Capítulo Único.



Until The Midnight



O homem de feições rudes fechou a porta do quarto pesadamente, sem olhar para trás nenhuma vez, logo depois sumindo pelo corredor escuro da casa. A garota continuou sentada no chão, encostada na cama, olhando melancolicamente para a janela na sua frente.

As palavras do seu pai ainda ecoavam em sua mente, como se fossem uma música de um disco estragado.

”Você não vai ir ao baile, você não vai ir ao baile, você não vai ir ao baile.”

Não conseguia entender bem o motivo de tudo aquilo, apesar de ter a consciência de que jamais entenderia nada que passasse pela cabeça do seu pai. E ainda eram capazes de dizer que ela que era estranha e indomável.

Continuou na escuridão do quarto, que no momento era banhado apenas pela luz do luar, que entrava pela janela aberta do local. O brilho da lua iluminava metade do corpo da garota de dezesseis anos sentada no chão, deixando parte do seu rosto alvo em completa escuridão. O longo cabelo castanho-escuro caía pelas suas costas, chegando quase até a sua cintura fina.

Um barulho no andar de baixo lhe denunciou que os seus pais haviam acabado de sair, para a grande festa que eles tinham. Provavelmente chegariam cedo, já que o seu pai tinha uma viajem de negócios no dia seguinte, e para ele não existia nada mais importante que os negócios. Nem mesmo ver a filha radiante por ter ido no baile; nem mesmo que esta filha já estivesse quase pronta para sair.

Marlene levantou-se lentamente, rumando para a janela. Apoiou os ombros no parapeito, para depois apoiar o rosto nas próprias mãos. Ficou algum tempo, apenas olhando a noite e a rua pouco movimentada em que morava. Quando o seu olhar passou vagamente pelas estrelas, ela não pôde deixar de prestar atenção em uma em especial.

Sentiu um pequeno embrulho no estomago em imaginar Sirius no baile, com todos os seus amigos e, principalmente, com as várias fãs que o garoto tinha. Para piorar um pouco a sua situação, a linda imagem de Sirius – com roupas de gala, e isso sim era lindo – dançando com alguma garota loira e bonita, surgiu na sua cabeça. E Marlene tinha certeza que aquela imagem lhe assombraria pela resto da noite, talvez até pelo resto da vida, porque nunca se sabe quando que será o dia em que você pode perder tudo; ou, se ela fosse ao baile, a chance de ganhar tudo.

Sirius e Marlene tinham uma espécie de amizade que estava, aos poucos, se tornando algo mais, e a garota tinha a vaga lembrança de já ter ouvido o garoto comentar que não sentia vontade de sair com nenhuma garota que não fosse ela.

Mas Sirius era...Sirius era Sirius, e isso respondia qualquer pergunta. Ele podia ser o cara mais legal que Marlene já conheceu, podia ser lindo, podia ser meigo e carinhoso, mas...ele continuava sendo Sirius Padfoot Black, O Maroto. E, novamente, isso respondia qualquer pergunta. Por mais que ele estivesse perdidamente apaixonado por Marlene – o que todos desconfiavam, apesar dela não conseguir acreditar muito nisso –, existia uma grande chance de ele acabar fazendo coisas que iriam machucar Marlene.

E foi com esse pensamento que a garota ergueu a cabeça e deixou a postura ereta. Desde quando era uma garota que via a vida passar pela janela?

Iria lutar por Sirius, nem que para isso tivesse que mostrar para alguma loira gostosa quem ela era. E, principalmente, iria lutar por este baile que ela tanto queria ir.

Saiu de perto da janela e foi até o outro canto do quarto, abrindo rapidamente uma pequena porta de vidro, que dava em um closet. O local tinha várias prateleiras, nas quais algumas roupas mal dobradas haviam sido colocadas; algumas prateleiras para sapatos – que, em sua maioria, resumiam-se em all stars.

E posto em um lugar de destaque, separado das outras roupas, estava o que ela procurava, o vestido que ela havia comprado para a ocasião.

