"Anotações de Hogwarts" por Br
Sem tempo para explicar para Larry e Rosa, correram para o salão comunal, só tinham mais vinte minutos até as aulas começarem novamente.
O dia estava muito bonito para os alunos ficarem dentro do castelo, os aposentos da Grifinória estavam desertos, Alvo subiu ao quarto do irmão para pegar a capa enquanto Meg treinava Alorromora, certamente iriam precisar deste feitiço.
Já invisíveis, tornaram a subir a grande escadaria que levava para a torre de Defesa contra as Artes das Trevas. Ao finalmente chegarem a porta que,obviamente, estava trancada, Meg mostrou muita habilidade com o Alorromora e logo eles estavam novamente na grande sala de aula.
-Ótimo. Agora é só...-Alvo se silenciou subitamente, vozes podiam ser ouvidas do esritório de Bright.
-Como você pode fazer uma estupidez dessas?!-Esbravejava a mesma voz que tinham ouvido antes.-Olhe o que você fez! Eu tomei poção suficiente para ficar mais de doze horas assim!
-Mil perdões... Eu nunca ia adivinhar que o cabelo não fosse dela...-Embora fosse um tanto difícil assimilar a voz de quem seria o dono, tinham a nítida impressão de já terem ouvido aquele tom arrastado e arranhado antes.
-O cabelo dela é branco, idiota! Você não enxerga, ou é algum tipo de daltônico? O meu cabelo está claramente preto agora! Não posso passar o dia inteiro com gripe Conga! Hoje é o dia que a Minerva vai dar o comunicado! É essencial que eu esteja lá, se não, nenhum dos meus esforços vai adiantar lhufas!
-Me desculpe...
O pobre coitado foi interrompido bruscamente novamente.
-Te desculpar?! O mínimo o que você podia fazer era me dar o antídoto, mas não: “O professor Lambar me odeia, ele nunca fazia este favor para mim!”-Disse com voz de falsete-Sinceramente! Eu não estou nem ai, invente, de um jeito, mas esteja com essa droga aqui até o final do intervalo!
-Mas...
-Você fez a besteira, você conserta a besteira. Vá logo.
A porta se abriu, quase batendo em Alvo e Meg, que por pouco se desviaram, e para a surpresa deles, quem saiu de lá nem uma pessoa era, o espectro franzino e atarracado de Pirraça saiu torcendo as mãos de nervoso.
Não precisavam falar nada para saber que deviam aproveitar a porta que se abria para que finalmente pudessem entrar no escritório de Bright.
O cômodo era espaçoso e arejado, todos os sofás e poltronas tinham sido estofados com cetim roxo brilhante e vários objetos decorativos dourados, dando uma aparência um tanto exagerada para o lugar. Como o esperado, não era Bright, ou pelo menos não parecia ser, quem estava sentado com a cabeça nas mãos, parecendo profundamente irritado em um dos sofás.
Era alguém muito grande e pesado, com a espessa barba meio grisalha até os ombros e os olhos pretos brilhando frustrados, quem sabe Meg não soubesse, mas Alvo sabia que quem vendo era, sem sombra de dúvidas, Hagrid.
Naquela altura, era muito obvio que Bright havia tomado poção polisuco, mas a manobra tinha dado errado e ela agora estava no corpo de alguém que parecia ser o completo oposto da figura esguia e delicada da professora. Mas a questão era no corpo de quem Bright queria estar, e porquê. Alvo sabia que o cargo de professor mais concorrido do Hogwarts era o de professor de DCAT, mas Brigh já lecionava esta matéria. A única pista que tinham era que quem quer que fosse a vítima, tinha cabelos brancos e era mulher.
Bright, ou Hagrid, na ocasião era muito difícil distinguir os dois, levantou-se do sofá e foi até a escrivaninha em frente a janela, tirou uma pequena chave presa a seu pescoço por uma corrente, que brilhava meio que como se estivesse encantada e bateu algumas vezes com a varinha nela, fazendo a chave dobrar de tamanho, assim abriu uma das quatros gavetas, de onde tirou outra chave.
Alvo e Meg se entreolharam, mas logo voltaram a atenção para Bright, que agora atravessava a sala e abria um baú dourado com a chave que estava na gaveta.
Os dois garotos, que tiveram a impressão de que no mínimo algo extremamente especial fosse sair do baú, meio que se decepcionaram quando ela tirou um pedaço de pergaminho muito amassado e antigo de lá. Alvo fez um gesto com a cabeça para que se aproximassem mais para ver o que era, o que Meg logo concordou.
-Fantasma estúpido!-Grunhiu asperamente enquanto tornava a sentar com cuidado no sofá-Ele tinha que se confundir com aquele mostro sangue-sujo?! Vou acabar quebrando todos os meus sofás...
Alvo cerrou os punhos de raiva e começou a concordar com Abigail, aquela mulher não tinha nada de boazinha.
Já em uma posição em que pudessem ver melhor o pergaminho, puderam enxergar entre muitos rabiscos e desenhos mal feitos os escritos “Anotações, Hogwarts”. No começo não entenderam o porquê de alguém guardar suas anotações sobre a escola com tanta paranóia, mas quanto mais liam os garranchos, mais começavam a entender.
