amiga e confidente e tudo o mais. Eu não percebi quando ele começou a demonstrar certo interesse por mim, um interesse além da amizade. Foi em uma sexta-feira, após o treino, na saída do vestiário que ele me surpreendeu com um convite e eu então percebi que ele me enxergava como uma garota. Uma garota de verdade.



-Rose- ele me chamou com uma formalidade estranha na voz - Posso falar com você um instante?- Puxou-me pelo braço para um canto afastado dos olhares alheios antes mesmo que eu pudesse responder.



-Claro.- respondi sem entender a excitação em sua fala.



-Vai fazer o que amanhã?-e de repente a confiança voltara a sua voz.



-Eu pretendia estudar, tenho um teste de Runas Antigas na segunda e pra ser bem sincera... - Mas parei de falar ao perceber que ele me fitava com um ar desconfiado.



-Estudar em dia de ir à Hogsmead?-Perguntou, colocando o indicador em meu queixo, levantando meu rosto, me obrigando a olhar em seus olhos. - Já sei. Por que você não vai à Hogsmead comigo amanhã e quando chegarmos eu ajudo você com as suas Runas?



Espera aí, ele estava me convidando para sair? Como não dei uma resposta - pois estava ocupada tentando processar aquela informação - ele prosseguiu:



-Ah, Goleira – adorava a forma carinhosa como ele se referia a mim – Eu sei que você adora a Dedosdemel e sei também que você gosta muito de cervejas amanteigadas...



Okaaay...aquilo era definitivamente um convite para sair, quase uma persuasão!



-Ah...Cervejas amanteigadas! Isso é jogar sujo, Lestat. Não pode me comprar dessa forma!



-Isso é um sim? - Perguntou esperançoso.



Como eu poderia negar um pedido desses a ele? Não podia e não negaria.



-Talvez! - Ah, qual é? Fazer charme não mata ninguém.



-Talvez. Essa não é a resposta que quero ouvir. Talvez eu deva ser mais eloqüente em meu pedido.



Ao completar a fala aproximou-se de mim de tal forma que ficava difícil até de me mover. Um de seus braços me envolvia pela cintura e a mão livre brincava com uma mecha solta de meu cabelo. Senti sua respiração ofegante próxima demais a meu rosto e meu coração parecia não se conter em meu peito, batendo acelerado. Com medo de que ele saltasse de dentro de mim a qualquer instante, coloquei a mão no peito como uma forma de detê-lo. Percebendo meu movimento, Lestat colocou sua mão sobre a minha. Estava prestes a me beijar e eu podia sentir isso pelo seu hálito quente próximo a meus lábios. Eu estava entrando em transe quando alguém gritou seu nome.

-HEY LESTAT!-Era James - TA FAZENDO O QUE?Esqueceu que temos aquela jogada pra repassar com a Lily? Vê se anda logo, seu Trasgo!



-Eu poderia matar seu primo neste exato momento. - resmungou ao afastar seu corpo do meu.



-Eu ajudaria você se pudesse raciocinar...



Ele deu uma risada. Eu ri também, meio sem jeito. Em seguida ele ficou sério novamente e voltou falar:



-E então, você não me deu sua resposta. Vai sair comigo amanhã?-Não sei ao certo se era proposital ou não, mas naquele momento ele estava incrivelmente sedutor.



-Er...Você foi bastante eloqüente ao fazer seu pedido. Acho que posso abrir uma brecha em minha agenda e encaixar você no dia de amanhã. Sabe como é, não pude resistir às cervejas amanteigadas das quais você falou.



-Claro... As cervejas. Realmente, não se pode resistir a esse tipo de tentação. - disse, mas eu entendi muito bem a que tipo de tentação ele se referia e nada tinha a ver com cervejas.



-Exatamente...



-HEEEEY LESTAT! SE VOCÊ NÃO APARECER AQUI EM CINCO SEGUNDOS EU CORTO VOCÊ DO TIME!-James gritava do campo.



-Er... tenho que ir, Goleira.-E saiu correndo, mas voltou e me beijou delicadamente no rosto. Senti minha face pegar fogo. -Até amanhã.



-Até...- respondi baixo e tarde demais para que ele escutasse.



