Hogsmeade



Capítulo 9 - Hogsmeade



Logo pela manhã daquele domingo, antes de qualquer um acordar, Draco levantou-se e foi tomar uma rápida ducha, enquanto pensava no seu sonho. Fora exatamente o que Idílio tinha dito. As barreiras que protegiam Hogwarts já não eram consideradas competentes. Os comensais com certeza viriam a procura do herói Potter. Draco não suportava nem o nome do infeliz que, por mais que ele infringisse as regras, sempre saía como o salvador da pátria.

Quando ia saindo do quarto Idílio levantou-se de um salto e desejou bom dia a Draco.

- Fez o que você tinha que fazer? – Draco perguntou, já na porta.

- Do que está falando? – a voz fina do garoto acordou Crabbe e Goyle.

- Como assim? Ontem, a meia noite, se não quer falar se conseguiu ou não, não posso fazer nada. Mas não vai adiantar mentir pra mim.

- Não faço idéia do que está falando. Eu estava dormindo desde as oito horas.

- Mentiroso.... – e Draco se retirou. Todos na sala comunal pareciam alegres com o passeio a Hogsmeade. Riam alto até Draco chegar. Todos se calaram nesse intervalo em que Draco ia da porta do dormitório até o buraco do retrato e saia. Já de fora, podia-se ouvir as risadas novamente.

O café da manhã estava muito alegre. As quatro mesas se divertiam muito e faziam o roteiro para Hogsmeade. Mas ele não viu a Weasley no café da manhã, tampouco nos corredores. Ninguém em Hogwarts conseguia dormir até aquela hora.

As dez horas da manhã, todos os alunos de terceiro a sétimo ano se encontravam na praça, prontos para o passeio. Ao passar por lá, Draco viu a turma do Potter, mas nela não se encontrava a ruiva Weasley. Após a partida, quase havia silencio no colégio. Os primeiranistas e secundaristas repousavam nos jardins e poucos ficaram no frio castelo de Hogwarts. Draco ouviu passos do corredor contrário ao que ele se encontrava e Gina Weasley surgiu com os olhos muito vermelhos e, quando viu o garoto, se jogou em cima dele, que quase caiu e sentiu-se furiosamente quente.

- O que houve Weasley? – Draco perguntou enquanto ela choramingava em seu ombro.

- Foi o Tom Riddle. Ele apareceu de novo.Ele disse que vinha me pegar. Mas eu não quero ir, não quero ir. Estou com medo, muito medo, Draco....- dizia entre lágrimas e soluços.

- Calma Weasley – disse Draco, impressionado que a garota tivesse o chamado pelo primeiro nome – Você é forte. Tem que ser. Além do mais....Hogwarts é segura. Nada irá acontecer com você enquanto estiver aqui. Acalme-se, esta bem?

- Droga, droga....por que ele está perseguindo logo a mim? O que foi que eu fiz?

- Acho que ele quer atrair o Potter para alguma armadilha.

- Ele não usaria a mim e sim Rony ou Mione. Harry não iria me notar nem que eu morresse.

- Não diga absurdos Weasley. O Potter deve gostar de você, não do jeito que você gosta dele, mas ele gosta. Não deixaria você morrer.

- Não quero ir...eu não gosto do Tom...- lágrimas contínuas escorriam do rosto da menina e molhavam as vestes de Draco, mas ele pouco se importou.

- Eu não vou deixar você ir, Weasley. Ele não vai te levar, está bem? É uma promessa.– Ele olhou no fundo dos olhos dela. Ela sorriu agradecendo, mas ainda chorando e abraçou ele ainda mais forte, porém não era desconfortável como os abraços da Parkinson. De repente ela levantou e olhou chocada para ele. – O que foi agora?

- A capa de invisibilidade do Harry! Eu deixei no corujal durante a fuga! Se eu a perder ele me mata! – e saiu correndo pelo corredor esperando que Draco a seguisse. E foi exatamente o que ele fez. Durante a corrida, o sonserino conversava com a vozinha “Por que disse que eu protegê-la, sua vozinha estúpida? ”, “Ora, ora...tentando jogar a culpa em mim, é? Não consegue assumir seus próprios atos de caridade?”, “Cala a boca! Eu nunca faria aquilo, eu sei que foi você!” , “ E eu sei que não foi....bom, o que importa agora é que promessa é dívida, vai ter que cumprir.”.

