Christina
Christina acorda com o barulho de seu despertador, estica o braço e o desliga com estupidez, abraça seu travesseiro e sente todas as partes de seu corpo acordarem lentamente, virou, tentando colocar em foco a imagem do teto e esticou a mão para direita e costumeiramente, sentiu que o marido Alvo já havia acordado, fechou e abriu os olhos com um pouco mais de força e se sentou e logo viu o seu retrato com a sua família, seu pai, sua mãe, seu irmão, uma família que não existe mais.
Era uma noite agradável de primavera, passeava em uma rua na periferia de Birmigham com seu namorado Austen, um escocês alto e forte de pele morena com a impressão que os músculos vão estourar a sua pele e que servia a um exercito. Em frente a casa de Christina os dois se olharam sorrindo e se beijaram com demora, olharam um para o outro novamente e se despediram, Christina abriu o pequeno portão fundido a cerca viva de sua casa e atravessou a estrada de pedra que levava a sua casa.
Christina se levantou e passou dois dedos para enxugar as lagrimas e o excesso de remela, levantou-se ainda espreguiçando e foi até o banheiro e olhou para a pia, ligou a torneira e encheu a sua mão com água que jogou no rosto, levantou a cabeça, agora com o rosto limpo e despertado, não evitou, com em todos os dias, a lembrança.
O sol raiava iluminando as árvores florescidas por causa da primavera, os pássaros piavam alegremente no peitoril da janela brincando entre si não sorrindo por não terem essa capacidade, o dia claro se abatia sobre Birmigham, lembrou-se com agrado do ultimo encontro com Austen, que como todos as outros, haviam sido perfeitos, já fazia sete anos que estavam juntos será que nunca iria pedir sua mão em casamento? E se pedisse, ela não hesitaria em aceitar, depois desses sete anos não encontrou nenhum defeito em Austen, lavou o rosto abriu a porta de seu quarto indo direto para a cozinha onde seus pais já tomavam café.
Abriu a porta do banheiro e trocou de roupa colocando o uniforme da empresa onde trabalha, amarrou os cabelos louros em um coque e desceu as escadas, olhou para a sala de estar e nada de Alvo, abriu a porta de madeira e se sentou na comprida mesa da cozinha onde já estava o bule de chá, encheu a sua xícara e tomou o seu primeiro gole.
O café como sempre estava silencioso, os pais olhavam-se com ódio um para o outro, certamente haviam brigado novamente e Christina como o irmão Paulo sabia que o casamento dos pais estava por um fio, Christina prometia a si mesma que nunca iria ter uma vida assim com Austen. Olhou para a xícara e tomou o primeiro gole do chá.
A xícara já estava vazia, mas Christina ainda fitava a cozinha com os seus vazios olhos azuis, se levantou, pegou a bolsa que deixava em cima de uma cadeira ao lado da sala e saiu para trabalhar. O dia estava, como os últimos, insuportavelmente quente, atravessou a pequena rua em que morava com Jonh e logo atingiu uma praça turística da cidade e sentiu vontade de rir quando viu varias mulheres de biquíni sentadas dentro de um chafariz recebendo a água que jorrava das trombas dos elefantes, passou ao lado do chafariz cuidando para que nenhuma gota respingasse em sua roupa, olhou para a sorveteria, onde Alvo costumava ir de manhã em dias muito quentes, mas como na sala de estar, não o encontrou, olhou para a outra rua e viu o carrinho de pipoca que marcou a sua vida, mesmo que seja para pior.
Christina e Austen caminhavam devagar aos risos por uma praça turística de Birmigham, os dois pediram dois sacos de pipocas para um pipoqueiro que os entregou com rapidez, os dois foram até um banco, Austen na frente parecia esconder o saquinho de pipoca, e então sentaram-se.
-Tome -disse Austen para Christina-tome, a minha está amanteigada.
Christina trocou tentando imaginar o que Austen estaria pensando.
-Eu fui aprovado.
Christina o olhou com ar intrigado.
-Aprovado?
Austen olhou para ela com um enorme sorriso.
-Eu vou me tornar um policial.
Os dois começaram a rir e se abraçaram derrubando um pouco da pipoca, Christina sabia o quanto isso era importante para Austen. Depois do abraço Austen então colocou toda a sua mão dentro do saquinho derrubando toda a pipoca, mas de lá tirou algo reluzente, algo prateado, uma aliança. Uma felicidade foi deliciosamente percorrendo todo o corpo de Christina, os dois se beijaram em meio as lagrimas da mulher, os dois se olharam e Christina colocou o anel que encontrará a pipoca no seu dedo e percebeu que o par já estava no dedo de Austen.
Passou a sua ficha na maquina de identificação e a porta a sua frente se abriu, logo ouviu a voz irritante de Marta uma das secretarias da empressa, tentou escapar da mulher mas logo se viu com ela do lado falando dos seus compromissos, como se Christina não soubesse. Christina entrou em sua sala e fechou a porta na cara de marta, pegou os papeis de sua mala e começou a ligar para seus clientes.
A igreja estava lotada de gente, todos vestidos de branco, parecendo um formigueiro, Chrsitina estava dando os últimos ajustes na maquiagm dentro do carro. Olhou para a pequena igreja do bairro pobre em que nasceu e encarou o altar, olhou para o pai que surpreendentemente parecia triste ou apreensivo, não soube distinguir.
-Querida-sussurrou o pai- sinto muito, mas Austen não veio e receio que não vai vim.
O pai da mulher remexeu o bolso interno do terno e tirou de lá uma carta, o pai com um ar de pena entregou-a à filha.
Christina, sinto muito, mas encontrei uma policial e a gente está indo para o México, espero que tenha um futuro bom e me esqueça, pois não quero atrasar a sua vida.
Christina esticava o braço direito para o telefone quando ele repentinamente tocou, ela atendeu e ouviu o seu filho mais novo Jonh aos choros.
-Mãe... o pai morreu, eu fui até as estufas e vi o corpo dele no chão, e quando toquei nele eu percebi que ele não estava... não estava... respirando.
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