Havia visto o vestido em uma loja ali de Londres, em um bairro chique da cidade, em um dia que foi obrigada a ir junto com a sua mãe ás compras. Depois de tê-lo comprado, Marlene colocou-o em uma manequim no meio do seu closet, e depois de um tempo ela acabou colocando um pouco da sua personalidade no seu vestido, como uma armação mais volumosa a saia.

Aproximou-se do manequim e sorriu para si mesma, ao mesmo tempo em que o sorriso era em todo para o longo vestido azul escuro. Levou uma das mãos até o vestido, sentindo a sua textura macia.

Deu as costas ao vestido e dirigiu-se até um pequeno armário que, após aberto, revelou-se cheio de maquiagens.

- Vamos lá. – Falou Marlene para si mesma, em tom decidido.

E então Marlene pôs-se a deixar o seu rosto ainda mais perfeito do que já era. Contornou os olhos azuis com uma maquiagem um pouco mais escura que a cor do seu vestido, e preencheu os lábios com um forte batom roxo.

Marlene McKinnon ia, aos poucos, deixando de ser a filha educada e sensível que sempre fora, e o que estava prestes a fazer era a mais visível das mudanças. Fugir de casa para ir ao baile nunca esteve nos planos dela, mas agora ela não conseguia enxergar uma alternativa mais incrível do que aquela.

Alguns minutos depois a garota já encontrava-se com a maquiagem pronta, e o cabelo já arrumado, com alguns cachos. Voltou então para frente do manequim.

Não conseguia parar de sorrir, um sorriso que continha todo o brilho das estrelas da rua lá fora. Tirou o vestido do manequim e segurou-o na sua frente, para logo depois colocá-lo.

Era incrível como ele modelava-se perfeitamente ao corpo da garota, deixando o seu colo e suas costas descobertos.

A parte de cima do vestido era um corpete colado ao corpo e tomara que caia, até que, a partir da cintura, o vestido abria-se e se mostrava cheio de volume e tecidos sobrepostos; Marlene não conseguia deixar de achá-lo incrivelmente parecido com uma rosa, cheio de pétalas e maciez; uma rosa da cor do céu a noite, uma rosa da mesma cor do oceano.

Uma vez que tinha colocado o vestido, sentou-se em um pequeno pufe e colocou uma bonita sandália azul marinho, com alguns strass brilhantes. Levantou-se e saiu do seu closet, parando em frente a um grande espelho posto no seu quarto.

Tudo na sua aparência parecia ter sido feito apenas para aquela ocasião, e se alguma coisa fosse trocada de lugar tudo deixaria de combinar. Desde a pele clara contrastando com o vestido azul escuro, até os cabelos caindo em pequenos cachos pelas costas seminuas.

Abriu uma pequena caixa e de lá tirou um colar de prata, com algumas pedras também em azul escuro. Aquele seria o seu grande toque final.

O relógio marcou nove e meia, e a garota enfim caiu em si. Tinha muito pouco tempo para chegar até o baile, aproveitar o baile, despedir-se do baile e voltar para casa. Tinha, na verdade, pouquíssimo tempo. E por isso resolveu se apressar.

Quando já estava no quintal florido da sua casa, olhou para os dois lados da sua rua, e agora começava a se desesperar com a idéia de ter que ir a pé para o baile, com um vestido de princesa. Ficou algum tempo parada em frente a sua casa, tentando arrumar uma idéia genial, até que uma lhe ocorreu. Apesar de sua idéia ser muito mais maluca do que genial.

Andou rapidamente até a garagem e a abriu, sorrindo ao ver o seu transporte de fuga reluzindo perante a luz que ela havia acendido.

Seu pai era um homem rico, assim como todo o resto da família McKinnon, o que lhe fazia um dos homens mais arrogantes e esnobes que ela já havia conhecido. E homens daquele tipo nunca se contentavam em ter apenas um carro da garagem.

A chave do carro preto e caro do seu pai estava pendurada em um gancho de chaves ali da garagem e, após abrir o carro e sentar-se, Marlene pouco se importava com o fato de ter dirigido pouquíssimas vezes, sendo que todas havia alguém para guiá-la.