Passaram pelos jardins, onde os alunos curtiam o pouco que restava da manhã de domingo, e chegaram ao corujal. Não foi difícil encontrar a capa quando viram corujas de cabeças flutuantes dormindo. Gina espontou-as e limpou as penas transparentes de cima da capa enquanto Draco teve uma idéia brilhante.

- Weasley! Vamos para Hogsmeade! – disse sorridente.

- Mas estamos em detenção Malfoy.....

- Temos a capa do Potter!

- Mas..mas....- a garota pareceu incomodada com a idéia – é contra as regras!

- Grande coisa! Venha!

- Não tem como. O trem já partiu para Hogsmeade...- Weasley encontrou uma desculpa..

- Mas eu conheço uma passagem! – Draco disse, com um sorriso de orelha a orelha – meu pai me ensinou antes do segundo ano escolar. Atrás da estátua de uma bruxa caolha! Vamos Weasley! Fazer tudo nas regras não tem graça!

Depois de muito insistir a garota acabou aceitando. Logo já estavam em frente a bruxa caolha, banhada em ouro, um ar muito assustador, que ninguém ousava chegar perto demais. Draco disse umas palavras mágicas e uma entrada abriu-se nas costas da bruxa. Eles entraram e quando desceram e subiram escadas e escadas, se viram na área de reservas de doces da loja Dedosdemel. Foi fácil sair da loja, e o melhor é que não nevava, evitando que as pessoas vissem pegadas de dois “fantasmas”. Havia muita gente nas ruas e não ser visto parecia muito divertido. Podia-se ouvir conversas pessoais sem ser notado, não que houvessem muitas no momento. Viram Luna Lovegood conversando com Neville Lomgbottom e Colin Creevey sobre como eram feitas as bombas de bosta; Pansy Parkinson rodeada de garotos sonserinos, mas ela não parecia muito feliz; viram Idílio com a Sai não-sei-das-quantas; mas o que mais chamou a atenção foi um pequeno bar, onde viram Harry Potter e Cho Chang se divertindo.

- Não vá chorar, hein? – cochichou Draco para Weasley.

- Eu não vou chorar, seu chato....

- Venha, vamos ouvir a conversa deles...

- Mas isso é invasão de privacidade!

- Não é não! Eles estão em público, espondo para todos que estão juntos!

Se aproximaram do casal e começaram a ouvir. O Potter não parecia tão animado quanto Chang, mas mesmo assim, era uma daquelas conversas melosas de namorados. Logo Draco percebeu que não foi uma boa idéia ouvi-los: Os olhos da Weasley estavam transbordando, e as lágrimas se seguraram para não caírem. Draco, simplesmente, deu um peteleco forte na orelha esquerda do Potter, que saltou da cadeira e olhou para trás um tanto “desesperado”.

- O que foi, Harry? – a Chang perguntou.

- Nada, nada não – e voltou-se para ela

Malfoy abafava a risada com a mão e sua vontade era de rolar no chão. Era uma sensação deliciosa ver o Potter assustado, mas quem pareceu não gostar muito foi a Weasley.

- O que foi? Não achou engraçado? – ele perguntou em cochichos.

- Malfoy! Isso é muito feio sabia? Assustando o Harry! Está atrapalhando a conversa dos namorados e...- ela fez uma longa pausa e sorriu maliciosamente -....gostei...

- Como?

- Gostei! Achei engraçado – e ela também segurava a risada – Posso fazer também?

- Claro! – e Malfoy estendeu as mãos num gesto de cavalheirismo. Weasley não se direcionou a Potter como Draco esperava, e sim a Chang. Deu um forte chute na cadeira e a oriental foi ao chão violentamente. Harry correu até ela.

- Está bem Cho? – ele perguntou segurando-a nos braços.

- Perfeito, porque você está aqui, Harry..- e deram um meloso e longo beijo. Draco chateado, empurrou o garoto e o casal foi ao chão. Weasley segurou a risada. Todos na rua olharam e alguns sonserinos riram. Potter virou-se para onde deveriam estar Draco e Weasley e estendeu a mão, tentando pegar alguma coisa, em vão.

- Ele descobriu Malfoy! – a ruiva cochichou – vamos correr.

E voaram em disparada, desviando dos pedestres. Sem perceber, foram parar na área escondida de Hogsmeade, onde se encontrava a Casa dos Gritos. Eles tiraram a capa e rolaram de rir. Draco já estava até com a barriga doendo, e ouviu Weasley falar, tentando pegar fôlego:

- Nós somos uns vândalos Malfoy! – mas ela ainda ria.