Fiquei paralisada ali por alguns instantes. Era muita coisa para meu cérebro processar. Quer dizer, eu havia acabado de ser convidada para sair, quase ser beijada e descobrir que Lestat gostava de mim e que eu ainda nutria uma paixão por ele. Não necessariamente nessa ordem. Estava absolutamente perturbada, mas estranhamente feliz.

Fui andando lentamente, com minha felicidade recém descoberta, até o salão principal. Estava faminta... Ou seriam as borboletas em meu estômago que surtiam aquele efeito? De qualquer forma, achei melhor comer. Depois de alimentada, tomei um banho demorado e finalmente me dirigi ao meu dormitório. Deitei-me, mas não consegui dormir, rolei na cama de um lado para o outro. Não ia adiantar muita coisa ficar deitada ali. Resolvi descer até a Sala Comunal e encontrar alguma coisa para atrair o sono.



Liguei o rádio e deitei-me no tapete, de frente para a lareira, e fiquei observando as chamas dançarem enquanto tocava uma música romântica. Em poucos segundos já estava completamente absorta em meus pensamentos, fazendo planos para o dia seguinte. Descansei a cabeça no sofá atrás de mim e fechei os olhos.



-Não sabia que as meninas também eram expulsas de seus dormitórios. -Disse uma voz masculina em meu ouvido.



Abri os olhos e encarei Lestat, sem levantar a cabeça do encosto, sorrindo simpática para ele.



-Nem sabia que os meninos podiam ser expulsos...



Lestat deu uma risada e então falou:



-Eu achava que isso não podia acontecer também, mas as pessoas andam burlando muitas regras por aqui.



-Quem foi?-perguntei curiosa



-James.



-Eu gostaria muito de saber o motivo disso



-Simples, ele levou uma garota para o quarto hoje mais cedo e ela estava na minha cama.



-Por Merlin! Isso devia ser proibido.



-E é proibido. Pelo menos para as pessoas normais. Mas para o James as regras parecem ser feitas para não serem cumpridas.



-Eu não sei a quem ele saiu. Meu tio não fazia esse tipo de coisa... Pelo menos eu acho. -então me virei para olhá-lo melhor. -Mas por que você simplesmente não tirou a garota da sua cama e mandou James dividir a dele com ela?



-Esse é o problema, ele já estava dividindo a cama dele com uma garota. A que estava na minha cama, segundo seu primo, -e ele corou ao proferir as seguintes palavras -era pra mim. Para minha... diversão.



-Estou completamente enojada. –como James era... safado. Não, safado era uma palavra simplória demais. Ele era baixo, podre, asqueroso.



-Eu também não fiquei muito feliz com o presentinho de James, aí nos brigamos e ele disse que se eu não queria a garota então que saísse de lá. E aqui estou eu.



-Não sei se fico feliz por sua atitude ou com medo dela.



-Com medo? Por que minha atitude lhe causaria medo?- perguntou, intrigado, tentando encontrar uma resposta em minha expressão.



-Sabe...a maioria dos homens que conheço não dispensaria uma garota assim como você fez. Aí fico me perguntando se você gosta mesmo de garotas.



Ele riu de minha teoria.



-Acho que você não conhece muitos caras decentes então. -disse em resposta à minha explicação boboca- E se por acaso você ainda não notou...Eu gosto de garotas.Gosto muito. O meu problema é que quando me apaixono não tenho olhos pra mais ninguém.



-Huum...então você está apaixonado. Eu gostaria de saber quem foi a felizarda que arrebatou seu coração.



-Eu teria que te matar se contasse. -Disse, entrando no meu jogo. - Mas posso mostrá-la a você.



-Eu adoraria conhecê-la amanhã.



-Não falo de amanhã. Vou apresentá-las esta noite. Agora. Vem comigo!



-Acho que prefiro ficar e conhecê-la amanhã. Porque pode não parecer, mas eu tenho um pingo de sanidade.



-Está com medo, Goleira?- Perguntou desafiador.



-Medo, não. Estou apenas colocando meu senso de responsabilidade em uso.



-Você está com medo. Posso sentir na sua voz.



-Não estou com medo. -disse decidida



-Está sim. Quanta decepção, Goleira. Sempre achei que você fosse muito corajosa.



-Ah Lestat, não me desafie. Não me teste desse jeito. - Agora eu estava sendo desafiadora.



-Isso não é um teste. Estou apenas constatando sua falta de coragem.



-Não é nada disso. Só acho que Madame Nora nos denunciaria em um instante e Filch nos causaria muitos problemas. Estou apenas sendo prática e responsável.



