Um aniversário dos sonhos



N/A: Oi gente! Bom, essa fic esteve na minha cabeça por muuuuuito tempo, mais exatamente a primeira versão dela surgiu quando terminei de ler Harry Potter e a Ordem da Fênix... Então, com DH e o fim da história, resolvi compartilhar a minha fantasia, espero que gostem!
Lembrando que as personagens (com exceção de alguns), pertencem a J.K. Rowling e que eu jamais teria criatividade suficiente pra criar um paraíso tão perfeito!



Cap.1 – Um aniversário dos sonhos



Christine seria uma garota normal: 18 anos, cabelos pretos cacheados, olhos escuros, pais separados... SERIA; se não fosse perdidamente apaixonada por um dos personagens de sua série de livros favorita.

O discurso de sua mãe já era insuportavelmente redundante: “Menina, você já tem 18 anos, quando é que você vai parar com essa criancice!”.

Mas não era criancice! Ela o amava! Amava seu jeito de andar e principalmente seu jeito de sorrir; o que não impedia que ela também o amasse quando estava nervoso... Quando ele gargalhava aquele seu riso único, que mais parecia um latido, ela não conseguia deixar de gargalhar também... Sua classe que nem 12 anos em Azkaban foram capazes de apagar, o jeitinho maroto que oscilava entre o menino brincalhão e o carente de atenção... Mesmo que Sirius Black não fosse real, o que Christine sentia por ele era. Era muito real! Ela simplesmente não sabia explicar o que acontecia consigo quando começava a ler aqueles livros... Era como se fosse sugada, como se o resto do mundo desaparecesse... Naqueles felizes momentos o mundo era exatamente como ela queria! E ainda que ela soubesse que era loucura, não podia deixar de sentir tudo aquilo: A adrenalina, o ódio por Voldemort, o carinho por Harry, Rony, Hermione, a admiração por Dumbledore, o imenso amor pelo único herdeiro da família Black...

O ápice da obsessão por aquele mundo se dera quando chegou ao fim do 5º livro da série: “Harry Potter e a Ordem da Fênix”, onde seu amado Sirius tragicamente atravessou o véu da eternidade. Depois disso, a rotina de Christine durante uma semana se resumiu em ir pro colégio, chegar, ir para o quarto e chorar a tarde inteira. Era o cúmulo! Christine percebeu que não poderia continuar daquele jeito, estava enlouquecendo! Naquele dia ela decidiu que jamais leria, falaria, pensaria, sonharia com nada que tivesse relação com Harry Potter novamente. Bom, quanto a ler e falar, ela conseguiu duramente cumprir a promessa, mas pensar e sonhar são coisas que, não importa quão grande seja sua força de vontade, não se pode controlar!

Quando o 6º livro da série saiu: ”Harry Potter e o Enigma do Príncipe”, Christine entrou exatas 75 vezes na livraria. Em uma delas chegou a pagar pelo livro! Mas não, ela tinha que resistir! Não podia deixar que aquilo a dominasse daquela forma! Então deu o livro (DEU!!!) para um menino loirinho de uns 10 anos que passava por ela no shopping dizendo:

_ É pra você! Porque Harry Potter é coisa de criança, entendeu? DE CRIANÇAAA!!

Acho desnecessário dizer que o garoto ficou bem assustado... Mas levou o livro. Ufa! Ela havia escapado!

Três meses se passaram e Christine ia bem no colégio, em casa e até estava namorando! Frank era muito legal; um colega do colégio que sempre fora apaixonado por ela e que agora, mais do que nunca era a pessoa mais carinhosa que Christine já havia conhecido. Mas... Por que sempre tem um mas? Bom, acho que é porque na vida nada é perfeito, e por mais que estejamos felizes sempre falta alguma coisa... E geralmente essa “coisa” é o que faz toda a diferença!

Chris sentia falta dos seus momentos de devaneios, dos dias inteiros em que se trancafiava no quarto, mas nos quais na verdade ela estava muito mais longe: em Hogwarts; sentia falta de Sirius, falta das vezes em que deitava na cama a noitinha para dormir e se pegava imaginando como seria se um dia se encontrassem, se se conhecessem... Se ele fosse real.

