Mudanças



Hermione prendeu a respiração.

- De jeito nenhum! - disse finalmente

- Ah Mione qual é? - falou Parvati batendo o pé no chão

- Não... - disse a menina sacudindo incessantemente a cabeça.

- Você aceitou! Agora tem que continuar! - Disse Gina imperativa

- O Malfoy? - disse em desespero abrindo os braços de um lado para o outro da sala - Ele... É... Ele é...

- Impossível? - sugeriu Parvati levantando a sobrancelha.

- Ninguém-é-impossível - explicou virando-se - Ele é simplesmente tudo o que nós já sabemos, alguém de não muito boa índole, definitivamente não adequado para essa situação.

- Ah Hermione... Você tem que levar em conta que ele se “redimiu”... - começou Gina - Quer dizer depois que o Harry derrotou você-sabe-quem e inclusive praticamente salvou a vida dele, ele... Mudou. - disse abaixando o tom de voz.

Hermione ainda estava calada hesitante.

- Vamos lá... É nosso último ano em Hogwarts... Não importa quem seja o garoto lembra Hermione? - insistiu Parvati.

A menina suspirou, mais uma vez tentada a aceitar apesar de achar uma completa loucura. Mas afinal, será que não era de uma pequena “loucura” que sua vida estava precisando? Definitivamente só havia um jeito de descobrir.

- Certo, eu topo! Estou dentro - cedeu finalmente com um sorrisinho no rosto deixando mais uma vez as meninas eufóricas - Se vocês estão satisfeitas, será que eu posso estudar em paz agora?

- Sim senhora! - Disse Gina batendo continência - Vamos Parvati... Ela precisa se preparar para o desafio! - continuou sendo fuzilada pelo olhar de Hermione - Quer dizer... Ela precisa estudar - corrigiu a ruiva agora puxando a colega sala adentro.

Hermione apanhou o Livro de Aritmancia e jogou-se à vontade na poltrona. Começou a ler algumas linhas, mas logo se perdeu em pensamentos. Sua razão e emoção agora entravam em choque. Sempre procurara seguir as regras, mas acabava tentando “salvar o mundo” na companhia dos amigos, e, pensando nisso se sentiu mais aliviada. Já havia enfrentado muitos perigos mortais antes então nada melhor do que pensar como Parvati e Gina, “vai ser divertido” pensou sorrindo e imaginando formas de se deixar um Draco Malfoy, agora bem menos arrogante, louco. Na verdade, depois do sexto ano Draco se tornara extremamente anti-social. As velhas picuinhas pareciam ter perdido a lógica depois da queda do Lorde das Trevas, e da prisão dos Comensais, entre ele Lucius Malfoy.

Hermione olhava tão distraidamente para as chamas que queimavam a sua frente que não notou a chegada de um certo par de olhos verdes na sala:

- Mione...Hei... Olá... CÂMBIO - disse agora tocando o ombro da menina - Estou falando com você!

Ela despertou de um pulo dizendo ligeiramente atordoada:

- Hey Harry... Eu nem te vi aí

- É... Eu notei... - falou sussurrando agora com um sorrisinho - Onde você estava que não me viu chegar?

- Aqui, aqui mesmo, bem aqui - retrucou rapidamente.

- Sei... Mione...aconteceu alguma coisa? - perguntou pausadamente.

- Não Harry nada! - respondeu instantaneamente e completou - E onde está o Rony afinal?

- Não mude de assunto - retrucou calmamente.

- Eu não mudei... só fiz uma pergunta. - falou a menina levantando-se

- Eu também fiz! - disse Harry seguindo Hermione

- E eu respondi...

- E eu deveria ter me convencido?

- Não era o que você esperava ouvir?

- Não responda com outra pergunta.

- Por que?

- Porque vai mudar de assunto novamente.

- Acho que alguém aqui não pegou o pomo hoje!

- Porque você fica mudando de assunto toda vez que eu te lembro da mudança de assunto?

- Onde está o Rony afinal?

Harry deixou-se cair no estofado puxando uma almofada para cima de si visivelmente contrariado.

- Com a Luna - disse entre dentes dando-se por vencido

- E por que você não está seguindo o exemplo dele, garanhão? - cantarolou Hermione agachada ao lado do sofá assanhando ainda mais o cabelo do garoto.

- Porque eu estava um pouquinho ocupado, perdendo mais uma discussão de fim de noite para Srta. “Imbatível” Granger - disse em um suspiro.

Hermione jogou-se em frente ao garoto no estofado dizendo sarcasticamente:

- Você não sabe como esse seu bico está uma gracinha! - e caiu em risinhos.

- he-he-he... - imitou - mas eu sei o que também é uma ‘gracinha’! - falou o menino puxando Hermione pelos pulsos e iniciando uma saborosa sessão de cócegas.

- N-não Harrrry... - berrava a menina - Pare Harry...

- Ah... Sinto-me bem melhor agora - comemorou Harry soltando a menina.

Ela retomava o fôlego ainda ofegante escorada no ombro de Harry até que ele começou:

- Pode parecer uma tremenda besteira, mas... Esse ano está me parecendo um tanto quanto estranho - desabafou Harry enquanto Mione levantava a vista e encontrava seus olhos - Quer dizer, depois que Voldemort morreu as coisas parecem monótonas por aqui. Nãoqueantesestivessemelhor - disse rapidamente - Pessoas muito importantes pra mim morreram, e eu sinto alívio que tenha acabado, mas... É... Estranho.

- Harry, você viveu todos os anos em Hogwarts na iminência de que algo terrível fosse acontecer, o que sempre se confirmava. È natural que você se sinta assim, porque se trata de uma mudança, só que desta vez é pra melhor. Eu acho que finalmente você deveria começar a fazer coisas que garotos da sua idade costumam fazer quando não se têm mais bruxos das trevas para enfrentar.

- Você sempre tem algo sensato e tranqüilizante pra me dizer Mione - ele olhou bem para a menina e sem entender lembrou-se de Hermione dizendo anos atrás que seria bom ele dizer a Cho o quanto ele a achava feia e assim como naquele dia ele pensava perplexo em como realmente não achava que a amiga fosse feia - Obrigado - disse por fim

- Não fique se preocupando com isso Harry - disse a menina bocejando - Eu vou dormir... Boa noite - falou aproximando-se e dando um beijo na bochecha de Harry. O menino sentiu seu estômago encolher.

- Boa... Boa Noite Mione. - Disse o garoto confuso.

Passou alguns minutos, estirado no sofá esperando que Rony chegasse, até que desistiu e subiu para o dormitório. Deitou-se sob as cobertas esperando o sono.

Hermione falara de mudanças desse último ano, mas a cada minuto as mudanças pareciam ficar mais evidentes para Harry, em todos os sentidos. Sentia-se leve e não sabia ao certo porquê só sabia que as mudanças o deixavam simplesmente, bem.


CONTINUA...

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