Cárcere Privado



CAPITULO VI


Que estaria Blaise fazendo no apartamento de Pansy? Obviamente, ele a conhecia. Que coisa inacreditável, que amarga ironia ter encontrado exatamente uma amiga de Blaise.
— Surpresa, surpresa! — disse Pansy, rindo.
Blaise não dizia nada; continuava recostado na cadeira, com as longas pernas esticadas, observando Luna com uma calma divertida. Suspeita e nervosismo começaram a tomar conta de sua mente. Teria sido mesmo uma coincidência? Blaise não parecia surpreso ao vê-la: estava frio e irônico como sempre.
— Satisfeito, Blaise? Não fui mesmo inteligente? — perguntou Pansy, e Luna olhou para ela, examinando-lhe o rosto sorridente.
— Você é uma feiticeira — respondeu ele, soprando anéis de fumaça e observando-os, calmamente, se desfazerem no ar. — Foi difícil convencê-la a vir com você?
— Não, foi muito fácil — disse a outra, sorrindo para Luna, que não se movia e agora começava a ficar muito preocupada. — Ela não tinha sequer reservado um quarto num hotel — continuou Pansy, com reprovação divertida. — Pode acreditar nisso? Pretendia chegar em Londres ao escurecer e sem saber para onde ir. Se eu não a tivesse trazido para cá, ela acabaria dormindo num banco do parque.
— Como... — Luna começou, e a morena fez uma careta marota.
— Estava imaginando quanto tempo demoraria para você perceber tudo. Não fique aí, de boca aberta. — A situação parecia diverti-la. Seus olhos castanhos brilhavam.
— Você me preparou uma armadilha?
— Armadilha? — Pansy ergueu as sobrancelhas, irônica. — Não faça drama. Trouxe-a aqui para Blaise, isso é tudo.
— Blaise pediu que fizesse isso?
Luna estava se lembrando do encontro delas no aeroporto, o café derramado, os sorrisos. Tinha sido tudo planejado! Ficou furiosa.
— Você mentiu para mim!
— Não houve nenhuma mentira. Só omiti o fato de ser amiga de Blaise. Você não me perguntou; não precisei mentir.
— A coisa toda foi uma farsa. Você é... Envolveu-me numa trama para me trazer aqui.
— Devia me agradecer — resmungou Pansy, começando a parecer aborrecida. — Estava fazendo um favor para Blaise. Algum dia você me agradecerá por isso.
— Agradecer? — repetiu Luna, tão tensa de raiva que seu corpo doía. Pansy havia sido uma fraude; sua amizade e carinho, apenas fingimento para levá-la até aquele apartamento. Confiara nela, sem um momento de hesitação, e agora sentia-se enojada.
— Obrigado, Pansy — disse Blaise, levantando-se e apagando o charuto, com um movimento brusco. — Agora, se me dá licença... Luna e eu temos que conversar.
— Conversar? Para mim isso tem outro nome — ironizou a morena.
Luna retesou-se, sentindo a respiração acelerar e a raiva crescer. O que ela pensava que ia acontecer? O que Blaise teria lhe dito?
— Então, boa noite. Vejo você mais tarde — ele estava dizendo, quase a empurrando sala adentro.
— Não se afobe. Já estou indo.
— Não vou ficar aqui — disse Luna, com raiva, dirigindo-se para a porta, também.
Blaise segurou-a pelos ombros.
— Você não vai a parte alguma. -- Pansy riu.
— Divirtam-se.
Luna ficou em pânico. Ia gritar, mas Blaise tapou-lhe a boca. Tentou desvencilhar-se, com olhos horrorizados fixos nas costas da falsa amiga, incapaz de pedir-lhe para voltar ou para fazer alguma coisa. Pansy desapareceu, e Luna ouviu a porta da rua bater. Só então Blaise retirou a mão da sua boca. Deu um grito rouco e desesperado, pedindo socorro, desvencilhando-se dele ao mesmo tempo. Correu para a porta. Ouvia o som dos passos de Blaise, que a seguia. Forçou, inutilmente, a maçaneta.
— Está trancada — disse Blaise atrás dela. Voltou-se, trêmula:
— Vou começar a gritar até que alguém escute!