No próximo sábado Christine faria 19 anos. Estava ansiosa! Amava suas festas de aniversário! Planejava-as o ano todo... E o dia finalmente chegara.

Naquela manhã de 7 de outubro, Chris acordou bem mais tarde do que imaginava, mas é que simplesmente não conseguira pregar o olho na noite anterior pensando em sua festa e na surpresa que sua mãe havia prometido...”uma surpresa inesquecível!!!” já que, além do aniversário, ela também estaria recebendo um presente por ter passando no vestibular. Iria cursar História!

Ainda na cama ela ouviu sua amiga, Vick batendo à porta de seu quarto, e berrando:

_ACOOOOOORRRDDAAAAAAAAA!!!!!!!!!!!!!!!!!! – podia ouvir as gargalhadas da amiga de dentro do quarto.

_Já vou Vick! Será que não se pode dormir até tarde nem no dia do próprio aniversário? – Disse ela num falso tom de indignação.

_Ai, abre logo que eu quero ser a primeira a te dar os parabéns!

_Ixi, amiga... Acho que é tarde demais! O Frank me ligou a meia-noite em ponto! – respondeu enquanto se levantava lentamente da cama.

_Por isso que eu só gosto de ter amigas solteiras... – Vick também fingia um tom desolado.

Christine abriu a porta, e se assustou com Vick pulando em seu pescoço e dando os parabéns, desejando aquele monte de coisas que todo mundo diz, mas que Chris ouviria mil vezes se pudesse: ERA SEU ANIVERSÁRIO!

Tomou o café da manhã em companhia de sua mãe e de Vick, uma mesa caprichosamente arrumada para a ocasião especial.

_ E então mamãe, qual vai ser a surpresa esse ano? – perguntou Christine enquanto passava uma tonelada de margarina num pão quentinho e bem crocante.

Ela nem tivera tempo de responder e a campainha tocou.

_Vai atender – sua mãe tinha um sorriso bem suspeito... Só podia ser a surpresa!

Christine empurrou a cadeira com força e acabou derrubando a xícara de café (que por sinal estava bem cheia, como ela gostava) e manchando a toalha branca da mesa num raio de 50cm. Então parou...

_ Oops... Foi mal mãe... – disse ela enquanto se precipitava com o guardanapo para limpar a sujeira.

_ Não, deixa isso pra depois! Esqueceu que tem gente na porta?

Era tudo que ela queria ouvir! Saiu correndo ainda com o guardanapo na mão esquerda e abriu a porta.

_ Até que enfim! Estava começando a achar que vocês tinham se mudado e não me avisaram! – Disse uma senhora de uns 45 anos que vestia uma longa capa de viagem xadrez e usava os cabelos muito negros amarrados em dois coques, um de cada lado da cabeça. Sua maquiagem era muito carregada e suas malas lembravam baús medievais. Se Chris precisasse descreve-la em uma palavra ela certamente diria esquisita, mas quem foi que disse que esquisito é sinônimo de ruim?

_ Tia Geralda!!! – A garota havia se pendurado ao pescoço da senhora que no mesmo instante largou as malas e retribuiu o abraço apertado.

_ Achei que você não iria me reconhecer depois de tantos anos! – A senhora demonstrava uma mescla de euforia e emoção na voz.

_ Como é que eu iria me esquecer da minha tia favorita? – respondeu Christine que estava relutante em largar o pescoço da tia.

E ela não estava mentindo. Apesar de sua tia morar na Escócia, e de fazer anos que não se viam, Christine sempre se lembrava de Geralda com muito carinho e saudade! As duas não se viam há 8 anos. Da última vez, Geralda a visitara porque queria que ela mudasse de colégio, pelo menos era do que ela se lembrava... Seu pai ficara muito alterado naquela ocasião. Ele e sua tia tiveram uma briga memorável no escritório do pai e, mesmo que não pudesse entender do que estavam falando, a garota podia distinguir gritos de ambos a cada 30 segundos. Bom, mas agora tudo estava diferente, há 10 meses seus pais se separaram e ela supunha que agora a “barreira” que impedia sua tia de voltar a visitá-la havia caído.