- Talvez. Mas eu adorei! Faria quantas vezes pudesse!

- Quer saber? Eu também!!! Faz anos que queria dar uns chutes no traseiro daquela Chang!

E ficaram jogados no gramado por algum tempo, tentando recuperar o fôlego. Draco olhou para o céu. Azul, com algumas nuvens negras se aproximando. Depois olhou para a floresta e, por alguns milésimos apenas, viu um vulto negro. Levantou-se, ainda olhando fixo para a floresta, mas não viu ninguém. Weasley levantou e perguntou o que havia acontecido.

- Nada, vamos descer? Espionar mais a vida dos outros?

- Mas você é bisbilhoteiro mesmo, hein? Eu quero uma cerveja amanteigada. Então vamos...- e ela apontou para um bar lá embaixo – para o Três Vassouras.

Eles colocaram a capa e desceram a colina que levava a Casa dos Gritos. Entraram simultaneamente com um casal. O homem, Draco sabia quem era. Brutamontes e com uma cara carrancuda, jogador profissional de Quadribol , era Victor Krum. A mulher que segurava a sua mão era alta e de cabelos louros encaracolados, usava um vestido rosa bem bordado e uma expressão muito meiga. Era realmente linda, mas Draco não a conhecia.

- Veja Draco! – Weasley cochichou em seu ouvido – o Rony e a Mione estão aí. E essa deve ser a nova namorada do Krum. Mas....o que ele está fazendo aqui? Ele não é estrangeiro?

- A temporada do jogo de Quadribol acontece aqui semana que vem. Mas ele veio muito cedo, mesmo assim. – disse Draco.

Os dois se aproximaram da mesa de Weasley e Granger. A garota, quando viu Krum, se escondeu debaixo da mesa. Draco e a Weasley ouviram os dois conversando.

- Era por isso que não queria vir, Mione? Para Hogsmeade? Sabia que ele viria para cá? – Weasley dizia para a garota debaixo da mesa.

- Já estava combinado a meses....eu sabia que ele viria, mas não quero falar com ele...e ainda por cima trouxe aquela “mulherzinha da vida dele”.

- Ele está vindo na nossa direção. Encare de frente Mione, mostre que está muito feliz sem ele.

- Mas eu não estou.....

- Então finja que está...venha levante-se. – ele ajudou a garota a levantar-se e eles sorriram radiantes para o casal que se aproximava.

- Olá Hermio-o-ni-ni, Wisly. Como estão?

- Muito bem Victor! E você, como anda a vida? – a Granger fingiu um sorriso bem convincente.

- Ótima! Agorra que conheci Helena, minha vida está perrrfeita! Ah! Esta é Helena, minha namorrada e quase noiva. – disse Krum apresentando a bela mulher.

- Muito prazerrr em conhecer-los! Victor me falou muito de você Hermioni-ni. Bem porr sinal. – e se acomodou na cadeira ao lado do Weasley.

E se estendeu uma longa, e realmente muito longa, conversa sobre a vida de Krum e de Helena e de como estavam felizes juntos. E cada vez o sorriso falso da Granger ia se desfazendo, até que seus olhos começaram a brilhar, transbordando de lágrimas. Ainda sorrindo, ela pediu desculpas pela falta de tempo e saiu correndo do Três Vassouras. Rony foi trás deixando a conta para o casal estrangeiro pagar. Draco quis seguí-los, mas Weasley o segurou.

- Não vamos atrapalhar nada!

- Não vamos atrapalhar! Eles nem vão nos ver. – mas ela continuou insistindo – se você não vier, eu vou puxar essa capa e todo mundo vai te ver!

Ela não teve escolha. Saíram rápido e puderam ver o Weasley correr para um beco. Quando entraram, viram Granger chorando e o Weasley a consolando.

- Por que estou chorando, por que estou chorando? Eu nem gosto mais dele. Como eu sou boba...parem lágrimas, parem....

- Você não é boba, Mione. É a garota mais inteligente e perfeita de toda Hogwarts. Se ele quis te substituir por uma loira falsa, quem sai no prejuízo é ele.

- Loira falsa?

- Você não viu? E ela ainda era possessiva e egoísta. Só sabia falar dela, dela, dela....eta mulherzinha insuportável!

