Prefácio




Greenpeace.
Copyright 2008 by Aline Fonseca (Nine Black)
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Eu não acredito! EU-NÃO-ACREDITO! Eu me recuso acreditar que a Lily fez mesmo isso, quer dizer, que a Lily deixou o James fazer isso. Ah, merda! É como se eu estivesse dormindo e o Sirius é o meu pior pesadelo.

- Alô? Lily?! – Graças a deus que ela atendeu. – Lily? É você?

- Marlene? Está tudo bem? A Amazônia pegou fogo ou algo assim? – Ela parece meio preocupada, é verdade, mas isso não diminui a culpa que ela tem por trás de tudo isso.

- Eu não posso crer que você fez isso comigo! – Eu falei com voz chorosa. – O Black, Lily... Francamente!

- Ah, ele é a razão da sua histeria pós-catástrofe mundial. – Lily resmungou com o tom de voz de quem estava revirando os olhos.

E eu aposto que ela estava.

- Eu não acredito que você e o James confabularam para ele ser um dos padrinhos do seu casamento! E pior, o padrinho com quem EU VOU DANÇAR! – Exclamei atirando-me no sofá e encarando o teto.

- Confabulando? Você fala como se a gente tivesse feito uma conspiração contra você. - O que é, basicamente, a pura verdade.

Eu tentei falar que aquilo era mesmo uma conspiração, considerando que eles sempre souberam do meu ódio mortal pelo Sr. Eu-Pertenço-Ao-Parlamento-Britânico. Mas Lily me interrompeu.

- Não, agora, você vai me ouvir. - Não me atrevi a discordar do tom autoritário que ela usou, lembro da última vez que alguém fez isso e não pretendo ter meu tímpano estourado. - Sirius Black é o melhor amigo do James desde a escola, não vou privar meu noivo de ter como padrinho o melhor amigo só porque a minha madrinha é contra as atitudes tomadas pelo Parlamento onde ele trabalha.

- Atitudes arbitrárias. – Eu acrescentei de supetão, a coisa já saia automática fazia algum tempo.

- Bom, para a sua informação, a sua atitude está sendo arbitrária. - Ela tinha razão, mas Sirius Black era o ser humano mais desprezível da face da Terra, com aquele terno Armani e sapatos de couro de crocodilo (só especulação, admito), e não merecia ser meu par no dia mais feliz da vida da minha melhor amiga.

- É, você tem razão. – Agora a Lily ia passar na minha cara a vida inteira que eu finalmente havia admitido uma derrota. – Mas será que não tem como eu mudar de par?

- Sinto muito, mas você é minha madrinha principal, a não ser que você não queira mais segurar o buquê e me ajudar a carregar o vestido na hora de fazer xixi. - Lily soltou uma risadinha.

- Tentador. – Eu ri de volta. - Mas e aí? Como estamos? Ansiosa?

- Bastante, principalmente porque eu não tenho idéia do que você armou na minha despedida de solteira. - Nada de muito criativo, Lily, você sabe como eu sou de idéias... Na verdade, eu ainda nem pensei na sua despedida, e agora eu estou entrando em pânico.

Mas eu não disse isso a ela, tentei arranjar a saída mais clichê (como eu disse, nada criativa, nada de idéias) e soltei um:

- Espere e verás. – E se eu contratasse uns carinhas de strip-tease vestidos de bombeiros? Não, isso qualquer madrinha pode fazer. Eu poderia reservar um restaurante e... – Relaxa, eu prometo que não é nada muito natureba, vai ser bem divertido, você vai ver.

- Vai ter homens de pouca roupa? - Lily indagou risonha.

- Não sabia se era isso que você queria. Pensei que você tivesse deixado bem explícito que o James iria ME matar se eu aprontasse qualquer coisa que envolvesse tanguinhas e danças sensuais. – Eu dei de ombros e fui até a cozinha. – Você acha que eu vou ficar solteira para a vida inteira?

