Herbologia com Nevile



Ao finalmente descerem todas as escadas e chegarem ao salão principal, onde centenas de alunos devoravam o café da manhã que parecia estar realmente magnífico. O céu estrelado tinha sido substituído por nuvens que estavam muito brancas contrastadas com o azul, e os pratos dourados por prata mais casual. O salão ecoava as conversas animadas e o farfalhar de asas das corujas que chegavam carregadas de cartas.
Uma coruja caramelo clara, que era muito familiar a Alvo, vistou-o o pousou em seu ombro, deixando uma carta em sua mão, era Perkees, a coruja que usavam em casa. Ele deixou ela beliscar um pedaço de bacon e afagou-a na cabeça antes dela levantar vôo, piando feliz.
-Que coruja maneira, Alvo! Eu também queria uma coruja, mas meu pai disse que elas eram muito difíceis de lidar, embora eu não ache, então me deu um gato, eu dei o nome dele de Merlin, acho que você ainda não o conheceu, mas quando tivermos tempo, faço questão de mostrá-lo para você!
Alvo deu um sorriso a Larry como resposta, e abriu a carta de seus pais.

“Querido,

Como vão as coisas em Hogwarts? Espero que você esteja bem, e não esteja se metendo em nenhuma encrenca! Já fez muitos amigos em sua nova casa? E seja qual for, Grifinória, Lufa-lufa, Corvinal ou Sonserina, saiba que ficaremos muito orgulhosos de você.
Seus tios Rony e Mione também mandam lembranças, e sua tia mandou dizer para você responder todas as perguntas dos professores e estudar muito, já o tio Rony disse que é tudo bobagem dela, que você pode passar o ano inteiro sem fazer nada que acaba passando de qualquer jeito. Você não precisa estudar feito um doido, mas é claro que o seu tio é um retardado mental, então espero que você tenha censo de ridículo o suficiente para não escutar o que ele disse.
Seu pai manda um abraço, e sua irmã não para de chorar dizendo que quer ir para a escola também, você poderia, por favor, escrever uma carta a ela dizendo que Hogwarts é uma chatice e que ela certamente não ia querer ir para aí? Quem sabe esse seja o único jeito de acalmá-la...

Já estamos com saudades!
Um beijo,
Mamãe.”