-Está subestimando minha capacidade de não ser pego, isso sim.



-De maneira nenhuma. Estou superestimando a capacidade deles de nos pegarem. Eles são experientes e nós não. Encare os fatos.



-Por Mérlin, Goleira! Como você menospreza minha inteligência. -Oh céus, como ele era lindo. Ficava ainda mais lindo quando se irritava. -Não é obvio que eu tenha meus métodos para escapar deles? Caramba, eu sou o melhor amigo do cara que burla todas as regras do colégio. Eu tenho que ter aprendido alguma coisa com ele!



Fitei-o por alguns instantes, tentando não ceder à vontade incontrolável de aceitar sair dali com ele.



-Está certo! Quero ver do que é capaz... e estou louca para conhecer essa arrebatadora de corações de quem você me falou.-Acabei aceitando, por fim. Se fossemos pegos, receberíamos uma detenção e só. E o que era uma misera detenção em troca de uma noite com Lestat?



-Esse é o espírito, Goleira! Fique aqui. Volto em um instante- E rumou ao dormitório masculino.



Voltou cinco minutos depois trazendo um grande pedaço de tecido enrolado e um pedaço de pergaminho velho.



-Lestat, o que exatamente são essas tranqueiras?- perguntei apontando para os objetos que ele trazia nas mãos.



Ele me olhou com uma expressão ultrajada e falou:



-Que absurdo, Goleira. Nunca mais fale assim dessas preciosidades!



-Se um pergaminho velho é precioso, então não sei de mais nada.



-Rose, você até tem razão, ele é um pergaminho e é velho. Mas não se resume a isso Isso, minha cara,é o Mapa do Maroto.-E ao dizer isso apontou a varinha para o tal mapa e proferiu algumas palavras. Em instantes estava vendo dois pontinhos com nossos nomes embaixo localizados exatamente onde nós estávamos na sala comunal.



-Isso é incrível! Ele existe mesmo! -Eu já ouvira historias sobre esse tal mapa em casa, mas nunca havia visto ele.



-E ele não é a única coisa que não é só lenda. Esta aqui é a Capa da Invisibilidade.-Desdobrou o tecido para que eu pudesse ver melhor a capa.



-Então ela ainda existe! -Também ouvira histórias sobre a tal capa. -Onde você conseguiu tudo isso?- Perguntei, apavorada, para ele.



-Peguei emprestado com James. Ao que parece ele encontrou o esconderijo do Sr.Potter durante as férias.



-E meu tio não percebeu que ele havia tirado isso de lá... mas essa minha família é cheia de patetas...



-Se ele percebeu ou não eu não sei. Só sei que podemos tirar proveito disso.



-É... você deve ter razão...



-Então... ainda acha que podem nos pegar?



-Estou começando a duvidar.



-Ok, chega de papo. Vamos?-Estendeu a mão para que eu segurasse.



-Vamos. -Disse ao pegar sua mão.-Posso saber para onde o senhor vai me levar?



-Vou levar você aos lugares que minha arrebatadora de corações costuma freqüentar. Se você ainda assim não souber quem é ela...



Atravessamos o buraco do retrato da mulher gorda cobertos pela capa da invisibilidade e caminhamos pelo castelo, pegando caminhos alternativos para fugir de Madame Nora, que era denunciada pelo mapa do maroto. A primeira parada fora o campo de quadribol. Jogamo-nos na grama e conversamos por um longo tempo.



-Goleira, como você consegue ser tão linda?-Lestat me pegou de surpresa, interrompendo meu raciocínio sobre a atual situação dos comerciantes ilegais de vassouras.



-Como é?- Ah, fala sério! Ele me assustou com a pergunta repentina!



-É que você é a única garota que consegue prender minha atenção mesmo quando fala sobre vassouras piratas. -disse, me fazendo rir.



-É o meu charme!-brinquei, dando uma piscadela e um sorriso em seguida.



-Acho que é mesmo-E Lestat aproximava-se de mim a cada palavra que pronunciava.



-Droga, você descobriu meu segredo. Agora vou ter que... -te matar. Seria o resto da frase, mas ele não me deixou terminar porque estava prestes a me dar o tão esperado beijo. Beijo que fora impedido de acontecer graças ao maldito miado que denunciou a aparição de Madame Nora.