Inútil eu perguntar isso a ela quando eu já sabia a resposta.

- É claro que não. - Só que era bom ouvir isso de alguém, era como se a espécie em extinção que era o meu coração ainda tivesse chances de achar um parceiro. Ou algo assim. - O Sirius está solteiro, você sabia?

- Imagino que ele vá ficar assim a vida inteira, quer dizer, olha só pra ele, que tipo de mulher quer um cara com espírito corporativista igual a ele? – Eu perguntei enquanto pegava os ingredientes para fazer minhas almôndegas de soja. – Não me admira que ele tenha sido dispensado pela ex-mulher...

- Você está mesmo cruel esses dias, o que aconteceu? TPM? - Cruel quando o assunto envolve um membro do parlamento... - Coitado, o cara acabou de ser dispensado pela mulher, você poderia ser mais caridosa.

- Eu? Ele quem deveria ser mais caridoso e comprar vacinas para as crianças na África ao invés de investir em usinas nucleares que só fazem explodir o planeta e dar câncer. – Eu retruquei equilibrando o telefone no ouvido para ficar com as mãos livres. – Eu sei quanto o Black ganha, ok? Ele poderia muito bem investir em alguma causa global. Você sabia que os corais da Austrália estão morrendo por conta do aquecimento da água que eleva o Ph do oceano?

- Verdade, eu acho que ele poderia comprar um gelo gigante e jogar no meio do mar da Austrália, o que você acha? Vou sugerir isso a ele como presente de casamento. - Eu bufei revirando os olhos.

- É Oceano Pacífico, e poderíamos passar para um assunto mais agradável, por favor? Tipo: Quando é a última prova do vestido? – Eu terminei de enrolar a última almôndega, e abri uma lata de coca-cola zero.

- Você está tomando refrigerante, Marlene? Aposto que é uma Coca Zero, sabia que isso dá câncer? Faz muito mais mal a sua saúde do que carne de vez em quando. - Lily... Sempre querendo ser a minha mãe.

- Com licença, mas eu como peixe e frutos do mar que não estão em extinção. – Eu respondi. – Se isso não for carne eu me jogo do Big-Ben no dia que eu tiver coragem de invadir o Parlamento. E isso será em breve.

- Tenho que desligar, o James veio me buscar no escritório. - Ai, a Lily é tão sortuda, e o James também! Os dois formam o casal mais perfeito que eu já vi, até mais do que os meus pais! Ok, não foi uma comparação muito legal, meus pais não se falam desde que eu entrei para a universidade... Mas eles se amam, eu sei que sim.

Ok, eu gosto mesmo de me iludir, o único casal que eu já vi dar certo foram os dois – a Lily e o James, quer dizer - na verdade, também teve a Dorcas e o Remus... Só que eles ainda não casaram, estão só namorando, então não sei se eles dão certo, mesmo.
Ok, eu sei que eles dão. Mas só que é simplesmente horrível aceitar que você é a única do grupo que está solteira e não dá certo com nenhum cara.

- Beleza, corra para os braços do seu gentil cavalheiro, e abandone esta donzela em perigo de combustão por falta de... – Lily me interrompeu.

- Deixa de ser dramática. Amo você. . – Vou fingir que isso foi para mim e não para o James, a parte do “Amo você”, quero dizer. - Não acredito que você veio, mesmo, me buscar.

- Eu não acredito que estou te ouvindo com essa voz melosa, o James fez milagre, mesmo, viu? – Desliguei logo em seguida para não ouvir a parte do “estalinhos amorosos”.

Pra quem não entendeu é a parte em que se escutam os dois selando os músculos labiais.

Culpada, abstinência não faz muito bem para mim, Lily tem razão quando afirma que eu estou tomando atitudes arbitrárias, o problema é que eu fico estressada quando eu estou carente, e o lance do Black ser meu par foi mesmo a gota d’água.