Colocou a chave no lugar e ligou o carro, a adrenalina tomando conta de si. Estava bem mais tranqüila quando conseguiu tirar o carro da garagem e parar no asfalto, já estava quase no final da sua rua quando percebeu alguns arranhões na lateral do carro; decidiu não se preocupar com isso naquele momento.

Principalmente porque, enquanto tentava dirigir sem fazer vítimas, a sua mente começou a trabalhar em relação ao que ela estava fazendo. Obviamente que Lily e suas amigas já deviam estar preocupadas com o fato de ela ainda não ter aparecido, e talvez até mesmo os Marotos já estivessem apreensivos. Mas Marlene não conseguia parar de pensar no fato de que, depois de um pouco de ponche, Sirius podia muito bem ter esquecido quem era a garota de sorriso meigo e olhos brilhantes por quem ele devia estar esperando.

Para falar a verdade, Marlene já estava cogitando a possibilidade de ele estar muito feliz dançando com a loira que ela havia imaginado, e talvez ele ficasse bem decepcionado em ter que desgrudar da sua nova acompanhante para ir falar com Marlene. E, quando esses pensamentos entraram na sua cabeça, ela já estava começando a se arrepender de tudo aquilo.

Queria ir naquele baile mais do que tudo na sua vida, mas ser humilhada e trocada por outra garota não estava na sua lista de coisas que devem acontecer para um baile ser perfeito.

Após pensar rapidamente sobre o assunto, Marlene só podia culpar o medo de matar alguém por ter decido ir, realmente, ao baile. Olhou no relógio do carro.

Dez horas.

Já passava das dez e meia quando finalmente chegou em frente ao local do baile. Estacionou o carro e saiu, cuidando para não estragar o vestido em nenhum momento. Algumas pessoas entravam e saiam do prédio em que estava sendo realizado o baile; a música alta mostrava a agitação do interior do local; tudo contribuía para o seu nervosismo.

Marlene começou a subir a escadaria que a separava da porta de entrada, e as pessoas que estavam por ali observaram todo o seu percurso, com os olhos levemente deslumbrados.

Suas mãos tremiam quando a garota chegou em frente ao grande salão, que estava abarrotado de pessoas. Afinal, tinha chegado até ali depois de tanto esforço, encontrar os seus amigos e encarar a hora da verdade não seria tão difícil.

Mais olhares foram dirigidos a ela, quando entrou no salão, e muitos garotos pareciam prestes a babar, enquanto algumas poucas conhecidas sorriam para ela em um misto de admiração e inveja. Marlene nunca foi a garota mais popular do colégio, mas todos sempre reconheceram que poderia ser a mais conhecida do colégio, se assim quisesse. Avistou os cabelos ruivos de Lily no meio do salão, dançando alegremente junto a James Potter, e não pôde não sorrir com a cena.

Olhou ao redor de Lily, para ver se reconhecia alguém, e os únicos conhecidos que viu foram Remus e Dorcas dançando tão alegres como James e Lily. Novas imagens, de um Sirius se agarrando em algum local afastado com A Loira, invadiram a sua cabeça, e Marlene fechou os olhos com força, balançando a cabeça, para tentar clarear as idéias.

Ao voltar a abrir os olhos, percebeu um Sirius, totalmente lindo com a sua roupa de gala, completamente solitário em uma das mesas que havia nos pontos extremos do salão. E foi com um pouco de surpresa que percebeu o olhar dele sob si, meio desconfiado. Sirius encarou-a por alguns minutos que demoraram várias noites, e parecia não reconhecer a garota; ou talvez estava apenas tentando recuperar o ar que havia lhe faltado.

O moreno se levantou e começou a se dirigir na direção da garota, no que ela tentava – em vão – controlar a respiração.

- Mais dez minutos e eu já estava indo te buscar. – Murmurou, sorrindo cada vez mais, ao chegar perto dela. – Nem que fosse no País das Fadas, que é onde obviamente você estava.