_ Que bom que a senhora veio! – disse a jovem que finalmente soltou-se do abraço – Entre! Estamos tomando café.

_ Geralda!!! – A mãe de Chris também havia se levantado da mesa e vinha cumprimentar a irmã com um abraço que, por mais incrível que pareça, superou o da filha!

_ Angeline, que saudades de você minha irmã! Pensei que não nos veríamos de novo! – disse a senhora de cabelos negros com a voz embargada pela emoção e depois, com os olhos marejados, num tom de amargura – aquele trouxa...

_ Ah, deixa isso pra lá, irmã... – nesse momento Angeline também tinha os olhos marejados - agora está tudo bem! Entra! Tome um café conosco.

As quatro passaram o resto da manhã (que não foi muito longo, pois Christine havia acordado as 10:30) relembrando as visitas anteriores de tia Geralda.

_ Eu me lembro de uma vez que a senhora veio passar o natal aqui, mas estava com chapéu de bruxa! – Chris ria como ha muito tempo não acontecia, mas sua mãe pareceu um pouco constrangida.

_ É... Sua tia sempre confunde os feriados, né Ge?!

_ Na verdade não. – A senhora respondeu e Angeline fez um movimento brusco, quase repetindo o desastre de derrubar a xícara de café sobre a toalha branca. – é que eu acho que fico muito sexy vestida de bruxa! – As quatro riram muito, fosse pela piada ou pelo alívio...

_ Vem, tia. Eu vou te levar até o seu quarto.

_ Ótimo! Estou mesmo precisando descansar afinal, eu não tenho mais 19 anos!

A tarde de aniversário transcorreu como Chris tanto adorava: muitos e-mails, muitas mensagens SMS, muitos telefonemas...

_ Bendito seja aquele que inventou o aniversário!!! – Disse ela, ao desligar o telefone. Acabara de falar como um ex-colega de colégio. – Não sei como as pessoas não esquecem!

_ Não sabe? – respondeu Vick com um olhar de incredulidade – Todo ano você passa todo o mês anterior ao seu aniversário lembrando agente! Acho que até se eu futuramente tiver mal de Alzheimer, posso esquecer meu nome, endereço, toda a minha família... Mas ainda assim, lembrarei que dia 7 de outubro é o aniversário de uma garota chamada Christine Hecatean!

_ Ah, cala a boca e vamo logo me ajudar a fazer meu bolo! E se ficar falando demais e não puxar o meu saco eu não deixo você raspar a panela da cobertura.

_ Oh, bendita Christine! A mais linda, inteligente… - Chris sorria - que é a madrinha favorita do Harry Potter! – o sorriso foi se amarelando... – oops...foi mal amiga, esqueci.

_ Tudo bem! Você acha que eu ligo mesmo pra isso? – ela forçou um sorriso um pouco mais sincero, com certa dificuldade... – Vamo logo ou esse bolo só vai ficar pronto no meu niver do ano que vem!

O fim de tarde foi ainda melhor! Tia Ge desceu e ajudou as meninas a fazerem o bolo; é desnecessário dizer que elas riram mais que cozinharam. Então às 6 da tarde Christine subiu para tomar banho e se arrumar para a festa que começaria as 8. Duas horas pra se arrumar? Bom, ela era a aniversariante, não podia fazer feio! Quando ela estava de roupão tentando escolher uma roupa sua tia bateu a porta de seu quarto.

_ Entra tia! – disse a garota ainda com a cara enfiada no guarda-roupa.

_ Como é que está a aniversariante?

_ Tô ótima! Só não sei o que é que vou usar... Eu comprei um vestido, mas não tenho nenhum assessório que combine!

_ Eu vim te dar o seu presente, porque durante a festa sei que você não vai ter tempo pros coroas, né?!