Tive vontade de exterminar aquela gata inútil ali mesmo, mas tudo o que conseguimos fazer foi correr. Correr e usar como refúgio um apertado armário de vassouras que cheirava a mofo. O fato de nosso esconderijo ser um cubículo, que normalmente só teria espaço para um de nós, não ajudou muito e eu me encontrava em uma situação realmente embaraçosa. Minhas mãos tocavam as pernas de Lestat e ele fazia um esforço fora do comum para não tocar em mim, ou em nenhuma parte muito comprometedora de meu corpo.



Apesar de todo o desconforto, Lestat e eu nos olhávamos fixamente e o local podia não ser dos mais românticos, mas era o local perfeito para tentarmos, mais uma vez, um beijo. Meu corpo estava muito rígido, minhas costas escoradas na parede e Lestat se aproximando cada vez mais. Meu coração novamente tentando escapulir do peito. O hálito quente dele próximo a meus lábios. De repente, meu pé vacilou e a vassoura em que estava apoiado caiu. Caiu entre mim e Lestat. No momento em que nossos lábios estavam tão próximos que podia jurar que já estavam juntos.



“Merda” pensei. Lestat soltou um palavrão em voz alta mesmo e depois disso ficamos calados. Não nos mexíamos também. Esperamos mais um tempinho e quando nos certificamos que Madame Nora e Filch estavam em outro andar, saímos do armário. Lestat segurou minha mão enquanto subíamos as escadas, ainda em silêncio. Atravessamos o retrato da mulher gorda sem problema algum e nos atiramos no primeiro sofá que encontramos pela frente.



O rádio ainda estava ligado, exatamente na mesma estação em que eu havia deixado. Era impressão minha ou aquela rádio só tocava musicas românticas?Agora estava tocando uma canção lenta; que Lestat devia conhecer muito bem, pois cantarolava quase ao mesmo tempo que a voz original cantava.



“I got to tell you what I’m feeling inside



I could lie to myself but it’s true



There’s no denying when I look in your eyes”




-Girl I’m out of my head over you- Ao cantar essa parte, olhou para mim e prosseguiu, me encarando. – And I lived so long believing all love is blind /But everything about you is telling me this time...



“It’s forever...



-Uau! Não conhecia seu lado cantor - exclamei, tentando expressar minha surpresa.

...this time I know and theres no doubt in my mind...



-É uma boa canção... - Respondeu parecendo preocupado com meu julgamento, pois ficara vermelho.



-Com toda certeza – Concordei – E acho que ela fica ainda melhor quando você canta, quer dizer, combina com sua voz. – Corei um pouco.



-Você acha mesmo? – Perguntou interessado demais em minha resposta.



-Sim... Eu... gosto da sua voz. –Agora corei muuuito.



Dizer isso foi o suficiente para fazê-lo recomeçar a cantar, mas dessa vez em meu ouvido. Aquilo provocava arrepios em minha nuca e, caramba, como era bom!

As palavras saiam em câmera lenta de sua boca, que descia vagarosamente de minha orelha na direção de meu rosto até alcançar o canto de minha boca. Finalmente pude sentir seus lábios tocando os meus enquanto balbuciava palavras que completavam a canção. Fazia minha boca acompanhar o ritmo da sua, como se me fizesse “correr atrás” de seu beijo. Nossos lábios se abriam lentamente quando...


 


POFT!


 


O estrondo de algo rolando escadaria abaixo atrapalhou tudo.


 


Viramo-nos assustados para a direção de onde viera o barulho. James estava no chão, uma garota loira por cima dele e outra, morena ao lado dos dois.Não pude evitar o ataque de riso que veio em seguida. Era mais forte do que eu. Quer dizer, ponha-se no meu lugar, eu passei a noite toda quase beijando Lestat e toda vez era interrompida por uma coisa mais ridícula que a outra. E aquela, definitivamente, fora a gota d’água. A situação mais ridiculamente cômica pela qual passei aquela noite: ser interrompida, mais uma vez, por um primo bêbado e duas garotas que mal conseguiam se manter de pé, que rolaram escadaria abaixo fazendo um barulho ensurdecedor. Era rir para não chorar!