- Mentiroso. Só diz isso para me consolar...

- Não! É verdade! Mas eu não sei consolar.... calma que eu vou chamar o Harry, ele sim pode te ajudar. – e levantou-se. Draco pôde ouvir Weasley cochichar para si mesma “Não, Rony, seu tonto. Fique onde está”. Mas não foi preciso que a irmã fizesse o garoto parar, a própria Granger fez isso. Pegou-o por trás, na suas vestes e disse, com a cabeça baixa.

- Não.... não chame o Harry...Ele tem seus compromissos, além disso – ela fez uma pausa e Draco percebeu que nem as vozes dos vendedores eram ouvidas. Apenas o canto dos pássaros. Aquele beco era quase tão isolado quanto a Casa dos Gritos – eu prefiro que você fique comigo....- e ela apoiou a cabeça no ombro do ruivo que corou violentamente, mas envolveu-a em seus braços.

Aquela cena parecia bem patética, mas a Weasley sorria de alegria. Mas começou a melhorar quando os dois se olharam nos olhos, Weasley afastou os cabelos da Granger de seu rosto e limpou suas lágrimas com a ponta dos dedos. Depois, seus rostos se aproximaram, seus olhos se fecharam, seus lábios se tocaram, enfim, eles se beijaram. E Draco estava pasmo, um beijo entre os dois? Mas eles não eram só amigos? Brigavam tanto que nem se podia imaginar que eles tinham algo mais. Quanto à Weasley, se pudesse, pulava de alegria.



Ela olhou para Draco com um sorriso tão belo que ele imaginou os dois se beijando e corou furiosamente. Desviou o olhar e balançou a cabeça para afastar os pensamentos. Ele não sabia, mas Weasley tinha feito exatamente as mesmos gestos. Como ele pôde pensar em beijar a Weasley? Bem, ele já tinha feito isso antes, mas...não era ele! Ambos olharam para o casal novamente. Ainda se beijavam, loucamente apaixonados. Se Draco ainda tivesse seus velhos amigos, estaria tirando sarro do casal. Mas, por outro lado, se ele ainda tivesse seus velhos amigos, ele nem estaria lá.

De repente uma forte onda de tristes lembranças invadiram a mente de Draco e tudo começou a ficar muito frio. Weasley agarrou-se em Malfoy para não cair e ele podia ouvir os dentes dela baterem. Aquela sensação ele já sentira antes. Mas estava muito mais forte. Portanto, não era um, e sim muitos...dementadores. Dementadores são criaturas horríveis que sugam a felicidade das pessoas. Draco odiava, apesar do seu pai adorá-los.

- Expecto Patronum! – era a voz da Granger. Uma lontra prateada surgiu do fundo do beco, e as lembranças boas de Draco começaram a voltar. Nas ruas, um bando de comensais da morte eram vistos torturando alguns bruxos. Animais prateados também passeavam e espantavam os dementadores que estavam por perto. Draco e Weasley iam fugir, mas dois comensais encapuzados apareceram. Um com uma mão prateada saindo do punho que se segurava a varinha e o outro, com um olho tão saltado, que parecia rolar de seu rosto.

- Ora... dois amiguinhos do Potter, não são? – uma voz esganiçada saiu do capuz negro de um dos comensais. O Weasley e a Granger se espremeram no fundo beco e apontaram suas varinhas firmemente para os dois.

- Não são dois, não, Rabicho, são quatro. – o comensal do olho saltado parecia poder ver através da capa de invisibilidade. Antes que ele puxasse a capa, Draco segurou firmemente a Weasley e eles correram para Hogsmeade.

- São meus amigos Malfoy! Não posso deixá-los! – Weasley insistia em soltar-se de seus braços.

- Não! É perigoso!

- Seu egoísta! – e ela mordeu forte a mão dele, que soltou o pulso dela na hora. A garota saiu correndo em direção ao beco, equipando-se com a varinha. Draco a seguiu, nem ele sabia porque. Nas costas do mais baixo comensal, com a mão prateada, ela lançou um feitiço e ele foi lançado para frente.

- Rony! Mione! Estão bem? – a Weasley correu para os amigos.

- O que faz aqui Gina? – os dois pareciam espantados. – vá para Hogwarts, Gina, é perigoso aqui!

- Eu não sou inútil, Rony, posso ajudar em alguma coisa. – ela contestou.