_ Até parece tia! A senhora só tem 23 esqueceu? Além disso, é mais animada e divertida que a maioria dos meus amigos! – respondeu Christine se sentando na cama de frente pra tia.

_ Ih, não adianta me bajular porque eu não vou te dar um carro como você espera!

_ Ah, que saco...sua velha chata! – as duas riram – Você sabe que eu falo sério!

_ Bom, então abre logo porque esse presente implica em muitas instruções de uso. – Disse a tia entregando à Chris um saquinho de veludo preto. Ela abriu e se deparou com uma maravilha! Era um colar. O material era rústico, o cordão parecia feito de palha e no meio, uma espécie de filtro dos sonhos feito com cordões pretos. O que tornava o colar diferente eram os detalhes: três pequenos pingentes se penduravam ao filtro dos sonhos e pareciam feitos de bronze. Do lado direito uma pirâmide, do lado esquerdo uma pirâmide invertida e, no meio, uma espécie de mini ampulheta. No meio do filtro dos sonhos onde os fios se encontravam havia um pequeno rubi que, ao olhar de perto Christine percebeu ter o formato de um olho, era muito real!

_ Tia! Não sei nem o que dizer! Ai, meu Deus, deve ter sido muito caro, tia, não precisava! _ Disse a menina que não conseguia tirar os olhos do presente.

_ Bom, na verdade é uma peça única. Fui eu quem inventou! – respondeu a tia com um sorriso que misturava felicidade e orgulho – Você merece! Afinal esse presente corresponde aos 8 anos em que estive ausente... Senti muito a sua falta, minha linda! – As duas se abraçaram e, sincronizadamente, mas sem que ambas percebessem, limparam uma lagrima que rolou dos olhos.

_ Chega de sentimentalismo – disse a tia repentinamente, com um sorriso extremamente doce nos lábios. – Tenho que te explicar como se usa o colar, é perfeito para o curso que você escolheu, mas deve usado com muita cautela! A história é longa e vai muito além do medalhão. Na verdade faz anos que você deveria saber, mas o seu pai... Deixa pra lá. Então melhor eu começar pelos seus avós...

Mas neste momento Geralda foi interrompida por batidas na porta e dois segundos depois, o rosto de Angeline apareceu numa gretinha da porta, como quem pede permissão para entrar.

_ Pode entrar, mãe. A tia Geralda estava só me dando o presente mais lindo que eu poderia ganhar! – autorizou a menina com um olhar cúmplice para a tia.

_ Ih, assim eu vou ficar com ciúmes... – Angeline falou colocando as mãos na cintura e sorrindo. – Querida, já chegaram uns sete amiguinhos seus, é melhor você se apressar...

_ Tá bom. Já to descendo mãe. Só vou esperar as dicas da tia sobre com que roupas eu devo usar o colar que ela me deu. Acho que ela me acha uma baranga! – disse a garota em meio a gargalhadas.

_ De forma alguma, minha princesa! Eu só queria explicar que...

_ Depois você explica Geralda, vocês duas ainda vão ter muito tempo pra discutir moda. Agora mocinha, se vista depressa e desça que eu e sua tia vamos recebendo e servindo os convidados que forem chegando. – cortou Angeline já puxando a irmã para fora do quarto.

_ Está bem... Depois agente conversa sobre o colar ok, querida? – desistiu a tia, recebendo como resposta um aceno de concordância da sobrinha que sorria radiante. E depois gritou do corredor: - É muito importante!

Christine pegou o colar pelo cordão e o levantou com a mão direita na frente dos olhos.

_ Já tenho o acessório perfeito que precisava para o meu vestido novo!


***


Vinte minutos depois a menina descia as escadas da sala, e se fizessem uma votação ela seria unanimemente considerada maravilhosa! Vestia um vestido preto que era justo na parte de cima e rodado na parte de baixo, até os joelhos, e possuía uma espécie de anágua branca por baixo que deixava transparecer apenas uma renda por baixo da saia. Os cabelos estavam presos em um coque com dois palitos de madeira deixando displicentemente caídas algumas mechas e ela calçava chinelinhos pretos, bem básicos. E o colar, com seu medalhão um pouco abaixo dos seios, dava o toque final.