Os três se levantaram e nem ao menos pareciam constrangidos com o ocorrido. Eu estava constrangida. Por eles, não por mim. Ao passarem por nós, James e a loira não pareciam ter notado nossa presença, pois riam e se abraçavam como se ninguém estivesse vendo. A morena no entanto, encarou Lestat com uma expressão furiosa e eu tinha certeza de que se ela estivesse em melhores condições teria me tirado para um duelo ali mesmo. Eu agradeci que ela estivesse vendo duas de mim, só assim não tinha como saber em qual das duas Roses ela daria um soco e acertaria de verdade. Após me fuzilar por alguns segundos, seguiu pelo retrato da mulher gorda com os outros dois. Estávamos a sós novamente.



-Bem, acho que sua cama está desocupada agora. -Disse ao me levantar do sofá.- Acho que vou dormir...



-É. Depois dessa noite é só o que nos resta mesmo... – disse um tanto decepcionado com minha decisão repentina.



-Foi uma pena não ter conhecido sua arrebatadora de corações esta noite. - Disse me aproximando dele.



-Realmente, foi uma pena. -Disse, aproveitando a proximidade para me abraçar pela cintura – Mas acho que teremos algum tempo para ela amanhã, em Hogsmead.



-Assim espero. - Estava me aproveitando de sua proximidade também. Meu rosto estava demasiado perto do dele.



-Assim será.



-Lestat, - falei, livrando minha cintura de seus braços, mas ainda mantendo a proximidade de nossos rostos. - Boa noite! – sussurrei. Minha boca quase colada a dele.



-Boa noite, Goleira.-Respondeu, sem se mover.



Dizendo isso, deixou que me afastasse o suficiente para que pudesse me olhar mais uma vez antes que eu me virasse e ele não pudesse mais ver meu rosto. Dei três passos em direção às escadas até ele se arrepender e me puxar pelo braço, fazendo com que nossos corpos se unissem bruscamente. Então, sem delongas, seus lábios foram de encontro aos meus. Quando me dei conta já estávamos nos beijando. Seus lábios eram quentes e macios, seu toque era gentil e carinhoso. Poderia ficar horas e horas experimentando aquela sensação magnífica que era ser beijada por ele.



Quando nos afastamos, notei que tremia e meu coração batia em descompasso. Foi difícil controlá-lo. Minha respiração também demorou um pouco até voltar à normalidade. Ele foi o primeiro a falar.



-Goleira, acho que acabou de conhecer minha arrebatadora de corações. –disse. O sorriso da vitória estampado em seu rosto lindo.



-Eu imaginei que fosse ela. -brinquei



-Estava tão na cara assim? – perguntou tímido.



-Claro que não. Eu é que sou muito observadora. – Menti. Eu não era tão observadora e ele não disfarçava muito bem quando queria uma garota.



-Boa resposta. - disse, acariciando meu rosto com a palma da mão.



-Achei que seria a melhor resposta.



Lestat sorriu e me beijou delicadamente.



-É melhor irmos dormir. - sussurrou em meu ouvido.



-Uhuum - Eu concordei. Estava mesmo exausta.



Despedimo-nos e cada um seguiu relutante, para sua escadaria. Cheguei ao dormitório e me joguei na cama. Pensei que meu coração saltaria do peito ao recordar os acontecimentos daquela noite. Ainda estava confusa em relação a tudo o que acontecera. Lestat gostava de mim. Fato. Eu ainda gostava dele o suficiente para quase morrer ao ser beijada por ele. Outro fato. Ele beijava muuuuito bem. Fato incontestável.

Fechei os olhos e a imagem que surgia por trás da escuridão de minhas pálpebras era a dele, sorrindo para mim. Peguei no sono mais cedo do que imaginara e no inicio até sonhei com Lestat e seu sorriso radiante. Mas depois outra imagem se formou. Não era mais Lestat que sorria para mim. A figura do sonho nem ao menos sorria, apenas me encarava com o par de olhos mais incrivelmente penetrantes e desalentadores que já vira. E não havia raiva naquele olhar. Havia um misto de medo e ternura... Uma ternura incomparável. O mais irritante era que não conseguia me lembrar a quem pertencia aquele olhar, porque ele não me era de todo desconhecido. Aliás, o mais irritante era saber que aquele olhar me fazia lembrar de apenas uma pessoa. Alguém que eu odiava, a quem eu devia minha vida. Por duas vezes.



***



N/A:esse veio mais rápido que os outros \o/
enfim...


Enjoy!
o próximo está a caminho!
aaah...


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