- Crucio! – o comensal do olho estranho gritou em direção a Weasley. Ela começou a se contorcer de dor e gritar alto. – sofra mesmo! Sofra mesmo!

- Pare! – Draco, por reflexo ou sei lá, chutou o comensal, que se desconcentrou e Weasley caiu de quatro no chão, sendo socorrida por seus amigos. Das janelas das casas voavam jatos de luzes em direção aos comensais, eram aurores. O do olho saltado levantou-se e ia pegar Weasley, mas foi repelido por um forte feitiço vindo de uma janela e caiu desmaiado no chão. Quem atirou foi o professor de defesa contra a arte das trevas do quarto ano, Olho-Tonto Moody, que logo desapareceu da janela, vendo que o grupo já estava em segurança.

- GINA!GINA!REAJA! – gritava o irmão.

- Calma Rony.....- ela ofegava – eu estou bem.....- mas despencou no chão logo depois de dizer isso.

- E vocês dois – Draco se referiu a Hermione e Weasley macho – não contem a NINGUÉM, absolutamente NINGUÉM, principalmente o Potter, que nos viram aqui.

- Certo....e - Granger fez uma pausa – obrigado Malfoy, por salvar Gina.

- Vamos esperar a situação acalmar – Draco disse, ignorando os agradecimentos e pegando a Weasley desmaiada no colo.

- O que? Pretende levá-la com você, Malfoy? Eu não vou deixar! – Rugiu Weasley.

- Vocês deveriam vir também. A situação está feia por aqui.

- Não podemos deixar todos aqui, Malfoy! Pare de se esconder! – disse Granger.

- Não estou me escondendo! Tudo bem...vamos colocar a Weasley em um lugar seguro e lutar.- disse Draco um pouco contrariado.

- Como assim? Nós vamos lutar entre nós ou você vai lutar ao nosso lado? – perguntou Weasley, espantado.

- Não quero que destruam Hogsmeade! Eu gosto daqui! – disse enquanto colocava a capa de invisibilidade sobre o corpo desmaiado de Weasley e depois tirou o olho de vidro do comensal desmaiado. – agora ele não poderá vê-la – disse mais para si do que para os dois.

Os três saíram as ruas, segurando suas varinhas. Mais nenhum dementador era visto e havia muitos aurores nas janelas e calçadas. Muitos bruxos se escondiam dentro de lojas e algumas estavam explodindo.

- Hermi-o-ni-ni!!! – ouviu-se Krum dizer da janela do Três Vassouras. – venha parrra cá! Está havendo um ataqui!

- Eu não sou covarde! Eu vou ajudar! – disse ela bravamente para o brutamontes.

- Muito bem Mione! – disse Rony que por pouco não foi atingido por um feitiço Imperius.

Três comensais cercaram os três sextanistas.

- Onde está a garota Ruiva? – disse um apontando a varinha para Weasley.

- Não vamos te dizer! Expellimiarnus! – gritou Granger e a varinha do comensal voou longe. Weasley lançou um Petrificus Totallus em um dos comensais e Draco pisou forte nas varinhas no chão, quebrando-as ao meio. O comensal que sobrara ia correr mas o herói Potter fez ele cair no chão e Draco quebrou a varinha dele também.

- Harry! Você está bem? – Granger correu até ele, que tinha um grande machucado no joelho esquerdo.
- Eu estou....e....- Potter fixou Draco – o que ele está fazendo aqui? – e apontou a varinha em tom de desafio. Draco fez o mesmo, não suportava o jeito heróico do Pottinho.

- Pare Harry! Eu não sei o que está havendo, mas ele está do nosso lado agora! – disse Granger abaixando a varinha dos garotos com as mãos.

Draco ouviu um grito ao longe e algo prateado raspou a sua perna, que logo começou a arder. Ele olhou para trás e uma comensal de cabelos azuis sorria com o feito. Granger lançou um feitiço que Draco não conhecia e a comensal ficou sendo lançada para cima e para baixo, e batendo nas paredes, parecendo (como chamava mesmo?)...pinball.

Depois de uns 40 minutos de lutas, nenhum comensal mais era visto. Hogsmeade estava destruída. Mas, no dia seguinte com certeza, ela já estaria inteira, estavam no mundo da Magia. A professora McGonagall gritava para os alunos se reunirem e Draco correu, deixando uma trilha de sangue por onde passava, para o beco onde deixou Weasley. Segurou-a no colo e cobriu-se com a capa. Andou até o alçapão, nos destroços da DedosdeMel. Chegaram em Hogwarts. A primeira coisa que fez foi ir a enfermaria. Estava vazia, por pouco tempo.