A primeira pessoa que veio ao encontro de Christine foi Frank, que nem sequer esperou a garota terminar de descer as escadas para abraça-la.

_ Você está maravilhosa! Meus parabéns meu amor!

_ Obrigada Frank!

Ela olhou para baixo e viu todos os seus amigos, todos os seus parentes... E, claro, não pode deixar de notar que seu pai estava a um canto da sala e sua tia a outro alternando olhares de carinho para Christine e de raiva um para o outro.

O momento que se seguiu sempre fora o favorito de Chris: receber muitos abraços, muitos beijos e muitas declarações de afeto. Era mesmo muito egocentrismo, ela mesma concordaria, mas aquilo realmente fazia-a sentir-se especial, como se aquelas pessoas realmente estivessem ali simplesmente para salda-la, para demonstrar o quanto gostavam dela... Obviamente ela desconsiderava os salgadinhos e o bolo...

Três ou quatro vezes Frank chamou-a para comer ou dançar, mas ela tinha todos os seus amigos reunidos ali, não podia perder a oportunidade de matar as saudades! Ou talvez procurasse apenas mais uma desculpa para se afastar de Frank... Ela não fazia de propósito! Gostava dele. Mas nem cinco meses de namoro fizeram-na sentir mais que uma forte amizade pelo garoto, ainda assim ela não desistira de apaixonar-se por ele. Poderiam dizer que era injusto e que ela estava com ele só por medo de ficar sozinha; mas a verdade é que quando estava com ele, pensava menos em...

_ Chris! Tá me ouvindo? – Bárbara, ex-vizinha de Christine balançava a mão na frente do rosto da garota que finalmente pareceu perceber...

_ Hã? Ah, desculpe Babi... Do que você estava falando mesmo?

_ Ah, deixa pra lá. Não era importante... Vai dar uma volta e ver o resto dos convidados, depois agente conversa. – respondeu a loira com um sorriso sem graça nos lábios.

_ Tá bom então. Depois agente se fala...

Christine foi andando meio que sem saber pra onde. Ela estava lá e tudo estava exatamente como ela havia imaginado: todos os seus amigos reunidos ali, as músicas que ela mais gostava, muitos presentes, a casa cheia, todos se divertindo, mas...e novamente o bom e velho “mas”. Ela não se sentia feliz! Por dentro ela estava sozinha e nenhum daqueles presentes era o que ela realmente desejava... E como se o cosmos estivesse conspirando para a Lei de Murphy, a música foi subitamente trocada, como se o som externasse o que ela queria dizer:



I’m so tired of being here
Suppressed by all of my childish fears
And if you have to leave
I wish that you would just leave
‘Cause your presence still lingers here
And it won’t leave me alone
Estou tão cansada de estar aqui
Suprimida por todos os meus medos infantis
E se você tiver que partir
Desejo que você simplesmente partisse
Porque a sua presença ainda permanece aqui
E isso não me deixará sozinha




É… realmente, naquele dia a recaída fora forte. E mais do que nunca ela desejou estar lá... pra onde todos os seus sonhos e devaneios a levavam mesmo contra sua vontade...



These wounds won’t seem to heal
This pain is just too real
There’s just too much that time cannot erase
Essas feridas parecem não cicatrizar
Essa dor é tão real
Há muita coisa que o tempo não pode apagar




Christine olhou em volta e sentiu que não conseguiria conter as lágrimas por muito tempo. Começou a subir lentamente as escadas, quando ouviu a voz de Frank.

_ Chris, onde é que você está indo?

_ Vou no meu quarto retocar o batom – respondeu a garota ainda de costas continuando a subida. Se ela se virasse naquele momento, o namorado perceberia que ela teria de retocar toda a maquilagem...