Alvo sorriu quando terminou de ler a carta, já estava com saudades de sua casa em Godric’s Hollow, onde treinava quadribol com Rony, Tiago e seu pai e depois, quando já não conseguiam parar em pé, tomavam um suco de abóbora gelado de sua mãe.
Alvo notou que Larry também recebera correspondência, mas não fora uma carta, e sim um pacote marrom amarado com vários barbantes, percebeu que ele não parecia muito animado com o presente.
-Droga, já vai começar...- Murmurou para si mesmo enquanto rasgava o papel desanimado. Alvo nunca vira ninguém tão infeliz ao abrir um pacote grande aquele jeito. Mas quanto mais Larry abria, mais entendia a o porquê de seu desanimo.
Uma pilha de uns seis ou sete livros ia ficando cada vez mais visível, Alvo conseguia ler os títulos, “Ministério da Magia, a potência dos Bruxos”, “Como se tornar um bruxo digno do Ministério em mil lições”, “Bruxos do Ministério, Bruxos exemplares”, “Ministério da Magia, a história”, “Vivendo o amanhã, como o Ministério transforma sua vida” e “Feitiços práticos, faça mágica ao estilo do Ministério!”. Ele olhou sem entender o porque de tantos livros do Ministério para Larry, que folheava e “Feitiços práticos, faça mágica ao estilo do Ministério!” balançando negativamente a cabeça.
-É o meu avô.- Respondeu- Ele é Presidente da Propaganda de Incentivo ao Ministério, ou alguma coisa assim... Vive falando que tenho dever de seguir a linhagem da família no Ministério, e que tenho que aprender dês de cedo, como meu pai... Na verdade meu pai não é fanático pelo Ministro ou pelo Mistério como meu avô, ele só trabalha lá mesmo, mas acaba entrando na onda do vovô só pra ele não encher o saco. Eu pensei que ele fosse parar de mandar essa porcarias, mas vejo que o estoque dele não acaba.
-Você tem mais, desses... Hum... Desses livros?
-Ah tenho, acho que devemos ter uma tonelada desses lá em casa... Eu nunca li nenhum, são todos praticamente a mesma porcaria, só muda o titulo.
Alvo nunca poderia imaginar que alguém pudesse escrever tanta besteira, abriu “Como se tornar um bruxo digno do Ministério em mil lições” e leu o começo do capitulo doze, “Respeite todo o tipo de criatura ou bruxo, mesmo os que não possuem sangue-puro”.
“Um bruxo de respeito sabe que até trouxas merecem consideração. É muito importante que você esteja ciente que mesmo inferiores por não possuir direito ao porte de varinhas, as criaturas mágicas ainda são seres dignos de sua presença e atenção! E em relação aos polêmicos não sangue-puro, conhecido vulgarmente por “sangue-sujo”, também merecem ser tratados como iguais, mesmo não provindo de linhagem nobre e por isso não tendo desempenho mágico exemplar...” Ele fechou o livro indignado, conhecia inúmeros filhos de trouxas que eram bruxos maravilhosos! Sua própria tia, Hermione, devia ser a bruxa mais notável que já conhecera!
Jogou o livro na pilha, assim como Larry fez com o que tinha nas mãos, e voltou a atenção para as panquecas, que realmente eram deliciosas. Rosa também recebera uma carta dos pais, e assim que terminou de lê-la comentou com Alvo:
-Espero que eles não nos mandem cartas assim todos os dias, acho que não aquentaria de saudades!
-Podemos revidar, e escrever cartas sobre como Hogwarts é maravilhosa para deixá-los como saudades também, vamos pagar na mesma moeda, que tal?
Rosa riu da idéia, dando o ultimo gole no leite de cabra com chocolate, chamou:
-Já são sete e vinte, nossa primeira aula começa daqui a dez minutos, é melhor nos apresarmos!
-Qual aula vai ser?-Perguntou Megan distraída.
-Herbologia com o povo da Sonserina.
-Mexer com plantas deve ser mesmo fascinante!- Ironizou Larry, que já estava de pé.
Os quatro saíram do salão rumo as estufas de Herbologia, ao chegarem nas enormes portas de vidro fosco, notaram que a classe inteira já estava lá, e a aula já havia começado. Entraram discretamente, tentando não serem notados pelo professor e pelo o resto dos alunos, se sentaram nas ultimas mesas.
Mas pelo jeito não deu certo, pois o professor, sem tirar os olhos do que estava escrevendo na lousa, comentou em tom reprovador:
-Muito bonito, chegando atrasados na primeira aula de Herbologia do ano! Mas eu estou de bom humor hoje, então não vou descontar nenhum ponto da Grifinória, bem vamos ver que são os atrasadinhos...- Nevile pareceu agradavelmente surpreso quando reconheceu Rosa e Alvo-Ah! Então são vocês! Seu pai também costumava chegar atrasado nas aulas de Herbologia, Alvo, mas acho melhor não fazer o mesmo, se sabe o que é bom para você.
Nevile terminou de escrever na grande lousa verde garrafa e se afastou para que os alunos pudessem ver, “Introdução a Herbologia” era o que estava escrito.
-Quantos aqui sabem o que significa a palavra Herbologia?-Perguntou enquanto andava de um lado para o outro na sala.