— A casa está vazia. Os operários foram embora hoje, depois da reforma, e os novos inquilinos ainda não chegaram. Não há ninguém. Luna.
— Não vou ficar aqui!
— Ah, vai, sim. — Não havia sombra de dúvida em sua voz. — Ponha isso na sua cabeça, de uma vez por todas.
Luna sentiu as mãos transpirando.
— Por que esta armadilha?
Ele sorriu, sem responder, e Luna estremeceu, ante o olhar demorado e sensual que Blaise lançou-lhe.
— Venha para cá — Blaise murmurou, fazendo um gesto com a mão na direção do quarto atrás dele. — Não adianta ficar aí. Não vai poder sair, e a sua aparência é de quem precisa sentar e descansar.
Ela sacudiu a cabeça, recuando. Blaise aproximou-se e agarrou-a pelo pulso, arrastando-a à força para dentro do quarto. Soltou-a, e ela encostou-se na parede, num gesto defensivo.
— Como Pansy sabia quem eu era?
— Deixei-a plantada no aeroporto com uma foto sua. Um instantâneo, tirado quando você estava na praia.
Luna estremeceu, imaginando que alguém a vigiara, tirando fotos às escondidas.
— Planejou tudo, então?
— Deixei a cargo de Pansy a forma de se aproximar de você, mas ela é inteligente e também uma boa atriz. Disse-lhe só para trazê-la para cá da melhor forma que encontrasse.
— Isso foi uma emboscada suja e traiçoeira!
— Foi necessária — explicou Blaise, mas já não sorria.
— Não percebe como é revoltante toda esta trama?
— Precisava trazê-la aqui. De outra forma, você não viria.
— Então, você me tapeou — explodiu ela, com ódio nos olhos.
— Não tinha outra escolha.
— Oh, sim. Tinha. Sabia que não queria mais vê-lo e devia ter deixado as coisas como estavam.
— O diabo que devia! — disse Blaise, ferozmente.
Luna observou as linhas autoritárias de seu rosto bronzeado. Via nele a determinação de um homem que está disposto a fazer qualquer coisa para conseguir o que deseja, sem se importar com as conseqüências. Blaise aproximou-se mais, os olhos cinzentos brilhando com uma emoção que ela não podia fingir desconhecer.
— Não pensei em outra coisa, a não ser em você, desde que a vi. Você me fascinou, Luna, não podia deixá-la sair da minha vida. Não mesmo.
— Não pretendo ficar aqui.
— O que "eu" pretendo é o que conta — disse Blaise, com o olhar fixo e a voz rouca.
A pele dela queimava com a sensualidade que via naquele olhar. Suas palavras representavam um perigo crescente. Sacudiu a cabeça, hesitante, trêmula. Blaise agora estava a seu lado.
— Você sabe que quer ficar, Luna. Deseja o mesmo que eu, só que não quer confessar nem para si mesma. — Tocou o rosto da moça e seus dedos correram, possessivos, pelo pescoço, deixando um traço ardente em sua pele fria.
— Não é verdade! — Luna gaguejou, tentando não tremer, mas desesperadamente consciente daquele toque sensual.
— Não minta.
— Você é que é o mentiroso. Você e aquela... os dois me enganaram para me trazer aqui. Não tente me convencer de que eu queria vir!
— Você é covarde, Luna. Tem medo de enfrentar seus próprios sentimentos.
Empurrou a mão dele e virou-se para escapar àquela opressiva proximidade.
— Não consigo entender como Pansy pôde me enganar desta forma. É horrível!
— Disse a ela que você estava revoltada com alguma coisa — admitiu Blaise. — Pansy só ficou sabendo o que lhe contei.
— E você mentiu para ela?
Ele sorriu forçado.
— Não, exatamente.
Luna percebeu que ele havia dado a Pansy a impressão de que havia algo mais sério entre eles. Talvez a morena pensasse que estava reunindo dois amantes. Luna olhou para Blaise, aborrecida.
— Como pôde? — explodiu.