Meg prestou mais atenção em uma anotação no pé da pagina, e ficou surpresa ao ler: “De acordo com Olímpia, McGonagall não mexe em nada que não seja a escrivaninha, ‘em respeito a memória de Dumbledore’, parece que Severo passou pouco tempo como diretor, mas pode tenha mudado mais coisas de lugar, ou pegado coisas para si. Não é segredo que ele possuía uma pequena câmera em que só ele e mais um antigo diretor chamado Figmas Fillineus, ou coisa assim, sabiam.” E uma flecha que levava a uma parede circulada varias vezes em vermelho do mapa desenhado no centro do pergaminho.
Já Alvo se concentrou no centro, e leu: “Nunca houve registros de bruxos que entraram sem permissão ou sem saber a senha na sala dos diretores de Hogwarts. O único jeito de saber a senha é sendo um diretor”.
Eles não tinham nem começado a ler a infinidade de anotações do pergaminho quando a porta se abriu, sem nenhuma necessidade, pois quem entrou podia muito bem atravessá-la. Pirraça entrou arreganhando os lábios em um sorriso cheio de dentes pequenos e afiados, parecendo extremamente satisfeito consigo mesmo, segurando uma garrafinha cheia de um líquido verde limão.
-Conseguiu?-Perguntou Brigh/Hagrid saltando do sofá e enfiando rapidamente o pergaminho no bolso.
-Consegui sim! Consegui sim! Eu joguei algumas coisas em um caldeirão, ai ele explodiu e jogou uns negócios na masmorra inteira! E ai o Lambar teve que limpar toda aquela sujeira, e eu entrei na dispensa e peguei o antídoto! Você tinha que ver a cara dele quanto aquilo começou a pegar fog...
-Eu não dou a mínima pro que você fez para conseguir isso! Me dê logo, só falta mais quatro minutos para acabar o intervalo!
Ele pareceu não se abalar com o que a professora disse, estava muito orgulhoso de si mesmo para se chatear. Ela bebeu avidamente o líquido até esvaziar o vidro, e não demorou muito para que o Hagrid começasse a encolher e emagrecer, os cabelos ficarem longos e brilhantes e o rosto tornasse absurdamente bonito como de costume.
-Graças a Deus! Ia ficar louca se continuasse mais um segundo naquele corpo nojento!-Disse com a costumeira voz sedosa enquanto observava seus dedos ficarem longos e finos novamente.
Mas Alvo não estava prestando atenção na transformação de Bright, estava muito preocupado com a hora para pensar em outra coisa que não fosse sair dali. Tinham passado muito mais tempo do que eles podiam se dar ao luxo de ficar lá, Se Bright só saísse na hora da aula, eles chegariam atrasados demais para sequer poderem entrar na sala de aula.
Percebeu pela cara de Meg que ela também pensava a mesma coisa.
-Então...-Começou Pirraça parecendo, pela primeira vez, meio envergonhado-Você não vai me apresentar a sua amiga fantasma da Beauxbatons...?
Ela olhou para o fantasma que retribuía o olhar ansioso, e parecendo se divertir maliciosamente, respondeu em tom de deboche:
-Quem sabe quando você me der o cabelo certo.
-Ah, c-claro.-Falou profundamente decepcionado.
-Com licença, Pirraça, eu preciso trocar estas roupas horrorosas de gigante.-Completou apontando para o traje muito largo que vestia.-Você está dispensado.
Ele saiu resmungando alguma coisa sobre como ele merecia uma recompensa por ter se arriscado daquele jeito, e coisa e tal. Foi tremendamente decepcionante para Meg e Alvo que Pirraça se lembrasse que era um fantasma e não ter aberto a porta, quem sabe assim eles teriam chance de sair.
Ela balançou a cabeça negativamente enquanto observava ele atravessar a parede, foi até uma grande cômoda e escolheu belas vestes cor de vinho.
Alvo foi surpreendido por um forte cutucão de Meg, que quase o fez deixar escapar um “ai!”, olhou sem entender para a garota que revirou os olhos e cochichou com a voz meio impaciente e exasperada ao mesmo tempo:
-Você quer ver a PROFESSORA trocando de roupa, é?!
-E se eu quiser?!-Cochichou de volta, estava tão preocupado tentando arumar um jeito de sair, que nem tinha notado no que Bright havia dito para Pirraça, mas não era exatamente o que ele chamava de uma idéia desagradável...
Parecendo completamente indignada, Meg tornou a olhá-lo acusadoramente, forçando-o a ceder e se virar de costas.
-Tá bom, tá bom...
-E se você tentar alguma...-Tornou a ameaçar baixinho.-Eu juro que puxo essa capa de você!
-Mas por qu...
-Shiu!
Tentou desfiar a pensamento e arrumar algum jeito de sair dali o mais rápido o possível, mas ele sabia que era impossível sair sem que ela abrisse a porta, se não queriam ser vistos.
-Posso me virar agora?
-Pode.
Meg mal acabara de falar quando o grande relógio de Hogwarts tocou, sendo ouvido por todo o castelo e anunciando que o intervalo terminara.
Mas do que rápido, eles correram para a porta, e quando a professora a abriu para sair, foram seguindo-a com todo o cuidado.
Já descendo as escadas, mal puderam acreditar na própria sorte de terem conseguido escapar depois de todo aquele tempo presos com Bright e Pirraça.
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