Novidades em Hogwarts
Mais uma manhã clara e ensolarada de verão se estendia sobre Cedric’s Hollow. Todos estavam em férias, e férias no lugar onde cresceu Tiago Potter significava diversão. As crianças dificilmente ficavam em suas casas, preferiam se aglomerar na vila e discutir, arranjar brigas, jogar bexigas, estourar cartas de snap explosivo, entre tantas outras atividades exclusivas das férias de verão.
Naquela manhã de sábado, Ted Lupin viera visitar os Potter, e, como sempre, fora recebido com muita hospitalidade. Harry e Gina tomavam um chá com o rapaz enquanto este contava alegremente as novidades que trouxera.
- Harry, você não tem idéia do quanto eu estou feliz. Professor em Hogwarts! E diretor da minha casa amada, ainda por cima. Minerva não poderia me dar melhor presente!
- Mas Ted, querido, você vai lecionar o quê? – Gina sorria, acompanhando o êxtase do rapaz.
- Transfiguração, é claro! – respondeu Ted - Bom, a Minerva gostaria de um animago para a matéria, mas o único que ela encontrou já foi contratado para outra matéria na escola. E este ela nem sabe que é realmente animago, se é que me entendem – e fez uma cara enojada ao pousar cuidadosamente a xícara no pratinho de porcelana.
- Como é? – exclamou Harry, curioso - Então houve mais uma contratação na escola? Quem seria substituído? Algum professor teve problemas?
Ted fitou o anfitrião com tristeza, enquanto negava, com gestos, a última pergunta.
- Ah, os professores estão ótimos. Creio não haver problemas graves no corpo docente de Hogwarts desde quando o arpéu que Hagrid pôs nas estufas da Sprout atacou a professora durante seu desjejum. Aquilo foi deprimente. Contudo, o velho Binns preferiu se mudar para o Museu da Magia, em Londres. Ele foi chamado para fazer parte de uma equipe de fantasmas que estudam por lá... Então Minerva teve de chamar a única pessoa que, de prontidão, queria o cargo.
- Quem? – Harry e Gina perguntaram, ele debruçando-se sobre a mesa, ela mordendo os lábios.
- A mais querida e polêmica jornalista que vocês já tiveram o desprazer de conhecer: A doce e enxerida Sra. Skeeter.
- Como assim? Aquela mulher horrorosa, dando aulas? – fez Gina.
Ted confirmou com um dramático meneio de cabeça.
- Minerva não fez isso! – questionou Harry, cético – Rita Skeeter? Prefiro ver meus filhos tendo aulas com Snape àquele besouro infame! – Não queria acreditar. Aquela mulher horrorosa já atrapalhara tanto sua vida... E agora daria aulas para seus filhos.
- Minerva deve estar tendo problemas com Hogwarts, para colocar Skeeter como professora. – preocupou-se Gina, ao que um tranco repentino fez a porta da sala abrir-se e o chão ranger.
– Percy! Ah, Percy, como vai? E a Audrey, está bem? Há quanto tempo, meu irmão! – mais um dos tios de Alvo surgira à porta aberta da casa dos Potter, com seu sorriso pomposo mostrando os dentes, ao ver a irmã animada.
- Oi Gina, alô Harry. Ted, como está, rapaz? – cumprimentou o tio, alto e ruivo, com seus óculos de aros de tartaruga levemente desalinhados sobre a ponte. Ele apertou as mãos de Harry e Ted, encaminhando-se à cadeira desocupada mais próxima, ao lado da irmã. - Já arranjou trabalho? Posso arranjar algo para você no ministério, você sabe.
- Pois saiba que eu estava justamente dando a notícia de que fui contratado! Muito obrigado, Percy, mas o ministério ainda não precisa de mim. Mas conte-nos, como vai a Audrey e as garotas? Ela ainda está trabalhando para a Companhia Nimbus de vassouras?
Percy tinha duas filhas com sua esposa: Molly, a mais velha, que muito raramente era vista, já que preferia relacionar-se com suas obrigações escolares a todo o tempo; e Lucy, a imbatível artilheira e capitã do time de quadribol da Corvinal, em Hogwarts.