- Madame Pomfrey! – Draco gritou, esmurrando o balcão. Ela apareceu dos fundos da enfermaria. Quando olhou os dois, se espantou.

- Vamos senhor Malfoy. Coloque a Weasley nesta cama aqui. O que foi que houve? – disse ela examinando o pulso da ruiva.

- Crucio, o feitiço Crucio. – disse ele. A enfermeira pareceu espantada novamente.

- Onde foi que ela conseguiu ser atingida por um feitiço desse porte?

- Isso não é da sua conta.

- Ela deve estar com uma dor muscular muito forte. Quando ela acordar, darei uma poção e ela ficará ótima em segundos. – disse Madame Pomfrey.

- Então eu vou embora.- disse Draco virando-se.

- Não mesmo! Veja isso! Veja a sua perna! E olhe seus braços! Estão todos ralados!

- Eu caí! E daí? – Mas ela já o tinha empurrado na cama e ido buscar as poções e esparadrapos. – eu estou realmente bem! Não preciso de nada!

- Deixe de ser orgulhoso. – e ela sumiu entre as estantes de remédios.


********


Gina acordou com dores. Ouviu gritos.

- Ai! Isso arde, sabia?

- Esperava o que? Olhe as suas costas também estão raladas! Por Merlin! Como conseguiu se machucar tanto?

- Isso não é da sua conta, eu já disse!

- Seu mal-educado! Não fuja! Vou pegar mais esparadrapos.

Quando sua visão estava mais nítida, pôde ver onde estava. Na enfermaria. Fora vítima da Maldição Crucio. Os gritos eram de Malfoy e de Madame Pomfrey. Virou-se para o lado que os ouvira. Malfoy estava sentado, com uma cara emburrada. Estava sem camisa e vários cortes em sua pele branca eram vistos, principalmente um na perna, que sangrava através do curativo.

- Malfoy? O que houve? – ela perguntou com a voz fraca

- Weasley? – ele corou furiosamente. – Acordou? Como está?

- Dolorida, o que houve? Como chegamos aqui?

- Tome isso. – ele pegou uma poção alaranjada na cabeceira da cama dela. – é para dores musculares. - Ela tomou.

- Responda Malfoy. O que houve depois que desmaiei?

- Não estou afim...pergunte para os seus amiguinhos....

- Ué? – ela olhou em volta a enfermaria vazia – onde estão todos? Aposto que houve muitos feridos de Hogsmeade.

- O trem já está chegando de lá. Eles ainda estão vivos, não precisa se preocupar.

- Foi você que me trouxe?

- Não, foi o vento.... não é obvio?

- Obrigada então. Sério agora, obrigada Malfoy. – ele corou um pouquinho e virou-se para os machucados.

Mas o que estava acontecendo com Malfoy para ele salvar a vida de Gina? E já não era a primeira vez. Ele estava realmente mudando? Seu pai era comensal da morte, e toda sua família (pelo que Gina sabia) também era. Ele poderia ser igual ao Sirius, o único descente da família.

Madame Pomfrey apareceu do fundo da enfermaria com um carrinho carregado de frascos e também com uma bacia de porcelana com uma toalha azul clara.

- Vejo que acordou, senhorita Weasley. E também já tomou a poção – ela examinou o copo onde antes havia um líquido alaranjado – Ótimo, ótimo, realmente muito bom...Como se sente agora?

- Perfeitamente bem Madame Pomfrey. – respondeu a garota levantando-se da cama.

- Então está dispensada! – e virou-se para Malfoy – mas já o senhor vai ficar uma boa temporada aqui...pedi, através de um quadro, para Snape preparar uma poção especial para sua maldita perna, que não pára de sangrar.

- Melhoras Malfoy. Tchau! – e Gina atravessou a porta indo para o corredor, agora vazio. Foi para a torre da Grifinória e deitou um pouco na cama, para pensar. Mas logo ouviu o pesado portão de Hogwarts se abrir, bem ao longe, e desceu para ver os amigos. Encontrou, no salão de recepção, alunos esfolados, machucados, sangrando. Harry segurava Cho Chang e abria caminho por entre os alunos, ignorando Gina, e correndo em direção a enfermaria. Rony e Mione correram para abraçá-la.