Apenas duas mãos se levantaram, era Rosa, e a menina que Alvo lembrava de ter reparado em sua semelhança com Harry Potter. As duas tentavam levantar as mãos mais alto do que a outra, como se isso fosse ajudar a serem escolhidas para falar.
-Meu Deus! Batemos o recorde hoje! Duas pessoas! Geralmente ninguém sabe!- Nevile pareceu autenticamente animado.- Bem... Vamos ver que eu vou escolher... Você, Rosa eu já conheço, e sei que herdou a inteligência de sua mãe, mas você- disse apontando para a outra garota- eu não tenho a mesma sorte, srta. Spencer pode nos dizer...?
A garota pareceu radiante e olhou para Rosa triunfante antes de falar:
-Tudo o que termina com “logia” é o estudo de alguma coisa, por exemplo, “trouxologia”, e “herbo” é tudo que está relacionado com botânica, ou seja, plantas, vegetais, ervas, hortaliças, e todo o resto. Concluindo, Herbologia é o estudo das plantas.
Ela falou como se estivesse dando uma palestra e esperasse aplausos no final, mas na verdade só recebeu aplausos de Nevile mesmo.
-Perfeito! Você pode me substituir sempre que quiser, está absolutamente certo! Embora isso seja uma pergunta extremamente simples, e eu ficaria muito feliz se mais pessoas- disse olhando acusadoramente para o resto da classe- pudessem me dar pelo menos metade do que você disse.
-Mas eu posso disser muito mais que metade do que ela disse!- Exclamou Rosa indignada.
-Eu não me referia a você, Rosa.
Mas pela a expressão da garota, parecia que Nevile não havia sido o suficiente justo.
-Ótimo, como disse a srta.Spencer, Herbologia é o estudo do mundo botânico, e ao contrario do que muitos de vocês devem pensar, esse mundo não é nada monótono e muito menos fácil de lidar. Existem plantas muito mais poderosas do que alguns bruxos, ervas que quando usadas corretamente podem produzir efeitos fantásticos, ou não. Mais do que aprender a lidar com plantas, vamos muitas vezes aprender a métodos que poderão salvar suas vidas.- Parou para dar mais ênfase ao efeito que suas palavras provocaram nos alunos- Somente este ano, foram contatadas cerca de duzentas e oitenta mortes por uso indevido de plantas, vocês podem estar pensando que as vitimas eram trouxas que não tinham conhecimento de Herbologia, mas não, desses duzentos e oitenta, duzentos e cinco eram bruxos, sendo assim, acho que consegui passar a para vocês que plantas são muito mais que folhas presas em raízes, não é?
-Meu pai disse que de todas as matérias estúpidas de Hogwarts, Herbologia foi a mais inútil delas.- A voz vinha de umas das carteiras onde os alunos da Sonserina estavam, Alvo reconheceu imediatamente a voz arrastada e arrogante de Escórpio.
A face de Nevile ficou rígida, como se tivesse se contendo para não fazer algo, mais sua expressão ainda era calma.
-Ele também te contou que foi reprovado no N.O.M. de Herbologia?
Escórpio esperava uma resposta mais revoltada do professor, mas se recuperou da surpresa e respondeu:
-Ele não perdeu tempo estudando esse tipo de matéria, se preocupou com as que realmente importavam.
-Bem, é uma pena que ele não tenha estudado mais Herbologia, porquê ao contrario, saberia te disser como se livrar disto.- E no mesmo instante, soltou a tampa de um pote que tinha nas mãos, deixando escapar um vulto cor verde escuro que saltou em direção a Escórpio, fazendo-o berrar assustado.
A estufa inteira foi tomada por vários gritinhos espantados, olhando mais atentamente, Alvo notou que o vulto era uma espécie de musgo que havia se fixado na região do nariz de Escórpio, este tentava de todos os jeitos se livrar do parasita, mais parecia colado com cola permanente, ele gritava exasperado, mas sua voz saia em um ridículo tom fanhoso.
-Tirrre essste coissa de miimmm!- Sua fala estava completamente desfigurada, o que provocou gargalhada geral na sala, até o povo da Sonserina não pode conter o riso. Nevile, entre as risadas, explicou:
-Esta espécie de musgo, é extremamente rara, só crescendo em determinadas ares do tropico de câncer. E é mais conhecida como “Musgo do Fanho” , por motivos que vocês já devem ter percebido. Bem, Malfoy, esta vai ser sua lição de casa, descobrir como se livrar do musgo. Estou de muito bom humor hoje para descontar pontos da sua casa, embora você mereça.
-Miiinha pai vaai te babar!- Gritou indignado, provocando mais risadas por parte da classe- Babem de riir, beus papacas! Bão bé engrrrabado!!
-Bem, nosso tempo acabou, hoje, como é o primeiro dia, só Escórpio vai ter tarefa. Até mais!
Todos saíram da sala animados com a primeira aula que fora muito divertida, menos Escorpio, que continuava a tentar, sem sucesso, tirar o Musgo do Fanho do nariz.
-Eu retiro totalmente o que disse! Herbologia é irado! Vocês viram como o Malfoy ficou ridículo com aquela planta no nariz?!-Larry falava animado enquanto se dirigiam para a próxima aula do dia, Defesa contra as Artes das Trevas.

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.