When you cried I’d wipe away all of your tears
When you’d scream I’d fight away all of your fears
And I’ve held your hand through all of these years
But you still have all of me
Quando você chorou, eu enxuguei todas as tuas lágrimas
Quando você gritou, eu expulsei todos os teus medos
E eu segurei a sua mão através de todos esses anos
Mas você ainda tem tudo de mim




Ela entrou depressa no quarto, trancou a porta e não pôde mais conter o uivo de tristeza. Jogou-se na cama e sentiu que choraria para sempre!

_ Por quê?...Por que é... que...isso...tá...acontecendo...comigo? – se perguntava a menina entre os murros que dava no colchão. Era como se aquela não fosse a vida que ela deveria estar vivendo...



You used to captivate me
By your resonating light
But now I’m bound by the life you left behind
Your face it haunts my once pleasant dreams
Your voice has chased away all the sanity in me
Você costumava me cativar
Através de sua luz ressonante
Mas agora estou presa pela vida que você deixou pra trás
Sua face assombra meus um dia agradáveis sonhos
Sua voz expulsou toda a sanidade em mim




E aquela maldita música nunca acabava! Parecia tão forte e profunda quanto o buraco que se instalara em seu peito.



When you cried I’d wipe away all of your tears
When you’d scream I’d fight away all of your fears
And I’ve held your hand through all of these years
But you still have all of me
Quando você chorou, eu enxuguei todas as tuas lágrimas
Quando você gritou, eu expulsei todos os teus medos
E eu segurei a sua mão através de todos esses anos
Mas você ainda tem tudo de mim




Então, como se algo a chamasse ela se virou depressa para seu armário...

_ DANE-SE!!! – Christine não poderia mais se conter... escancarou as portas do armário e começou a jogar para fora toda a tralha que se instalava embaixo dos cabides, no chão do armário...e eles estavam lá! Ela parou de súbito, como que hipnotizada e uma última lágrima rolou de seu olho direito sem que ela ao menos o fechasse.

A garota pegou o livro azul que encabeçava a pilha de cinco livros. Segurou-o com uma mão e acariciou-o com a outra... desejara tanto aquilo durante todo aquele tempo! Sentia tanta falta!



I’ve tried so hard to tell myself that you’re gone
And though you’re still with me
I’ve been alone all along
Tenho tentado tanto dizer a mim mesma que você se foi
E mesmo que você ainda esteja comigo
Tenho estado sozinha todo esse tempo




Christine se levantou ainda com o livro seguro nas mãos, como se ele pudesse se quebrar a qualquer momento, e caminhou até o espaço entre o lado esquerdo de seu armário e a parede, o cantinho onde ela costumava passar horas a fio trancada em seu “mudo perfeito”; o mesmo cantinho onde chorara tantas vezes desde que deixara tudo aquilo para trás. Ela abriu o livro numa página qualquer e começou a lê-lo de um ponto qualquer... Só queria sentir toda aquela magia fluir por sua mente novamente, só queria relembrar como era estar lá dentro, vivendo através daquelas linhas...

“Ela se voltou para o bando de bruxos atrás de Harry e cochichou pressurosa:
- Ele acabou de chegar, a reunião começou...”


De repente Christine não conseguia mais ler, começou a sentir sua cabeça pulsar muito forte, uma pressão em seu peito, suas vistas foram escurecendo... Ela fechou os olhos, largou o livro e segurou as têmporas, sentia que poderia desmaiar a qualquer momento...

A dor parou tão repentinamente quanto havia começado, mas ela também notou que a música havia cessado e logo depois ouviu algo como que o ranger de várias cadeiras... teve medo de abrir os olhos, o que estaria acontecendo?

Lentamente Christine tirou as mãos da cabeça e abriu os olhos, mas então foi que a moça teve certeza de estar desmaiada, aquilo só poderia ser um delírio!



N/A: E aí gente, o que acharam? Posto o segundo capítulo ou pulo de um penhasco? Comentem, please! Criticas e sugestões (e elogios, claro!) são muuuuuito bem-vindos!
Obs: A música que toca no niver da Christine é "My Immortal", do Evanescence. Eu recomendo!

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