- Molly anda muito tensa e irritadiça. Está ansiosa, vai para o sétimo ano em Hogwarts. Está realmente preocupada com os estudos, com seu futuro profissional. Vai prestar umas provas para entrar num curso de aperfeiçoamento em aritmancia, inclusive. Audrey só não veio hoje porque teve de visitar a mãe dela, que está com inchaço nos pés desde que começou a queimar raízes de cocculus. E Lucy está lá fora, com as crianças.
- Diga para a Audrey que estimamos melhoras para a Sra. Quirke. – disse Gina, solidária - Vamos lá pra fora, se Lucy está lá. Preciso mesmo dar uma olhada nas crianças.
A parte exterior da casa dos Potter era muito bela. Havia um jardim de begônias vermelhas muito bem cuidadas por Monstro. De vez em quando apareciam alguns gnomos, que Tiago acabava jogando por cima do muro da casa dos McLaggen. No centro da vila, havia uma fonte que, diziam, trazia sorte aos moradores. As crianças brincavam e se divertiam ao seu redor. Trocavam figurinhas de bruxos e bruxas famosos (e Alvo era conhecido por conter a mais numerosa das coleções), desgnomizavam seus jardins (não hesitando em deixar os gnomos caírem em casas adjacentes), ou somente fofocavam uns dos outros.
Geralmente o alvo principal de fofocas era a senhora Vane, que nunca saía antes das onze da noite, e morava sozinha. De sua casa, saía fumaças de todas as cores, e a mulher era conhecida por produzir venenos para todas as utilidades. Também diziam que ela se mudou para lá a fim de morar perto de Harry Potter, pois foi apaixonada por ele. Invejava a esposa do Sr. Potter, tendo até mesmo tentado envenenar a vizinha em diversas ocasiões.
Os McLaggen eram os briguentos da vila. Arrumavam confusão com todos os outros moradores e reclamavam de tudo. As crianças brincando na rua os incomodavam, o cheiro das poções de Vane os incomodava, até os passarinhos que passavam no céu os incomodavam. Não participavam dos eventos que ocorriam e não tinham muitos amigos. Córmaco e Daphne McLaggen tinham um filho e uma filha: Beto e Mirza. A garota iria para Hogwarts este ano, e seu irmão já estava lá havia dois anos. Era um grifinório que adorava brigar com os alunos mais novos, valendo-se da posição de mais velho, segundo Tiago. A turma de Potter estudava com ele, mas os garotos não se falavam muito.
Naquela tarde, Alvo Severo estava conversando com Colin, o filho do Sr. Creevey, que tocava uma fazenda de cavalos etonianos. Os animais fascinavam o garoto, pois eram muito bonitos, e voavam muito alto. Quando pequeno, Alvo já havia voado num dos cavalos do senhor Creevey, pois os Potter de vez em quando apareciam para um jantar, e Dênis era muito receptivo e hospitaleiro. Pelo que Alvo sabia, o Sr. Creevey era irmão de um rapaz que morrera numa guerra, anos atrás, e estudara na época de seu pai.
Agora Alvo iria para Hogwarts na mesma turma que Colin, e gostaria muito de cair na mesma casa que este, pois em Cedric’s Hollow os dois sempre foram amigos. Talvez Alvo achasse Colin um pouco puxa-saco em algumas ocasiões, mas era uma amizade valiosa para ele, já que sempre se mostrara uma fiel companhia às tardes quentes na rua.
Estavam trocando figurinhas, sentados na borda da fonte, enquanto a filha do Sr. Jordan se divertia com um snap explosivo, juntamente com Tiago.
- Olha só essa figurinha! Nunca tinha visto. Estou com sorte hoje! – Alvo bradou para o amigo ao abrir um pacotinho de sapo de chocolate e achar uma figurinha reluzente, de prata, com as inscrições de alguém que Alvo tinha certeza que já ouvira falar.