- Você está bem Gina? O que está fazendo fora da enfermaria? – disse Rony, apavorado, com o rosto ensangüentado e os cabelos totalmente despenteados.

- Já estou bem Rony, mas você não está – ela olhou para Mione, toda ralada também – e nem você Mione. Vão para a enfermaria, antes que lote.

- Não se preocupe. Tem gente precisando bem mais do que nós, pode acreditar. – disse Mione.

- De todos a Cho parece a pior. O que houve? – perguntou Gina olhando para o corredor por qual Harry passara

- Imperius....caiu desmaiada logo depois. – disse Neville, se juntando ao grupo.

- A Luna está bem pior. Acertaram uma pedra na cabeça dela. Mas ela ainda consegue andar – disse Colin, que estava acompanhado de Neville – vou ajudar a McGonagall a levar Luna, depois eu falo com vocês. – e saiu em direção ao portão.

Gina esperou a situação aquietar um pouco para pedir explicações. No dormitório, ainda vazio, afinal era umas quatro horas da tarde, Hermione contou toda a história, com o máximo de detalhes que pôde.

- Eu não sei porque e nem como – dizia Hermione – mas o Malfoy está realmente mudando, Gina.

- Está mesmo Mione, já percebi a muito tempo. Mas eu estou gostando disso. É bom ver como um sonserino muda de partido de repente.

- Mas será que não é um plano Gina? Para nós pensarmos que ele é do bem, para depois, nos apunhalar pelas costas quando menos esperarmos?

- Será Mione? Eu acho que não.... temos que confiar um pouco também...- para ela estava parecendo impossível que fosse um plano de Malfoy, depois de tudo que ele já tinha feito por ela – Bom, mas chega de papo, que tal nós descermos ver se a Luna melhorou?

- Eu vou depois, tenho umas coisas para fazer – Hermione não parecia querer revelar o que exatamente ela faria, por isso Gina não insistiu. Desceu as escadas, passou pelo retrato da Mulher Gorda, que parecia impaciente, com o entra e sai dos alunos. Gina descia o sexto andar, vazio, exceto por Pansy Parkinson. Gina ia passar reto por ela, mas esta não deixou. Segurou-a pela veste.

- Aonde pensa que vai, Weasley? – disse ela em uma voz fria.

- Não te devo satisfações – disse Gina, tentando se soltar.

- Só quero que entenda uma coisa, se é que esse seu cérebro atrofiado pode captar alguma informação.

- Diga logo, Parkinson, eu tenho mais o que fazer....

- O Draco é meu. Ele terminou comigo, mas ele ainda me pertence. Você não vai pegá-lo pra você, Weasley. – disse olhando fundo nos olhos de Gina, congelando até a alma da ruiva.

- Pode ficar com ele Parkinson, eu nunca quis e nunca vou querer nada com o Malfoy. Mas eu acho que ELE não quer mais nada com você. – nesse instante, Gina foi empurrada para a parede, escorregando para o chão.

- O Draco me ama!

- Deixe de ser besta, Parkinson. Enfie isso na sua cabeça, o Malfoy não gosta de você, não fique se iludindo...- Gina resolveu parar, porque Pansy Parkinson estava mais brava do que qualquer outra coisa que Gina já tivesse visto.

- Sua estúpida! Idiota! Ele me ama! Ele não é seu! Eu vou te matar!!!! – Parkinson chutou Gina com muita força.- Você está fazendo a cabeça dele! Pensa que não vi? Em Hogsmeade ele ajudou o Potter, a Granger e o Weasley! Pare com isso!

- Pare com isso?! Se ele ajudou foi porque quis, eu não fiz nada!

- Mentirosa!Mentirosa!Mentirosa! – Parkinson chutou ainda mais forte Gina, e apontou a varinha, pronta para lançar um feitiço, mas Harry a segurou.- Me solta Potter! Me solta! Ela quer roubar o meu Draco!

- Eu não disse isso! Pode ficar com ele! – Gina se defendeu.

- Chega vocês duas! – Harry gritou.

- Se você quer agradá-lo, quer uma dica? Ele está na enfermaria. Escreva um cartão ou sei lá, para ele melhorar. Pode transformá-lo no “Malfoy do mal” se você quiser! Eu não ligo.

- Eu vou à enfermaria antes de você, sua Weasley suja e pobre! – e se soltando de Harry, a garota correu para a enfermaria.