— Tinha que conseguir que viesse até aqui, Luna. Sei que não nos conhecemos há muito tempo, mas às vezes as coisas acontecem assim. Gostei de você logo que a vi. Fiquei surpreso ao encontrar a irmã de Gina, uma loura alta e com grandes olhos azuis. — Sorriu para ela. — Acho que foi por causa da surpresa que fiquei olhando para você. E, quanto mais olhava, mais gostava do que via.
— Gostaria de poder dizer o mesmo.
Ele tinha um ar levemente divertido.
— Não pode? — perguntou, muito baixinho.
Seu coração bateu, descompassado. Estava excitada, e isso a deixava chocada e zangada. Não queria encontrar o menor encanto naquele sorriso sedutor, especialmente naquele momento.
— Não vou ficar aqui com você, portanto esqueça — insistiu, desejando aparentar mais firmeza do que sentia.
A impaciência aflorou aos olhos cinzentos de Blaise.
— Pelo amor de Deus, isto não é a Grécia! Pensa que alguém vai se incomodar? As pessoas aqui em Londres não fazem esse tipo de pergunta. Mesmo que tivessem certeza de que você está dormindo comigo não se importariam em fazer o menor comentário.
— Eu me importo. Não vou ficar, Blaise. Você não vai pôr um único dedo em mim — falou, recuando.
— Como é que vai impedir? — Seus olhos faiscavam, excitados, o que também a eletrizava. — Estamos absolutamente a sós, Luna. — Sua voz era um doce sussurro. — O que acha que pode fazer para impedir-me?
— É preciso ser duro para com uma mulher, se quer violentá-la — disse Luna, raivosa.
Blaise não gostou nem um pouco do comentário.
— Não haverá violência!
— Será o único jeito.
Encararam-se, com um perigoso sentimento de ódio entre eles. Seus olhos duelavam em silêncio. Blaise parecia furioso. Por um momento, imaginou que ele ia explodir. Mas, para sua surpresa, ele sorriu.
— Você me entendeu mal, Luna. E também interpretou errados seus próprios sentimentos. Não tenho intenção de violentá-la. Isso porque, cedo ou tarde, vai compreender que me deseja tanto quanto eu a desejo. Acho que já sabe disso e por esse motivo está tão zangada. Não quer admitir, mas, com o tempo, admitirá.
— O que quer que consiga de mim, será à força. E, se isso lhe dá algum prazer, sinto muito por você.
— Sinta muito por você mesma. — Blaise estava zangado de novo. — Está jogando fora mais do que uma aventura, sabe disso. Tem medo da própria vida.
— Você está dourando a pílula — disse Luna, olhando-o com frieza. — Posso não ser muito sofisticada para os padrões londrinos, mas tenho os meus próprios pontos dê vista. Não vou deixá-lo me convencer a ir para a cama com você.
— Quem falou em convencer?
Blaise observava-a através das pestanas escuras, sorrindo carinhosamente, mas ela se recusava a permitir que seu doce sorriso a amolecesse.
— Fugi de casa porque não queria ser tratada como um boneco. Sou uma mulher, não um objeto. Se me deixasse convencer a ir para a cama, você passaria a me tratar como um objeto também, e não permitirei que faça isso. Não posso impedi-lo de usar força; é mais forte do que eu, mas acredite, Blaise, não tornarei as coisas fáceis para você.
As mãos dele alcançaram seu rosto, puxando-lhe o cabelo para trás.
— Sei que é uma mulher, Luna — disse, olhando-a com paixão. — Pensa que a magoaria? Não vê como a quero?
Encarou-o, tentando descobrir suas verdadeiras emoções. Os dedos dele tremiam ligeiramente, enquanto acariciavam seu rosto. Não precisava ter dito que a queria: todo ele era desejo, e ela sentiu que seu próprio corpo começava a corresponder.
— Não — suspirou, com medo.
— A vida é curta demais para ser desperdiçada, Luna; as oportunidades de ser feliz não podem ser jogadas quando aparecem.
Inclinou-se e acariciou os olhos dela com os lábios, de forma que foi obrigada a fechá-los. As carícias e os beijos suaves a faziam vibrar. Um prazer misturado à raiva.
— Pare com isso!
— Não quer que eu pare — disse Blaise, confiante. — Sua pele é como um pêssego, sabia disso? Essa linda cor dourada vai parecer muito deslocada em Londres. Para onde quer que vá, os homens a seguirão.