Remo John Lupin
(1960 – 1998)
Corajoso bruxo que se sujeitou a serviços espiões a favor da célebre Ordem da Fênix. Expôs-se a grande perigo e foi obrigado a viver nos subterrâneos para investigar planos arquitetados por Voldemort, o tão temido bruxo das Trevas do século XX. Foi mordido por Fenrir Greyback. Morreu na Guerra de Hogwarts, num combate com o comensal da morte Antonio Dolohov.
- Legal! É uma pena ela ser nova para você. Sinal de que não trocará comigo – Colin lamentou-se, ao ler as informações da figurinha do amigo.
O homem, de aparência surrada e deprimente, ofereceu um sorriso torto para Alvo, antes de se retirar.
- Eu sei quem é. Foi amigo do meu avô, e pai do nosso amigo Ted, aquele que está conversando com meus pais e meu tio. – Alvo apontou para o jardim de sua casa, onde estavam sentados seus pais, o tio Percy e Ted.
- Caramba! Você conhece tudo quanto é gente famosa... – indignou-se o garoto, surpreso - Vamos jogar bexiga, Al? – disse, logo depois.
- Ok, vamos lá – e os dois fizeram um círculo no chão de terra, juntando várias bolinhas coloridas.
O jogo de bexigas era bem simples. Cada jogador possui um certo número de bexigas, e aposta as que quer no jogo. Geralmente os dois apostam o mesmo número de bolinhas. Cada jogador deve colocar as bexigas que aposta dentro de um círculo, e ficar com uma em sua mão. Depois devem escolher um jogador para começar. O que começar o jogo, arremessa a sua bexiga do lado de fora do círculo para dentro, visando acertar as que estão dentro para deslizarem para fora. As bolinhas que ele conseguir tirar do círculo vão para ele, e o restante fica para a vez do segundo jogador. O outro jogador, por sua vez, arremessa a bolinha, e as que conseguir tirar do círculo ficam para si. O jogo continua até que todas as bolinhas sejam retiradas de dentro do círculo. O perdedor (o que menos adquirir bexigas) leva um esguicho de um líquido viscoso, que sai de dentro do objeto.
Alvo já perdia pela terceira vez consecutiva quando sua mãe foi chamá-lo para o almoço. Os dois se despediram, Colin foi para a fazenda e Alvo foi com os pais para a Toca, casa de seus tios Ronald e Hermione, onde a família reunir-se-ia a fim de um almoço animado.
Em algum lugar, muito longe dali, uma discussão exaltada e infundada ocorria. Uma diretora e uma nova professora fechavam um trato.
- Você me deu a sua palavra, Minerva.
- E cumprirei, estou disposta a isso se você me ajudar, Rita. Temo pelos alunos, temo por Hogwarts, mas temerei ainda mais se minhas desconfianças se confirmarem.
- Estou achando que sua palavra é pouco, diretora. As circunstâncias me levam a cobrar uma garantia.
- Está duvidando de mim, Skeeter? Como ousa!?
- Lembre-se de que ainda não me demiti do Profeta. Se quiser, volto para lá agora, e dane-se a sua cisma.
Não é cisma, mulher, por Merlin! Você leu, e nós sabemos que isso é espantosamente verídico. O Livro não pode ter sido alterado, ou confundido. De fato há uma...
- Um Voto Perpétuo – Rita exclamou, repentinamente.
Alguns segundos de silêncio se prolongaram no gabinete da diretora.
- Como?
- É a minha condição, que façamos o voto, que oficializemos a questão como manda a tradição.
Os lábios da diretora se crisparam, ela elevou o braço direito, fez menção de por um fim em tudo aquilo, mas alguém à sua frente estudava a situação sob delicados oclinhos de meia-lua. Ela indagou:
- Alvo, você acha que eu devo...
- Acho você uma mulher absolutamente sensata, Minerva. E a morte não é o tipo de coisa a ser temida pelos sensatos.
- Um avalista. Precisamos de um avalista, Minerva – falou a outra mulher, sem encarar o retrato do ex-diretor.
- Winky, venha cá.
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