Como é que eu posso dizer que tipo de pessoa o Black é, de um modo que dê realmente para entender... Já sei! Ele é tipo o Duas-Caras do Batman, lembram? Só que ao invés de ser o candidato a Prefeito com complexo de herói de Gotham City, ele é o Membro do Parlamento sem complexo de herói da Inglaterra.

Tem coisa mais triste do que almoçar sozinha? Acredito que não. Só você e a comida, só a comida e você. Ah, e a televisão ligada, no programa mais fossa de todos os tempos: “Solteira na Cidade”.

A Lily poderia ter colocado o primo do James como meu par. Pelo menos eu teria alguém legal, bonito e disponível para dançar, muito melhor do que ter o Sirius como par, é praticamente tentativa de homicídio me colocar com ele.

Talvez, se eu pudesse convencer ele... Tudo bem que da última vez que a gente tentou uma conversa civilizada eu quase fui presa (“Nada de berrar na frente do Parlamento Britânico, mocinha!”). Só que dessa vez a gente estaria num local fechado, e eu não precisaria berrar com todo o pulmão os meus direitos de cidadã.

Mas se eu arranjasse um namorado daqui para lá, também seria uma solução, não vamos nos precipitar, não é? E se eu não encontrar eu posso implorar para o Benjamin ser meu par. Quer dizer, ele é meu melhor amigo homem gay, ele me deve uma desde que eu consegui juntá-lo com o Peter da reprografia, tudo bem que o cara não prestava, mas nós dois não sabíamos.

- Alô? Ben? – Eu falei com a voz mais calma e menos excitada possível.

- Você está atrasada. - Ben constatou.

Olhei para o relógio, eram 14:15.

- Não, meu almoço termina às 15:00. – Eu disse confusa.

- Sim, mas você tinha combinado de vir almoçar, COMIGO, está esquecida? - AI MEU DEUS! Foi mesmo. - Para discutirmos a despedida de solteira da nossa ruivinha.

- Ai, é verdade! – Bati a mão na cabeça. – Desculpa, Ben. Onde você está? Eu chego aí, já, já.

- Tudo bem, é perdoável. Eu soube que você vai ser par do Sirius. - Oh, merda! Quem mais sabe? Se essa história se espalhar eu não vou conseguir trocar de par de jeito nenhum. - E aí? Muito excitada? Ele é um pedaço de mau caminho, e eu bem sei que você está necessitada de uns amassos.

- Ben! – Eu protestei inutilmente. – Eu não estou excitada! Eu quero mesmo é trocar de par... Será que você faria esse favor por mim? Onde você está?

- Na Starbucks da esquina do Journal. - Perto, se eu conseguisse cronometrar meu tempo chegaria em 5 minutos. - Você quer que eu fique no seu lugar? Como assim? Eu pensei que você era a Made of Honor da Lily. Você está tendo um freak-it ou algo assim? Isso não é normal vindo de você.

- É claro que eu não estou jogando a toalha. Eu só queria saber se você poderia ser meu acompanhante. – Eu expliquei. – Porque assim a Lily não poderia me colocar com o Sirius, pensa só, ela só me colocou com ele porque ambos estamos solteiros, e porque ela está tentando nos juntar.

- E você acha mesmo que a Lily vai desistir fácil assim? Se você sugerir essa idéia de nós dois irmos juntos é capaz dela me desconvidar e me matar. Você conhece a ruiva. - O sinal caiu quando eu comecei a descer os 18 andares pela escada.

Eu estou precisando de exercícios e não vou gastar energia usando elevador com uma coisa banal dessas, antes fosse se eu estivesse carregando compras e precisasse subir.

O Ben tinha mesmo razão, a Lily ia pirar. A minha única saída era me ajoelhar e pedir para o Sirius deixar de ser o “Best Man”. Coisa que ele não faria a troco de nada, principalmente porque ele estaria adorando a idéia de me irritar.



N/A: Desculpa a demora?

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