Sua boca descia delicadamente pelo rosto, Luna sabia que ia beijá-la nos lábios a qualquer momento. Empurrou-o pelos ombros, tremendo dos pés a cabeça, mas, então, Blaise beijou-a na boca com ímpeto, separando seus lábios à força. A medida que o beijo se tornava mais exigente, Luna sentia-se tomada por uma excitação selvagem que não podia controlar. No instante seguinte, ela o estava abraçando peio pescoço e sua boca colava-se desesperadamente à dele.
Tinha jurado a si mesma que não o deixaria forçá-la a corresponder, mas Blaise não precisara usar a força. Seu corpo derretia-se a um toque dele e toda a sua vontade se rendia em seus braços. Com os olhos fechados, parou de tentar pensar e deixou que os sentimentos falassem. Blaise finalmente se afastou um pouco, com o rosto corado e a respiração ofegante. Ela agarrou-se a ele, com os lábios entreabertos e o coração disparado. Abriu os olhos. Ele a olhava, com ar de triunfo. :
— E agora, concorda com o que eu disse? — perguntou, sorrindo.
Luna sentiu-se mal. Olhou para aquele rosto afogueado e detestou tanto a ele quanto a si mesma.
— Sabe que me deseja — Blaise continuou, com um sorriso satisfeito. — Só fiz você admitir isso. Se negar o óbvio a faz se sentir mais virtuosa, continue assim. Não me importa o que diga ou não, porque sei que estou certo.
— Você sempre acha que está certo, não?
— E estou.
— Não vou para a cama com você — insistiu, com os dentes cerrados e os maxilares doendo pela tensão.
— Por que é que as mulheres são assim tão hipócritas? — perguntou Blaise, com um olhar gelado. Agora, parecia irritado. — Vocês são todas iguais: fingem relutância até o último minuto, fazendo os homens suplicarem de joelhos. Assim, arranjam uma espécie de desculpa para aquilo que estão desejando fazer todo o tempo.
— Não sou assim!
— Todas as mulheres são assim. Muito poucas são honestas o suficiente para admitir o que desejam. Insistem em representar uma inocência traída até o minuto em que se despem.
Luna esbofeteou-lhe o rosto com tanta força que sua mão doeu. Blaise desequilibrou-se para trás; depois, olhou para ela, louco de raiva, com os lábios apertados.
— Faça isso de novo e levará o troco — ameaçou.
Luna sentiu todo o corpo tremendo, numa terrível reação, como se finalmente o choque e o medo tivessem tomado completamente conta dela, manifestando-se numa incontrolável fraqueza física. Cambaleou, e Blaise amparou-a.
— Você não vai desmaiar, vai?
Parecia irritado e impaciente. Ela ficou de olhos fechados, apoiada em seu braço. Sentia a cabeça rodar. Teve medo de cair e agarrou-se à camisa de Blaise. Estava gelada.
— Luna — disse Blaise, e sua voz parecia vir de muito longe.
Ela escorregava devagar para o chão, e ele amparou-a. Depois, sentiu como se flutuasse, sem peso, com a cabeça apoiada no ombro dele. Ouviu-o praguejar. Sua cabeça continuava a rodar como se estivesse num carrossel, os ouvidos zuniam. Blaise deitou-a em alguma coisa macia, que cedeu ao seu peso. Inclinou-se sobre ela, esfregando suas mãos geladas.
— Que diabo! — murmurou.
Luna tentou abrir os olhos e ele percebeu.
— Você está bem? — Sua voz era ansiosa. — Luna, por favor!
Olhou para ele com os olhos semi-cerrados. Ele estava com a testa franzida e o rosto conturbado. Luna percebeu que conseguira agora uma pequena vantagem: ele estava preocupado, ansioso de verdade. Com voz muito fraca, murmurou:
— O que aconteceu?
— Você desmaiou — respondeu, ainda massageando suas mãos. — Ficou branca feito cera. Como se sente agora?
— Estou tão cansada — suspirou. — O vôo... e tudo mais.
— Claro — disse, mais aliviado. — Saiu de Atenas há muitas horas. Está com fome? Quer que vá buscar alguma coisa para comer?