Marlene corou e sorriu, mas o seu sorriso logo tornou-se um pequeno acesso de risos nervosos. Como pôde pensar todas aquelas coisas de Sirius?

- Se isso foi um elogio, eu agradeço.
- Por que demorou tanto? – Perguntou enquanto lhe estendia seu braço.

Postou uma de suas mãos sobre o braço forte do garoto, e ele a conduziu para o centro da pista de dança, ambos com grandes sorrisos.

- Apenas alguns imprevistos. – Deu uma piscadela e sorriu marotamente.

Sirius puxou-a para mais perto do seu corpo, colocando as suas mãos na cintura dela, começando a movimentar-se conforme o ritmo da música.

- Está linda, Lene. – Murmurou no seu ouvido depois de algum tempo em silêncio.

Limitou-se a simplesmente sorrir e descansar o rosto no ombro do garoto. Sirius levou uma de suas mãos até a face de Marlene, a forçando a encará-lo. Sorriu, maliciosa e docemente ao mesmo tempo, e aproximou os seus rostos; seus narizes já estavam se tocando quando foram interrompidos.

- EU NÃO ACREDITO QUE VOCÊ VEIO! – Exclamaram Lily e Dorcas ao mesmo tempo, pulando em cima do casal.

As duas garotas “roubaram” Marlene de Sirius, obrigando a garota a contar todos os detalhes da sua grande fuga. Quando as três voltaram, encontraram três Marotos impacientes esperando.

- Mulheres falam demais! – Desabafou James para os amigos, não se importando com o fato de elas já estarem presentes.
- E homens de menos. – Cortou Lily com um sorriso travesso nos lábios. – Vamos dançar!

Já estavam dançando há algum tempo quando Sirius passou uma das mãos pelos cabelos, sorrindo convencidamente perante um comentário de Marlene. O relógio do seu pulso dizia que faltavam cinco minutos para a meia noite, e rapidamente os olhos da garota se desesperaram.

- Meu Deus, eu tenho que ir! – Exclamou desvencilhando-se de Sirius.

Sorriu, achando que era algum tipo de brincadeira da garota, e só percebeu que ela falava sério quando começou a se distanciar. Ele a segurou pelo braço e a trouxe de volta para perto de si.

- Não, você não tem!
- Eu tenho que estar em casa antes que os mais pais voltem, Sirius.

Sirius abriu um sorriso ainda maior.

- Lene, eu tenho a moto mais veloz de Londres. Em quinze minutos estamos na sua casa. – Afrouxou o aperto no braço da garota e suas mãos voltaram à cintura da garota. – Eu levo a princesa na minha moto.

Marlene cogitou a hipótese de aceitar a proposta do garoto, mas foi com muita falta de convicção que dispensou a sua ajuda.

- Não, Sirius, eu...
- Lene. – Interrompeu.

Puxou-a para ainda mais perto, deixando os seus rostos a milímetros de distância do seu. Sentiu o hálito fresco da garota e um sorriso doce surgiu em seus lábios.

- Seja a minha Cinderela. Seja apenas minha, nem que seja apenas até a meia-noite.

Falando isso, a distância entre os seus lábios foi acabada e os seus lábios finalmente uniram-se em um beijo doce e apaixonado, que só foi interrompido por um murmúrio de Sirius:

- Vamos fazer com que a meia-noite dure para sempre.




(N/A):
Hey, dude [we are lost]
:D
Então, eu estava inutilmente vendo TV quando passou o comercial do perfume da Dior, Midnight Poison. E, assim como a Nine, a Cissa e a Fran, eu AMO propagandas de perfumes. E eu realmente precisei escrever essa fic, que foi escrita beeem rápido.
Aliás, se alguém se interessar, daqui alguns dias sai a versão From Hell da fic. Digo, sai uma versão S/B, inspirada na propaganda de Hypnotic Poison.
Mas, geeente, esse foi o meu primeiro final feliz! O.O Talves tenha ficado bem podre e talz =]

Comentem, ok? Brigada, desde já
Beeeijos
Lisi Black

PS: A fic não foi betada, então vocês devem ter achado VÁRIOS erros =D

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