- Você está bem, Gina? – Harry sorriu calorosamente, estendendo a mão para ajudar a garota a se levantar. Ela aceitou. – não seria bom mais um aluno ferido nessa escola. Não deixe a Parkinson te revoltar.

- Tudo bem Harry, pode deixar. Eu estou bem – disse ela levantando-se e agradecendo com uma referência. – Obrigada. Onde você estava indo, Harry?

- A enfermaria, quer vir comigo?

- Claro, também estava indo para lá! – e ela sorriu. Foram conversando durante o caminho inteiro.

Gina se sentia muito bem por estar perto de Harry. Será que algum dia ele seria dela? Provavelmente não, mas ela não podia desanimar, talvez ele até tivesse uma quedinha por ela, não era tão feia assim. Mas essas idéias sumiram da cabeça de Gina quando Harry entrou na enfermaria e a primeira pessoa que foi ver foi Cho Chang, que parecia perfeitamente bem. “Como pude ter esperanças, a Cho é em tudo melhor que eu, é mais bonita, mais simpática, mais perfeita. Harry nunca olharia para mim com a Cho por perto”.
Diferente de Harry, Gina se dirigiu a outra pessoa: Luna. A cabeça dela estava enfaixada, mas no geral ela parecia bem, e até sorriu quando viu Gina se aproximar:

- Olá Gina! Que bom que veio me visitar! – disse ela, com aquele olhar alucinado de sempre.

- E aí? Como está esse negócio na sua cabeça? Está doendo?

- Nem um pouco. É incrível, mas não dói nada. Não é fascinante!?

- Só não sei como Madame Pomfrey está dando conta de todo mundo. – disse Neville, que estava a direita da cama de Luna. – veja, deve haver mais de 30 alunos aqui. E a maioria já foi atendida.

- Madame Pomfrey realmente é muito boa, já ouvi falar que é a melhor enfermeira da Grã-Bretanha inteira! – disse Luna.

Enquanto conversavam Gina viu Malfoy dormindo docemente em uma das camas. Até que dormindo parecia um anjinho. Gina também reparou que ele era o único sonserino ferido de toda a enfermaria. Ao longe Gina ouviu Madame Pomfrey dizer a Parkinson que estava sentada ali esperando a muito tempo.

- Ele não vai acordar hoje senhorita Parkinson, acho melhor voltar amanhã.

A garota não respondeu. Empinou o nariz e saiu derrotada da enfermaria. Pouco tempo depois, Malfoy abriu os olhos, deu uma espiada na enfermaria e suspirou aliviado. Gina pediu licença da conversa dos amigos e se juntou a ele.

- É impressão minha ou você estava fingindo dormir para não falar com a “Pansa”?

- Adivinhou...não sei quem teve a maldita idéia de mandá-la para cá me ver...

-......fui eu.....

- Foi realmente uma péssima idéia Weasley. Mas vindo de você, era de se esperar... Eu odeio aquele buldogue sarnento e você deveria saber disso.

- Agora já foi não é? E como está a perna? – Gina deu uma espiada. Mesmo envolta com um esparadrapo, o sangue que saía do corte ainda escorria.

- Snape está fazendo uma poção para isso. A Madame Pomfrey disse que não é um corte comum, é feito com um feitiço maligno, ou sei lá o que, não vai parar de sangrar até aplicar a poção.

- Sabe Malfoy, a Mione me contou que foi você que me salvou de tudo mesmo lá em Hogsmeade. Obrigada. – já não estava mais tão difícil quanto foi da primeira vez dizer aquela palavra.

- Bom, acho que eu tinha a responsabilidade, não? Eu te obriguei a ir para lá, eu tinha que arcar com as conseqüências. Não fiz mais que a minha obrigação. – ele novamente tentava se esquivar do agradecimento.

- Não importa, você me salvou está bem? Dá pra aceitar o meu “obrigada”?

Neste momento pode-se ouvir Madame Pomfrey berrar para os visitantes:

- TODO MUNDO PRA FORA! OS DOENTES PRECISAM DESCANSAR! VAMOS, VAMOS, SAIAM!

Empurrada pela multidão, Gina só ouviu de longe Malfoy dizer “tudo bem...eu aceito...mas só desta vez” e ela sorriu, como um sinal de despedida.

Os alunos da grifinória seguiram seu rumo em direção a sua torre e foram se deitar.

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