Ela sacudiu a cabeça vagarosamente:
— Se ao menos pudesse dormir um pouco.
— Dormir — disse ele como se ouvisse a palavra pela primeira vez. — Sim, naturalmente. Você está gelada. Acho que é a mudança de temperatura.
Luna estava encolhida de frio e Blaise cobriu-a com uma manta pesada.
— Quer mais algumas cobertas?
— Sim. Por favor, se não for trabalho.
— Claro que não — disse, levantando-se.
Esperou que ele saísse do quarto e, rapidamente, pulou da cama e trancou a porta. Seu coração batia forte, enquanto inspecionava a fechadura. Um sentimento de profundo alívio brotou dela, quando, finalmente, conseguiu trancá-la. Nesse exato momento ouviu Blaise praguejar do lado de fora. Primeiro, ele forçou a maçaneta; depois, começou a socar a porta.
— Abra essa porta!
— Não — respondeu Luna, desejando que sua voz parecesse fria.
— Luna, abra essa porta! Prefere que eu a ponha abaixo?
— Prefiro — respondeu, imaginando se a porta resistiria. Parecia muito sólida, mas trepidava sob o impacto de seus socos.
— Nunca se pode confiar numa mulher, mesmo quando ela está branca como uma folha de papel e parece à beira da morte. Luna, não me faça ficar zangado com você.
Ela voltou para a cama e deitou-se, completamente vestida. Não tiraria uma única peça de roupa enquanto Blaise estivesse por perto. Puxou a coberta até os ombros e ficou vigiando a porta, ouvindo os golpes de Blaise. Por fim, ouviu um gemido de dor.
— Com os diabos! Acho que quebrei o pulso!
Luna bocejou alto.
— Vou dormir. Boa noite, Blaise.
Fez-se silêncio do lado de fora. Podia ouvi-lo respirando junto à porta. Que estaria pensando? E, mais importante do que isso, que estaria planejando?
— Querida — murmurou —, você está sendo obstinada e não está raciocinando claramente. Agora mesmo, quando a beijei, não pôde esconder suas sensações, da mesma forma que eu também não pude.
Luna não respondeu, enroscando-se sob as cobertas, ouvindo-o com um misto de ódio e de um estranho prazer por perceber a emoção em sua voz. Houve uma pausa. Então ele disse, brusco:
— É por causa do seu padrasto? Pensei que tinha resolvido partir por perceber como a coisa toda era impossível.
Luna sentiu o rosto pegando fogo.
— Não comece com isso de novo!
— Você não ficaria tão zangada, se não fosse uma ferida mal-curada — desafiou Blaise.
— Sempre pensei nele apenas como meu pai. Ouvir você dizer essas coisas me deixa doente.
— Muito bem, acredito. A coisa era só pelo lado dele. Você não teria fugido, se não tivesse percebido de repente...
— Eu percebi de repente que vocês dois estavam me tratando como se eu não tivesse valor, exceto como algo que desejavam, algo de que podiam dispor, como uma obra de arte. Pois quero que saibam: não sou objeto disponível. Sou um ser humano, com o meu próprio valor. Quero tomar decisões a respeito da minha vida. Quero um pouco de respeito, de integridade. Não serei mais usada e controlada como uma criança!
— Não penso em você como uma criança — disse Blaise, rindo, mas Luna nem sequer sorriu.
— Mas é claro que também não pensa em mim como uma mulher adulta, porque, do contrário, não teria me preparado esta armadilha. Você só fala sobre as mulheres com desprezo. Ouvi muito bem tudo o que disse e isso reforçou a impressão que sempre tive. Você despreza as mulheres. Usa-as, consegue o que quer delas, mas não lhes dá nenhum valor.
— Não seja absurda — disse ele, agora sem rir e com raiva na voz.
— Vá embora — pediu Luna, tão cansada que a cabeça lhe doía. — Você me deixa revoltada.
Escondeu o rosto no travesseiro, puxando as cobertas até as orelhas. Blaise falava de forma doce e persuasiva junto à porta, mas ela não estava ouvindo. Recusava-se a ouvir. Não havia nada que Blaise pudesse dizer que ela desejasse escutar.

~*~

 Evanescence - Lithium


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